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184813022218 JURISPRUDENCIA III[1]

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MATERIAL DE JURISPRUDÊNCIA 3 - STF 
 
1. Direito à saúde e manutenção de medicamento em estoque 
A 1ª Turma negou provimento a recurso extraordinário para assentar a legitimidade de determinação judicial no 
sentido de que o Estado do Rio de Janeiro mantivesse determinado medicamento em estoque. No caso, o Minis-
tério Público Federal ajuizara ação civil pública, cujo pedido fora julgado parcialmente procedente, na qual se pos-
tulava a aquisição, pelo referido ente federativo, de medicamento a portadores da doença de Gaucher, e a manu-
tenção de estoque por certo período, para evitar interrupção do tratamento, tendo em conta lapsos na importação 
do produto. Preliminarmente, a Turma afastou o sobrestamento do feito por falta de similitude com o RE 566.471 
RG/RN — processo com repercussão geral reconhecida, que versa sobre o dever do Estado de fornecer medica-
mento de alto custo a portador de doença grave —, por entender diversa a matéria. No mérito, reafirmou a juris-
prudência da Corte quanto à ausência de violação ao princípio da separação dos Poderes quando do exame pelo 
Poder Judiciário de ato administrativo tido por ilegal ou abusivo. Aduziu, ademais, que o Poder Público, qualquer 
que fosse a esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não poderia se mos-
trar indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em 
grave comportamento inconstitucional. RE 429903/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.6.2014. (RE-429903). 
(Informativo 752) 
 
2. Procurador-Geral do Estado e foro por prerrogativa de função - 1 
O Plenário denegou a ordem em “habeas corpus”, afetado pela 2ª Turma, no qual discutida eventual nulidade de 
ação penal por incompetência do juízo de 1º grau e pretendida a revogação da prisão cautelar imposta ao pacien-
te. Ademais declarou, “incidenter tantum”, a inconstitucionalidade da expressão “os Agentes Públicos a ele equi-
parados”, contida no art. 77, X, a, da Constituição do Estado de Roraima. No caso, o paciente, Procurador-Geral 
do Estado à época dos fatos, pretendia fosse-lhe garantido o foro por prerrogativa de função no TJ/RR, à luz da 
regra prevista no art. 77, X, a, da Constituição estadual [“Art. 77. Compete ao Tribunal de Justiça: ... X - processar 
e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns e de responsabilidade, o Vice-governador do Estado, os Secretá-
rios de Estado, os Agentes Públicos a ele equiparados, os Juízes Estaduais, os membros do Ministério Público e 
os Prefeitos, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral”], bem assim do que disposto no parágrafo único do 
art. 4º da LC Estadual 71/2003 (“O Procurador-Geral do Estado terá, além do contido nesta Lei Complementar, as 
mesmas prerrogativas, subsídio e obrigações de Secretário de Estado”). Inicialmente, o Tribunal rememorou deci-
são proferida, em situação análoga, nos autos da ADI 3.140/CE (DJU de 29.6.2007), oportunidade em que decla-
rada a inconstitucionalidade de norma de Constituição estadual, tendo em vista ser ela incompatível com o art. 
125, § 1º, da CF. Salientou que, na ocasião, o STF ponderara que a Constituição estadual haveria de definir, de 
um lado, o que o tribunal de justiça poderia julgar e, de outro, quem poderia ser julgado por aquela Corte. Nesse 
sentido, o art. 125, § 1º, da CF, firma o âmbito de atuação do constituinte estadual na matéria especificada, de 
modo a caber a ele definir a competência do tribunal de justiça. Em outras palavras, a Constituição da República 
convoca o constituinte estadual para demarcar a competência do tribunal de justiça. O Colegiado salientou que 
esse mesmo entendimento deveria nortear a decisão em comento, na qual o constituinte do Estado de Roraima, 
ao promulgar norma aberta referente à definição de competência do tribunal estadual, delegara ao legislador in-
fraconstitucional o poder de dispor sobre a matéria e de ampliar seus limites, circunstância incompatível com o art. 
125, § 1º, da CF. Concluiu, no ponto, pela inconstitucionalidade da expressão acima referida, contida na norma 
constitucional estadual. HC 103803/RR, rel. Min. Teori Zavascki, 1º.7.2014. (HC-103803). (Informativo 752) 
 
3. MS: admissão de “amicus curiae” e teto remuneratório em serventias extrajudiciais 
Não é cabível a intervenção de “amicus curiae” em mandado de segurança. Com base nessa orientação, a 1ª 
Turma resolveu questão de ordem suscitada pelo Ministro Dias Toffoli (relator) no sentido de se indeferir pedido 
formulado pela Associação dos Notários e Registradores do Brasil - Anoreg/Br para que fosse admitida no presen-
te feito na condição de “amicus curiae”. A Turma consignou que, tendo em conta o quanto disposto no art. 24 da 
Lei 12.016/2009 — dispositivo que afirma serem aplicáveis ao rito do mandado de segurança as normas do CPC 
que disciplinam exclusivamente o litisconsórcio —, a intervenção de terceiros nessa classe processual seria limi-
tada e excepcional. Asseverou que entendimento contrário poderia, inclusive, comprometer a celeridade do “writ” 
constitucional. No mérito, a Turma denegou a segurança e, em consequência, cassou liminar anteriormente defe-
rida. Reafirmou a jurisprudência do STF no sentido da necessidade de concurso público para o preenchimento de 
vaga em serventias extrajudiciais. Assentou, por outro lado, a legitimidade da incidência do teto remuneratório, 
aplicável aos servidores públicos em geral, àqueles interinamente responsáveis pelos trabalhos nas serventias 
vagas. 
MS 29192/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 19.8.2014. (MS-29192). (Informativo 755) 
 
 
 
 
 
 
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4. Ação perante o INSS e prévio requerimento administrativo - 4 
A exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição para o regular exercício do direito de ação, 
para que se postule judicialmente a concessão de benefício previdenciário, não ofende o art. 5º, XXXV, da CF 
(“XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”). Esse o entendimento do 
Plenário, que, em conclusão de julgamento e por maioria, proveu parcialmente recurso extraordinário em que dis-
cutida a possibilidade de propositura de ação judicial para pleitear aposentadoria rural por idade, por parte de se-
gurada que não formulara prévio requerimento administrativo — v. Informativo 756. Preliminarmente, por maioria, 
o Colegiado conheceu do recurso. Vencida, no ponto, a Ministra Rosa Weber, que entendia cuidar-se de ofensa 
meramente reflexa à Constituição. No mérito, o Colegiado asseverou que, na situação dos autos, para se caracte-
rizar a presença de interesse em agir, seria preciso haver necessidade de ir a juízo. Reputou que a concessão de 
benefício previdenciário dependeria de requerimento do interessado, e não se caracterizaria ameaça ou lesão a 
direito antes de sua apreciação e eventual indeferimento pelo INSS, ou se o órgão não oferecesse resposta após 
45 dias. Ressalvou que a exigência de prévio requerimento não se confundiria, entretanto, com o exaurimento das 
vias administrativas. Consignou, ainda, que a exigência de prévio requerimento administrativo não deveria preva-
lecer quando o entendimento da Administração fosse notório e reiteradamente contrário à postulação do segura-
do. Acresceu que, nas hipóteses de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteri-
ormente concedido — uma vez que o INSS teria o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível — 
o pedido poderia ser formulado diretamente em juízo, porque nesses casos a conduta do INSS já configuraria o 
não acolhimento da pretensão. 
RE 631240/MG, rel. Min. Roberto Barroso, 3.9.2014. (RE-631240). (Informativo 757) 
 
5. Inconstitucionalidade de lei e decisão monocrática - 2 
É possível o julgamento de recurso extraordinário por decisãomonocrática do relator nas hipóteses oriundas de 
ação de controle concentrado de constitucionalidade em âmbito estadual de dispositivo de reprodução obrigatória, 
quando a decisão impugnada refletir pacífica jurisprudência do STF sobre o tema. Com base nessa orientação, 
por maioria, o Plenário recebeu os embargos de declaração como agravo regimental e a este negou provimento. 
Na espécie, tratava-se de declaratórios opostos de decisão monocrática proferida pelo Ministro Dias Toffoli (CPC, 
art. 557, § 1º, a), na qual assentada — com fundamento na jurisprudência consolidada da Corte — a inconstitucio-
nalidade de lei que dispõe sobre a criação de cargos em comissão para funções que não exigissem o requisito da 
confiança para o seu preenchimento. Na mencionada decisão, o relator destacara que os cargos, consoante a 
norma impugnada, deveriam ser ocupados por pessoas determinadas conforme a descrição nela constante — v. 
Informativo 707. Em acréscimo, o Ministro Teori Zavascki, tendo em conta a natureza objetiva do recurso extraor-
dinário nesses casos, destacou que o procedimento se justificaria pelas mesmas razões que autorizariam a dis-
pensa da cláusula da reserva de plenário (CPC, art. 481, parágrafo único), invocáveis por analogia. Observou, 
também, que a análise pelo órgão colegiado não estaria excluída, pois poderia ser provocada por recurso interno. 
Vencido o Ministro Marco Aurélio quanto à conversão e ao mérito. Destacava impossibilidade de o relator, mono-
craticamente, julgar o tema de fundo de processo objetivo a envolver controvérsia constitucional. 
RE 376440 ED/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18.9.2014. (RE-376440). (Informativo 759) 
 
6. Ementa: AÇÃO PENAL CONTRA DEPUTADO FEDERAL. QUESTÃO DE ORDEM. RENÚNCIA AO MANDA-
TO. PRERROGATIVA DE FORO. 
1. A renúncia de parlamentar, após o final da instrução, não acarreta a perda de competência do Supremo Tribu-
nal Federal. Superação da jurisprudência anterior. 
2. Havendo a renúncia ocorrido anteriormente ao final da instrução, declina-se da competência para o juízo de 
primeiro grau. QUEST. ORD. EM AP N. 606-MG, RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO. (Informativo 759) 
 
7. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 4.663/2005 DO ESTADO DO RIO DE JANEI-
RO. AUTORIZAÇÃO PARA A COMERCIALIZAÇÃO, EM FARMÁCIAS E DROGARIAS, DE PRODUTOS DE 
CONSUMO COMUM E ROTINEIRO (ARTIGOS DE CONVENIÊNCIA). LEI FEDERAL 5.991/1973. USURPAÇÃO 
DA COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR, POR MEIO DE NORMAS GERAIS, SOBRE PROTEÇÃO E 
DEFESA À SAÚDE. OFENSA AO DIREITO À SAÚDE. INOCORRÊNCIA. POSICIONAMENTO ALCANÇADO 
PELO PLENÁRIO DESTA CORTE, À UNANIMIDADE, NO JULGAMENTO DA ADI 4.954/AC, REL. MIN. MARCO 
AURÉLIO. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. 
I – A aferição de compatibilidade da norma estadual ora impugnada com os dispositivos constitucionais invocados 
– principalmente aqueles relativos às regras de repartição da competência legislativa entre os entes federados – 
não prescinde, em absoluto, do prévio cotejo entre o ato local contestado e a legislação federal mencionada. Ação 
direta conhecida. 
II – O Plenário, ao apreciar legislação acriana em tudo semelhante ao diploma objeto desta ação direta, assentou 
à unanimidade que a disciplina nela disposta – autorização para a comercialização de determinados produtos 
 
 
 
 
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lícitos de consumo comum e rotineiro em farmácias e drogarias – não guarda relação com a temática da proteção 
e defesa da saúde (art. 24, XII, da CF), visto que somente aborda, supletivamente, o comércio local. 
III – A Lei Federal 5.991/1973 não veda expressamente a comercialização de artigos de conveniência em drogari-
as e farmácias, e a exclusividade, por ela fixada, para a venda de medicamentos nesses estabelecimentos não 
autoriza interpretação que obste o comércio de qualquer outro tipo de produto. Atuação legítima da iniciativa legis-
lativa estadual no campo suplementar. 
IV – É completamente destituída de embasamento a suposta correlação lógica, suscitada na inicial, entre a venda 
de produtos de conveniência em farmácias e drogarias e o estímulo à automedicação. 
V – Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga improcedente. ADI N. 4.949-RJ, RELATOR: MIN. 
RICARDO LEWANDOWSKI. (Informativo 761) 
 
8. EMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. ATOS QUE INSTITUÍRAM 
SISTEMA DE RESERVA DE VAGAS COM BASE EM CRITÉRIO ÉTNICO-RACIAL (COTAS) NO PROCESSO 
DE SELEÇÃO PARA INGRESSO EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO SUPERIOR. ALEGADA OFENSA 
AOS ARTS. 1º, CAPUT, III, 3º, IV, 4º, VIII, 5º, I, II XXXIII, XLI, LIV, 37, CAPUT, 205, 206, CAPUT, I, 207, CAPUT, 
E 208, V, TODOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. 
I – Não contraria - ao contrário, prestigia – o princípio da igualdade material, previsto no caput do art. 5º da Carta 
da República, a possibilidade de o Estado lançar mão seja de políticas de cunho universalista, que abrangem um 
número indeterminados de indivíduos, mediante ações de natureza estrutural, seja de ações afirmativas, que atin-
gem grupos sociais determinados, de maneira pontual, atribuindo a estes certas vantagens, por um tempo limita-
do, de modo a permitir-lhes a superação de desigualdades decorrentes de situações históricas particulares. 
II – O modelo constitucional brasileiro incorporou diversos mecanismos institucionais para corrigir as distorções 
resultantes de uma aplicação puramente formal do princípio da igualdade. 
III – Esta Corte, em diversos precedentes, assentou a constitucionalidade das políticas de ação afirmativa. 
IV – Medidas que buscam reverter, no âmbito universitário, o quadro histórico de desigualdade que caracteriza as 
relações étnico-raciais e sociais em nosso País, não podem ser examinadas apenas sob a ótica de sua compatibi-
lidade com determinados preceitos constitucionais, isoladamente considerados, ou a partir da eventual vantagem 
de certos critérios sobre outros, devendo, ao revés, ser analisadas à luz do arcabouço principiológico sobre o qual 
se assenta o próprio Estado brasileiro. 
V - Metodologia de seleção diferenciada pode perfeitamente levar em consideração critérios étnico-raciais ou so-
cioeconômicos, de modo a assegurar que a comunidade acadêmica e a própria sociedade sejam beneficiadas 
pelo pluralismo de ideias, de resto, um dos fundamentos do Estado brasileiro, conforme dispõe o art. 1º, V, da 
Constituição. 
VI – Justiça social, hoje, mais do que simplesmente redistribuir riquezas criadas pelo esforço coletivo, significa 
distinguir, reconhecer e incorporar à sociedade mais ampla valores culturais diversificados, muitas vezes conside-
rados inferiores àqueles reputados dominantes. 
VII – No entanto, as políticas de ação afirmativa fundadas na discriminação reversa apenas são legítimas se a sua 
manutenção estiver condicionada à persistência, no tempo, do quadro de exclusão social que lhes deu origem. 
Caso contrário, tais políticas poderiam converter-se benesses permanentes, instituídas em prol de determinado 
grupo social, mas em detrimento da coletividade como um todo, situação – é escusado dizer – incompatível com o 
espírito de qualquer Constituição que se pretenda democrática, devendo, outrossim, respeitar a proporcionalidade 
entre os meios empregados e os fins perseguidos. 
VIII – Arguição de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente. ADPF N. 186-DF, RELATOR: 
MIN. RICARDO LEWANDOWSKI. (Informativo 764) 
 
9. ADI: norma processual e competência legislativa da União 
O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade do art. 7º e 
parágrafos da Lei 6.816/2007 do Estado de Alagoas. O dispositivo criara como requisito de admissibilidade, para a 
interposição de recurso inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de 100% do valor da con-
denação. O Tribunal sublinhou que a norma atacada versaria sobre admissibilidade recursale, consequentemen-
te, teria natureza processual. Dessa forma, seria evidente a inconstitucionalidade formal por ofensa ao art. 22, I, 
da CF (“Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, 
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”). Ademais, a mencionada lei dificultaria ou inviabilizaria a 
interposição de recurso para o conselho recursal. Assim, vulneraria os princípios constitucionais do acesso à juris-
dição, do contraditório e da ampla defesa, contidos no art. 5º, XXXV e LV, da CF. 
ADI 4161/AL, rel. Min. Cármen Lúcia, 30.10.2014. (ADI-4161). (Informativo 765) 
 
 
 
 
 
 
 
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10. ADI: divulgação de obras públicas e princípio da publicidade 
O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada em face da Lei 11.521/2000 do Estado 
Rio Grande do Sul, a qual obriga o Poder Executivo do referido Estado-membro a divulgar na imprensa oficial e na 
internet a relação completa de obras atinentes a rodovias, portos e aeroportos. A Corte apontou não se verificar a 
existência de vício formal ou material na edição da norma em comento, visto que editada em atenção aos princí-
pios da publicidade e da transparência, a viabilizar a fiscalização das contas públicas. 
ADI 2444/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 6.11.2014. (ADI-2444). (Informativo 766) 
 
11. ADI: órgão de segurança pública e vício de iniciativa 
O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada em face da EC 10/2001, que inseriu a 
Polícia Científica no rol dos órgãos de segurança pública previsto na Constituição do Estado do Paraná. A Corte 
afirmou que não se observara a reserva de iniciativa legislativa do Chefe do Poder Executivo para disciplinar o 
funcionamento de órgão administrativo de perícia. 
ADI 2616/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 19.11.2014. (ADI-2616). (Informativo 768) 
 
12. ADPF: fungibilidade e erro grosseiro 
O Plenário desproveu agravo regimental em arguição de descumprimento de preceito fundamental, na qual se 
discutia a inconstitucionalidade por omissão relativa à Lei 12.865/2013. O Tribunal, de início, reconheceu a possi-
bilidade de conversão da arguição de descumprimento de preceito fundamental em ação direta quando imprópria 
a primeira, e vice-versa, se satisfeitos os requisitos para a formalização do instrumento substituto. Afirmou que 
dúvida razoável sobre o caráter autônomo de atos infralegais impugnados, como decretos, resoluções e portarias, 
e alteração superveniente da norma constitucional dita violada legitimariam a Corte a adotar a fungibilidade em 
uma direção ou em outra, a depender do quadro normativo envolvido. Ressaltou, porém, que essa excepcionali-
dade não estaria presente na espécie. O recorrente incorrera naquilo que a doutrina processual denominaria de 
erro grosseiro ao escolher o instrumento formalizado, ante a falta de elementos, considerados os preceitos legais 
impugnados, que pudessem viabilizar a arguição. No caso, ainda que a arguição de descumprimento de preceito 
fundamental tivesse sido objeto de dissenso no STF quanto à extensão da cláusula da subsidiariedade, nunca 
houvera dúvida no tocante à inadequação da medida quando o ato pudesse ser atacado mediante ação direta de 
inconstitucionalidade. Por se tratar de impugnação de lei ordinária federal pós-constitucional, propor a arguição 
em vez de ação direta, longe de envolver dúvida objetiva, encerraria incontestável erro grosseiro, por configurar 
atuação contrária ao disposto no § 1º do art. 4º da Lei 9.882/1999. Os Ministros Roberto Barroso, Gilmar Mendes 
e Cármen Lúcia negaram provimento ao agravo por outro fundamento. Consideraram que o requerente, Sindicato 
Nacional das Empresas de Medicina de Grupo, por não ser uma confederação sindical, não preencheria o requisi-
to da legitimação ativa “ad causam”. 
ADPF 314 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 11.12.2014. (ADPF-314). (Informativo 771) 
 
13. ADI: chefia da polícia civil e iniciativa legislativa 
O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para dar interpretação conforme ao § 1º do art. 106 
da Constituição do Estado de Santa Catarina, no sentido de que se mostra inconstitucional nomear, para a chefia 
da polícia civil, delegado que não integre a respectiva carreira, ou seja, que nela não tenha ingressado por meio 
de concurso público. A norma impugnada, na redação conferida pela EC estadual 18/1999 — esta última de inicia-
tiva parlamentar —, dispõe que o chefe da polícia civil, nomeado pelo governador, será escolhido entre os delega-
dos de polícia. Na sua redação originária — norma também impugnada — o dispositivo determinava que a esco-
lha recaísse sobre delegados de final de carreira. O Colegiado asseverou que, no caso, estaria viabilizada a disci-
plina da matéria em comento mediante emenda constitucional, considerado o parâmetro da Constituição Federal, 
portanto, a simetria. Não procederia, assim, a alegação de vício formal decorrente do vício de iniciativa privativa 
do Poder Executivo. No tocante ao vício material, ressaltou que, consoante disposto no art. 144, § 4º, da CF (“Às 
polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as 
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”), as polícias civis seriam dirigi-
das por delegados de carreira. Não caberia, portanto, a inobservância da citada qualificação, nem a exigência de 
que se encontrassem no último nível da organização policial. 
ADI 3038/SC, rel. Min. Marco Aurélio, 11.12.2014. (ADI-3038). (Informativo 771) 
 
14. Vedação ao nepotismo e iniciativa legislativa – 1 
Leis que tratam dos casos de vedação a nepotismo não são de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo. 
Esse o entendimento do Plenário, que, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário para reconhecer a 
constitucionalidade da Lei 2.040/1990, do Município de Garibaldi/RS, que proíbe a contratação, por parte do Exe-
cutivo, de parentes de 1º e 2º graus do prefeito e vice-prefeito, para qualquer cargo do quadro de servidores, ou 
função pública. Discutia-se eventual ocorrência de vício de iniciativa. Na espécie, o acórdão recorrido, proferido 
 
 
 
 
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em sede de ação direta de inconstitucionalidade, declarara a inconstitucionalidade formal do referido diploma 
normativo sob o fundamento de que, por se tratar de matéria respeitante ao regime jurídico dos servidores munici-
pais, a iniciativa do processo legislativo competiria ao Chefe do Poder Executivo. O Colegiado, de início, rejeitou 
preliminares suscitadas acerca das supostas intempestividade do recurso e ilegitimidade do Procurador-Geral do 
Estado para a interposição de recurso extraordinário contra acórdão proferido em ação direta de inconstitucionali-
dade estadual. No tocante à legitimidade do Procurador-Geral do Estado para o recurso, a Corte destacou o que 
disposto no § 4º do art. 95 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul (“Quando o Tribunal de Justiça apre-
ciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou de ato normativo, citará previamente o Procurador-Geral 
do Estado, que defenderá o ato ou texto impugnado”), que repetiria, por simetria, o disposto no § 3º do art. 103 da 
CF (“Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato norma-
tivo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado”). Pela teoria dos 
poderes implícitos, se a Constituição atribuísse competência a determinada instituição jurídica, a ela também de-
veria ser reconhecida a possibilidade de se utilizar dos instrumentos jurídicos adequados e necessários para o 
regular exercício da competência atribuída. No caso, a Constituição Estadual conferira ao Procurador-Geral do 
Estado — em simetria com o Advogado-Geralda União — o papel de defesa da norma estadual ou municipal 
atacada via ação direta, o que o tornaria, portanto, legitimado para a interposição de recurso extraordinário contra 
acórdão que tivesse declarado a inconstitucionalidade da norma defendida, sob pena de se negar a efetiva defesa 
desta última. 
RE 570392/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 11.12.2014. (RE-570392). (Informativo 771) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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