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Aplicação da estatística em diferentes setores José Tadeu de Almeida Introdução Nesta aula, você poderá verificar a relação entre a Estatística e as demais áreas do conheci- mento, de modo a entender como as ferramentas de cálculo estatístico estão presentes no cotidiano de instituições e pessoas. Da mesma forma, você verificará como os mecanismos estatísticos são úteis para avaliarmos tendências e efetuarmos diagnósticos. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer as diferentes aplicações da Estatística em diferentes setores. 1 A Estatística como pesquisa quantitativa As ferramentas da Estatística são utilizadas no cotidiano de milhões de pessoas. Empresas, estudantes, pesquisadores, governos, organizações não-governamentais e outras instituições se utilizam de fórmulas de cálculo como a média e as porcentagens de diferentes indicadores, em situações como o crescimento de vendas de uma firma, de doações de uma instituição e a redu- ção ou aumento da dívida pública. Para a realização de uma pesquisa, coleta de dados e seu tratamento, o agente deverá utilizar cálculos estatísticos que derivam de duas fontes principais: as qualitativas e as quantitativas. Na Estatística quantitativa, as variáveis de estudo destacam-se por estarem associadas a conjuntos de dados expressas por valores. Estes valores demonstram resultados obtidos a partir de experi- mentos, ou são resultado da coleta efetuada pelo pesquisador (BUSSAB; MORETTIN, 2010). SAIBA MAIS! Um dos eixos de estudo na graduação em Ciências Econômicas é o estudo dos Métodos Quantitativos Aplicados à Economia, no qual são enfatizadas técnicas de pesquisa e análise estatística de conjuntos de dados e séries temporais. Sabemos que há dois tipos de variáveis quantitativas: as contínuas e as discretas. Variá- veis contínuas são valores que expressam resultados de medições obtidas por algum mecanismo matemático (de uma simples régua a um cronômetro, por exemplo), podendo ser expressas por qualquer número real. Como consequência, há infinitos resultados possíveis para essa variável. Podemos exemplificar variáveis contínuas como a massa de um corpo (que pode assumir qual- quer valor em termos de peso) e sua altura. Já as variáveis discretas são obtidas e avaliadas por meio de contagens, de forma que um conjunto de resultados associado a essas variáveis é enumerável e, portanto, finito. Exemplos de variáveis discretas são o número de famílias com irmãos gêmeos em uma cidade, o consumo de folhas de papel em uma escola, a quantidade de refeições servida em uma cozinha industrial etc. (BUSSAB; MORETTIN, 2010). Figura 1 – Contagens de população e análises estatísticas Fonte: PORTRAIT IMAGES ASIA BY NONWARIT/Shutterstock.com Embora tenhamos enfatizado a Estatística quantitativa, saiba que na modalidade qualitativa as variáveis de estudo não possuem um valor, ou seja, não estão definidas em função de um número específico. Ao contrário, elas são definidas com base em categorias de classificação de objetos, bens ou outros elementos semelhantes. EXEMPLO Variáveis qualitativas são bastante utilizadas na indústria de transformação: ao analisar uma série de itens manufaturados em uma linha de produção, um inspetor de qualidade classifica-as como “adequadas” ou “inadequadas”. Perceba que se tra- ta de uma qualificação não numérica. Há basicamente dois tipos de variáveis qualitativas: as nominais e as ordinais. Variáveis ordi- nais são aquelas em que há categorias de ordenação dentro da própria variável, ou seja, os dados são organizados em função de alguma ordem específica. Podemos, como exemplo, mencionar os meses de nascimento de um grupo de indivíduos, ou sua escolaridade (pelo ano em que cada elemento está matriculado). Por sua vez, as variáveis nominais não geram ordenação entre os elementos que as compõem. Entenda, portanto, que esses elementos são contados, organizados, mas não estão subordinados a uma ordem específica. Podemos, por exemplo, mencionar as cores do cabelo de um grupo de pessoas (BUSSAB; MORETTIN, 2010). Desse modo, pudemos exemplificar algumas situações nas quais a Estatística é uma impor- tante ferramenta de análise quantitativa. A seguir, você conhecerá mais sobre a inferência estatística. 2 A Estatística como instrumento diagnóstico Conforme mencionamos anteriormente, a Estatística faz parte do cotidiano das pessoas, de maneira quase inconsciente. Quando analisamos um indicador básico, como nosso índice de glicemia, por exemplo, que é importante para a verificação do diabetes, estaremos utilizando ferra- mentas e métodos de análise dessa disciplina. FIQUE ATENTO! O conceito de “diagnóstico” geralmente nos remete ao universo da medicina e dos testes laboratoriais, como hemogramas, exames de urina e eletrocardiogramas, não é verdade? Porém, há muitas outras situações em que esses indicadores esta- tísticos são empregados para comprovar ou verificar uma tendência de interesse. Imagine a seguinte situação: você percebe que sua velocidade de internet está baixa. O que fará? Provavelmente, irá efetuar um teste de conectividade, que irá lhe mostrar uma média da sua veloci- dade de download, ou seja, a quantidade, em bytes, de dados que você consegue copiar de um outro computador ou servidor ao longo de um determinado período de tempo (geralmente, um segundo). Da mesma forma, um pesquisador tem a necessidade de analisar e compreender dados que se relacionam a seu objeto de estudo. Desse modo, será preciso moldar o conjunto de dados a fim de que ele se torne uma informação, que pode ser comparada a outros elementos ou confirmar uma hipótese (BUSSAB; MORETTIN, 2010). Figura 2 – Coleta de uma amostra Fonte: Romanets / Shutterstock.com Saiba que esse processo de coleta e análise de dados faz parte da inferência estatística: a partir de uma amostra de elementos coletados e trabalhados, efetuam-se deduções e conclusões a respeito de toda uma população. Assim, além de verificarmos a situação de uma população a partir da amostra, também torna-se possível verificar possíveis tendências futuras (CRESPO, 2005). EXEMPLO Quando seu hemograma acusa que você está com uma discreta anemia, com cer- ca de 3,5 milhões de hemácias por milímetro cúbico de sangue, sabemos que esse resultado foi obtido a partir de uma amostra colhida para exame laboratorial. Há um grau de confiança que permite afirmar que a amostra colhida possui as mesmas características de toda a população, neste caso, o sangue que corre pelo corpo. Por meio da inferência, a Estatística é um importante instrumento de análise e diagnóstico a respeito de conjuntos de dados e informações. 3 Aplicação de Estatística em Marketing A promoção e a divulgação de bens e serviços, a identificação e o atendimento às necessida- des do cliente são as principais características do Marketing moderno, com o objetivo de ampliar as vendas e aumentar os lucros das empresas. Dessa forma, para compreender as demandas dos clientes, os agentes que trabalham com marketing necessitam obter informações a respeito de seu público-alvo, da concorrência e de outras variáveis que podem influenciar as decisões de compra dos consumidores (KOTLER; KELLER, 2012). Figura 3 – Estatística e publicidade Fonte: Rawpixel.com/ Shutterstock.com Desse modo, o Marketing também se utiliza de ferramentas estatísticas. Por meio de pes- quisas de mercado com grupos de indivíduos, são obtidas amostras a respeito das tendências de compra e de escolhas de determinados produtos em seus respectivos mercados, viabilizando, assim, medidas de promoção para incentivar as vendas. SAIBA MAIS! Conheça mais a respeito das técnicas de análise de dados para a área de Marketing por meio da leitura do artigo de Fernando dos Santos e Maria Manuela Neves, disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/24.pdf>.O Marketing se utiliza de todas as fases do método estatístico em relação a uma análise de um conjunto de observações. Esses dados são coletados por meio de pesquisas, questionários ou técnicas indiretas (pesquisa de indicadores previamente coletados, como a taxa de desemprego da população), apurados (processados conforme critérios de classificação estabelecidos pelo pesquisador), organizados em apresentações gráficas e analisados (CRESPO, 2005). FIQUE ATENTO! A pesquisa de marketing fornece aos gestores de uma organização as informações relevantes a respeito das tendências de mercado de um produto, recomendando ações para promovê-lo. Essas informações são obtidas a partir de amostras que permitem deduzir o comportamento de uma população. 4 Aplicação de Estatística em Administração Quando tratamos de ferramentas da Estatística e seu emprego na Administração, devemos nos lembrar que esses conceitos são válidos para a administração de empresas e para a administra- ção pública. Por meio da coleta de dados, torna-se possível conhecer os elementos que compõem o cenário socioeconômico de grupos de clientes e dos habitantes de uma sociedade, estabelecendo, assim, metas de produção. Da mesma forma, as empresas recorrem a ferramentas estatísticas para avaliar potenciais receitas, lucros e prejuízos. Nas organizações, os dados são organizados em gráficos e tabelas, que permitem a com- preensão das fórmulas e técnicas estatísticas adotadas. Assim, modelando-se um conjunto de dados, decisões no tempo presente tornam-se possíveis com base em previsões a respeito da evolução de uma ou mais variáveis de interesse. FIQUE ATENTO! A Estatística não prevê o futuro com precisão absoluta! Ela permite, por meio de análises comparativas e de tendência de uma ou mais variáveis, estimar seus pro- váveis comportamentos futuros, embora tais comportamento não necessariamen- te sejam observados a curto e a longo prazos. Figura 4 – Estatística e administração Fonte: everything possible/ Shutterstock.com Nas empresas, tanto privadas quanto estatais, os gestores têm a necessidade de efetuar decisões a respeito de uma série de variáveis, como aumento de preços, redução de custos, pro- moção e venda de produtos, realização de compras de outras empresas. Desse modo, o conheci- mento e a utilização da Estatística torna possível, aos gestores, a organização, direção e controle de empresas (CRESPO, 2005). Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • conhecer a aplicação da Estatística em outros ramos do conhecimento; • entender os métodos de análise que permitem a observação de tendências e realização de decisões. Referências BUSSAB, Wilton de Oliveira; MORETTIN, Pedro. Estatística Básica. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. CRESPO, Antonio. Estatística Fácil. São Paulo: Saraiva, 2005. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2012. SANTOS, Fernando Augusto de Sá Neves; NEVES, Maria Manuela Caria Figueira de Sá. O Marketing e a análise de dados para a tomada de Decisões. Spectrum, s.d. Disponível em: <http://www.ipv.pt/ millenium/Millenium29/24.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017.
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