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FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL Aula 4 – Teoria da Empresa (2ª parte) Professora Eveline Lima O ASSUNTO DESTA AULA FOI ABORDADO NO MATERIAL DIDÁTICO DA ESTÁCIO, COM O SEGUINTE TÍTULO: MANUAL DE DIREITO COMERCIAL 21ª Edição/2009 FABIO ULHOA COELHO Cap. 9 – TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA – EIRELI Constituição: única pessoa titular da totalidade do capital social. Capital social: não inferior a 100 vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Nome empresarial: formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma ou a denominação social. A pessoa natural que constituir EIRELI somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. Transformação: a EIRELI pode resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. SOCIEDADES SOCIEDADES SIMPLES E EMPRESÁRIAS ① Sociedades simples: exercem atividade civil ou não empresarial. É sociedade específica para os exercentes de atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, que poderá ser desempenhada com a cooperação de auxiliares ou colaboradores. Esta sociedade explora atividades econômicas específicas (por exemplo, sociedade de estudos científicos biológicos, químicos, farmacêuticos etc., prestação de serviços de advocacia) e sua disciplina jurídica pode ser aplicada subsidiariamente às sociedades empresárias contratuais e às cooperativas. Esta denominação foi determinada pelo Código Civil de 2002, que substituiu as sociedades civis pelas sociedades simples. ② Sociedades empresárias: pessoas jurídicas de direito privado interno que exercem atividade empresarial. FONTE: sítio eletrônico http://www.cdtsp.com.br/pessoa_juridica.php Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. TIPOS DE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo. Os tipos societários empresariais previstos no Código Civil são: a) sociedade limitada; b) sociedade em nome coletivo; c) sociedade em comandita simples; d) sociedade anônima; e) sociedade em comandita por ações. EFEITOS DA PERSONALIDADE JURÍDICA DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS O princípio fundamental que rege a personalização determina que a pessoa jurídica não se confunde com a pessoa física de seus sócios. Em razão desse princípio, o início da personalidade jurídica da sociedade empresária gera três efeitos: 1) TITULARIDADE NEGOCIAL: é a sociedade empresária que exerce direitos e contrai obrigações, e não a pessoa de seus sócios. Ainda que a sociedade, na celebração de um negócio jurídico, seja representada por seu sócio, não é este o titular do negócio, mas a sociedade. 2) TITULARIDADE PROCESSUAL: a sociedade poderá, em nome próprio, demandar (ajuizar ações) e se defender em juízo. 3) RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL: a sociedade empresária possui patrimônio próprio, que não se confunde com o patrimônio pessoal de seus sócios. Os sócios, em regra, não respondem pelas obrigações contraídas pela sociedade. PRESSUPOSTOS DE CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 1) AFFECTIO SOCIETATIS: ânimo de ingressar em uma sociedade, com o fim de associar-se para realizar objetivo comum: a atividade empresarial. 2) PLURALIDADE DE SÓCIOS: existência de, no mínimo, dois sócios, pois o Direito brasileiro não autoriza a sociedade unipessoal, com exceção da unipessoalidade incidental e da subsidiária integral (companhia constituída, mediante escritura pública, por único acionista, que deve ser sociedade brasileira – art. 251 e 252, Lei das SA). 3) CAPITAL SOCIAL: é um valor formal, estático, não se modifica no dia-a- dia da empresa, pois se trata de uma cifra contábil, enquanto o patrimônio é real, dinâmico e está vinculado ao (in)sucesso da sociedade, crescendo na medida em que esta realize operação lucrativas e reduzindo com os prejuízos que se forem acumulando. Observação: A EIRELI, para ser constituída precisa de um valor mínimo para o capital social, mas isto não representa garantia para os credores em razão da distinção entre capital social e patrimônio social. Se uma empresa individual for constituída com capital social de 100 (cem) salários, mediante contribuição em dinheiro, no dia seguinte esses valores podem ser integralmente gastos, não sobrando valor nenhum nos cofres da sociedade. Nesta situação, o capital social permanece inalterado (pois é estático) e o patrimônio social é zero (pois é variável). Isto, além de não servir de garantia aos credores, pode prejudicá-los, já que terão a falsa idéia de estarem seguros por aquele valor mínimo. Considerando-se que o intuito da constituição da EIRELI é desburocratizar e reduzir a utilização de terceiros com participações mínimas (laranjas), o capital social mínimo em valor superior ao normalmente utilizado, ao mesmo tempo em que dispensa a utilização de terceiros, estimula a integralização fraudulenta (sem lastro) deste capital. Não há garantia de que o valor declarado como capital social existe, nem que o único sócio efetivamente detinha este valor no momento da constituição da sociedade. 4) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E PERDAS: todos os sócios devem ter direito de auferir lucros e obrigação de suportar perdas da sociedade. É nula a cláusula que exclua do sócio o direito de participação nos lucros e o libere de suportar as perdas. A divisão proporcional ou desigual dos lucros é permitida, vedando-se somente a exclusão total. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 1) QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS: responsabilidade pessoal por dívidas da sociedade. a) ILIMITADA: os sócios respondem ilimitada e subsidiariamente pelas obrigações contraídas pela sociedade. Exemplo: sociedade em nome coletivo (N/C). A responsabilidade dos sócios, em qualquer tipo de sociedade, será sempre subsidiária, ou seja, em primeiro lugar deve haver o total exaurimento do patrimônio da sociedade, para, depois, responsabilizar-se os sócios. Assim, se o patrimônio da sociedade não foi suficiente para o pagamento das obrigações por esta contraídas, o saldo devedor deverá ser cobrado dos sócios, pois estes têm responsabilidade ilimitada. b) LIMITADA: a responsabilidade dos sócios é subsidiária e limitada. Exemplo: sociedade limitada (Ltda.) e sociedade anônima (S/A). c) MISTA: comandita simples (C/S) e comandita por ações (C/A). 2) QUANTO AO REGIME DE CONSTITUIÇÃO E DISSOLUÇÃO a) SOCIEDADES CONTRATUAIS: o ato constitutivo é um Contrato Social. São as sociedades em nome coletivo, em comandita simples e limitadas. O capital social é dividido em cotas (quotas), cujo titular é o sócio. O Código Civil prevê as normas específicas de constituição e dissolução dessas sociedades. Observação: Nestas sociedades a autonomia da vontade dos sócios para formalização do ato constitutivo é máxima, pois são constituídas em função dos interesses particulares dos sócios. b) SOCIEDADES INSTITUCIONAIS OU ESTATURÁRIAS: constituídas por um Estatuto Social. Seu capital socialé dividido em ações, cujo titular é denominado acionista. Institucionais são as sociedades anônimas e em comandita por ações. A Lei n° 6.404/76 regulamenta a forma de dissolução dessas sociedades. Observação: Nestas sociedades a autonomia da vontade dos sócios para formalização do ato constitutivo é mínima e a intervenção do legislador é relevante, pois o Estatuto cuida do interesse geral da sociedade como instituição, e não do interesse particular dos sócios. 3) QUANTO À COMPOSIÇÃO (OU QUANTO ÀS CONDIÇÕES DE ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA) a) SOCIEDADES DE PESSOAS (INTUITU PERSONAE): valorizam as características pessoais e subjetivas dos sócios, seus defeitos e qualidades, que interferem, diretamente, no sucesso do empreendimento. Existe um vínculo de confiança entre os sócios que impede o ingresso de terceiro estranho à sociedade. Por tal razão, nesta espécie societária, o ingresso de um sócio estranho depende da anuência dos demais sócios. b) SOCIEDADES DE CAPITAL (INTUITU PECUNIAE): os atributos pessoais dos sócios são irrelevantes, importando tão somente o capital investido, a sua contribuição para o desenvolvimento da empresa. Os demais sócios não podem vetar o ingresso de terceiro na sociedade e a alienação da participação societária independe da autorização dos demais sócios. Exemplo: negociação de ações na Bolsa de Valores. Nestas sociedades vigora o princípio da livre circulabilidade da participação societária (livre circulação de ações). PERSONALIDADE JURÍDICA DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. Art. 985, CC: somente a sociedade adquire personalidade jurídica. Como o Empresário Individual NÃO é uma SOCIEDADE, JAMAIS ADQUIRIRÁ PERSONALIDADE JURÍDICA, logo, NÃO é uma pessoa jurídica, mas uma pessoa natural (física) com atividade empresarial (art. 966, CC). O empresário individual possui CNPJ, mas não é pessoa jurídica. Portanto, não se pode confundir personalidade jurídica e CNPJ, pois este é apenas um artifício para controle fiscal. Exemplo: João é policial e tem porte de arma; o fato de Maria ter porte de arma não faz dela uma policial. Assim, a pessoa jurídica tem CNPJ; a firma individual tem CNPJ, mas não é Pessoa Jurídica. A confusão entre Empresário Pessoa Física e Empresário (empreendedor) de Pessoa Jurídica ocorre porque o Empresário Individual tem tratamento de Pessoa Jurídica para fins tributários (Fisco) e na questão da movimentação financeira (Instituições Financeiras), mas este tratamento idêntico não faz com que ele adquira personalidade jurídica. Ele apenas cumpre, como pessoa física empresária, algumas exigências referentes às pessoas jurídicas. Exemplificando: se José teve um tratamento de rei na casa da sua sogra, não significa que ele se transformou em rei. O simples fato de ter sido tratado como rei não significa que ele passou a ser rei. Da mesma forma acontece com os empresários individuais: tem tratamento de pessoas jurídicas perante o Fisco e Banco Central (instituições financeiras), mas não o são. A personalização das sociedades empresárias (aquisição de personalidade jurídica) se dá com o registro de seus atos constitutivos. A sociedade empresária que não obedece ao determinado em lei e não registra seus atos constitutivos é uma sociedade despersonalizada e, portanto, irregular. Existem, portanto, sociedades não personificadas (despersonalizadas), que não possuem o registro de seus atos constitutivos na Junta Comercial ou no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas e sociedades personificadas (personalizadas), que procederam ao respectivo registro de seus atos constitutivos e adquiriram a correspondente personalidade jurídica. 1. Sociedades não personificadas � Sociedade em comum � Sociedade em conta de participação 2. Sociedades personificadas � Simples � Sociedade simples � Sociedade cooperativa � Sociedades empresárias � Sociedade em nome coletivo � Sociedade limitada � Sociedade em comandita simples � Sociedade em comandita por ações � Sociedade anônima
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