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Tainá Lopes de Souza Relatório de Viagem – São Paulo Canteiro Experimental 1º Dia – 27/04 Visita à ITA e a residência Hélio Olga Iniciamos o dia com a visita à fábrica da ITA Construtora, em Vargem Grande Paulista, em São Paulo. Durante toda visita fomos acompanhados pelo Mauricio e posteriormente o Daniel pode se juntar ao grupo, ambos porta- vozes a empresa. Durante o percurso, foi no apresentado desde sua história à sua logística de produção, transporte e montagem. A seguir, relato alguns dos conhecimentos adquiridos sobre todo esse processo. A ITA atua no mercado em construções de madeira há 30 anos e após 15 anos de atuação unicamente com madeira nativa, passa por uma transição para trabalhar exclusivamente com madeira laminada colada. A madeira utilizada no MLC é de eucalipto vermelho, proveniente de reflorestamentos e 100% certificada e o fornecedor da fábrica é a IBF, situada no Sul do país, região onde se localizam os maiores fornecedores de madeira do país. Recentemente foi plantada a primeira leva de eucalipto para construção e essa demora se deu devido à concorrência desleal com grandes indústrias de celulose. Estas usufruem do eucalipto com 5 anos de idade e para a construção, é utilizado com 15 anos. Sabe-se que a longo prazo, é mais rentável para o fornecedor a produção ligada a indústria da construção devido ao valor agregado ao insumo, porem a rotatividade da indústria da celulose faz com que muitos acreditem que esta é a mais viável. Além deste entrave, a construção em madeira ainda sofre de pré-conceitos que estão sendo revistos com a tecnologia da construção em MLC, como o de ser uma estrutura travada, que não pode ser ampliada, e de ser vista como uma construção provisória, onde até pouco tempo a caixa econômica federal não financiava construções com esse tipo de estrutura. A respeito do processo de fabricação, o eucalipto é recebido em pallets emparelhados, retificados e sem nós. Ao chegar na ITA, a humidade de cada um é conferida, pois se sua porcentagem for acima de 15%, ela se torna um entrave para utilização. Sua capacidade de produção é de 25m³ de madeira por semana, mas o ritmo médio da fábrica gira entorno de 18 m³. O limitador então não é a produção, mas ao entender todo o processo, é identificado que a logística e o transporte de peças para entrega nas obras é a grande desafio. Assim, estrada de acesso a fábrica limita o tamanho máximo das peças para até 21 m, mas daria para produzir até 40 m. A prensa para a colagem das laminas é feita de pistão hidráulico e possui o tamanho de 12 metros, devido ao tamanho do caminhão para o transporte. Atualmente a ITA a está aumentando para 36m, para assim não depender da prensa manual para grandes projetos. A prensa hidráulica produz mais de 1 peça por vez, pois sua altura máxima é de 2m, então se quero fazer uma viga com altura de 50 cm, tenho a possibilidade de colocar 4 peças ao mesmo tempo. Essas peças permanecem entorno de 2 horas até a sua retirada do equipamento. Atualmente, o galpão novo é onde é feito todo o processo de desengrosso, colagem e prensa. Ele, apesar de ter três anos de uso está em processo de adaptação, na qual suas laterais estão sendo fechadas. Isto acontece porque a cola suíça à base de poliuretano utilizada não se adapta bem a variação de temperatura, já que o seu tempo de expansão é de 10 minutos. As espessuras do MlC utilizado para vedação são de 4 cm, barrotes e terças de 6 – 9 cm, vigas de 9 – 12 – 15 cm. A sua fixação pode ser feita a partir de ligações metálicas internas ou aparentes, dependo da demanda do projeto. Os parafusos e ferragens utilizados não são produzidos no brasil e podem ter até 1,5 m de comprimento. Durante a parte da tarde, nosso próximo destino foi a Residência Hélio Olga, do arquiteto Marcos Acayaba. Nela podemos vivenciar a construção indicada anteriormente pelos professores como estudo de caso para o contraventamento do pavilhão desenvolvido na eletiva do Canteiro Experimental. Hélio Olga, engenheiro dono da ITA, participou do desenvolvimento do projeto da construção da residência em madeira nativa juntamente com o Acayaba partindo do desafio de viabilizar o projeto no terreno de pirambeira adquirido a baixo custo. A estrutura projetada é equilibrada e sua geometria considera seu próprio sistema de montagem, sem escoramentos. Assim, a partir do tubulões estruturais, as treliças modulares se desenvolvem através de balanços que se sucedem a cada andar. 2º Dia – 28/04 Visita à Vila Taguaí O segundo dia da viagem se iniciou com a visita ao projeto da Vila Taguaí, da arquiteta Cristina Xavier em conjunto com o Hélio Olga e construída pela ITA. No início da visita, Cristina nos contextualizou a respeito de sua visão sistêmica sobre a indústria da construção, sobretudo da construção em madeira. Me interessei muito no assunto, principalmente na parte que aborda sobre um interesse preliminar da ITA a respeito de uma sede de processamento de madeira nativa na região norte, onde a madeira deixa de sair como insumo e passa a sair como matéria processada, assim viabilizando e tendo um valor agregado significante. Ela deu como exemplo uma cooperativa em Belém que trabalha com esse sistema, mas não sabem como usufruir das sobras do processamento, já que não trabalham em conjunto com pensamento projetual. A vila Taguaí partiu da iniciativa em conjunto da Cristina e do Hélio de trabalhar com as sobras de madeira nativa que ainda restavam na fábrica da ITA, justamente na época de inflexão das obras. Assim, eles transformaram essas sobras em um sistema estrutural, onde os tamanhos dos módulos do projeto foram pensados para duas pessoas carregarem (entre 80 e 100 cm). Auto avaliação: 9,0
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