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20180205105135PLANO DE AULA 5

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PLANO DE AULA 5
TEMA DE AULA:
EFEITOS DA SENTENÇA DE DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA
OBJETIVOS:
- Conhecer os efeitos da sentença de decretação da falência: em relação ao Falido;
- Aprender os efeitos da sentença de decretação da falência: em relação aos bens do Falido;
- Verificar os efeitos da sentença de decretação da falência: em relação aos credores do Falido;
- Identificar os efeitos da sentença de decretação da falência: em relação aos contratos do Falido.
ESTRUTURA DE CONTEÚDO:
EFEITOS DA FALÊNCIA
A decretação da falência acarreta, em princípio, a paralisação da atividade econômica empresarial explorada pelo falido. Trata-se do principal efeito da decretação da falência. Entretanto, excepcionalmente, o Juiz poderá autorizar, sempre que assim entender conveniente para a otimização dos recursos do falido, a continuação provisória das atividades do falido que serão geridas pelo administrador judicial.
QUANTO À PESSOA DO DEVEDOR
Dissolução da sociedade: encerramento das atividades empresariais e consequente liquidação do patrimônio social para o posterior pagamento do credores (lembrando que a falência normalmente atinge sociedades empresárias);
Os sócios também são atingidos, variando os efeitos conforme o tipo societário, isto é, conforme a responsabilidade dos sócios. Assim, nas sociedades onde a responsabilidade dos sócios é ilimitada, a falência da sociedade também acarreta a decretação da falência dos sócios (art. 81, parágrafo único, LRE). Nas sociedades onde a responsabilidade dos sócios é limitada os sócios não se submetem aos efeitos da falência, entretanto, deve-se apurar eventual responsabilidade direta (art. 82, LRE);
Inabilitação empresarial (art. 102, LRE): até que suas obrigações sejam consideradas extintas por sentença transitada em julgado;
Perda do direito de administração dos seus bens e da disponibilidade sobre eles (art. 103, LRE);
Outras obrigações (art. 104, LRE).
Deve-se ter atenção ao fato de que o não cumprimento das obrigações levam o devedor ao crime de desobediência e acarreta sanção, nos termos do Código Penal Brasileiro (art. 104, parágrafo único, LRE).
QUANTO AOS BENS DO DEVEDOR (MASSA FALIDA OBJETIVA)
Os bens passam a ser administrados pelo administrador judicial. Serão arrecadados, avaliados e, posteriormente, sofrerão liquidação. (art. 108, LRE);
O estabelecimento pode ser lacrado, para facilitar os trabalhos de arrecadação (art. 109, LRE).
Neste momento dá-se o auto de arrecadação (art. 110, LRE), composto pelo inventário mais o laudo de avaliação (sempre que possível devem ser individualizados, pois assim podem ser vendidos separados ou em blocos, otimizando a realização do ativo.
Podem sofrer remoção, para sua melhor guarda e conservação (art. 112, LRE);
Ouvidos o comitê de credores e o falido no prazo de 48h, pode ser promovida a venda antecipada. Também busca-se a otimização, através da segurança do bem e sua manutenção, pois o mesmo corre o risco de se deteriorar e perder valor (art. 113, LRE);
Os bens podem ser adquiridos ou adjudicados pelos credores, desde que autorizados e isto se dê de forma imediata e pelo valor da avaliação (art. 111, LRE);
Mediante autorização do comitê de credores, com o objetivo de produzir renda para a massa falida, o administrador judicial poderá alugar ou celebrar outro contrato referente aos bens da massa falida (art. 114, LRE).
QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR
Deve-se recordar, aqui, dois elementos fundamentais dentro da falência; a chamada vis attractiva e o fato da sentença que decreta a falência ter natureza constitutiva. A partir do processo falimentar, todos os credores se sujeitarão às suas regras e só poderão exercer os seus direitos sobre os bens do falido na forma que a LRE prescrever (art. 115, LRE).
Vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis (art. 77, LRE);
Conversão de todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do país, pelo câmbio do dia da decisão judicial;
Não exigibilidade de juros vencidos após a decretação da falência. Salvo se o ativo for suficiente para tal (entendimento do STJ). Deve-se levar em conta, também, a redação do parágrafo único do art. 124, LRE onde, tratando-se de debênture ou crédito com garantia real, não se aplica a regra em questão; neste caso, o produto dos bens será usado para o pagamento dos juros;
"PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DO DEVEDOR. MASSA FALIDA. PENHORA POSTERIOR À DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA. MULTA E JUROS. SÚMULAS 192, 565 E PRECEDENTES DO STF.
1. Decretada a falência em 15.12.93, antes da realização da penhora no executivo fiscal, é indevida a multa administrativa após aquela data e os juros ficam condicionados à suficiência do ativo apurado para atender ao principal no Juízo da Falência.
2. Recurso especial conhecido, porém, improvido" (REsp nº 235.396/SC, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 08.10.2001, pág. 00196).
*************
- A incidência de juros de mora está condicionada à suficiência do ativo para o pagamento do principal. Precedentes" (REsp nº 264.910/RS, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, DJ de 09.04.2001, pág. 00333).
Compensação a despeito da ordem de classificação dos créditos (arts. 122, LRE e 368 CC);
QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO
O professor Amador Paes de Almeida explica que: O Código Civil de 2002, arts. 421 a 435, não formulou uma definição do contrato, conceituado pelos romanos como pactio duorum pluriumve in idem placitum consensus, ou seja, o mútuo consenso de duas ou mais pessoas sobre o mesmo objeto (ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresa, 22. ed., São Paulo: Saraiva, 2006, p.157).
Não se extinguem de pleno direito com a decretação da falência, pois busca-se sempre a maximização da massa falida objetiva (Art. 117, LRE).
Após a nomeação do administrador judicial o contratante pode interpelá-lo (prazo de 90 dias) para que declare se cumpre ou não o contrato. O administrador judicial tem o prazo de 10 dias para responder. Caso a resposta seja negativa, o contratante pode ingressar com pedido de indenização em processo ordinário, que constituirá crédito quirografário.
Se a continuidade e o adimplemento do contrato puderem contribuir para que a perspectiva de melhores resultados na falência seja alcançada, o contrato poderá ser mantido e cumprido. Se a oneração decorrente do contrato for comprometer ainda mais a já difícil situação em que se encontra a massa, ele será considerado resolvido e os prejudicados buscarão seus direitos na forma da confirmação de seus créditos e habilitação frente à massa, na qualidade de credores (RIBEIRO, Márcia Carla P. Recuperação e Falência de Empresas, 22. ed., São Paulo: Saraiva, 2006, p.586).
Se houver nos contratos a chamada cláusula de resolução por falência, implica a resolução imediata dos mesmos, não por vontade da lei, mas sim por vontade das partes contratantes (art. 118, LRE).
O legislador ocupou-se, no art. 119, LRE, de prever regras para determinados e específicos contratos bilaterais. Assim:
Compra e venda. Right of stoppage in transitu do direito anglo saxão inspira nosso ordenamento jurídico. O vendedor pode obstar a entrega da coisa vendida ao falido enquanto esta ainda estiver a caminho. Entretanto, se o falido, de boa-fé, já havia revendido a coisa a terceiro antes de sua falência ter sido requerida, esta regra já não poderá ser aplicada. Neste caso, caberá ao vendedor habilitar-se no processo falimentar;
Quando o devedor falido ocupa a posição de vendedor há uma certa discricionariedade conferida ao administrador judicial (art. 119, II e III, LRE);
Compra e venda com reserva de domínio (devedor falido – comprador). O administrador judicial resolve, ouvido o comitê de credores, se continua pagando ou não;
Compra e venda a termo de bens com cotação em bolsa ou mercado (art. 119, V, LRE);
Contrato de promessa de compra e venda (art. 119, VI, LRE). Aplica-se o art. 30 da lei 6766/79: havendo falência do promitente-comprador seus direitosserão arrecadados e vendidos em juízo, aquele que comprar se sub-roga no contrato; havendo falência do promitente-vendedor a promessa de compra e venda deve ser cumprida;
Contrato de locação (art. 119, VII, LRE). Na falência do locador não se resolve de imediato o contrato; na falência do locatário o administrador judicial pode denunciar o contrato;
Favorecimento de instituições financeiras (art. 119, VIII, LRE). A finalidade original desta norma é a diminuição do spread bancário, que geraria a diminuição dos juros (o spread é uma das principais variantes que influenciam na taxa de juros trabalhada pelas instituições financeiras. Quanto maior os juros menor será o volume de investimentos, que acarretará estagnação da economia, desemprego, crise e falências) e consequente estímulo à economia;
Mandatos (art. 120, LRE). Ficam resolvidos os mandatos com a decretação da falência, salvo se for mandato de representação judicial (art. 120, § 1º, LRE) ou se versar sobre matéria estranha à atividade empresarial;
Contas correntes (art. 121, LRE). As contas correntes do devedor falido são encerradas, restando o saldo para compor a massa falida objetiva.
QUANTO AOS CREDORES DO FALIDO
Formação da massa de credores, também chamada de massa subjetiva (corpus creditorum, par conditio creditorum);
Suspensão das ações e execuções individuais dos credores, sobre direitos e interesses relativos à massa falida (art. 6º, LRE);
Vencimento antecipado de todas as dívidas do falido (art. 77, LRE); 
Suspensão da fluência dos juros contra a massa falida (art. 124, LRE);
Formação da assembleia geral de credores;
Formação do comitê de credores.
QUANTO AOS ATOS DO FALIDO
O empresário devedor pode, antes de ter a sua falência decretada, praticar certos atos em razão de seu estado pré-falimentar, que possam vir a prejudicar seus credores. Assim, visando proteger os interesse dos credores do empresário falido, a Lei de Falências considera certos atos praticados pelo empresário devedor ineficazes perante a massa falida.
Apesar da Lei de Falências designar os atos descritos no artigo 129 como sendo ineficazes, e os atos descritos no artigo 130 como revogáveis, deve-se entender que, em sentido amplo, os atos previstos em ambos artigos citados não produzem quaisquer efeitos perante a massa falida, ou seja, são todos ineficazes.
A distinção terminológica utilizada pela lei justifica-se no fato de que os atos previstos no artigo 129 da Lei de Falências poderão ser declarados ineficazes de oficio pelo juiz, uma vez que a ineficácia, nessas hipóteses, prescinde da caracterização da fraude. São eles:
a) o pagamento de dívidas não vencidas dentro do termo legal da falência, por qualquer meio extintivo do direito de credito (art. 129, I, LRE);
b) o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal da falência, por qualquer forma que não aquela prevista pelo contrato (art. 129, II, LRE);
c) a constituição de direito real de garantia dentro do termo legal da falência, em favor de obrigação anteriormente contraída (art. 129, III, LRE);
d) prática de atos a título gratuito nos 02 (dois) anos anteriores à decretação da falência (art. 129, IV, LRE);
e) a renúncia de herança ou legado pelo empresário individual nos 02 (dois) anos anteriores à decretação da falência (art. 129, V, LRE);
f) alienação do estabelecimento empresarial, mediante a celebração do contrato de trespasse, sem a anuência expressa ou tácita de todos os credores, salvo se o empresário devedor conservar em seu patrimônio bens suficientes para o pagamento do seu passivo (art. 129, VI, LRE); 
g) registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior (art. 129, VII, LRE).
Já os atos previstos no artigo 130 da Lei de Falências só poderão ser declarados ineficazes se tiverem sido praticados pelo falido com a intenção de fraudar seus credores. Para tanto, o conluio fraudulento entre o falido e o terceiro, bem como do prejuízo à massa falida decorrente de tal ato deverão ser comprovados em ação própria, qual seja, em AÇÃO REVOCATÓRIA.
AÇÃO REVOCATÓRIA: 
A ação revocatória é o instrumento jurídico adequado para que seja declarada a ineficácia, objetiva ou subjetiva, do ato praticado pelo falido. 
O administrador judicial, qualquer credor, ou o Ministério Público tem legitimidade para propor a ação revocatória, no prazo de 03 (três) anos, contato da decretação da falência (art. 132, LRE).
O juízo competente para processar e julgar a ação revocatória é o juízo falimentar. Da sentença proferida cabe recurso de apelação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresa, 22. ed., São Paulo: Saraiva, 2006.
BRUSCATO, Wilges. Manual de direito empresarial brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2011.
COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à nova lei de falências e de recuperação e de empresas. 5º ed., São Paulo: Saraiva, 2008.
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 25.ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
RIBEIRO, Márcia Carla P. Recuperação e Falência de Empresas, 22. ed., São Paulo: Saraiva, 2006.
APLICAÇÃO DA TEORIA À PRÁTICA:
Caso Concreto:
Marcelo da Silva, sócio administrador da sociedade empresária Companhia de Tecidos do Brasil S/A, já com a falência decretada, questiona sobre a possibilidade de viajar aos Estados Unidos para acompanhar a cirurgia da filha mais nova. Analise a questão à luz da legislação falimentar vigente.
Questão Objetiva:
Respeitando as normas de Direito falimentar não podemos afirmar que a decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres:
A) prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência;
B) auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza;
C) comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, quando não for indispensável sua presença;
D) apresentar, no prazo fixado pelo administrador judicial, a relação de seus credores;
E) depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os seus livros obrigatórios, a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por termos assinados pelo juiz.

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