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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente ao Senhor, o Deus da minha salvação, que pela Sua infinita misericórdia livrou-me das garras do inferno. À minha amada esposa Francine, que mesmo em meio às batalhas, tem sido companheira e amiga. Aos meus filhos Thalles e Matheus, que são meus maiores presentes. Às minhas ovelhas da Igreja Evangélica Unção e Poder. Aos amados Railton, Paty e seus filhos. Edson B. dos Santos Jr, Pastor Aroldo (2ª Batista de Campos), Pastores Jairinho e Cassiane (ADAlpha), Nadir «Dile» Moreira e sua esposa Iolanda (meus pais na fé) e tantos outros que foram cruciais na minha conversão, ministério e lançamento deste livro. Aqueles que têm acompanhado meu ministério através dos livros, DVDs, entrevistas na TV ou em publicações na internet. Aos que me acompanham pelas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram etc.) e que lêem tudo o que escrevo. Obrigado pelo seu carinho. Aos pastores que tem levado-me às suas igrejas para ministrar a Palavra de Deus e treinamentos em batalha espiritual. Obrigado pela confiança, cuidado e amor. Deus abençoe todos vocês! Pastor Carlo Ribas PREFÁCIO Há alguns anos atrás, tive o privilégio de ter em minhas mãos um dos exemplares do livro BRUXARIA do pastor e querido amigo Carlo Ribas. Ao iniciar sua leitura fui tomado pelo anseio de descobrir em suas linhas o desfecho daquele testemunho que viria complementar minha busca incessante sobre o tema Batalha Espiritual. O fato é que em alguns outros livros, sobre o mesmo tema, não encontrei a riqueza de detalhes abençoadores que encontrei neste, que considerei importante e conveniente para minha busca. A peculiaridade do livro BRUXARIA é que não enaltece as figuras satânicas, mas sim o processo de libertação do autor, por meio da verdade do evangelho de Cristo. O tema abordado pelo livro é um assunto muito palpitante, porém sério demais, e realidade de muitos em nosso místico país. Por isso, cresce cada vez mais a necessidade das igrejas estarem se inteirando à respeito das artimanhas do inferno e suas estratégias para destruição dos seres humanos. Quando o pastor Carlo aborda sua libertação percebemos o quanto é necessário conhecermos o poder que as trevas têm e seus limites em relação ao Reino de Jesus, antecipando assim nossas ações como igreja militante, no processo de libertação dos cativos. Creio então que este livro é parte do projeto de Deus de pregar a liberdade aos aprisionados do mundo das trevas para a liberdade eternal em Cristo Jesus. Pr. Aroldo Félix - Segunda Igreja Batista de Campos – RJ INTRODUÇÃO QUANDO ESCREVI O LIVRO BRUXARIA, há mais de uma década, eu era um jovem novo convertido, cansado de contar a todo mundo a minha história. Escrevi na época em um caderno de dez matérias, a mão, e a história explodiu. Não havia muitos no Brasil com coragem de dizer o que eu disse. Tudo aconteceu tão rápido que, quando dei conta, já era um livro e eu já estava viajando o mundo todo, falando sobre o tema. Hoje, vinte anos após minha conversão, sou um homem maduro, casado, pai de dois filhos e pastor de uma igreja. Por isso resolvi reescrever esta obra, que impactou o Brasil e o mundo. Muitas coisas descrevi sem riquezas de detalhes, outras deixei de mencionar, por medo de retaliações, por imaturidade e, talvez, por falta de direcionamento, portanto, se você já leu o livro Bruxaria - O Desvendar de Segredos Ocultos há Milênios (Editora Naós, 2003), você precisará ler esta nova edição, ampliada, reescrita e condicionada de uma forma linda, valorizando a obra da Salvação que só Jesus Cristo pode fazer na vida de uma pessoa. Espero que as páginas que seguem possam levá-lo ao conhecimento da natureza pecaminosa do homem distante de Deus, fazendo-o capaz de coisas terríveis e desprezíveis; mas também almejo que você conheça a Obra da Redenção que o Senhor Deus gerou ao enviar seu Próprio Filho Jesus, fazendo-se sacrifício em nosso lugar. À ELE, toda honra e glória. Pastor Carlo Ribas 1 – O INÍCIO Aos doze anos de idade eu já era um menino muito atípico, em relação aos garotos da minha idade, na década de oitenta. Gostava das coisas místicas e da magia. Não tinha muitos amigos, porém um grupinho da minha rua é o que restringia meu mundo. Jogava bola com eles constantemente em um campinho próximo a minha casa, na rua principal da cidade. Vivíamos em uma cidade de interior, no estado do Paraná, sul do Brasil. A cidade, apesar de pequena, era um dos principais polos do satanismo em nossa nação. Ali grandes rituais eram realizados secretamente em uma mata atrás de um morro que estava no acesso principal da cidade. Eu vim de uma tradicional família satanista, de várias gerações de sacerdotes superiores. Apesar de muita gente não saber, vivi uma infância diferente, prometido à Satanás, reservado ao sacerdócio. No satanismo existem três linhas de força: Tradições, que são responsáveis por manter o ensino e conhecimento da magia através dos séculos, de forma hierárquica, passando de geração em geração; Irmandades, que são responsáveis pelos cultos satânicos, por organizar a liturgia e os locais específicos para rituais; Organizações, que são responsáveis por sustentar o satanismo, através de comércios no mercado negro, como o tráfico de pessoas, sequestros de crianças, vendas de órgãos, armas, drogas etc. Meu avô materno era Sacerdote Superior de uma Tradição Satânica, responsável em passar os conhecimentos organizacionais do satanismo para novos membros. Além de um mestre em conhecimentos, ele era um grande mago, termo usado por sacerdotes que desenvolvem a magia ativamente. Fazia rituais, encantamentos e muitas ações mágicas. Sem que eu soubesse, minha mãe tinha um chamado dentro da Tradição: gerar um descendente para o meu avô, uma vez que os filhos dele, meus tios, não haviam sido aceitos pelos demônios designados por Satanás naquela época, para dar continuidade à Tradição em nossa família. Na ordem numerológica, a cabala, o número 3 é um número que simboliza a maldição, impureza. No satanismo não se utiliza quatro dígitos, apenas três. Nasci no dia 6-1-76, que são quatro dígitos. Subtraindo os dois números do meio (1-7) têm o número 666, que todo satanista precisa ter, de alguma forma, em seu nome ou data de nascimento. É a identificação espiritual. Desde muito cedo eu sentia que era diferente. Havia em mim uma sensibilidade espiritual muito maior do que nas outras pessoas. Certa vez, com apenas cinco anos de idade, minha mãe levou meu irmão mais velho e eu em uma curandeira, para fazer alguns encantamentos que pudessem nos curar de problemas de saúde. Eu tinha asma e bronquite e fiquei esperando a curandeira realizar os encantamentos em meu irmão, que na época estava sofrendo com interferências espirituais que o fazia ver vultos e imagens que o impediam de dormir. Na salinha em que eu estava, comecei a cantar uma canção antiga, que havia aprendido com um “amigo imaginário” (hoje sei que era um demônio), da Tradição, que abria uma portinha bem pequena e me possibilitava olhar para outro lugar, no planeta, como se fosse um portal para ir a qualquer lugar. Como estava muito chato esperar ali, comecei a cantar aquela canção, na esperança de abrir aquela portinha pequenina, próximo a mim, e eu pudesse correr para outro lugar. Os espíritos que estavam possuindo aquela mulher começaram a ficar agitados a tal ponto que minha mãe veio até mim e ordenou que parasse de cantar. Fiquei intrigado e, quando minha mãe saiu novamente, cantei com mais força e a portinha apareceu! Todos os demônios que estavam na feiticeira foram sugados por aquela porta e jogados em algum lugar que nenhum de nós fazia ideia de onde fosse. A feiticeira extremamente assustada mandou minha mãe me chamar para conversar com ela, a sós,na salinha de encantamentos. Lembro como se fosse hoje: ela abaixou-se na minha altura e disse: - Onde foi que você mandou os espíritos da tia? Eu realmente não fazia ideia e respondi: - Não sei tia. Ela, visivelmente irritada disse: - Eu sei quem você é. Sei do que você é capaz. Então devolva os meus espíritos! Como eu não fazia ideia do que ela estava dizendo, corri assustado para minha mãe, que prontamente me levou até meu avô. Era o ultimo ano de vida do meu avô Carlo, de quem herdei o nome e todos os seus demônios. Ele contou para minha mãe que o que eu tinha estava começando a se manifestar aos poucos e que a abertura desses portais, até espontaneamente, seria normal. Meu avô foi até a casa da feiticeira e trouxe os seus espíritos de volta, sei lá de onde. Perto da minha casa havia um estacionamento usado por um hotel, que tinha uma grande área gramada. Lá era nosso campinho. Todos tinham entre doze e treze anos e jogávamos todos os dias. Certa vez, em um final de tarde notei que um homem permanecia no portão olhando para nós. Ao vê-lo senti algo perturbador, diferente, apesar de sua aparência ser normal. Continuei jogando, mas sem deixar de notar a sua presença. Não demorou muito para que fizesse um gesto com a mão, me chamando até ele. Seu nome era Luiz e era o dono de um pequeno jornal da cidade. Disse que sempre nos via jogando ali e perguntou se não estávamos interessados em montar um time para jogar no campeonato infantil da cidade, com um jogo de camisas do jornal dele. Reuni meus amigos e aceitamos, empolgados! Seria ótimo! Eu não sabia que aquilo era apenas uma isca para que ele pudesse se aproximar de mim: Luiz era um mestre da Tradição e havia sido enviado para minha iniciação, que deveria ser feita aos doze anos. Passou uma semana e decidi ir até o jornal conversar com o Luiz. Queria acertar com ele alguns detalhes sobre nosso time de futsal e conhece-lo melhor. Como eu estudava à tarde, passaria lá depois da aula, porque o jornal ficava perto da escola. Ao término da aula, como se houvéssemos combinado, Luiz estava na frente da escola me esperando. Espantei-me: - Luiz? – Disse. - Eu sei, você estava indo lá me ver, não é? Eu estava passando aqui perto e resolvi te buscar. - Ele sorriu dizendo. Fiquei impressionado, mas como coisas muito estranhas aconteciam comigo sempre, deixei simplesmente acontecer e fui até o jornal. O jornal era em um quarto de hotel, de baixa qualidade, no centro da cidade. Ali também era sua casa. Tudo muito desorganizado e sujo. A primeira coisa que vi quando entrei foi uma coleção de discos de vinil do Iron Maiden, e gastei um tempo olhando capa por capa. Apesar de ter imagens diabólicas e satânicas, eram extremamente bem desenhadas e atraiu minha atenção. - Quero um dia poder desenhar como esse artista. – Comentei. - Olha, é perfeitamente possível, desde que você encontre essa habilidade dentro de si. – Afirmou sorrindo. Sentamos e começamos a falar sobre tudo, menos futebol. Ele me disse que era carioca, mas que amava o Paraná. Tinha trinta anos e era um prodígio. Seu QI era alto para pessoas da idade dele e sempre teve facilidade em aprender as coisas. Nunca soube nada mais sobre ele, apenas que seus pais eram separados e sua mãe havia casado novamente com um homem a quem o Luiz nutria um ódio mortal. Sonhava em poder vê-lo morto. Ele também tinha uma namorada, chamada Cris, que era especial! Ativa, dinâmica, esperta. Sempre há um passo a frente de tudo. Ela era extremamente liberal, ao ponto de andar nua no quarto, mesmo comigo lá dentro. O tempo foi passando e fui me apegando a eles. Era um casal modelo para mim e eu queria ser como o Luiz era. Obviamente a falta de um pai presente em casa gerava esta necessidade em mim. Meu pai e minha mãe separaram-se quando eu tinha seis anos de idade e, depois disso, nunca mais tive uma presença paterna real em casa. Luiz sempre sabia algo sobre tudo. Qualquer assunto, ele sabia o que falar. Quando eu tinha alguma dúvida, era ao Luiz que eu recorria. Pouco a pouco fui passando cada vez mais tempo no hotel com ele e sempre aprendendo alguma coisa nova. Sua sabedoria assustava, apesar da aparência desleixada que tinha. Ele tocava violão e disse que gostaria de aprender, mas via o sacrifício do meu irmão, que estava estudando guitarra, que me fazia desistir antes mesmo de tentar. Ele sorriu singelamente, como sempre fazia, e me disse: - Seu irmão sofre porque faz do jeito errado. Você precisa buscar isso dentro de você. É fácil! Pegue o violão todos os dias, sente-se em uma cadeira e comece a conversar com ele. Passe suas mãos sobre ele e sinta a madeira, as cordas... Peça a ele que te ensine a tocar. Diga que gostaria de lembrar-se disso, porque todo conhecimento e toda a sabedoria já está inserida dentro de nós. – Ensinou. Confesso que achei meio ridículo ficar conversando com um violão, mas a forma com que ele falava era tão viva e convincente que resolvi tentar. Eu sentava todos os dias e mexia no violão, deslizava os dedos pelas cordas e dizia ao meu cérebro: “eu ordeno a você que me mostre como tocá-lo!”. Em poucos dias já estava tocando violão, sem nunca haver feito aulas. ISSO TUDO SE TRATA DE UMA AÇÃO DIABÓLICA E SATÂNICA E NÃO DEVE SER FEITO POR NINGUÉM. OBVIAMENTE AS AÇÕES DESCRITAS NESTE LIVRO NÃO SÃO ACOMPANHADAS DE PALAVRAS MÍSTICAS DE INVOCAÇÕES, POR NÃO SER ESTE O OBJETIVO DO LIVRO. Quando percebi que em poucos dias já estava tocando violão, aquilo me fez confiar ainda mais nas coisas que Luiz me dizia e ensinava. Passei a ir todos os dias ao hotel e sempre buscava aprender mais alguma coisa. Eu via nele a possibilidade de ser alguém. Luiz começou aos poucos demonstrar suas habilidades com a magia. Primeiro ele pregava peças, fazendo objetos se moverem (telecinese) sem o uso de suas mãos. Ele era realmente muito bom nisso. Copos, talheres, lápis... Tudo vinha até suas mãos por um simples olhar. Certa vez ele me ensinou a fazer algo. Era simples. Tudo consistia em espetar uma borracha de escola com um alfinete e colocar um papel amassado em cima. Disse-me para focar minha força naquele papel e ordenar que se movesse. Tentei uma, duas, várias vezes até que se moveu. Senti-me o “Superman”! Eu, uma criança pobre, sem amigos, agora fazendo coisas fantásticas que ninguém fazia! Comecei a treinar em tudo o que podia. Movia folhas, pequenos objetos. Minha autoestima aumentava a cada dia e eu, cada vez mais, queria ser como o Luiz. Eu queria saber o que ele sabia e ter o que ele tinha. Em uma noite, enquanto desenhávamos algumas tirinhas de histórias em quadrinhos para o jornal, Luiz me mostrou algo muito interessante. Ele me pediu para pegar um lápis da cor azul. Quando o segurei na mão, ele me perguntou: - Tem certeza que é o azul que você pegou? Eu tinha! Então me disse: - Olhe novamente! E o lápis estava com a cor amarela e o azul estava na mão dele. Era impossível! Fiquei estarrecido e perguntei como ele havia feito aquilo. Mais uma vez o olhar sereno dele, acompanhado de um sorriso trouxe uma resposta simples: - Você só precisa desejar! É simples, apenas queira o lápis azul na sua mão. Fechei meus olhos e desejei de todo o meu coração. Quando abri os olhos, o lápis azul novamente estava comigo. Outro dia, ao chegar ao hotel notei que o quarto estava escuro, porque o sol já havia se posto. Luiz, que olhava para fora da janela em um momento contemplativo, me pediu para acender as luzes. Quando fui tocar no interruptor ele disse: - Não com a mão. Acenda com o seu pensamento. Forcei muito a minha mente e nada aconteceu e ele me explicou: - Quanto mais força mental você fizer, mais pesado o interruptor ficará. Tente ser suave e imaginar sua mão saindo do interruptor, ao invés de tocá-lo. Imediatamenteimaginei minha mão tocando suavemente, como se estivesse flutuando. A luz do quarto se acendeu. Luiz fazia todas essas coisas para me cativar, para me convencer de que a magia era o meu destino. Passei a trabalhar com ele no jornal, ajudando com a arte. Cada dia de trabalho era muito mais um dia de aula do que qualquer outra coisa. Ele me ensinava sobre a magia, sobre os mestres do universo e sobre a manipulação das coisas. Sentávamos na varanda do hotel e ele movia as nuvens com movimentos das suas mãos. Fazia buracos no meio delas e cortava outras em dois pedaços. Algumas vezes eu o vi levitar levemente do chão, quando ficava muito feliz, como no dia em que seu time de futebol ganhou o campeonato brasileiro. Ele vibrou tanto, gritou, festejou, pulou tanto que, em determinado momento pude notar que seus pés não estavam tocando o chão. Desde criança eu era fascinado pela magia. Assistia aos desenhos animados e imaginava ter superpoderes e isso, de certa forma, auxiliou no desenvolvimento psíquico e místico em mim. Agora, vendo Luiz ali na minha frente, eu sabia que tinha a chance de ter tudo o que sempre sonhei. Eu queria ter um poder que ninguém tivesse. Sentei com Luiz no tapete do quarto e pedi: - Luiz, quero ser como você. Quero ter o que você tem e quero fazer o que você faz. Ensine-me! Ele então passou a me contar tudo, sobre quem ele era, sobre a Tradição, sobre minha família e o poder que meu avô Carlo havia deixado para mim. Ele me disse sobre os graus que havia no satanismo e o que seria necessário para eu alcançar a iluminação. Ele disse que eu era um escolhido e que a missão dele era me treinar e me preparar para ser um sacerdote superior, um dia. Ele seria meu mestre. Levantei dali com uma certeza em meu coração: eu seria um sacerdote da Tradição. 2 – A TRADIÇÃO A alta magia antiga é dividida em três seguimentos: Tradições, responsáveis pelo ensino da magia; Irmandades, responsável pelos cultos e liturgias e as Organizações, responsável pelo sustento e logística das demais. A Tradição a que pertenci veio das raízes mais antigas do satanismo e, infelizmente, de um dos personagens mais emblemáticos da Bíblia: o rei Salomão. A Bíblia Sagrada diz que Salomão casou-se com mil mulheres e dentre elas, várias mulheres que adoravam demônios cananeus. Com o passar do tempo, Salomão se contaminou com a idolatria das suas mulheres e se distanciou de Deus. Com o passar do tempo passou a ser influenciado por mágicos, místicos e feiticeiros que ajudaram Davi, seu pai, a construir o Templo como artífices, como Hiran Abiff e Tubalcaim, e escreveu livros de magia, que se tornaram referência para o ensino da "antiga religião", como era chamada. Salomão escreveu alguns livros usados pela Tradição: o Lemegeton, também chamado de "A Chave Menor de Salomão", onde há os nomes dos demônios, orações necessárias para invocá-los e fazê-los obedecer ao bruxo. Lá existe a descrição dos 72 demônios das ordens antigas. Outro livro atribuído ao rei Salomão é "A Chave de Salomão", onde existem 36 lições sobre como ligar o mundo físico ao espiritual, abrindo portais mágicos. A Tradição fazia uso de outro livro mágico, o Heptameron que, dividido em duas partes, ensinava a se comunicar com os demônios do ar com invocações específicas durante os sete dias da semana e também a realizar rituais para forçar os demônios a mostrar o lugar de coisas valiosas, fazer pessoas escravas, atrair amor de pessoas, mover coisas etc. Em 1487 a Europa estava dominada pela bruxaria, porém dentro da igreja católica havia muitos bruxos e satanistas infiltrados. Dois bruxos, passando por inquisidores, chamados Heinrich Kraemer e James Sprenger escreveram um manual de caça às bruxas, onde era possível saber quais tipos de pessoas eram bruxas (como as mulheres que não choravam, por exemplo) e quais as formas de condená-las a morte e executá-las. Esse livro se chamou Mallevs Malleficarvm e foi apoiado por uma bula papal de Inocêncio VIII, o principal documento católico sobre bruxaria. O livro era uma jogada da Tradição para desviar o foco dos inquisidores das verdadeiras bruxas. O nome da Tradição era Mallevs Malleficarvm e, após a publicação homônima. O livro nunca foi aprovado pela igreja católica e entrou para a lista de livros restritos (Index Librorum Prohibitorum). Kraemer foi condenado pela inquisição e morto em 1490. No Brasil ele foi lançado em 1976, exatamente no ano em que nasci. A função da Tradição era administrar o ensino da magia. Passar para as gerações futuras os tratados mágicos e a cultura mística que tínhamos. Comunicação com demônios, uso de poderes sobrenaturais, favorecimento a custas de forças ocultas. Como toda religião, a bruxaria desenvolve formas de ligar o mundo espiritual ao plano físico e tirar proveito disso. Dentre as muitas coisas ensinadas, havia o uso do poder dos sonhos, também chamado de energia onírica, que nos dava condições de dominar completamente o que sonhávamos, e até com o que queríamos sonhar. Tínhamos o poder de entrar nos sonhos dos outros. Vinculávamos alguém no mundo espiritual através de um demônio que agia na pessoa. Com isso podíamos dominar completamente os sonhos dele, fazendo-o até mudar decisões tomadas, pensando ser um "aviso divino" ou algo assim. DEMÔNIO DOS SONHOS Quando eu estava na Tradição conheci um demônio dos sonhos, também chamado de Álphar, que era capaz de invadir a mente de qualquer pessoa enquanto dormia. Não me lembro de ter perguntado a ele se podia entrar na mente dos "crentes", porque só fiquei sabendo da existência de um povo chamado "evangélico" anos depois, mas era incrível o que ele fazia. Muitas vezes colocava tanto medo em uma pessoa que a levava à loucura. Ele tinha uma porta de entrada muito simples no sonho: o estado que antecede ao sono, chamado de sono NREM, estágio 1. Ali, naquele ponto, o espírito humano (também chamado de corpo espiritual) se eleva acima do corpo físico e deixa uma brecha para o demônio invadir a área de mente que fica ativa durante o sono. Como nessa fase as atividades oníricas ficam mais sucessíveis aos acontecimentos recentes, o demônio entra em imagens geradas por legalidades espirituais, como filmes de terror, livros de ocultismo, músicas profanas etc. Quando Álphar entrava, chamava os Íncubos e Súcubos, demônios sexuais que atuam apenas nos sonhos. Eles tinham uma ação conjunta: os Súcubos, demônios femininos apareciam nos sonhos de homens, com aparência sedutora, para fazê-los ter uma polução noturna, a fim de recolher o sêmen deles, passando assim para os Incúbus, demônios masculinos, para que pudessem ter legalidade de manter relações sexuais com mulheres e, em alguns casos, até engravidando-as. Como o sêmen era humano, obviamente as crianças provenientes dessas profanações eram seres humanos legítimos, porém com uma terrível maldição sobre suas vidas. Outra atividade bastante usada na Tradição é o poder sobre os elementos naturais, fogo, água, terra e ar. Esse poder se tornava absurdo, com o passar dos anos e graus alcançados na escala evolutiva. A energia telúrica é amplamente utilizada, por entender-se que a terra é um ser vivo, energético, que abastece os bruxos. Por esta razão a grande maioria das invocações ou rituais são realizados na natureza, aproveitando essa energia. O poder de mover o vento é atribuído ao príncipe do inferno Belial. É através dele, que os bruxos podem fazer ventar, chover, mover nuvens etc. O poder de mover as águas é trazido pelo príncipe Belial, o demônio das águas. O fogo é gerenciado por Satanás e a terra por Lúcifer. Cada um dos quatro príncipes do inferno, com seu poder, entrega ao bruxo à possibilidade de manipular os elementos naturais. Dentro da Tradição era comum a realização de rituais onde essesdemônios eram invocados e adorados. Em alguns rituais os bruxos ofereciam seus corpos cortados, sangrando, a essas entidades. Em outros, oferendas ritualísticas eram feitas, que variavam de pratos com fezes até a entrega do sangue de um holocausto sacrificado vivo, humano ou animal. A magia branca, também chamada de teurgia, era utilizada para curar fisicamente pessoas que procuravam os bruxos e pagavam grandes quantias para isso. A magia negra, chamada de maleficia, era a mais utilizada. Tanto para promoção própria como para obter benefícios, os bruxos sempre usavam a magia negra, o tempo todo. Palavras mágicas de encantamentos, gestos místicos, liberação do prana, substância espiritual criadora do universo e que está nos seres vivos, segundo os místicos. É usado para canalização da vontade do feiticeiro em algum lugar, como uma demarcação. Acredita-se erroneamente que os demônios são seres neutros, portanto podem praticar tanto o bem quanto o mal, dependendo apenas da motivação e ordem do bruxo. O crescimento fundamental e filosófico na Tradição era muito grande e poderoso. Havia nove graus necessários para cada membro. Nem todos atingiam os últimos três graus, mas todos deviam iniciar o primeiro. PRIMEIRO GRAU - APRENDIZ É aqui que tudo começa. Um mestre de sétimo grau é enviado a um escolhido, descendente de algum grande sacerdote, para iniciá-lo. Tudo começa com demonstrações de sinais e prodígios, para gerar o desejo da pessoa a ser iniciada em seguir os caminhos da magia. O período inicial demora meio ano e é um prazo em que a pessoa escolhida deve, espontaneamente, pedir para ser iniciado. Nada é forçado neste primeiro grau. Acredita-se que o caminho da magia passa apenas uma vez na vida de uma pessoa. Se a pessoa perde-lo, nunca mais ele volta. Portanto, no primeiro grau tudo é espontâneo e tranquilo, para que a pessoa escolhida tenha certeza do que quer. Após o escolhido desejar ser um iniciado, ele precisa passar pelo período de um ano lunar (treze meses de vinte e oito dias) mais um dia de treinamentos sobre magia. É o tempo em que aprende a filosofia da Tradição, a psicologia, demonologia. A espiritualidade do aprendiz é aguçada ao máximo e a sensibilidade espiritual muito trabalhada. Na Tradição só há duas formas de ingresso: O hierárquico, quando um membro a partir do sétimo grau tem um parente de até quarta geração que deve dar seguimento ao nome da sua família nos tratados mágicos. Então ele é o escolhido. Por escolha, quando um sacerdote de oitavo ou nono grau precisa de certa pessoa da sociedade dentro de seu grupo, por ser muito rico ou então muito influente em determinada área. Então é realizada uma assembleia e o nome é colocado à aprovação. No período de vinte e oito dias a um ano o candidato é vigiado por membros da Tradição. Nesse período tudo o que a pessoa faz é vigiado. Passado o tempo de análise, reúne-se novamente a assembleia e discute-se os pareceres. Uma votação é realizada onde treze mestres decidem. Cada um tem em sua mão uma bolinha branca e outra preta, que há seu tempo é depositada em uma salva de tecido aveludado. A branca significa "sim" e a preta "não". No fim da votação, conta-se quantas bolas brancas e pretas tem e a que tiver maior número ganha. Um membro escolhido por votação será apenas usado para favores. São considerados seres inferiores e jamais chegam a graus elevados. Morrem antes disso. No primeiro grau o aprendiz começa a realizar pequenos prodígios, desde o primeiro dia. Mover pequenos objetos através da telecinese, com ou sem a ajuda de seu mestre. Logo após a metade do ano, o aprendiz começa a se preparar para a iniciação, que o fará ingressar na antiga religião: a magia. SEGUNDO GRAU – INICIAÇÃO Nesse estágio a pessoa faz o primeiro grande pacto com demônios. Até então tudo girava em torno de encantamentos e pequenos pactos, como os de “aceitação”, também chamados de “pactos involuntários”, como ir até algum médium que lê tarô, mão etc. É nisso que o inimigo coloca escondido legalidades para poder entrar na vida das pessoas. Muitos acreditam que não passa de uma curiosidade ou brincadeira, mas é uma armadilha terrível. Veja, por exemplo, o horóscopo: tecnicamente é uma fraude! Pessoas comuns escrevem nos jornais o que querem em cima dos signos. Mas o simples fato de uma pessoa desejar saber o seu futuro, faz uma “troca” da sua pureza espiritual por uma informação sobrenatural (saber o futuro está acima do natural, por isso é operado por forças espirituais que manipulam essas informações. Não é algo natural). Isso gera o direito legal do demônio que manipulou as informações entrar na vida da pessoa. NOTA: todo ser humano é formado por espírito (corpo espiritual), alma e corpo. O espírito humano é ligado a Deus, caso a pessoa tenha uma vida cristã ativa. Quando uma porta espiritual, ou brecha, é aberta por legalidade, como no caso dos pactos involuntários, o Senhor se distancia do ser humano, como diz em Isaías 59:2. Com isso o demônio tem direito legal de entrar na vida da pessoa, criando um vínculo com o espírito humano. A isso chamamos “opressão maligna”. Os grandes pactos são levados muito a sério dentro da Tradição e tem diversas finalidades. Alguns são feitos para selar acordos entre demônios e pessoas. Outros ainda são gerados no mundo espiritual, para entregar a vida de pessoas da mesma família. Nesses grandes pactos existe a assinatura de um contrato, feito em papel especial e assinado com o sangue de quem está pactuando com os demônios. É extremamente necessária à assinatura com o sangue, que simboliza a vida e identidade biológica da pessoa que assinou. Para a realização de um pacto é necessário um ritual, que serve de ambiente para o acontecimento. Os rituais são cerimônias que abrem os portais mágicos, permitindo a entrada de demônios específicos no plano físico e, com isso, selando os pactos. Pequenos rituais são realizados diariamente, para liberar demônios de proteção, auxílio etc. São tão comuns entre os bruxos que fazem parte da vida deles. Hoje em dia a internet está, infelizmente, lotada de sites que ensinam as pessoas a fazerem pactos com demônios e rituais de várias formas. Nas livrarias as seções de livros espiritualistas e exotéricos estão cada vez maiores. Mesmo uma pessoa aprendendo na internet um pacto ou ritual, isso não significa que não haja demônios ligados a ele. TODO PACTO OU RITUAL É SATÂNICO! Não entrem nisso de forma alguma! Vou demonstrar neste livro alguns rituais que participei, excluindo claro as palavras ritualísticas ditas neles. Muitas seitas modernas não aceitam o nome “Satanás” ou “diabo” ou ainda “demônio”, mas tem o mesmo poder maligno e nocivo espiritualmente. Não se iluda com “bruxinhas do bem” ou “magia branca”. Todas essas formas de magia são malignas e satânicas, não importando o nome que tenham. Na Tradição, o segundo grau é também chamado de grau da consciência, porque a partir dele o iniciado passa a conhecer a magia. O mundo mágico fica muito mais aguçado e sensível e o iniciado desenvolve o círculo mágico, que é representado por um círculo de oito metros de diâmetro ao redor da pessoa. Este círculo mágico faz com que o bruxo domine tudo o que entra nele: pessoas, animais, objetos etc. Com o passar do tempo um bruxo desenvolve isso de uma forma absurda, fazendo-o crescer ao ponto de absorver casas, ruas, montanhas, cidades. O iniciado precisa passar por um período de um ano e um dia, aprendendo encantamentos, rituais, pactos e outras atividades espirituais, até fazer um segundo ritual de “votos”, onde declara que deseja continuar no caminho da magia e que não será um peso para a Tradição. Só então ele está pronto para o terceiro grau. O MENSAGEIRO O inferno envia a cada pessoa que nasce umdemônio, chamado de “demônio pessoal”. Sua função é aprender tudo sobre aquela pessoa, independente se ela é satanista ou não. Quando a criança aprende a andar, aquele demônio aprende junto com ela. Quando fala as primeiras palavras, aquele demônio aprende junto. Quando começa a escrever o demônio aprende também e passa a ter a mesma letra. À medida que a pessoa cresce o demônio desenvolve todas as características do indivíduo e passa a ter um temperamento e personalidade parecidos. Por isso quando morre um parente, alguém tem uma experiência de tê-lo visto depois de morto. Na verdade não era o morto quem apareceu, mas sim o demônio pessoal que, com a morte da pessoa passa a dar um direito dele se manifestar com a mesma imagem, voz, letra e assinatura. Os médiuns que psicografam livros, afirmando que um morto incorporou neles e escreveu, fazendo a mesma assinatura inclusive, estão fazendo uso desses demônios, que acompanharam a vida toda da pessoa e sabem imitá-lo em tudo. Na bruxaria utilizam-se esses demônios para outros fins. O demônio pessoal passa a se chamar “mensageiro”, a partir da iniciação. É uma das primeiras experiências com demônios. É necessário uma série de rituais e invocações para ter direito a presença dele todo o tempo. O MENSAGEIRO É UM DEMÔNIO E, COMO TODO DEMÔNIO, PRECISA SER EXPULSO EM NOME DE JESUS CRISTO! A Tradição sempre ensinou que os demônios mensageiros eram neutros e que cabia ao bruxo dominá-lo e direcioná-lo no que fazer. Caso um iniciado não conhecesse seu mensageiro, poderia correr o risco de ser morto pelo mesmo. Por isso o mensageiro deveria se tornar o melhor amigo do iniciado. Esta é uma artimanha para manter a mente do iniciado presa aos princípios da Tradição. Com o envolvimento cada vez maior do iniciado com o mensageiro, sem perceber ele se distancia da realidade, da família, da sociedade e se aprofunda no mundo sombrio do satanismo. Sempre é bom frisar que a bruxaria se apoia em uma série de seduções, ilusões e mentiras, tentando com isso preencher o vazio existencial e espiritual que sentem, fazendo as pessoas iniciadas acreditarem nos enganos do inimigo. O nome do demônio mensageiro é muito importante e passa a ser o nome mágico do iniciado. Ninguém deveria sabê-lo, para que não fosse destruído por outros bruxos que, conhecendo o nome do mensageiro, poderiam invoca-lo em um ritual e fazer um pacto com ele, matando a pessoa em que ele trabalhava. O mensageiro que habitou em mim por muitos anos se chamava Stinuts. Ele já foi expulso pelo Poder do Nome de Jesus. No período da iniciação o iniciado passa a sentir coisas que nunca sentiu antes, devido à sensibilidade espiritual que está aumentando a cada dia. Passa a ver espíritos malignos, que mesmo sendo demônios aparecem com a forma de santos, pessoas, luzes. Em algumas situações é possível ouvi-los e até conversar com eles. No início é necessário invocar o mensageiro quando se quer ter um contato. Passado certo tempo, o iniciado gera tanta afinidade e intimidade com o mensageiro que passa a se comunicar com ele todos os momentos, in rapport, que é uma forma de harmonização, onde liga a mente ao mundo espiritual. O mensageiro opera inclusive nos sonhos do iniciado. Um mensageiro é utilizado em tudo, na vida de um bruxo. Ele é o demônio pessoal então nada é decidido sem que haja um parecer dele primeiro. Através dele acontece a transferência de sensibilidade (muito usada no voodoo), quando a sensibilidade física de alguém é transferida para um objeto, em geral um boneco, através da magia negra. Tudo o que se faz ao objeto é acometido na pessoa. Também é o mensageiro quem auxilia nos projecionismos, ou viagens astrais, quando o espírito sai do corpo e viaja por regiões onde deseja ir. Feitiços, encantamentos, magias, rituais... Tudo é auxiliado pelo mensageiro, que é o representante do bruxo no mundo espiritual. Muitos infelizmente pensam, como eu também pensava, que dominam seus mensageiros. Acham que estão no controle, mas não estão. Mensageiros são demônios perigosíssimos e terríveis. Eles dominam as pessoas e as leva ao inferno. CARO LEITOR, se você ainda é satanista, ou feiticeiro, bruxo, wiccan e tem um mensageiro, faça um teste: peça ao mensageiro quem é Jesus Cristo! Ele se irritará com você, porque não aceita o Salvador do Mundo. Procure uma igreja evangélica, conte sua história a um pastor ou pastora e peça que ore por você. Eu tinha muito medo de ir até uma igreja e fugia de todos os convites, mas foi isso que salvou a minha vida. Tome coragem e vá! Sua vida depende disso! Quando passa o período de iniciação e o iniciado tem já um contato íntimo com seu mensageiro, é necessário passar para o terceiro grau, fazendo seus votos. Antes, porém, precisa ter um contato com seu livro da vida, onde – supostamente – estaria escrito o seu futuro. O nome é rito da catedral e vou contar como funciona: Era necessário entrar em um estado de meditação muito grande e fazer o projecionismo, tirando o espírito do corpo e subindo em direção ao céu o mais alto que pudesse. Várias tentativas eram feitas até que, em pleno espaço sideral encontraria uma catedral gótica flutuando, em cima de uma pedra. A pessoa devia, em espírito, entrar na catedral e fazer algumas ações lá dentro, que não vem ao caso contar aqui. Muitas vezes, dentro da catedral havia “pessoas” do nosso convívio, amigos e parentes, que já morreram e (claro que não eram eles, eram demônios pessoais se passando por eles) se apresentavam em aparência decomposta. No lado direito da porta principal da nave da catedral havia uma porta que levava a uma escada em espiral para baixo, onde se encontrava uma biblioteca enorme. Cada um que entrava lá precisava encontrar um livro com o seu nome na capa. Todos estavam dispostos em ordem alfabética nas prateleiras rústicas feitas com madeira de lei. Lembro que o meu não foi difícil de achar e logo após encontra-lo pude sentar próximo a uma mesa muito grande, de madeira. No livro continha minha vida, coisas do meu passado e algumas coisas que aconteceriam no meu futuro (lembrando que Satanás não tem poder para ver o futuro então são previsões, ou seja, coisas que poderiam acontecer). Notei que, em determinado ponto do meu futuro as páginas começaram a ficar em branco. Eu folheava avidamente para saber o que aconteceria nos anos vindouros mas, depois de certa data, não tinha mais nada lá! Apenas páginas em branco. Perguntei ao Stinuts a razão daquilo e ele respondeu que seria um momento da minha vida que eu deveria traçar meu próprio caminho. Hoje, acredito que eles só tinham permissão de Deus para escrever coisas ali até o dia em que eu entregaria minha vida ao Senhor Jesus. A partir daí demônio nenhum teria mais legalidade sobre mim. Quando volta da catedral e o ritual é finalizado, o mestre do iniciado pergunta se ele deseja realmente seguir o caminho da magia, um caminho difícil e injustiçado por milhares de anos. O iniciado responde sim e então o mestre fura a ponta do dedo indicador esquerdo do iniciado e, com o próprio sangue, desenha no peito dele o símbolo mágico da Tradição, o hexagrama de Salomão. Depois o iniciado assina com o próprio sangue o pacto do voto à Tradição que é queimado, logo após, pelo mestre. Começa assim o terceiro grau. ATENÇÃO INICIADOS: Não importa em qual estágio você esteja! JESUS CRISTO é Poderoso para livrar sua vida do engano. ELE TE AMA e quer salvar a sua vida. TERCEIRO GRAU – ÁGUA O estágio da água é chamado de estágio da intuição. É o primeiro dos estágios com períodos definidos pelos mestres e não por um tempo específico. Depende muito da desenvoltura, aprendizado e também do poder adquirido de cada iniciado. Na maioria dos casos leva anos para a pessoa desenvolver todas as habilidades necessáriaspara avançar. Eu passei em poucos meses. É um grau científico. O mestre ensina tarô egípcio e de Marselha, quiromancia, que é a leitura de mãos, a numerologia, ciências e organizações ocultas, como rosa crucianismo, maçonaria, catolicismo negro etc., reconhecimento e visão de aura, visualizações espirituais, contemplação ativa e passiva, transferência de sensibilidade entre outras coisas. Nesse período é muito maior o contato com os demônios e a comunicação com eles aumenta significativamente. O iniciado passa a ouvir quando os demônios chamam. Quando passei por esse estágio lembro que eu ouvia como um assobio do vento. Quando ouvia isso, sabia que era algum demônio chamando, então concentrava minha atenção na esfera espiritual e permitia que o demônio aproximasse. No início me assustava por que, logo após ouvir o sinal e autorizar a aproximação visível deles, quando os via, a imagem de cada um era ainda terrível e abominável aos meus olhos. Infelizmente com o tempo fui me acostumando e se tornou um hábito tão normal que nada mais me assustava. No terceiro grau Leviatã, um dos quatro príncipes do inferno comanda o iniciado durante todo o tempo, através dos seus demônios específicos para isso. Por ser o demônio da água, o poder dele é passado à pessoa que, com isso, ganha um aumento de poder e uma evolução maior na magia, dominando a água e a intuição. Intuição na magia é a capacidade de “saber” ou “prever” acontecimentos significativos a cerca de um assunto. Quando o bruxo precisa, por exemplo, invadir uma casa em seu corpo espiritual, ele faz uso do poder que Leviatã lhe dá para, através da intuição espiritual, saber exatamente quais são os portais abertos. Podem ser eles os pecados de um dos moradores daquela casa ou ainda objetos amaldiçoados dentro da casa. Talvez o antônimo espiritual disso seja a revelação ou o discernimento espiritual, descrito em 1 Coríntios 12:10. A partir daí começa uma grande mudança na vida da pessoa. O ocultismo seduz de tal forma que passa a mudar hábitos. Personalidade, modo de vestir, de falar são transformados. As pessoas notam que algo está acontecendo, por que sua mente fica alterada, devido a grande quantidade de demônios que passam a habitá-la. QUARTO GRAU – AR Belial, outro dos quatro príncipes do inferno comanda este treinamento e envia seus demônios para ensinar ao iniciado tudo sobre comunicação extrassensorial. Neste período aprendi a leitura dos pensamentos dos outros. Vale ressaltar que só é permitido a leitura de pensamentos de pessoas que estejam, no mínimo, oprimidas por algum demônio. Os crentes em Jesus têm suas mentes cativas no Espírito Santo e, portanto, bloqueadas para qualquer tipo de invasão. Mas isso não impede que demônios astutos façam os crentes falarem demais e, assim, entregarem todos os seus tesouros. Quando fui instruído a primeira vez sobre como ler a mente de uma pessoa achei que seria impossível, mas como eu tinha muita facilidade em aprender coisas místicas, foi bem fácil. Primeiro fazíamos um teste com cartazes. Luiz escrevia uma letra ou número, a certa distância, de forma que não podia ver, em um papel que segurava em sua mão. Ele ficava olhando para aquele papel e repetindo mentalmente aquele número ou letra várias vezes. Eu fazia alguns exercícios mentais e pronunciava algumas palavras de invocação do mensageiro e fazia com que ele, o demônio, potencializasse a minha percepção mental, conseguindo então ouvir – literalmente – o que o Luiz estava repetindo mentalmente. Depois os números e letras foram sendo substituídos por palavras e datas e, com o passar do tempo, por frases inteiras. Quando eu já conseguia ler um pensamento de frase inteira passei a focar a leitura de pensamentos aleatórios, ou seja, aqueles em que a pessoa não ficava repetindo mentalmente várias vezes. Essa foi a etapa mais difícil, mas enfim consegui. Depois disso se tornou fácil olhar para qualquer pessoa (sem Jesus em sua vida, claro) e distinguir linhas de pensamentos que estava tendo. Também nesse estágio aprendemos a levitação, não apenas de objetos como de nós mesmos. Essas experiências fantásticas são forçadas logo no início da caminhada de um iniciado para seduzi-lo de tal forma que nunca venha a abandonar a magia. Na levitação é usada a força telúrica, ou seja, energia emanada da Terra. É através dessa energia que os antigos encontravam terras férteis, fontes de águas e também locais apropriados para adoração. Acredita-se que ao redor do planeta Terra fluam feixes de energia telúrica, desde o núcleo até a crosta terrestre. Na levitação, os demônios potencializam o campo eletromagnético que todo ser vivo possui ao ponto de criar um campo positivo. A energia telúrica passa a ser positiva também, repelindo assim o bruxo que está energizado, fazendo-o levitar. É como dois imãs que se repelem ao chegarem perto um do outro, se os campos magnéticos forem os mesmos. A função dos demônios, neste caso, é aumentar a energia do bruxo e convertê-la na mesma polaridade da energia telúrica que estiver no local. A levitação de objetos ocorre da mesma forma, porém havendo a transferência de sensibilidade do bruxo para o objeto primeiro, quando através de uma palavra liberada no mundo espiritual, chamado de “palavra-forma”, uma determinada quantia de prana é liberada sobre o objeto. Com isso, o campo eletromagnético do bruxo fica sobre o objeto e aí acontece a levitação. Belial era chamado de “o demônio mais bonito do inferno”, por que era mestre em persuasão. Nesse estágio aprendíamos a regra das três etapas para convencer alguém: a primeira era através de elogios exagerados e honras; a segunda era através do choro, comoção, emoção; a terceira era através de ameaças sutis e chantagens. Sempre que queríamos algo de alguém, usávamos essa regra das três etapas. Convencíamos a pessoa através de suntuosos elogios e presentes. Se a pessoa ainda não se dobrasse à nós, fazíamos com que ficasse com pena, sentindo dó. Se isso ainda não mudasse a opinião ou vontade de alguém, então encontrávamos um meio de chantagear, intimidar, ameaçar e oprimir a pessoa, até que fizesse por medo. Nesse estágio aprendi a me comunicar. Eu era um menino tímido, acanhado. Não tinha amigos e sempre era motivo de chacotas na escola. Magro, pobre, feio. Comecei a usar todas as técnicas aprendidas e me destaquei, tornando-me querido pelas pessoas. Nessa época desenvolvi um senso de liderança muito grande, porque nos ensinaram que sempre é melhor você tomar as decisões. Um satanista nunca deve ficar apoiado em pensamentos ou decisões alheias. Ele deve ir à frente e avançar! Por isso me tornei um líder a partir daí, com boa oratória, leitura dinâmica e facilidade em outros idiomas. QUINTO GRAU – TERRA O quinto grau é dominado pelo príncipe Lúcifer, demônio da altivez e astúcia. É o grau da transmutação, onde comecei a estudar muito a alquimia, de Hermes Trismegisto, o deus da magia. Eu nessa época me apaixonei por isso. Era uma forma de magia científica, onde usávamos elementos naturais para criar formas espirituais. Toda magia alquímica é gerada através da combinação de elementos que, em determinada proporção e posicionamento reagem espiritualmente. De certa forma, na baixa magia, isso acontece com as oferendas no candomblé. Na alta magia aprendi a usar plantas, madeiras, pedras, água. Lúcifer, o deus da terra inspirava a utilizar elementos naturais. Com três pedras semipreciosas colocadas em certo lugar, de uma forma bem peculiar, eu conseguia alterar o equilíbrio de quem entrasse ali. Colocando lado a lado alguns gravetos, combinados com um pouco de areia branca em forma de círculo, eu conseguia gerar uma claridade no ambiente. Aquilo era muito fascinante. Meu objetivo aqui neste livro não é ensinar receitas mágicaspara ninguém, por isso não coloco as palavras mágicas e tampouco a ordem correta dos elementos ritualísticos. Relato para que você, leitor, saiba que muitas coisas do ocultismo são muito mais avançados do que possa imaginar. No grau da transmutação o iniciado consegue mudar a ordem natural das coisas. Eu conseguia mudar a cor dos meus olhos, cor do cabelo. Quando queria passar despercebido em um local com pessoas, conseguia mudar a aparência do meu rosto, parecendo outra pessoa. Também é nesse estágio que aprendi a transformar cabelo humano em fios de prata, ou outro metal. Isso me deixou bem conhecido por onde passei. Eu já conseguia fazer com que o meu prana ficasse sobre objetos, fazendo-os desaparecer. Lúcifer liberava um poder específico para a realização de curas físicas. Também era possível adoecer pessoas. Tudo no satanismo é uma troca. Não havia como curar uma pessoa de uma enfermidade sem que, de alguma forma, outra pessoa não passasse a ter a mesma doença. Por esta razão muitas pessoas morrem, porque são usadas como hospedeiras de uma maldição, para que outras permaneçam vivas. A manipulação espiritual era tão usada que éramos ensinados a conquistar amigos, namoradas para que se tenha muitas pessoas em nosso círculo mágico e, caso precisássemos nos curar de algum mal, poderíamos enviar este mal para qualquer uma dessas pessoas próximas, sem qualquer piedade ou remorso. Ouve-se que àqueles que entram para seitas e irmandades mágicas passam a conviver com a morte de parentes, amigos e funcionários. É exatamente isso! SEXTO GRAU – FOGO O estágio do poder, por que nele os quatro elementos naturais, juntamente com os quatro príncipes do inferno se unificam. A partir desse grau Satanás passa a comandar o iniciado até sua formatura no sétimo grau e ao seu sacerdócio no oitavo e nono graus. O título de “feiticeiro” é usado a partir daqui, pois com o conhecimento adquirido em cada uma das etapas, ao longo dos anos, já tem domínio em usar os feitiços abertamente. O poder que está sobre este grau é muito grande, onde um feiticeiro pode somar várias fontes de magia e até matar uma pessoa apenas com um gesto de sua mão. Lembro-me de quando eu estava nessa fase, sofria muito com crises de ódio e raiva. Quando eu canalizava toda a energia mágica que havia em mim, e através de um acesso de ira gritasse, portas e janelas próximas abriam e batiam contra as paredes. Vasos caíam das estantes e outros objetos, porque havia a soma da força telúrica, do poder dos quatro príncipes do inferno e ainda da habilidade mágica que tinha desenvolvido, através do ensinamento e sensibilidade espiritual. Eu passei a ser pior a cada dia da minha vida. No sexto grau já achava que não precisava de mais ninguém, além do meu mestre Luiz e do demônio Stinuts, meu mensageiro. Tornei-me arrogante, boçal e presunçoso. SÉTIMO GRAU – BRUXO (MESTRE DE ALTA MAGIA) Os bruxos são os verdadeiros membros da Tradição. Eles são os responsáveis por levar adiante a magia e todo o conhecimento milenar que lhes é confiado. Foi o grau aonde cheguei e, para isso, passei por rituais feitos a base de sangue humano e de animais, que contarei mais detalhadamente no decorrer do testemunho. Cada bruxo, quando formado, recebe um título honorífico, nomeado por Satanás. São vários títulos, como “Sábio”, “Conselheiro”, “Valente”, “Conquistador” etc. O que recebi foi “Homem da Palavra”. A escolha era feita previamente por Satanás para cada um, de acordo com o que ele precisava usar do potencial de cada um. Quando o bruxo recebe seu título, precisa passar pelo “ritual de purificação”, parecido com outros rituais, porém com maior duração, de seis dias e seis noites. Deixe-me explicar como é: prepara-se um quarto onde o chão, paredes e teto precisam ser pintados de preto. A janela tem que ser trancada e lacrada, para que não entre nenhuma luz externa. No chão é desenhado, com giz, um pentagrama (estrela de cinco pontas, que simboliza a magia) com um círculo ao redor. Em cada uma das cinco pontas do pentagrama há o simbolismo dos quatro elementos naturais, além de uma vela negra para a invocação de cada um dos demônios, representados por seus príncipes do inferno, fogo (Satanás), terra (Lúcifer), ar (Belial) e água (Leviatã), além do quinto elemento, espiritual, chamado Éther. Fora do círculo, em disposição triangular, invocando os demônios do tempo, chamados de “senhores do tempo passado, presente e futuro”. Nos quatro cantos do quarto, norte, sul, leste e oeste, são colocadas quatro velas, uma verde, outra azul, outra amarela e outra laranja (ou marrom), invocando os demônios chamados “guardiões das torres cardeais”. Em frente a cada uma dessas velas coloridas é colocado um prato com a oferenda específica de cada um. Em frente ao pentagrama, fora do círculo, centralizada fica a vela branca, do demônio mensageiro, que conduzirá o espírito do bruxo neste ritual. O bruxo fica deitado no centro do pentagrama, de onde não poderá sair durante os seus dias e seis noites. O mestre, em sua última função sobre ele, faz a oração em latim e abre o ritual. Todos os demônios que estão no bruxo vão sendo invocados e se manifestam no quarto, um a um. Esses demônios são os que o bruxo adquiriu até aquele dia. No meu caso, ficamos quase dois dias inteiros invocando- os, pois eram muitos, devido a herança espiritual que meu avô havia deixado. O demônio mensageiro fica o tempo todo sentado no chão, próximo a parede, em frente a vela branca colocada especialmente para ele. Durante esse tempo todo a única coisa que o bruxo pode se alimentar é de sangue de galinha e carne crua (que no dia ele não sabe que carne é aquela). Então, após todos os demônios estarem manifestos, o mestre faz com que o bruxo entre em transe e permaneça assim até o ultimo dia do ritual. Nesse período seu corpo espiritual é expulso do seu corpo físico e ele passa a ser habitado por todos os demônios, que antes apenas o seguiam. São dias de pesadelos terríveis, dores físicas e sensações nauseantes. A pele é rasgada e os órgãos internos afetados. Após este período de quase morte, o bruxo acorda do coma no sexto dia, com dores, respiração ofegante, arritmia cardíaca. Seu corpo coberto por sangue podre, coagulado. O cérebro não consegue ordenar bem os pensamentos e, tampouco, demandar movimentos aos órgãos inferiores. Daquele dia há um período de uns três meses a pessoa fica com um retardo considerável, até que tudo volte ao normal. Debilitado física e espiritualmente, o bruxo sai do quarto e toma um banho. Suas roupas são queimadas e passa um tempo em repouso e alimentação, para recuperar-se, pois em breve participará da sua “festa de nomeação e ordenação”, onde receberá seu Áthame (punhal mágico), como símbolo da alta magia. A festa de ordenação de um bruxo é parecida com qualquer outra, feita em uma fazenda. Nela estão apenas mestres de sétimo grau e, acima, sacerdotes de oitavo e nono graus. Como toda festa, tem músicas, comidas e bebidas. Em um determinado momento, o sacerdote mais antigo ordena que a música pare e que os recém- formados fiquem em uma posição, para serem testados em algumas provas. Para se receber o Áthame é necessário passar por isso e provar que o merece. Na minha vez fui colocado em um local onde outro mestre atiraria algumas facas em mim. Eu deveria ampliar meu círculo mágico para rebatê-las, com a ajuda de demônios que gerariam um campo magnético muito forte ao redor do meu corpo. Lembro-me de ter visto outros recém-formados no mesmo dia, passando por testes parecidos. Alguns tinham que levitar coisas, outros fazer brotar água do chão ou fogo de suas mãos. Eram atitudes mágicas relativamente fáceis para mim, porém difíceis demais para os despreparados. Naquele dia é feito os “votos perpétuos”, mais um pactode sangue, onde o bruxo declara a sua entrada na Tradição e permanência perpetuamente. Segundo eles, depois de haver feito os votos perpétuos, nunca mais a pessoa pode deixar a magia. O sétimo grau é um período muito difícil para o bruxo, porque passa a trabalhar sozinho, sem seu mestre que o acompanhou o tempo todo. A partir daí ele passa a agir apenas com o seu demônio mensageiro e em cooperação a outros mestres e sacerdotes da Tradição. NOTA: A Cruz de Cristo é superior a qualquer pacto de sangue! Não há maldição, pacto, ritual ou qualquer voto feito na magia, satanismo, paganismo ou qualquer ordem mística, que não possa ser quebrado pelo Poder do NOME DE JESUS CRISTO! Tudo se faz novo, quando entregamos nossa vida completamente ao senhorio de Jesus. Nosso corpo, alma e espírito são renovados e, através de Seu Sangue, somos limpos, purificados e perdoados. O profeta Isaías nos diz, no capítulo 53 que “o castigo que nos trás a paz estava sobre ELE e por causa das suas pisaduras fomos sarados”. Isso por si só é suficiente para livrar qualquer um da condenação do inferno. Recebi meu Áthame aos dezesseis anos de idade e fui nomeado o bruxo mais jovem no Brasil, pela Tradição. Isso gerou certa repercussão sobre meu nome e fiquei muito conhecido pelas pessoas realmente influentes na bruxaria, em meu país. OITAVO GRAU – SACERDOTE Não cheguei neste estágio. Graças a Deus me converti no sétimo grau, mas sei algumas coisas sobre isso. Para o mestre se tornar sacerdote é preciso avançar na magia. Existe oito festas mágicas durante cada ano e, em cada uma delas, um grande ritual comandado por sacerdotes. Os sacerdotes de oitavo grau comandam essas festas e realizam seus rituais. Das oito festas mágicas, quatro delas exigem sacrifícios humanos. No satanismo acredita-se que alguns humanos são seres inferiores, criados para um propósito maior, que é servir à magia. Por esta razão as pessoas são raptadas e mortas em rituais satânicos. Os jornais estão cheios de notícias sobre isso. As polícias já sabem da existência de seitas de magia negra sequestrando e matando pessoas. Então porque não há uma legislação penal sobre isso? Porque sacerdotes satanistas estão infiltrados em todas as esferas do governo, da polícia, da sociedade. Para sustentar vários rituais nos quais é necessário o sacrifício de crianças, algumas casas em lugares estratégicos são criadas, por grupos de “angariadores”, satanistas especializados em adquirir coisas para a Tradição. Nessas casas vivem mulheres que são usadas para rituais sexuais, gerando filhos de sacerdotes e mestres. Essas crianças nascem nas casas mesmo, com o auxilio de médicos satanistas que fazem os partos. Sem que haja registro do nascimento, essas crianças ficam puras, sempre enroladas em mantos mágicos ou vestes talares, sendo alimentadas por leite materno. As “mães” furam levemente os bicos dos seios para que as crianças bebam um pouco de sangue junto com o leite, até se tornar um paladar normal para elas. Quando crescem e desmamam, uma das refeições diária é uma mamadeira com sangue, para manter aberto o transe e a possessão maligna na criança. Em meu livro “Revelação – O caso filhas da luz” (Editora Palavra Viva) eu conto sobre esses rituais malignos com crianças. Os angariadores também sequestram crianças nas cidades, para que sejam mortas em rituais de magia negra. Na maior parte dos casos, se passam por vendedores de revistas ou artigos infantis, para terem acesso às escolas e casas. Assim podem traçar um perfil de cada família e criança e, livremente, escolher as mais fáceis de sequestrar. As crianças sequestradas são sacrificadas em rituais ou, então, mortas para ter seus órgãos vendidos no mercado negro, para transplantes ou para sodomizações e deglutições em rituais malignos. NONO GRAU – SACERDOTE SUPERIOR Este é o ultimo grau da Tradição, onde o sacerdote recebe o título de Mago. O grau começa quando o sacerdote consegue sua espada após uma peregrinação escolhida pelo conselho da Tradição. Durante esta peregrinação o sacerdote é submetido a muitas lições e provas para testar sua fidelidade a magia e a Tradição. No final, o “rito de entrega” é realizado e então sua caminhada termina. A partir daquele momento riquezas e honras passam a habitar sua vida. Um mago é tão poderoso que é capaz de matar uma pessoa apenas olhando para ela. Na época em que servi ao diabo, havia poucos magos no Brasil, em relação ao número de mestres de alta magia. São os magos que dirigem as diretrizes da Tradição. Eles determinam ações mágicas, grandes rituais e tomadas de territórios para algum objetivo final. Também eles tem direitos específicos além dos demais membros da Tradição, podendo, por exemplo, selecionar membros para participarem de alguma invocação satânica. Nos rituais de fertilidade, onde há orgias sexuais, apenas os sacerdotes podem praticar o sexo ritualístico, gerando filhos para a Tradição. Os demais podem participar dos rituais e das relações, porém as crianças que, por ventura venham a nascer, serão abortadas. 3 – A MAGIA Após aquele dia em que Luiz havia me explicado sobre a Tradição e como eu havia sido escolhido pela magia, decidi que seria um bruxo. Eu estava convicto que era exatamente aquilo que eu buscava. Para tanto era necessário fazer o ritual de iniciação. Vou descrever como foi: Era 31 de outubro de 1989, noite do ritual de Shamain no hemisfério norte e uma importante data de adoração pagã em todo o mundo. Saímos do apartamento do Luiz as 21:00h para irmos até o local escolhido para o ritual, em um carro velho que ele tinha. Embora eu não soubesse onde era, disse para minha mãe que iríamos acampar, pois ninguém além de mim deveria saber o que aconteceria. Era uma terça-feira e ela contestou a ideia, mas não dei ouvidos a ela e saí logo. Luiz, Cris e eu chegamos ao local escolhido, de difícil acesso, em um morro na saída velha da cidade, de frente a famosa Ponte do Arco, sobre o Rio Iguaçu. Luiz ia à frente, abrindo caminho com um facão e iluminando fracamente a mata com uma lanterna. Em suas costas havia uma mochila cheia de utensílios que usaríamos no ritual. Andava silencioso o tempo todo, compenetrado, diferente de seu estado normal, sempre feliz e falante com todo mundo. Caminhava com rapidez e agilidade, como se passasse por ali todos os dias. A mata estava extremamente escura e os sons naturais da noite tornavam aquela caminhada assustadora. Eu estava imediatamente atrás dele e Cris ia atrás de mim. Era perceptível uma energia emanando dos dois e passando por mim, deixando meu corpo completamente arrepiado e fazendo meu coração acelerar. Depois de meia hora de caminhada, chegamos a clareira onde o ritual seria feito. Um casal que eu nunca havia visto já estava lá e tinha arrumado tudo. A clareira era na parte de cima de um vale feito por pedras muito altas, com um riacho correndo há uns trinta metros abaixo. No centro dela estava uma grande fogueira acesa, rodeada por quatro outras pequenas, também acesas, separadas umas das outras por uns cinco metros de distância. O casal que arrumou tudo estava lá há um dia, consagrando o lugar. Eram sacerdotes superiores da Tradição e vieram de outra cidade para realizar os encantamentos. Outubro já começava a fazer calor naquela região, mas um vento muito frio soprava aquela noite. Luiz deixou-me em um canto, próximo a umas árvores e pedras, onde havia coisas pessoais do casal e, agora, nossas coisas também, e foi conversar com os sacerdotes. Cris ficou comigo, abraçada com carinho. Lembro-me dela me dizer: - Fique calmo, tranquilo. Vai ser ótimo. – Encorajando-me. Luiz voltou depois de uns instantes e me disse que iríamos iniciar o ritual e, para isso, era necessário eu me despir e vestir uma roupa pura, chamada de túnicatalar. Ela era feita de um tecido confortável, parecido com o veludo, e tinha um pentagrama finamente estampado em branco, na frente. Com seu áthame Luiz iniciou o fechamento espiritual do lugar, fazendo um círculo mágico no ar. Gestos específicos, coreografados, associados a invocações de alguns demônios produzem um ambiente místico ideal para a realização dos ritos. Chamou a proteção dos guardiões das torres cardeais, norte, sul, leste e oeste. Esses guardiões são demônios que ficam constantemente protegendo os locais de cultos, cerimônias, celebrações e rituais. Passou então a chamar a presença dos oito subpríncipes do inferno, cada um responsável por uma área na existência humana: Behemoth (alimentação), Astaroth (religião), Belam (armas), Asmodevs (artes), Belzebú (descendência), Címerio (ciência), Belfegor (sexo) e Azazel (oferendas). Chamou também a presença do meu demônio mensageiro Stinvts, que seria o meu guia para sempre. Passou então a escrever palavras ritualísticas no ar com seu áthame, um punhal de lâmina curvada em forma de serpente, e após veio e selou meu corpo com vários encantamentos e passes mágicos, repetindo as mesmas palavras ritualísticas, que por prudência, não vou escrevê-las aqui. Senti-me incomodado, porque um calor muito grande invadiu meu corpo e comecei a queimar. Eu suava muito e pensei que iria desmaiar. Olhei para o lado procurando a Cris e ela fez um gesto para que eu permanecesse calado. Obedeci e aguardei o Luiz terminar. Ele saiu e foi até a fogueira menor, a minha direita a frente. Sentou-se lá em posição de lótus e ficou repetindo orações satânicas em um tom grave e baixo. Veio então o sacerdote e passou a falar em uma língua estranha. Sua expressão era temível e quando abriu os braços em direção ao céu, um vento muito forte soprou no local. Eu podia sentir uma presença muito maligna e forte. Ele veio em minha direção e olhou profundamente em meus olhos. Possuído por um demônio, ele deu uma gargalhada alta e estridente. Seus olhos chamuscavam como se houvesse fogo dentro deles. Fiquei tão assustado que não contive o choro, então ele veio novamente e, estupidamente me mandou calar a boca. Ameaçou bater na minha cara e eu passei a sentir muito medo. Pensei realmente que iria morrer naquela noite. Eu era apenas um garoto de treze anos. Passado aquele momento, o sacerdote retornou ao seu lugar, atrás da fogueira, a minha esquerda, à frente. Sentou-se e passou a fazer as orações satânicas que Luiz estava fazendo também. Cris veio até mim dançando sensualmente. Não era mais ela, tinha algo diferente. Sua expressão não era mais meiga e gentil. Agora ela era alguém possuidora. Colocou sua mão em minha face, na altura da testa e eu desabei. Tudo escureceu de repente e senti náuseas. Tudo estava rodando. Foi horrível. Quando recobrei os sentidos, Cris já estava sentada a frente da terceira fogueira pequena, com um cálice nas mãos. No cálice, soube depois, havia meu sêmen. Ela o colheu enquanto eu estava desmaiado, possivelmente através de demônios sexuais que me fizeram ter uma ejaculação espontânea. Veio, por fim, a outra mulher, sacerdotisa, e começou a falar os tratados mágicos comigo, em latim. Embora eu tivesse um conhecimento bem básico do idioma, pelos estudos que havia feito no decorrer daquele ano, consegui entender perfeitamente tudo o que ela me dizia, que aquele era o dia mais importante da minha vida e que eu devia estar ciente disso. Falou que precisava de um pouco do meu sangue, para poder fazer o ritual de iniciação e o pacto com os príncipes. Eu consenti. Ela pegou um punhal e fez um pequeno corte na minha testa, dizendo: - Que o sangue daqui jorrado não seja para a morte, mas para o poder e bem da Tradição. Que as bênçãos do senhor do sangue possam ser tuas, enquanto viveres na magia. Como não doeu nada e também não escorreu sangue, pensei que era apenas um ato simbólico. Com suas mãos rasgou a túnica que eu estava usando, na altura do peito, fazendo um corte e dizendo: - Que este sangue, vindo do coração, possa combater com amor e ódio os interesses mágicos da Tradição e defender com sua própria vida seus irmãos. Novamente não saiu sangue e tampouco senti dor. Ela pegou minha mão esquerda, e no meu dedo médio fez um corte dizendo: - Que o senhor da maleficia possa usar esta mão, não para derramamento de sangue, mas para magia. Pegou então um cálice metálico e colocou minha mão esquerda dentro. Senti uma dor muito forte e vi que começou a escorrer sangue do dedo cortado por ela. Começou a escorrer sangue da minha testa e, quando escorreu em meu nariz, o espalhei no rosto com minha mão direita, pensando ser água que estava caindo de alguma das imensas árvores ao nosso redor, naquela clareira. Meu peito começou a arder e sangrar também. A sacerdotisa, com o cálice nas mãos, contendo meu sangue, foi até a ultima fogueira e sentou-se. Fiquei em pé sangrando muito, sem saber o que fazer. Passado vários minutos, Luiz veio até mim com um sorriso no rosto e disse: - Está na hora de você conhecer papai. – Me conduzindo até a frente da fogueira maior, que estava bem no centro da clareira, e começou a pronunciar as palavras principais do ritual de iniciação. Imediatamente começou a soprar um forte vento e o céu cobriu-se de nuvens. A alegria de Luiz era extrema, fazendo-o andar de um lado ao outro, gargalhando, saltando freneticamente. Ele levantou suas mãos aos céus e invocou a presença de Satanás ali, naquele lugar. Sua expressão começou a mudar e já não era mais a mesma. Sangue começou a escorrer do seu nariz e seu rosto ficou desfigurado, com os olhos saltando para fora das órbitas. De repente alguém apareceu atrás da fogueira principal. As chamas agitadas pelo vento iluminavam deficientemente a face daquele que veio do vale, possivelmente levitando, ou aparecido em meio a poeira que se levantou com o vento que soprava. Ele, que estava com a cabeça curvada para baixo, levantou-a e, fixando seus olhos negros em mim sorriu e, andando por dentro do fogo, veio até mim e abraçou-me fraternalmente. Pela primeira vez eu estava vendo Satanás, materializado, na minha frente. Ele estava vestido com um fino terno branco, muito bonito. Apesar de estar sorrindo, seus olhos não tinham a parte branca do globo ocular e isso atribuía a ele uma expressão maligna. Segurando em meus ombros, calorosamente me disse: - Hoje é um dia muito especial para nós! Eu passarei a te amar e proteger como um filho e estarei contigo todos os dias da sua vida. Aquilo me deu conforto e acalmou meu coração. O medo passou e me senti confiante. Ele continuou dizendo: - Existem coisas que são necessárias, para que ninguém possa nos separar. Você está tomando uma decisão muito corajosa e difícil, por isso muitas pessoas se levantarão contra você, por não entenderem a sua decisão, mas é necessário que você lute! Resista às ideias divergentes, combata àqueles que são contrários, porque em toda guerra existe um exército inimigo. Em algumas batalhas venceremos; em outras, teremos que recuar, para alcançar uma vitória maior no futuro. Mas não esqueça o poder que eu te dou hoje! Use-o, gaste-o a vontade! Espalhe meus ensinamentos pelo mundo! Converta pessoas ao nosso propósito e ensine a magia que está em seu coração desde quando era uma criança pequena. Ensine as pessoas a deixarem a fraqueza e se tornarem fortes como você, e sobrevivam! Mas para isso, é necessário que você faça o pacto comigo. Apenas este pacto impedirá que as pessoas nos separem. Quero poder celebrar contigo bebendo do cálice da aliança, onde faço do seu sangue o meu sangue. O sacerdote então pegou o cálice onde estava o meu sangue, que havia sido colhido pela sacerdotisa, e despejou algumas gotas em outro cálice, cheio de água, que estava nasmãos do Luiz. Ele ofereceu a mim e bebi um pouco. Satanás pegou das minhas mãos e bebeu o resto, quebrando o cálice logo após. Em sua mão havia uma folha de papel amarelado e envelhecido, contendo o pacto. Nele havia algumas cláusulas, como “você deverá seguir a Tradição todos os dias de sua vida, como seguiram seus antepassados; Deverá recusar e rejeitar toda e qualquer ação do Deus de Jesus na sua vida, evitando que ele possa te influenciar de qualquer maneira; Seu corpo, sua alma, seu espírito e sua vida pertencem a Satanás, deixando-o livre para usá-la quando, como e onde bem entender, sendo você um servo fiel e obediente, tendo em troca o poder e sabedoria suficientes para ser um sacerdote superior”, entre outras. Eu acreditava em tudo aquilo e concordei plenamente. Trouxeram o restante do sangue e molharam uma pena nele. Assinei com meu nome completo e minha data de nascimento e entreguei ao demônio. Ele olhou atentamente, em um silencio macabro e depois a folha queimou em sua mão. Luiz se afastou de mim, bem como os demais que estavam ali. Satanás disse que chamaria os cinco elementos para me trazer o poder de bruxo que eu precisaria. Uma oração em língua incompreensível passou a ser feita por ele e o local ficou saturado com uma névoa. Ao chamar o ar, um vento forte começou a circular ao redor do local, como se estivéssemos no centro de um pequeno ciclone; Ao chamar a terra, houve um tremor tão forte no chão, que parecia que iríamos cair; Ao chamar o elemento água, senti que aquela névoa passou a se tornar densa e úmida; Com a evocação do fogo, a fogueira maior, que estava no centro da clareira explodiu, como se alguém houvesse jogado pólvora sobre ela. Satanás então evocou o quinto elemento, o éther e senti meu corpo todo mudar de consistência, como se minha pele passasse a ser gelatinosa, voltando a se tornar prana, a essência que os místicos creem que o universo foi criado. Ele veio novamente até mim e disse: - Eu vou liberar sobre você o demônio mensageiro, para que ele seja seu guia espiritual. – E soprou nas minhas narinas. Caí desacordado e fiquei ali por um bom tempo. Quando acordei, meu corpo estava suado e exausto. Sentia muitas dores. Já era de manhã e todos estavam ali, menos Satanás. Haviam se embriagado com o vinho após o meu desmaio e cada um dormia em um canto do acampamento. A exaustão era tão grande que não conseguia raciocinar direito. Meu corpo pesava uma tonelada e quando tentei me levantar, vomitei sangue coagulado. Olhei para minha mão esquerda e estava coberta de sangue e terra. Meu rosto e corpo estavam cheios de sangue e minha pressão sanguínea estava realmente baixa. Consegui rastejar até Luiz e pedir ajuda. Ele acordou os demais e disse que precisaria levar-me para casa, o quanto antes. Em casa minha mãe perguntou o que havia acontecido comigo, então mentiram, dizendo que eu havia caído e me cortado em uma moita de espinhos, que poderiam ser venenosos. Fui levado ao hospital e internado, mas os médicos não sabiam o que eu tinha e não conseguiram descobrir. Os exames de sangue não apontavam envenenamento. Eu não tinha fraturas, tampouco hematomas. Apenas três pequenos cortes, na testa, peito e dedo médio da mão esquerda. Os medicamentos não faziam efeito. Meu corpo não reagiu ao tratamento. Eu não tinha forças para respirar. Estava tão debilitado que não queria lutar para isso. Um sono muito profundo tomou conta de mim e eu só queria dormir. Lentamente comecei a morrer, aos treze anos de idade. Até que uma voz veio em minha mente e disse: - Não desista! Lute! Lute com todas as suas forças. Não é para você morrer agora! Você precisa lutar! O Senhor estava falando comigo... Mas eu ainda não sabia que era Ele. Senti o conforto daquelas palavras em meu coração e um calor invadiu meu corpo. Não importava de quem era aquela voz, eu só estava feliz que havia alguém ali comigo e que eu não estava sozinho. Comecei a reagir ao tratamento. Os medicamentos fizeram efeito e em questão de uma semana eu já havia recebido alta e estava em casa. Lá, em minha casa, tudo estava diferente. Não fisicamente, mas espiritualmente. Tinha algo dentro da minha casa que eu não compreendia. Na verdade, sempre houve essa presença lá, apenas eu não conseguia discernir e visualizar o que era. Comentei para minha mãe o que estava sentindo e ela achou que fosse reação dos remédios. Disse que me acalmasse, pois logo aquilo passaria. Não passou. Os quadros se moviam, fotos sorriam para mim. Plantas balançavam em direção a mim, quando eu passava perto delas. Uma samambaia que estava presa ao teto apontava seus galhos cheios de minúsculas folhinhas em minha direção, como se quisesse me abraçar. Um Papai Noel de gesso que havia em nossa estante se moveu, certa noite, e andou até mim para conversar. Comecei a achar que estava louco. Apesar de ser maduro para minha idade, eu ainda era um garoto de treze anos e, como todo adolescente, muito confuso com o mundo ao meu redor. Na noite em que a imagem de gesso conversou comigo, ela me disse que “papai” viria conversar em meu sonho. Quando adormeci tive uma experiência incrível, que nunca havia tido em toda a minha vida. Entrei em um sono tão profundo, que meu espírito desgrudou do meu corpo. Eu podia ver a mim mesmo deitado na cama, adormecido, e podia ver minhas coisas no quarto. Uma névoa avermelhada começou a se formar no chão do quarto e comecei a sentir náuseas muito fortes. Olhei para meu corpo espiritual e vi que estava nu. Quando percebi isso, notei que várias pessoas estavam olhando para mim e rindo, apontando suas mãos em minha direção e gargalhando. Notei que já não estava mais em meu quarto e procurei saber onde estava, olhando em todas as direções. Ao olhar para o lado vi que estava na clareira do ritual de iniciação e pude ver as cenas que vivenciei há alguns dias atrás, só que desta vez eu era o expectador. Vi quando Satanás veio flutuando do fundo daquele vale, de um abismo escuro, até a grande fogueira colocada no meio da clareira. Pude ver quando ele atravessou o fogo e me abraçou. Senti nesse momento a presença de alguém ao meu lado e voltei-me para ver, e deparei-me com o rosto sorridente de Satanás, com sua feição meiga e gentil, contrastando com olhos negros e escuros, refletindo maldade e ódio. - Como você está, filho? – Perguntou-me ele. - Bem, eu acho. E o senhor? – Respondi sem jeito, meio acanhado. - Vim aqui te ver, quero que saiba que me importo com você. – Respondeu. - Foi o senhor quem falou comigo lá no hospital? – Perguntei com muito interesse. - Sim querido, era eu ao seu lado o tempo todo. – Ele mentiu. Satanás sempre foi mestre na mentira. Ele é o pai da mentira. Mente sem remorso, sem demonstrar emoção. Ilude, engana com naturalidade. Tira proveito de méritos dos outros, dizendo ser seus. Eu estava fragilizado, confuso. Não tinha condições de discernir se a voz que eu ouvira era dele ou não, então acreditei. Senti-me confiante com suas palavras e decidi prosseguir no projeto de me tornar um sacerdote da Tradição. Minha vida mudou radicalmente após aquele dia. O mundo espiritual se abriu para mim de tal maneira que tudo o que acontecia ao meu redor, me afetava e eu não entendia. Havia dias que eu acordava no meio da noite, simplesmente porque alguns demônios voadores paravam por alguns instantes em cima do telhado da minha casa, para repousar suas asas. Os demônios voadores são uma classe desses seres espirituais que tem o mundo físico como base para sua movimentação. Eles voam no nosso espaço aéreo, pousam em árvores, telhados, muros. Alimentam-se de oferendas mas não são materiais. São seres espirituais que se movem em nosso mundo físico. São percebidos com facilidade, através da sensibilidade eletrostática. Em algumas casas a TV sai do ar, os cachorros
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