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MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO URBANO Energia UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Equipe de Professores de MADU •Jazielli Carvalho Sá •Luciana de Figueirêdo Lopes Lucena •Sebastião Luiz de Oliveira •Vera Lúcia Lopes de Castro I - Histórico do Uso das Fontes de Energia e da Crise Energética Se o Sol não existisse, estima-se que a temperatura terrestre seria de -200 °C. As radiações provenientes do Sol constituem a principal fonte de energia da Terra, representando cerca de 99% da energia térmica utilizada pelos ecossistemas que conhecemos. O restante da energia consumida pela biosfera (1%) é obtido a partir de outras fontes, as chamadas fontes primárias de energia. 3 Estágios de Desenvolvimento e Consumo de Energia Per Capita A chamada “crise energética” atual está diretamente relacionada ao padrão de vida praticado ou almejado por nossa sociedade. E o modelo de desenvolvimento que dá suporte ao referido padrão de vida está apoiado no maior consumo de energia, o que leva ao sério desafio presente: Como atender ao padrão de vida humano, consumir mais energia e, ao mesmo tempo, viver em um ambiente mais sadio? homem primitivo homem caçador homem Agrícola primitivo Homem agrícola avançado homem industrial homem tecnológico Alimentação Moradia e comércio Indústria e agricultura Transporte E n e rg ia to ta l c o n s u m id a p e r c a p it a ( k c a l/ d ia ) 2 x 10³ 6 x 10³ 12 x 10³ 20 x 10³ 77 x 10³ 230 x 10³ Fontes Primárias de Energia Renovável quando as condições naturais permitem sua reposição em um curto horizonte de tempo. Não Renovável são aquelas que a natureza não tem condições de repor em um horizonte de tempo compatível com seu consumo pelos seres humanos. •combustíveis fósseis (depósitos naturais de petróleo, gás natural e carvão mineral, que nada mais são que a própria energia solar armazenada na forma de energia química, em depósitos geológicos formados há milhões de anos a partir da decomposição de vegetais e animais e submetidos a altas temperaturas e pressões da crosta terrestre); •outros combustíveis fósseis (como a turfa e as areias betuminosas); e, •combustíveis nucleares (principalmente urânio e tório, para a produção de energia nuclear). • energia solar (radiação emitida pelo Sol); •energia das marés (variações das marés devidas à energia gravitacional do sistema Lua-Terra-Sol) e das correntes marinhas (geradas por diferenças de temperatura nos oceanos); •energia geotermal (que se origina do interior da Terra); •energia potencial hidráulica (concentrada em quedas d’água ou nas correntezas dos rios); •energia eólica (ventos, gerados por diferenças de pressão); •biomassa (lenha, carvão vegetal, resíduos orgânicos, produtos agrícolas); •gás hidrogênio (produzido por processos eletroquímicos, a partir principalmente da eletrólise da água). Quadro Resumo - Classificação de Fontes Energéticas Fonte: GOLDEMBERG, J. & LUCON, O. (2008) - Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento Fontes Energia Primária Energia Secundária Não- renováveis Fósseis carvão mineral termoeletricidade, calor, combustível para transporte petróleo e derivados gás natural Nuclear materiais físseis termoeletricidade, calor Renováveis “Tradicionais” biomassa primitiva: lenha de desmatamento calor “Convencionais” potenciais hidráulicos de médio e grande porte hidreletricidade “Modernas” (ou novas”) potenciais hidráulicos de pequeno porte biomassa “moderna”: lenha replantada, culturas energéticas (cana de açúcar, óleos vegetais) biocombustíveis (etanol, biodiesel), termeletricidade, calor outros energia solar calor, eletricidade fotovoltaica geotermal calor e eletricidade eólica eletricidade maremotriz e das ondas ATENÇÃO: A classificação utilizada, entre renováveis e não- renováveis, é considerada simplista por muitos especialistas pois induz a um raciocínio que confunde os aspectos teóricos da renovabilidade com a realidade prática da sustentabilidade ambiental. Exemplificando: • Há muita lenha obtida a partir do desmatamento, realizado em ritmo tão acelerado que o meio não tem condições de repor, como é o caso típico do Haiti, e de algumas áreas na África e mesmo no semi-árido do nordeste brasileiro ; • Algumas hidrelétricas alagam vastas áreas, perdendo-se para sempre florestas e outros ecossistemas importantes e, além disso, o transporte de sedimentos causa assoreamento que encurta sua vida útil; Considerar também que todo processo energético tem perdas, alterando a situação anterior. Isso conduz à necessidade de se considerar, de forma ampla, o ciclo de vida de um sistema energético. Transfor mação da energia de (a) para (b) a b Q u a n ti d a d e d e E n e rg ia Energia dissipada nos diferentes níveis Fluxo de Energia PERDAS E s q u e m a A D A P T A D O d e M A R T H O , (. .. ) f e d c g Ciclo de Vida de Um Sistema Energético Fonte: GOLDEMBERG, J. & LUCON, O. (2008) - Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento I - Histórico do Uso das Fontes de Energia e da Crise Energética estudo de 2006 da Agência Internacional de Energia, com dados de 2004, indicam que: cada brasileiro consumiu: 1,11 tep (Tonelada equivalente de petróleo) cada chinês 1,25 tep; e, cada cidadão dos EUA, 7,91 tep. Se em escala mundial se observa que a renda média elevada de um país corresponde a um maior consumo de energia, no Brasil esta relação também está presente, e se verifica uma diferença significativa nos usos da energia entre ricos e pobres. Boa parte da energia para a agricultura, transporte e atividades domésticas nas regiões mais pobres em desenvolvimento vem do esforço muscular dos seres humanos e de animais de carga. Outras fontes incluem a biomassa na forma de lenha, resíduos animais e agrícolas. A lenha, de fato, é a fonte de energia dominante nas áreas rurais, sobretudo para o cozimento de alimentos. I - Histórico do uso das Fontes de Energia e da Crise Energética A população mundial já é superior a 7 bilhões de habitantes, o que vem agravando a necessidade por mais energia...Entretanto, o aumento contínuo da população mundial e a manutenção do modelo de desenvolvimento não são os únicos fatores que contribuem para a crise. Ao se analisar o consumo mundial de energia por fontes, verifica-se que, na média, 86% da oferta provêm de fontes não-renováveis (MME, 2003). Além do problema da oferta, a questão energética vem se agravando por fatos políticos marcantes, que envolvem principalmente os países produtores de petróleo, o que faz com que o mundo de hoje viva uma situação bastante instável, com um modelo energético extremamente vulnerável. Revendo os dados históricos recentes no preço do barril (159 litros – bbl – “blue barrel”) de petróleo, verifica-se que o mesmo saiu da faixa de 20 a 25 US $ por barril em 2003, para 148 US $ em 2008. Depois recuou drasticamente para a faixa de 30 a 40 US $ por barril, durante a fase mais aguda da crise de 2008/2009, e hoje se encontra entre US$70 e US$80/barril (40 e 55 – segundo semestre de 2017!!!!). I - Histórico douso das Fontes de Energia e da Crise Energética Assim, a crise energética atual pode ser vista como uma complexa teia, com vários aspectos igualmente complexos e com múltiplos desdobramentos econômicos, geopolíticos e estratégicos, tecnológicos, ambientais e sociais, tais como: • o crescimento populacional; • o aumento do consumo para atender o padrão de vida dominante nas sociedades desenvolvidas e desejado pelas sociedades emergentes; e • a demanda energética fortemente baseada em fontes não- renováveis e sujeitas a instabilidades políticas. II - Aproveitamento, Economia e Eficiência Energética É importante lembrar que em nossa sociedade orientada pelo maior lucro, a eficiência energética tem sido sempre considerada como um componente da eficiência econômica. Além do aspecto econômico, que pode significar perda de receita do “negócio energia”, existem outras barreiras à adoção de medidas que promovam a eficiência energética e a conservação/racionalização: • o preço baixo da energia para determinados setores, que não reflete os custos de geração; • a falta de prioridade para a energia, considerada custo fixo em empresas voltadas a outras atividades; • a pouca informação fornecida pelos fabricantes e vendedores de produtos que consomem energia; • a pouca disponibilidade de equipamentos eficientes no mercado; • a falta de financiamento em bases atrativas para o consumidor que queira aderir a programas de eficiência energética; • a visão econômico-financeira de curto prazo; • a falta de leis e marcos regulatórios que tornem compulsória a eficiência energética. III - Matriz Energética Global e Economia do Petróleo • Matrizes ou balanços energéticos são importantes ferramentas de análise da situação de uma dada região (como um país) num determinado período (geralmente um ano). São como fotografias que, comparadas periodicamente (ano a ano), permitem perceber a evolução da produção e consumo de energia, assim como servem para traçar cenários e planejar investimentos ou mudanças tecnológicas que serão necessárias. FIGURA 4.1 – GOLDEMBERG – PÁGINA 70 Permitem analisar aspectos como: III - Matrizes ou Balanços Energéticos Permitem analisar aspectos como: Comportamentos retrospectivos e prospectivos (tendências futuras); A participação de cada energético (ex. petróleo) ou grupo de energéticos (renováveis) na matriz; A auto-suficiência em energia, a dependência externa e o comércio exterior (produção, importações e exportações) A eficiência nos processos de transformação de energia primária em secundária; A distribuição do consumo de energéticos por setor. Matriz Energética Mundial em 2004 Fonte: GOLDEMBERG, J. & LUCON, O. (2008) - Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento (??) gás natural; 20,56% petróleo; 35,24% carvão; 24,73% hidráulica; 2,15% biomassa tradicional; 7,70% biomassa "moderna"; 2,75% outros renováveis; 0,51% nuclear; 6,36% 2004 População: 6.35 bilhões Uso total de energia: 11.2 Gtep Consumo per capita: 1,77 tep Renováveis "modernos"; 3,26% Renováveis tradicionais e convencionais; 9,85% Não-renováveis: 86,89% Renováveis: 13,11%% Recursos Energéticos e Reservas • Recursos energéticos são as disponibilidades naturais para a exploração e obtenção de energia primária. Para a definição de limites para a exploração, o primeiro passo a se analisar devem ser os recursos energéticos disponíveis. Recursos Energéticos e Reservas • Parte dos recursos são as reservas, quantidades determinadas ou estimadas para os depósitos naturais de energéticos em um dado local, com base em prospecções (geológicas, hidrológicas, de regime de ventos) e dados de engenharia, ao alcance das tecnologias comerciais de extração e produção. Em função da viabilidade e certeza de obtenção, as reservas podem ser: – provadas (também chamadas de 1P), que podem ser exploradas economicamente com razoável certeza (cerca de 90%) – prováveis (inclusive as provadas e por isso chamadas de 2P): exploráveis com chances de 50%, com tecnologias comerciais atuais ou em avançado estágio de desenvolvimento pré- comercial; e – possíveis (inclusive as provadas e prováveis, 3P): reservas que têm chances de cerca de 10% de exploração, sob circunstâncias favoráveis. • http://www.youtube.com/watch?v=8ZYJ7ZYuVTo
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