Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estudo morfoanatomico das folhas de Eugenia Uniflora L. (Myrtaceae) Samuel de Souza Soares, Brenda Rayane Brenda Rayane de Souza e Silva, Bruna Luiza Duarte Guedes, Gabryel Cezar Da Silva Marinho. Laboratório de Taxonomia e Farmacobotânica, Centro de Biotecnologia, Universidade Federal da Paraíba, 58051-970, João Pessoa, PB, Brasil RESUMO A espécie Eugenia uniflora L., conhecida popularmente como pitangueira, faz parte da família Myrtacea. Ela é comumente encontrada em sua forma arbustiva e sua distribuição pelos biomas do Brasil é bastante diversa, ganhando destaque principalmente na região Nordeste. Para a realização do presente trabalho, as folhas da Eugenia uniflora L. foram coletadas no Campus I da Universidade Federal da Paraíba com o objetivo de identificar e analisar as caraterísticas das estruturas morfoanatômicas de suas folhas, cuja classificação é oposta dística. A fim de alcançar o propósito pré-estabelecido, foram realizados estudos morfoanatômicos em laboratório de cortes do pecíolo, da nervura central, do bordo e do mesófilo com utilização dos corantes safranina e safrabue, que permitiram a visualização desses cortes través do microscópico. Observou-se epiderme com paredes anticlinais sinuosas, estômatos paracíticos além da presença de drusas e cristais prismáticos. A Eugenia uniflora L. não apresenta tricomas. Palavras chave: Eugenia uniflora L. Morfoanatomia. Pitanga. ABSTRACT The species Eugenia uniflora L., popularly known as Brazilian cherry tree, is part of the Myrtacea family. It is commonly found in its shrub form and its distribution in the biomes of Brazil is quite diverse, mainly in the Northeast region. The Eugenia uniflora L. leaves were collected at Campus I of the Federal University of Paraíba with the main goal of identifying and analyzing the characteristics of the morphological and anatomical structures of their leaves, which are classificated as opposite. In order to reach the pre- established purpose, morpho-anatomical studies were performed in laboratory, of the cuts of the petiole, midrib, blade and mesophyll using safranine and safrablue dyes, which allowed the visualization of these cuts with the miscroscope. Epidermis was observed with sinuous anticlinal walls, paracytic stomata besides the presence of drusen and prismatic crystals. Eugenia uniflora L. does not have trichomes. Keywords: Eugenia uniflora L. Morphoanatomy. Brazilian cherry. INTRODUÇÃO A família Myrtaceae contém aproximadamente cerca de 142 gêneros e mais de 5.500 espécies, com distribuição tropical, estando presente em dois principais centros de diversidade: Nas Américas, principalmente nas partes em que o clima é tropical e no sul da Austrália, em que se predomina o clima temperado (Heywood et al. 2007, Wilson 2011). No Brasil, a família abrange cerca de 23 gêneros e de 1.000 espécies (Sobral et al. 2015) e é considerada uma das famílias mais importantes economicamente, ocupando a oitava posição em diversidade no Nordeste (Sobral & Proença 2006). Segundo McVaugh (1968), sua taxonomia teoricamente complexa, uma vez que as espécies se assemelham na maioria dos caracteres morfológicos. Segundo Metcalfe & Chalk (1950) e Ferri (1971), as folhas de Myrtaceae são geralmente hipoestomáticas, com cutícula de espessura variável, podendo ser glabras ou apresentar tricomas em quantidade variável nas duas superfícies ou apenas em uma delas; os estômatos são de modo geral paracíticos, o parênquima clorofiliano distribui-se como paliçádico na superfície adaxial e lacunoso na abaxial, cavidades secretoras estão presentes geralmente nas duas superfícies, idioblastos frequentemente com cristais do tipo drusa também são comuns, o esclerênquima é o tecido mecânico predominante, e podendo ou não estar associado ao sistema vascular. O autor ainda descreve alguns aspectos da folha de Eugenia uniflora, como epiderme glabra, estômatos do tipo paracítico apenas na epiderme abaxial, que correspondem ao padrão já mencionado para a família. Neste trabalho apresenta-se o um estudo Morfoanatomico de folhas de Eugenia Uniflora L., que tem como objetivo identificar sua morfologia. MATERIAIS E MÉTODOS Coleta As espécimes de Eugenia Uniflora L. analisadas no Laboratório de Taxonomia e Farmacobotânica da UFPB foram coletadas no campus I da própria instituição, localizada no município de João Pessoa, no Estado da Paraíba. A coleta deu-se entre os meses de março e maio de 2018. Foram realizados estudos morfológicos de partes vegetativas – folha – afim de descrever as estruturas anatômicas ali presentes. Para a observação dessas estruturas foi utilizado um microscópico óptico. Estudos anatômicos Com o auxílio de uma lâmina cortante foram realizadas diversas secções paradérmicas na face adaxial e na face abaxial da folha, o mais fino possível, com o objetivo de retirar apenas a epiderme, que em seguida foram depositadas sobre uma placa de petri ou/e vidro de relógio com água destilada. Em seguida, transferiu-se as secções para uma placa de petri com hipoclorito de sódio, até que as estas estivessem clarificadas. Posteriormente as sessões foram lavadas em uma outra placa de petri contendo água destilada. Logo após esse procedimento, as sessões foram transferidas para um vidro de relógio contendo ácido acético e em seguida lavadas novamente com água destilada. Em seguida as sessões foram coradas em safrinana e dispostas entre lâminas e lamínulas contendo glicerina, tendo como objetivo a análise e classificação, em microscópio, da epiderme e dos anexos epidérmicos da espécie estudada. Diversos cortes em secções transversais com o auxílio de uma lâmina cortante também foram realizados. Tais cortes foram feitos na lâmina foliar; bordo; nervura central e pecíolo da folha. As secções foram as mais finas possíveis e depois de realizadas, tais secções tiveram como destino a placa de petri contendo hipoclorito de sódio, até que estivessem totalmente clarificadas. Em seguida as secções foram lavadas em outra placa de petri contendo água destilada para logo após serem transferidas para um vidro de relógio contendo ácido acético. Outra lavagem em água destilada foi realizada e então as secções foram coradas em safrablue e montadas entre a lamina e lamínula com glicerina. Após montadas as secções, as lâminas analisadas na Lupa Estereoscópio, onde foi possível visualizar e classifica estruturas como: mesófilo, bordo, nervura principal e pecíolo. RESULTADOS Com as análises pudemos observar a estrutura anatômica da Eugenia Uniflora L, ou pitangueira. Contudo, não apenas sua estrutura anatômica, mas também sua composição e características morfológicas. Descrição morfológica: A Eugenia Uniflora L. apresenta folhas organizadas de forma opostas dísticas, com estrutura simples, de forma elíptica, com ápice aculeado, base arredondada e margem inteira. Sua textura é membranácea, sendo peciolada, com venação peninérvea , superfície glabra e ela aparece na natureza em forma de árvore. Descrição anatômica: As folhas da Eugenia Uniflora L. apresentam epiderme com paredes anticlinais sinuosas, sendo hipoestomática, possuindo estômatos do tipo paracítico, no entanto, a Eugenia não possui tricoma. Possui também idioblastos contendo drusas e cristais prismáticos, possivelmente de oxalato de cálcio. O mesofilo é heterogênio e dorsiventral,possuindo parênquima paliçádico unisseriado e parênquima lacunoso com múltiplas camadas de células. O bordo da Eugenia Uniflora L apresentam a mesma estrutura organizacional nas regiões apical, mediana e basal, com epiderme unisseriada. É arredondado e, nas proximidades da região colenquimática dos bordos, observa-se parênquima paliçádico e parênquima lacunoso. Visualizam-se também cavidades secretoras próximas ao bordo. A nervura Central possui sistema vascular bicolateral (em forma de arco aberto), colênquima anelar, parênquima lacunoso e paliçádico, com cavidades secretoras, sendo plano-vonvexo. Já o pecíolo possui sistema vascular central bicolateral, possui conformação arrdondada, epiderme unisseriada, com cavidades secretoras e alguns idioblastos. REFERENCIAS Ferri, M.G. 1971. Informações sobre transpiração e anatomia foliar de diversas Myrtaceae. Ciência e Cultura 23: 313- 316. Govaerts, R.; Sobral, M.; Ashton, P.; Barrie, F.; Holst, B.K.; Landrum, L.L.; Matsumoto, K.; Mazine, F.F.; Nic Lughadha, E.; Proença, C.; Soares-Silva, L.H.; Wilson, P.G. & Lucas, E. 2008. World checklist of Myrtaceae. Kew Publishing, Royal Botanic Gardens, Kew. McVaugh, R. 1968. The genera of american Myrtaceae - an interim report. Taxon 17: 354- 418 Metcalf, C.R. & Chalk, L. 1950. Anatomy of the Dicotyledons. Oxford, Clarendon Press. Sobral, M.; Proença, C.; Souza, M.; Mazine, F. & Lucas, E. 2012. Myrtaceae. In: Forzza, R.C. et al. Lista de espécies da flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ 2012/FB010660 Figura 1. Folha da Eugenia Uniflora L. Figura 2. Apresentação da coloração adaxial e abaxial da folha da Eugenias Uniflora L. Figura 3. Esquematização da planta Eugenia Uniflora L. Figura 4. Apresentação da conformação foliar opostas dística da folha da Eugenia Uniflora L. Figura 5. Seção paradérmica colorida com Safranina da Eugenia Uniflora L., face abaxial, contendo estômatos de forma paracítica. (E: estômatos) Figura 6. Seção paradérmica ccolorido com Safrnina da Eugenia Uniflora L. Face adaxial. Figura 7. Seção transversal colorida em Safrablue Eugenia Uniflora L. Mesofilo com parênquima paliçádico e lacunoso.(CS: cavidade secretora, EP: epiderme, PP: parênquima paliçádico, PL: parênquima lacunoso, D: drusas) Figura 8. Mesolfilo colorido em Safrablue da folha da Eugenia Uniflotra L com idioblastos: drusas. (PL: parênquima paliçádico, D: drusas, EP: epiderme) E D PL EP 50 µm CS EP PP PL D Figura 9. Seção transveral colorida em Safrablue do bordo arredondado da Eugenia Uniflora L (EP: epiderme, D: drusas, CS: cavidade secretora, PP: parênquima paliçádico, PL: parênquima lacunoso). Figura 11. Serção transversal da nervura central colorida em Safrablue das folhas da Eugenia Uniflora L.(EP: epiderme, C: colênquima, F: floema, CS: cavidade secretora, ES: esclerênquima, PP:parênquima oaliçádico, PL: parênquima lacunoso, X: xilema) Figura 10. Seção transversal do pecíolo colorido em Safrablue das folhas da Eugenia Uniflora L. (F: floema, X: xilema, PP: parênquima paliçádico) EP PP CS PL D EP PP PL X F ES C CS PP X F Figura 12. Detalhe do sistema vascular de uma seção transversal colorida em Safrablue do pecíolo da Eugenia Uniflora L. (F: floema, X: xilema) F X F
Compartilhar