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DIREITO CONSTITUCIONAL CRIME COMUM E CRIME DE RESPONSABILIDADE - Crime de responsabilidade: qualquer ato do presidente que atente contra a CF. Isto porque o Presidente da república presta compromisso, ao tomar posse, lendo o disposto no art. 78, da CF. Para ficar caracterizado, deve-se observar o Princípio da Estrita Legalidade, não bastando alegar a violação da CF. Nesse sentido, a Lei nº 1.079/50 é a que define crimes de responsabilidade. Súmula 722, do STF: “São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento”. Logo, lei estadual e/ou municipal não pode definir crime de responsabilidade. Trata-se de competência exclusiva da União Federal. - Crime comum: é o crime de natureza penal pura, não sendo de responsabilidade. - Procedimento: bifásico. Fases: a) Preambular de admissibilidade do processo: Um órgão admite a ação, e o outro julga. Seria algo como um órgão de pronúncia e outro de julgamento. b) Julgamento: Crime comum Crime de responsabilidade Órgão de pronúncia: Câmara dos Deputados (art. 51, I, CF) Órgão de pronúncia: Câmara dos Deputados (art. 51, I, CF) Julgamento: STF Julgamento: Senado Federal Pena: perda do cargo e inabilitação, por 8 anos, para o exercício de função pública (art. 52, parágrafo único) No julgamento pelo Senado Federal, diz o art. 52, parágrafo único, que o presidente do STF funcionará como presidente. Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. Quando a Câmara autoriza, o STF tem a obrigação de receber a denúncia ou a queixa? O entendimento é de que não, pois estaria violando a separação de poderes. O STF tem autonomia para decidir se recebe ou não, mas a doutrina entende que, se for o caso de crime de responsabilidade, o Senado está obrigado a aceitar porque está diante de um mesmo Poder. - Art. 86, §3º, da CF: O Presidente da República não pode ser preso cautelarmente. Mas essa regra se estende, pelo Princípio da Simetria, ao Governador? De acordo com o STF, não. --------------------------------------------------------------- DIREITO ADMINISTRATIVO 1. Organização da Administração A estrutura da Administração é formada através de duas regras jurídicas: a) Desconcentração Administrativa; b) Descentralização Administrativa. 1.1. Desconcentração administrativa Tudo o que a CF elege como de interesse público é de responsabilidade do chefe do Executivo (Princípio da Concentração Política). Neste rol de interesses públicos, existem os interesses públicos essenciais (devem ser mantidos dentro da estrutura central - concentrar) e os interesses públicos que são meros interesses (podem ser mandados para fora da estrutura central - descentralizar). Os órgãos são criados mediante desconcentração, e estão dentro do corpo da Administração. Segundo a CF, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, concentrando nele tudo o que constitui “interesse público” para o Estado. Assim, conforme o “Princípio (ou norma) da Concentração”, o presidente da república tem a responsabilidade política por todos os interesses públicos constitucionais. Parte destes interesses é prevista na CF como “essencial” e, portanto, só pode ser delegado DENTRO DA ESTRUTRA CENTRAL (delegar dentro de uma mesma estrutura é desconcentrar, e dentro de uma estrutura existe apenas ÓRGÃOS). Logo, por “desconcentração administrativa” são criados os órgãos, que juntos constituem a Administração Direta. O órgão é o núcleo de competências administrativas, que só pode ser criado e extinto por lei1, com algumas características principais: a) Órgãos são impessoais, e, portanto, não respondem pelos danos que causam e são hierarquicamente subordinados. b) Órgãos não possuem personalidade jurídica, visto que apenas integram um corpo. Portanto, não possuem patrimônio próprio (não tem bens, visto que estes são da pessoa jurídica que integram). c) Órgãos não exercem direitos e obrigações em nome próprio. d) Órgãos não possuem capacidade para ser parte, nem capacidade processual (não pode ser autor nem réu). Exceção: órgãos com competências constitucionais que podem impetrar sozinhos Mandado de Segurança contra outros órgãos, desde que para defender suas prerrogativas constitucionais. e) São sempre de regime jurídico de Direito Público, vez que acompanham o corpo a que pertencem. - A doutrina identifica 4 níveis de órgãos na Administração Direta: 1º) Órgãos independentes: são os órgãos máximos de cada estrutura ou Poder, que não são subordinados a qualquer outro órgão ou Poder. Ex.: a presidência da República. 2º) Órgãos autônomos: não possuem independência política, mas possuem autonomia administrativa, e formam o primeiro escalão de poder. Ex.: os Ministérios. 3º) Órgãos superiores: sem independência nem autonomia, são diretamente subordinados aos autônomos. Ex.: departamento de Polícia Federal. 1 Decretos autônomos não criam nem extinguem órgãos, mas podem apenas organizá-los, apesar da poderem extinguir cargos vazios e inativos. 4º) Órgãos subalternos: também sem independência nem autonomia, são subordinados a todos os órgãos acima e são os órgãos de execução do Estado. Ex.: delegado de polícia (não confundir o cargo com o órgão). ---------------------------------------------- 1.2. Descentralização Administrativa O presidente da república, através de lei de sua propositura, cria (a) autarquias de todos os tipos e autoriza a criação de (b) fundações públicas, (c) associação públicas, (d) empresas públicas, e (e) sociedades de economia mista. Esta é uma delegação para fora da estrutura central, e, portanto, é uma descentralização administrativa, e todos estes são pessoas jurídicas autônomas. Cada uma destas pessoas jurídicas descentralizadas recebe, por lei, uma atividade específica, e só poderão explorar esta atividade (princípio da especialização), que tem como objetivo otimizar a eficiência na prestação de serviço público. Como são pessoas jurídicas autônomas, não estão sujeitas à subordinação hierárquica (ordens ou controle direto). Ao contrário dos órgãos: a) Não são impessoais: respondem pessoalmente pelos danos que causam. Quando o dano excede a capacidade orçamentária da pessoa jurídica descentralizada, caberá responsabilidade subsidiária à pessoa jurídica a qual está vinculado. b) Por possuir personalidade jurídica própria, possuem patrimônio próprio, exercem, em nome próprio, direitos e obrigações, e possuem plena capacidade para ser parte processual. Por serem autônomas, sem subordinação hierárquica, são fiscalizadas apenas finalisticamente (somente ao final) pelos Ministérios, através da Tutela (ou Supervisão) Ministerial. Esta supervisão não é subordinação, mas apenas vinculação. ----------------------------------------------------------------- ENTES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA AUTARQUIA Podem ser comuns, especiais ou agências reguladoras. Todas as autarquias adotam as características gerais das autarquias comuns, que são: a) Diretamente criadas por lei e, portanto, só podem ser extintas porlei (não sofrem falência ou liquidação). b) Não admitem contrato ou estatuto social. c) Criadas para prestação de serviços públicos (serviço criado e regido por lei, sem finalidade lucrativa ou natureza econômica). Logo, autarquia não pode prestar serviço de finalidade econômica2. d) São sempre de regime público e, portanto: i. Não existe autarquia de regime misto ou de regime privado; ii. Seus bens são sempre públicos, conforme o art. 98 do Código Civil3. Logo, para alienar bens das autarquias, é necessário, entre outras obrigações, desafetá-los e realizar licitação; iii. Podem titularizar poder de polícia. Logo, poder de polícia que é exclusivo das pessoas de direito público, só pode ser titularizado por pessoas políticas, tal como União, Estados e Municípios, por autarquias e, excepcionalmente, por certas fundações públicas. iv. Seus dirigentes são diretamente nomeados e, portanto, destituíveis ad nutum4. Seus agentes são funcionários públicos concursados e estatutários, com direito a estabilidade funcional. v. São obrigadas a licitar seus contratos, compras e alienações, e a prestar contas ao Tribunal de Contas. 2 A CF/88 não proíbe a criação de Autarquia para exploração de atividade econômica. No entanto, autarquia deve ser criada para a prestação de serviços público, o qual não possui finalidade lucrativa. 3 Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 4 Sem processo e motivação. Além destas características gerais, toda autarquia goza de privilégios públicos especiais: a) Imunidade tributária recíproca (a União não cobra impostos dos Estados e Municípios, nem de suas Autarquias e Fundações, assim como os Estados não cobram da União e dos Municípios, e os municípios não cobram da União e dos Estados); b) São credoras privilegiadas, pois não dependem de ação de conhecimento para executar seus devedores. Podem, diretamente, inscrevê-los em certidão de dívida ativa (CDA), cobrada por execução fiscal; c) Devedoras privilegiadas: não sofrem protesto, nem são incluídas em cadastro de inadimplentes, e ainda, suas dívidas e danos que causam prescrevem em 5 anos, e, quando este prazo é interrompido depois de transcorrida a primeira metade (2,5 anos), não volta a ser por mais 5 anos, mas apenas por mais 2,5 anos. d) Autarquias integram a Fazenda Pública e, em função disso: i. Não podem ser nem citadas, nem intimadas por edital ou por hora certa. Só admitem citação na foram real e pessoal. ii. Quando condenadas judicialmente acima do valor de alçada, a decisão está sujeita ao reexame necessário (duplo grau obrigatório de jurisdição); iii. Gozam de prazos especiais: em quádruplo para atos de resposta (contestação, reconvenção e exceções), e em dobro para recorrer (art. 183, do novo CPC = todos os prazos em dobro). Para contrarrazões de recurso, o prazo é simples. Para contestação na ação rescisória, o prazo é fixado pelo juiz sem contagem especial. -------------------------- AUTARQUIAS ESPECIAIS São as principais autarquias especiais: a) De Ensino Público Superior (todas as universidades públicas federais e estaduais – USP, Unicamp etc); b) De Fiscalização de Profissões Regulamentadas, tal como o Conselho Regional de Medicina, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura etc. Diferentemente das autarquias comuns, nas autarquias especiais: a) Seus dirigentes são previamente eleitos (logo, não sofrem destituição ad nutum, vez que possuem mandato5). b) Seus agentes são concursados, mas, em regra, são celetistas. Para o STF, tais funcionários são demitidos sem processo, mas com motivação. Obs.: diferentemente das outras, a OAB deixou de ser considerada autarquia e passou a ser ente “sui generis” (não previsto, nem autorizado pela CF/88), conforme entendimento do STF. A partir de então, a OAB não concursa mais seus agentes, não está mais obrigada a fazer licitação e não presta mais contas ao Tribunal de Contas. Por consequência, também, a OAB perdeu boa parte das prerrogativas da Fazenda Pública em Juízo. -------------------------- AGÊNCIAS REGULADORAS São autarquias de regime especial, que também adotam as regras gerais das autarquias comuns, contudo: a) Seus dirigentes são nomeados, porém exercem mandato (logo, não podem ser destituídos por ato ad nutum, mas apenas por processo com decisão motivada). b) Estas agências editam os atos regulatórios, que não são atos normativos, mas sim atos discricionários de efeitos concretos, que apenas regulam a forma de exploração das atividades de interesses público privatizadas. c) Fiscalizam, controlam e aplicam sanções sobre as concessionárias, inclusive determinando, com autonomia, a política tarifária (são as agências que autorizam aumento nas tarifas públicas, ou impõem a ordem de redução de tarifas). 5 Só podem ser destituídos por processo com decisão motivada.
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