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RENE CABEÇAO

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1
 Aluna do Curso de Graduação em Direito – Universidade Federal de Goiás – UFG/Campus Jataí 
1
 Aluna do Curso de Graduação em Direito – Universidade Federal de Goiás – UFG/Campus Jataí 
1
 Professora da Universidade Federal de Goiás/Campus Jataí - Orientadora 
O MERCOSUL ANALISADO SOB A ÓTICA DA SOBERANIA E 
DA INTEGRAÇÃO DOS SEUS PAÍSES MEMBROS 
 
Nathalia Caroline Ramos Freitas¹ 
Raiane Andressa Toniazzo² 
Liliane Vieira Martins Leal³ 
 
RESUMO 
 
 Este trabalho possui como objetivo a 
análise do MERCOSUL, com maior 
enfoque no estudo da soberania de seus 
países membros e no seu processo de 
integração, abordando também as 
mudanças que esses conceitos sofreram ao 
longo dos anos. Do ponto de vista 
metodológico, trata-se de uma pesquisa de 
caráter exploratório, com abordagem 
qualitativa, apoiada nas pesquisas de 
Campos (2006) e na melhor doutrina do 
Direito Internacional. Além da pesquisa 
bibliográfica, o trabalho, ainda baseou-se 
na investigação documental, por meio de 
dados em documentos arquivados em 
órgãos públicos ou publicados em base de 
dados on line. Diante de estudos e 
pesquisas sistematizadas, é possível 
perceber que como desdobramento dos 
processos de integração surge no âmbito 
jurídico um novo conceito de soberania 
estatal, baseado nas novas formas de 
relação entre os países, principalmente na 
interdependência internacional e o seu 
antigo conceito baseado na indivisibilidade 
e inalienabilidade está sendo aos poucos 
superado. 
 
PALAVRAS-CHAVE: MERCOSUL. 
Integração. Soberania. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O Mercado Comum do Sul - 
MERCOSUL é um bloco econômico 
formado por Argentina, Brasil, Paraguai e 
Uruguai e foi estabelecido em 26 de março 
de 1991, com a assinatura do Tratado de 
Assunção. Encontra-se atualmente no 
patamar da zona de livre-comércio 
consistindo na eliminação das barreiras 
alfandegárias e não alfandegárias que 
incidem no comércio entre os Estados-
membros. 
 A integração concebida entre os 
países do MERCOSUL envolve dimensões 
não só econômicas, mas também políticas 
e sociais. Assim, é necessário adentrar no 
tema da soberania popular de cada país 
frente a integração propiciada por este 
bloco econômico. 
 O presente artigo tem por escopo 
analisar o tema da soberania popular 
abordando-o especialmente sob a 
perspectiva da integração entre os países 
signatários do MERCOSUL. 
 Neste sentido, a pesquisa foi 
estruturada da seguinte forma: 
inicialmente, abordam-se os aspectos 
gerais do MERCOSUL, seu histórico e 
suas características principais. 
Posteriormente, analisou-se o 
MERCOSUL e o processo de integração 
dos países signatários do Tratado de 
Assunção. Finalmente, como questão 
central do presente trabalho, é apreciada a 
interferência dos processos de integração 
no conceito atual de soberania. 
 A abordagem metodológica 
adotada se apoia nas pesquisas de Campos 
(2006) e na melhor doutrina do Direito 
Internacional, as quais apresentam um 
modelo teórico que explica os aspectos da 
soberania frente ao processo de integração 
entre os países signatários do 
MERCOSUL. Para tanto, foi adotada a 
pesquisa de caráter exploratório, com 
abordagem qualitativa. A pesquisa 
bibliográfica, ou de fontes secundárias, foi 
utilizada em todo o desenvolvimento do 
trabalho, por meio do estudo sistemático 
com base em material publicado em livros, 
revistas e jornais, e bases de dados on line, 
tais como artigos científicos dissertações, 
teses e outras publicações relacionadas 
com o objeto da pesquisa. Além da 
pesquisa bibliográfica, o trabalho, ainda, 
pautou-se pela investigação documental, 
por meio da qual realizou-se a coleta de 
dados em documentos conservados nos 
órgãos públicos ou publicados em base de 
dados on line, tais como, relatórios, 
documentos organizacionais, leis, 
proposições legislativas, regulamentos, 
entre outros documentos. 
 Os resultados alcançados, 
expostos nas considerações finais, denotam 
que o conceito de soberania ligado ao de 
integração é um processo muito recente. A 
soberania hoje não pode ser considerada de 
forma absoluta, em que pese o fato de os 
Estados-membros que aceitam a limitação 
da soberania, transferirem parte de seus 
direitos soberanos para a comunidade 
supranacional. Por isso a importância de 
abordar este tema na atualidade. 
 
2 HISTÓRICO DO MERCOSUL 
 
 Desde o final da década de 50 a 
América Latina visava a integração 
econômica, a fim de aumentar o 
intercâmbio comercial entre seus países, 
permitindo a facilitação das importações 
com a criação de blocos econômicos. 
 A primeira tentativa de integração 
econômica se deu em 1960 com a 
celebração do Tratado de Montevidéu, 
criando a Associação Latino-Americana de 
Livre Comércio (ALALC). O objetivo era 
instituir uma zona de livre comércio para 
ampliar as trocas econômicas e incentivar 
o desenvolvimento econômico entre os 
países no prazo de 12 anos. 
 O resultado almejado não foi 
alcançado e a fim de se corrigir as 
imperfeições e aumentar a integração 
econômica, foi criada a Associação Latino-
Americana de Integração (ALADI) em 
1980, no segundo Tratado de Montevidéu. 
A ALADI conferia maior liberdade e 
flexibilidade na formulação de políticas 
comerciais. Além disso, o prazo fixado 
para a criação da área de livre-comércio 
deixou de existir, de forma que a 
integração entre os países se daria de 
maneira gradual. 
 No entanto, a conjuntura 
internacional obstaculizou a integração 
latino-americana. Concomitantemente 
houve o segundo choque do petróleo, a 
elevação das taxas de juros internacionais e 
a recessão das economias desenvolvidas, o 
que dificultou aos países em 
desenvolvimento, o acesso aos 
financiamentos externos. 
Consequentemente, os países da ALADI 
reagiram com o protecionismo de seus 
mercados internos, reduzindo não só as 
importações, como, também, o intercâmbio 
comercial entre os países membros. 
 Estas experiências 
integracionistas propiciaram condições 
favoráveis à criação do MERCOSUL. As 
relações entre Brasil e Argentina foram de 
crucial importância para estabelecer o 
bloco econômico, principalmente com a 
democratização dos dois países e a 
introdução de reformas liberalizantes, o 
que favoreceu os projetos de integração 
colocando fim aos conflitos anteriores. 
 Buscando a integração econômica 
entre Brasil e Argentina foi assinado o 
Tratado de Buenos Aires, seguido pelo 
Tratado de Assunção, que contou com a 
entrada de Paraguai e Uruguai para a 
constituição do Mercado Comum do Sul. 
 O Tratado de Assunção delineou 
o perfil do MERCOSUL. O seu art. 1° 
caracteriza-se por instituir uma união 
aduaneira visando a eliminação das 
barreiras alfandegárias e não alfandegárias 
para os países-membros, além de uma 
política comercial comum quanto aos 
outros mercados. 
 O objetivo era ampliar os 
mercados nacionais e instituir o mercado 
comum visando a livre circulação de bens, 
serviços e produção entre os países, 
estabelecendo uma tarifa externa comum e 
adotando uma política comercial comum 
frente a terceiros países. 
 Dentre os princípios que norteiam 
a integração entre os quatro países-
membros estão o princípio da 
gradualidade, da flexibilidade e do 
equilíbrio. A gradualidade permite que o 
processo de implementação do bloco 
econômico ocorra de maneira gradual, de 
forma que os países signatários se adaptem 
e se ajustem para a nova realidade da 
integração econômica.A flexibilidade visa garantir que 
estes ajustes feitos nos mercados sejam 
implementados adequadamente no 
processo de implementação. O equilíbrio 
elege a equidade como parâmetro para que 
os casos de tratamentos diferenciados entre 
os Estados sejam resolvidos. 
 Em 1995, com a promulgação e 
ratificação do Protocolo de Ouro Preto, o 
MERCOSUL foi finalmente alçado à 
condição de personalidade jurídica 
internacional. Desta forma o MERCOSUL 
ganhou existência própria e inúmeras 
prerrogativas, como negociar e firmar 
acordos com terceiros países além de 
orçamento próprio para cobrir seus gastos 
de funcionamento. Ainda assim não são 
vislumbradas instituições supranacionais 
como as da União Europeia. 
 O Tratado de Assunção e 
posteriormente o Protocolo de Ouro Preto 
edificaram e aperfeiçoaram a estrutura 
institucional do MERCOSUL, dando-lhe 
maior durabilidade e permanência. 
 Atualmente o MERCOSUL 
continua com os quatro Estados-membros, 
quais sejam, Argentina, Brasil, Paraguai e 
Uruguai, sendo que a Venezuela encontra-
se em processo de adesão. Bolívia, Chile, 
Colômbia, Equador e Peru são Estados 
associados e o México é país observador. 
 
 2.1 O conceito e os fundamentos 
da soberania 
 
 O entendimento do conceito de 
soberania é de extrema importância para a 
compreensão do fenômeno estatal, já que 
não existe Estado perfeito sem soberania. 
No entanto são inúmeros os conceitos e 
entendimentos encontrados sobre este 
tema, de maneira geral e superficial, a 
soberania é a autoridade suprema que um 
Estado possui, é o seu poder político de 
comandar e controlar sem se submeter aos 
interesses dos demais países. 
 Este é um conceito muito 
limitado, levando em consideração as 
modificações históricas que também 
influenciaram na conceituação da 
soberania. Este tema é também bastante 
rico e com variedade de dimensões, objeto 
de muitas discussões no âmbito jurídico. 
 A soberania é um dos elementos 
formais do Estado, ao lado da ordem 
jurídica, e pode ser vista como a qualidade 
do poder do Estado que o coloca acima de 
qualquer outro no setor interno e ao 
mesmo tempo, ao lado do poder dos outros 
países no âmbito externo. 
 Várias teorias tentaram explicar a 
noção de soberania ao longo do tempo, o 
que demonstra o quanto este conceito não 
é estático, ele já passou e ainda passa por 
inúmeras mudanças. Pode-se perceber que 
a partir do século XX o conceito de 
soberania deixou de limitar-se às 
interpretações jurídicas e políticas. 
 
O conceito antigo previsto por Bodin que 
concebia a soberania como o poder 
supremo sobre os cidadãos e súditos, 
independente das leis, exceto as leis 
divinas e naturais e que pressupunha a 
inexistência de comunidade internacional, 
debilitou-se ainda no século XVI, dando 
ensejo a outras conceituações e tem sido 
reformulado desde a Primeira Guerra 
Mundial, período em que as doutrinas 
perfilaram um conceito de soberania 
relativa, antagonicamente à soberania 
absoluta, que dominou e sobreviveu até 
então. 
1
 
 
 O poder de soberania exercido 
pelo Estado passou a gerar controvérsias 
de interpretação no âmbito do direito 
positivo, encontrando limitações não só 
nos direitos da pessoa humana, mas 
também no direito grupal, tanto no âmbito 
interno quanto no internacional. No plano 
 
1 CAMPOS, Helena Maria. A soberania 
constitucional e seu papel no contexto da 
integração merconsulina. Ribeirão Preto – 
UNAERP – 2006. p. 45 
internacional a soberania passa a ser 
limitada pelas regras de convivência de 
Estados soberanos, sendo que um não 
poderá invadir a esfera de atuação das 
outras soberanias. 
 A soberania é praticada, 
principalmente, em dois âmbitos: interno e 
externo. Internamente no sentido de dar 
ordens aos indivíduos que compõem a 
nação e que residem no território nacional. 
Externamente, já que possui independência 
perante os demais países, representando 
uma nação sem se submeter às demais. 
 Segundo Helena Maria Campos 
(2006), o princípio da soberania passou por 
momentos de erosão, em virtude do 
constitucionalismo, porém, hoje está se 
desgastando em razão da 
internacionalização do ordenamento 
jurídico. A autora acredita que existe na 
sociedade internacional, protegendo o 
interesse geral da humanidade, um direito 
internacional e outro supranacional, sendo 
assim, a liberdade do Estado se vê limitada 
por ambos. 
 Ainda, segundo a opinião da 
mesma autora, a soberania deve abranger 
também uma restrição do poder estatal 
visando à proteção da pessoa humana, que 
é um dos grandes problemas do direito 
internacional deste século. Sendo assim, a 
soberania pode ser vista como a única 
arma dos povos subjugados, já que o povo 
é quem delega o legítimo exercício da 
soberania ao Estado e os representantes 
nomeados devem sempre fazer prevalecer 
o ideal coletivo e a vontade popular 
soberana, em detrimento dos seus 
interesses individuais, o que nem sempre 
ocorre. 
 
Apesar de tudo e de forma inadequada, ao 
se dizer que um Estado é soberano, ainda é 
o mesmo que assegurar que suas leis têm 
autoridade definitiva, ou salvo melhor 
juízo, que inexiste poder acima dele. A 
idéia que se tem de soberania continua 
densamente ligada ao conceito de poder 
político, fazendo incidir na racionalização 
jurídica do poder, especialmente, na 
mutação da força em poder autêntico, 
quando o poder de fato se torna poder de 
direito. 
2
 
 
 É importante lembrar que aceitar 
uma nova visão de soberania, em que esta 
se torna limitada, não significará a perda 
do poder, mas sim um Estado que não mais 
tomará decisões livremente em todas as 
áreas, sendo que, parte de seus direitos 
soberanos serão transferidos para a 
vontade popular e para a organização 
supranacional. 
 O conceito de soberania assumiu 
uma nova perspectiva, a de uma soberania 
compartilhada, que segundo Campos 
(2006), “(...) num processo integracionista 
reside o exercício comum da soberania que 
poderá alcançar o seu mais alto grau que é 
 
2
 Ibidem. p. 53 
a integração das próprias soberanias 
compartilhadas, em uma só.” 3 
 
 2.2 A interferência dos 
processos de integração no 
conceito de soberania 
 
 Geralmente, a integração é um 
processo que decorre de interesses 
econômicos, em que países buscam 
arranjos que garantam ação conjunta de 
efeitos benéficos. Para que isso ocorra é 
necessária a adequação equilibrada de 
soberanias, no caso de países 
independentes. E a integração só será plena 
quando surgir da vontade popular ou tiver 
sido aprovada por ela, através de seus 
representantes democraticamente eleitos. 
 
Não obstante, o real processo de 
integração tenha se desenvolvido, não com 
a superação das fronteiras nacionais, mas, 
sobretudo, com a enorme mistura dos 
povos, raças e culturas em todos os 
continentes que, somados ao progresso da 
informação, avanços da ciência e 
tecnologia e as exigências de um mercado 
global, é que se visualiza hoje, na era da 
globalização, um aprofundamento do 
processo integrativo que vise buscar novos 
paradigmas para solução de conflitos de 
interesses entre Estados. Também um 
intercâmbio mútuo das relações entre os 
povos e a organização de valores e 
recursos, com o fito de administrar o 
 
3 Ibidem. p. 56sentimento de incertezas que pairam diante 
do sistema internacional. 
4
 
 
 A integração econômica é 
construída por etapas, de maneira 
gradativa. Segundo Balassa citado por 
Campos (2006), a integração pode ser 
dividida em cinco estágios, quais sejam: a 
integração zero, em que não há 
interdependência entre os países; a 
integração via tratados convencionais, 
onde os acordos envolvem certos setores 
das relações comerciais; a zona de livre 
comércio, em que não há barreiras 
tarifárias e não tarifárias ao comércio de 
bens e serviços entre os países-membros; a 
união aduaneira, onde existe a adoção de 
uma tarifa aduaneira comum; e por fim, o 
mercado comum, em que há livre 
circulação de bens, serviços e fatores de 
produção. 
 A integração surge, inicialmente, 
como integração econômica, primeiro 
passo para as outras formas de interação, a 
social e a política, sendo assim, nesse caso, 
formam-se os blocos de Estados, que se 
unem por meio de tratados e se 
comprometem a liberar, de forma 
progressiva, os seus mercados. 
 Isso ocorre de várias maneiras, 
“como a eliminação de restrições 
alfandegárias e não-tarifárias à circulação 
de bens, serviços e fatores de produção, 
 
4 Ibidem. p. 71 
coordenação de políticas 
macroeconômicas, fixação de uma tarifa 
comum, harmonização legislativa, com 
vistas ao desenvolvimento conjunto pelo 
compartilhamento dos esforços e 
recursos.” 5 
 Ainda que essa integração tenha 
essência econômica, possui também 
desdobramentos políticos jurídicos e 
socioculturais, que são necessários a sua 
implementação. 
 
(...) quando um grupo passa a fazer parte 
de outro grupo de maior amplitude, o 
poder do chefe daquele passa, 
automaticamente, a diminuído, subordinar-
se à autoridade do chefe do grupo mais 
extenso e compreensivo, no tocante a tudo 
o que diga respeito aos interesses gerais da 
nova coletividade. Conservando, portanto, 
poder específico para o que diga respeito, 
particularmente, aos interesses do seu 
grupo, deve, contudo, como membro de 
uma comunidade mais geral, obediência às 
leis do grupo maior, que lhe poderá exigir 
até mesmo sacrifícios. A soberania desse 
grupo maior e mais compreensivo não 
atingirá, porém, na esfera que lhe é 
própria, os objetos sobre os quais incide a 
soberania do grupo menor. 
6
 
 
5
 LACERDA, Eustáquio Juvêncio de. Integração 
econômica e soberania nacional. Disponível em: 
<http://www.senado.gov.br/sf/senado/unilegis/pdf/
UL_TF_DL_2005_Eustaquio_Juvencio.pdf>. 
Acesso em: 04/12/11. p. 9 
6
 PAUPÉRIO, 1977, p. 392 apud LACERDA, 
Eustáquio Juvêncio de. Integração econômica e 
soberania nacional. Disponível em: 
<http://www.senado.gov.br/sf/senado/unilegis/pdf/
 
 
 Desta forma, como consequência 
dos processos de integração, surge no 
âmbito jurídico um novo conceito de 
soberania estatal. Este sofreu muitas 
mudanças ao longo dos anos, como já foi 
citado anteriormente, e passa a ser de certa 
forma contrário à sua antiga definição, que 
era ligada aos conceitos de indivisibilidade 
e inalienabilidade do poder definitivo da 
soberania. 
 De maneira gradativa, a ideia de 
soberania, que era utilizada em seu sentido 
absoluto, sustentando a organização 
política na Idade Moderna e ao longo da 
época moderna, vai cedendo espaço à 
concepção de interdependência 
internacional. 
 
O conceito arcaico de soberania fundado 
no ideário de Bodin, Hobbes e Hegel que 
consideravam a soberania indivisível e 
inalienável de tal sorte que o poder 
soberano tem que pertencer com 
exclusividade a uma entidade singular, não 
tem mais razão de ser. Não obstante, ainda 
prevalecer, em quase todas as 
Constituições dos países do MERCOSUL. 
7
 
 
 
 
UL_TF_DL_2005_Eustaquio_Juvencio.pdf>. 
Acesso em: 04/12/11. p. 10. 
7
 CAMPOS, Helena Maria. A soberania 
constitucional e seu papel no contexto da 
integração merconsulina. Ribeirão Preto – 
UNAERP – 2006. p. 201. 
 Ainda, segundo Campos (2006), a 
questão da soberania deve ser reconstruída 
com inteligência, levando em consideração 
as limitações formais dos poderes 
soberanos nos Estados, que sugerem a 
necessidade de mudança no conceito 
clássico de soberania. O conceito de 
soberania deve ser reformulado, 
urgentemente, também no âmbito do 
MERCOSUL. 
 Esta mudança se faz necessária já 
que o processo de integração possui como 
escopo a restrição da esfera da jurisdição 
interna de cada Estado, e ao mesmo tempo 
amplia as possibilidades de cooperação 
entre os países, firmada por um processo 
decisório coletivo, que tem como 
consequência a redução dos conflitos 
regionais. 
 Sendo assim, os Estados 
integrados precisam avaliar a soberania 
nos dias atuais, não mais como a 
autoridade absoluta do Estado, mas sim 
como poder cercado de interdependência 
entre estes, possibilitando a formação de 
blocos políticos e econômicos das nações. 
 O conceito de soberania que está 
presente nas Constituições dos países 
integrantes do MERCOSUL precisa ser 
reformulado, levando em consideração a 
fase de transição vivida atualmente, em 
que a soberania tem apresentado um 
conteúdo formal, sendo que a soberania 
presente nos Estados permanece e o que 
eles transmitem aos organismos 
internacionais são apenas competências. 
 Neste sentido, Campos (2006): “A 
soberania não é mais indivisível e, sob uma 
nova óptica, pode, inclusive, ser exercida 
coletivamente onde os Estados-partes 
reduzem seus próprios direitos soberanos, 
transferindo-os para instituições em 
relação às quais não detêm controle 
direto.” 8 
 Essas parcelas de soberania que 
são transferidas significam a abdicação de 
uma parte do poder de decisão referente a 
determinadas questões de interesse comum 
dos participantes para certas instituições 
comunitárias, mas significam também a 
restrição das decisões do Estado em alguns 
âmbitos no que diz respeito ao órgão 
supranacional. 
 Nos dias atuais é difícil de 
imaginar uma comunidade de países em 
que a soberania não seja compartilhada. 
Porém, isso não significa que eles 
precisem abdicar da própria soberania, mas 
sim que eles precisam encontrar um meio 
de facilitar o intercâmbio de bens e 
produtos, serviços e pessoas, para facilitar 
o convívio entre os mesmos, buscando 
uma forma de trazer benefícios para todos. 
 
E a verdadeira aspiração dos atores 
políticos em trabalhar a conformação do 
MERCOSUL, não isoladamente como tem 
 
8 Ibidem. p. 203. 
ocorrido até os dias atuais, mas, 
principalmente, buscando, na vontade 
popular soberana, o envolvimento e 
alicerces necessários para que esta possa 
manifestar seus anseios, suas necessidades 
e seus sonhos. 9 
 
 A integração é um processo 
amplo e complexo, sendo assim, tende a 
ser lento, já que necessita que haja a 
harmonia entre vários interesses e 
realidades. Diante disso, é possível afirmar 
que esta harmonia somente será alcançada 
a partir do momento em que os Estados 
merconsulinos passarem a vivenciar um 
novo conceito de soberania, tão necessário 
aos dias atuais e às novas formas de 
integração entre os Estados. 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Diante do exposto, é possível 
perceber que os tempos e a históriamudam 
e, desta forma, o homem precisa se adaptar 
à realidade, deixando para trás o medo e a 
insegurança, objetivando a construção de 
um novo mundo. 
 O MERCOSUL pode ser visto 
como um exemplo dessa luta em busca da 
paz, da integração e da construção de um 
novo mundo no contexto da América 
Latina. Ele é constituído por países que 
presenciaram guerras, disputas de poderes 
 
9 Ibidem. p. 205. 
e inúmeros outros problemas e lentamente 
está buscando a sua conformação por meio 
de mecanismos mais amenos e pacíficos, e 
não através da força e do poder soberano. 
 Sendo assim, surge no âmbito 
jurídico um novo conceito de soberania, 
advindo dos processos de integração. Este 
não é mais ligado à indivisibilidade e 
inalienabilidade do poder. Por meio da 
integração internacional a esfera de 
jurisdição de cada Estado passa a ser 
limitada, aumentando as possibilidades de 
colaboração intergovernamental. 
 De forma gradativa, a ideia de 
soberania foi deixando de ser utilizada em 
seu sentido absoluto, como acontecia ao 
longo da época moderna, dando espaço 
para a nova constatação da realidade 
contemporânea, que é a interdependência 
internacional. 
 A partir do momento em que os 
Estados-membros aceitam a limitação da 
soberania, eles não podem tomar decisões 
de forma livre em todas as áreas, já que 
transferiram parte de seus direitos 
soberanos para a organização 
supranacional. 
 No MERCOSUL a difícil situação 
de crise financeira e econômico-social dos 
Estados-membros, faz com que seja 
necessário o redobramento dos esforços e 
das vontades políticas envolvidas, para que 
a integração latino-americana seja mantida. 
 Os atores políticos possuem 
importante papel no processo de integração 
juntamente com a reconceituação da 
soberania, buscando mudanças dentro de 
uma estrutura arcaica, habituada a velhas 
visões e conceitos, não mais condizentes 
com a realidade. Eles precisam atuar 
também na adequação do MERCOSUL, 
buscando na vontade popular soberana o 
verdadeiro alicerce para as novas 
mudanças, já que assim a população 
poderá manifestar os seus anseios e 
necessidades. 
 
REFERÊNCIAS 
 
AMARAL JUNIOR, Alberto do. 
Introdução ao direito internacional 
público. São Paulo: Atlas, 2008. 
 
AMORIM, Adriano Portella. Democracia, 
integração e paz na América do Sul. 
Disponível em: 
<http://www.mdigital.uniceub.br/index. 
php/prisma/article/viewFile/1164/1166>. 
Acesso em: 03/12/11. 
 
CAMPOS, Helena Maria. A soberania 
constitucional e seu papel no contexto da 
integração merconsulina, 2006. 
Dissertação (Mestrado em Direito). 
Ribeirão Preto/SP: Universidade de 
Ribeirão Preto – UNAERP, 2006. 
 
LACERDA, Eustáquio Juvêncio de. 
Integração econômica e soberania 
nacional. Disponível em: 
<http://www.senado.gov.br/sf/senado/unile
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