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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO VARA DO TRABALHO DE TAGUATINGA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA -VARA DO TRABALHO DE TAGUATINGA-DF
Processo n. 000486-07.2016.5.10.0103
 RICARDO EVANGELISTA AMORIM, brasileiro, solteiro, pizzaiolo, inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob o n. 994.339.821-34, portador do RG n. 2.239.827 SSP/DF, CTPS 70.601 Série 00025/DF, residente e domiciliado na Quadra 802, Conjunto 21 Casa 1, Recanto das Emas, Brasília-DF, CEP 72.153-505, vem respeitosamente, por intermédio dos advogados do Núcleo de Prática Jurídica da Universidade Católica de Brasília, à presença de Vossa Excelência, apresentar
 CONTESTAÇÃO C/COM PEDIDO DE RECONVENÇÃO
 Em face das alegações deduzidas na Ação de Consignação em Pagamento movida por BONNA ALIMENTAÇÃO LTDA-ME, já qualificada nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito expostas:
 I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
 O Reconvinte é juridicamente pobre não dispondo de meios de arcar com as custas de um processo judicial sem prejuízo do seu próprio sustento e de sua família, razão pela qual faz jus a concessão dos beneplácitos de gratuidade de justiça, nos termos do art. 790 §3º da CLT e do art. 98 e ss. da Lei n. 13.105/15 NCPC, que revogou expressamente o art. 4º da Lei 1.060/50, e OJ 304 da SDI-I do TST. 
 II – DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS
 Da Aplicação Subsidiária:
 O Tribunal Superior do Trabalho editou a Instrução Normativa n. 39/2016 que traz o posicionamento prefacial a respeito da aplicabilidade e alcance das disposições do Novo Código de Processo Civil no Processo do Trabalho. Desse modo, considerando ainda os ajustes que serão realizados a medida que a jurisprudência dos tribunais forem se consolidando, requer a aplicação subsidiária ou supletiva do NCPC, nos termos do art. 769 da CLT, caso haja omissão e desde que compatível com as normas e princípios do Direito Processual do Trabalho.
 III – DAS ALEGAÇÕES DO CONSIGNANTE
 Alega o Consignante que o Consignado foi admitido em 24.03.2015 e que a rescisão do contrato de trabalho ocorreu em 24.02.2016 a pedido do Consignado. Alega que restou combinado o comparecimento no sindicato no dia 25/02/2016, e que o Consignado não compareceu para receber suas verbas rescisórias.
 Pretende, com isso, exonerar-se do pagamento da multa do art. 477 §8º da CLT, ao argumento de que houve recusa do Consignado em receber os valores da rescisão, já que ciente de que deveria comparecer no sindicato. Assim, requer a consignação em juízo do valor de R$ 90,00 para quitação das verbas rescisórias constantes no TRCT de fls. 7/8.
Em suma, são as alegações da Consignante, as quais não merecem prosperar, conforme argumentos a seguir expostos:
 IV– DO MÉRITO 
 Haja visto, em primeiro lugar denota-se claramente que não houve qualquer pedido de demissão do Consignado.
 A uma, porque o Consignante não junta qualquer documento que comprove o seu pedido de demissão.
 Porque o próprio Consignante deduz pedidos para que seja declarada a rescisão sem justo motivo; que sejam liberadas as guias de TRCT, FGTS e Seguro Desemprego e; o pagamento de aviso prévio e demais verbas rescisórias. 
 Isto é, todos os pedidos formulados pela Consignante são referentes a uma dispensa imotivada, a qual espelha a realidade dos fatos, não tendo como se admitir como erro material, mesmo porque sequer encontra-se assinado, por qualquer das partes, o TRCT aos autos.
 Outrossim, não há como considerar quitados os valores constantes no TRCT, uma vez que o Consignado não manifesta concordância com os mesmos, além do que constam descontos totalmente indevidos, que necessitam de provas ou embasamento fático-jurídico, que sequer encontra-se detalhados, com o claro intuito de suprimir os direitos do Consignado decorrentes da rescisão contratual. 
 De acordo com o art. 477 §5º da CLT, os descontos da rescisão se limitam ao valor do salário do empregado.
 Portanto, mesmo que fosse devido algum desconto, jamais poderiam ser realizados no montante pretendido pelo Consignante. Sendo assim, não há como reconhecer a validade da rescisão.
 Em juízo, uma vez que, além de não se tratar de pedido de demissão, os valores ali constantes não são os de fato devidos pela Consignante, os quais restam desde logo impugnados.
 V– CONCLUSÃO
 Diante dos fatos deverão ser julgados IMPROCEDENTES os pedidos formulados pelo Consignante para quitação do contrato de trabalho com base no TRCT juntado às fls. 8/9 dos autos, bem como o reconhecimento da modalidade de rescisão a pedido, uma vez que a dispensa ocorreu sem justa causa.
 Requer, ainda, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, tendo em vista a impossibilidade do Consignado de arcar com as despesas processuais, conforme declara em anexo os termos do art. 790, §3º da CLT e da Lei 1.060/50.
 Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, tais como os documentos que ora junta, depoimento pessoal do representante legal do Consignante, sem prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis.
 VI– DA RECONVENÇÃO
 O Consignado vem respeitosamente a este MM. Juízo, firme nas razões a seguir expostas, apresentar RECONVENÇÃO em face do Consignante, uma vez que a realidade dos fatos reporta na condenação do mesmo ao pagamento de vários direitos não adimplidos por ocasião da cessação do contrato.
 Assim, requer seja apreciado o presente pedido de reconvenção na sentença.
 VII– DO CABIMENTO
 De acordo com o art. 343 do NCPC a reconvenção será proposta na própria contestação para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento de defesa. No caso em questão, o Consignado, possui direitos trabalhistas que não foram honrados pelo Consignante, conforme restará demonstrado.
 
 
 VIII– DO CONTRATO DE TRABALHO
 O consegui nado foi admitido pelo consignante em 24.03.2015, para exercer a função de pizzaiolo, com remuneração mensal de R$ 1.501,50, com jornada de trabalho das 6h às 16h, com trinta minutos de intervalo intrajornada
 Foi dispensado imotivadamente em 24.02.2016 e até o momento não recebeu quaisquer verbas rescisórias.
 IX– DA RETIFICAÇÃO DA CTPS
 O último dia de trabalho foi 24.02.2016, de modo que, considerando a projeção do aviso prévio, a data de saída que deveria constar na CTPS seria 24.03.2016, nos termos da OJ 82 da SDI-I do TST.
 Portanto, deverá ser determinada a retificação da CTPS para constar a data do término do aviso prévio em 24.03.2016.
 X– DAS HORAS EXTRAS 
 O consegui nado laborava das 6h às 16h, de segunda a sexta-feira, com meia hora de intervalo intrajornada, laborando 9,5 horas por dia, fazendo jus ao pagamento de 1,5 horas extras por dia.
 Portanto, deverá o consignante ser condenado ao pagamento de 1,5 horas extras por dia, com adicional de 50%, bem como reflexos em FGTS e Multa de 40%, além do DSR.
 XI– DO INTERVALO INTRAJOR
 O consegui nado não usufruía do intervalo mínimo de 1 hora para repouso e alimentação, onde apenas almoçava e retornava ao trabalho, violando a disposição do art. 71 da CLT.
 Assim, deverá o conseguinte ser condenado ao pagamento de 1 hora extrapor dia, com adicional de 50%, como reflexos em FGTS e Multa de 40%,
 XII– DAS VERBAS RESCISÓRIAS
 Como dito o consegui nado foi dispensado imotivadamente e não recebeu as verbas rescisórias a que faz jus, razão pela qual deve ser condenado o condicionante ao pagamento das parcelas, uma vez que integradas as horas extras habitualmente prestadas:
 XIII– FGTS E MULTADE 40%
 O consegui nado faz jus à liberação do FGTS depositado, garantida a integralidade dos depósitos, bem como à multa de 40%, em razão da sua dispensa imotivada.
 Sendo assim, deverá o conseguinte ser condenado a fornecer as guias necessárias à liberação do FGTS, bem como ao pagamento dos depósitos faltantes e da multa de 40%, 
 XIV– DO SEGURO DESEMPREGO
O consegui nado não recebeu as guias que dão direito ao acesso ao benefício do Seguro Desemprego, devendo o conseguinante fornecê-las, sob pena de pagamento de indenização substitutiva, nos termos da Súmula 389 do TST.
 XV– A MULTA DO ART. 477, §8º da CLT.
 O consegui nado foi dispensado pelo conseguinante em 24.02.2016, razão pela qual o prazo para pagamento das verbas rescisórias esgotou-se no dia 4.3.2016, muito antes do ingresso da presente ação de consignação em pagamento.
 Sendo assim, em virtude do não pagamento das verbas rescisórias no prazo adequado e a consequente desobediência do prazo do art. 477, § 6º, CLT, o conseguinante deverá arcar com a multa prevista § 8º do mesmo dispositivo,
 XVI– DOS PEDIDOS
 Ante o exposto, requer:
Concessão dos benefícios da justiça gratuita, tendo em vista a impossibilidade do consegui nado de arcar com as despesas processuais, conforme declara em anexo os termos do art. 790, §3º da CLT e da Lei 1.060/50;
Condenação do conseguinante para que proceder a retificação de baixa do contrato de trabalho na CTPS obreira, constando a data de saída em 24.03.2016, sob pena da Secretaria da Vara fazê-lo;
Condenação do conseguinante ao pagamento das horas extras de todo o contrato de trabalho, com adicional de 50%, bem como reflexos em FGTS e Multa de 40%, além do DSR.
Condenação do conseguinante ao pagamento de 1 hora extrapor dia, pela supressão do intervalo intrajornada, com adicional de 50%, bem como reflexos em FGTS e Multa de 40%, além do DSR.
Condenação da conseguinante ao pagamento das seguintes verbas rescisórias: Aviso Prévio 30 dias, Saldo de Salário 24 dias ,13º Salário Proporcional 3/12 Férias Integrais + 1/3 Reflexos em FGTS Reflexos em Multa de 40% 
Condenação do conseguinante a fornecer as guias de acesso ao Seguro Desemprego, sob pena de pagamento de indenização substitutiva, nos termos da Súmula 389 do TST, 
 Condenação do Reconvindo ao pagamento da multa do art. 477, §8º da CLT, 
 Condenação conseguinante ao pagamento das custas processuais.
Requer, ainda, a intimação do conseguinante para que responda aos termos da presente reconvenção, sob pena de serem reputados verdadeiros os fatos narrados na exordial, o que por certo restara demonstrado com a consequente decretação da TOTAL PROCEDÊNCIA dos pedidos.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, tais como os documentos que ora junta, depoimento pessoal do representante legal do conseguinante, sem prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis.
 Nesses termos,
 Pede deferimento
 Brasília-DF, 26 de abril de 2016.
Emanuel Furtado Neto
UC12106673

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