Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
___________________________________________________________________ CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA MÓDULO XV DIREITO PROCESSUAL CIVIL __________________________________________________________________ Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010 Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV DIREITO PROCESSUAL CIVIL Processo de Execução 1. EMBARGOS DO DEVEDOR 1.1. Introdução Os embargos do devedor constituem ação de conhecimento que gera um processo incidental e autônomo com a finalidade de impugnar o título executivo, ocorrendo a suspensão da execução. Por meio deles, o juiz ganha cognição na relação de execução, já que essa, por si mesma, é a aplicação de atividades materiais para sancionar o devedor. Os embargos do devedor visam garantir a ampla defesa e o contraditório constitucionais por meio de um instrumento dado ao devedor para discutir o mérito do direito do credor, podendo ainda discutir o andamento da execução. Por conseguinte, temos um processo incidental de conhecimento dentro da execução. 1.1.1. Espécies de embargos Embargos de primeira fase: são os embargos à execução oponíveis após a garantia do Juízo, isto é, após a penhora na execução por quantia certa, ou o depósito na execução para entrega de coisa certa. Embargos de segunda fase: são os embargos à arrematação e à adjudicação, cabíveis na execução por quantia certa, entre a expropriação 1/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV dos penhorados e o encerramento. Ocorre depois de exaurida a faculdade de interposição dos embargos na primeira fase. Os próprios embargos de execução se dividem em: Embargos á execução por título judicial (art. 741 e ss. do CPC): não podem versar sobre matéria objeto do processo de conhecimento, independentemente da coisa julgada. O contraditório e a ampla defesa já foram feitos em procedimento anterior ao título. Embargos à execução por título executivo extrajudicial (art. 745 do CPC): aqui podemos versar qualquer matéria de defesa. Isso porque os pontos não foram discutidos sob o crivo do contraditório. 1.2. Condições Objetivas Tempestividade: o prazo para propositura dos embargos é próprio, gerando preclusão na faculdade de embargar. O prazo é de 10 dias, contados da juntada aos autos da prova da intimação da penhora. Se a intimação for feita por oficial de justiça, o termo corre da juntada, aos autos, do mandado cumprido. Se a intimação ocorrer por edital, o prazo será contado da primeira publicação, expressamente mencionada no edital. Caso a penhora recaia sobre créditos do executado, para sua perfeição é indispensável a intimação do devedor executado. Se a penhora é feita mediante precatória, o prazo dos embargos começa a fluir a partir da juntada do mandado de intimação da penhora aos autos da precatória. Caso existam outras matérias a serem decididas pelo Juízo deprecante, o prazo é computado a partir da juntada da precatória aos autos principais. 2/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV O prazo, porém, computa-se em dobro, conforme dispõe o art. 191 do Código de Processo Civil, para litigantes com procuradores distintos. Isso, todavia, não se aplica aos embargos– mesmo tendo os executados diferentes procuradores, não sobra o prazo para embargar. Quando proposta a ação de embargos por mais de um devedor, com procuradores diversos, passa, porém, a incidir a regra do art. 191 do Código de Processo Civil, para que falem nos autos ou recorram. Quando houver vários réus, incidirá também a regra do art. 241, inc. III, do Código de Processo Civil, computando-se o prazo, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido. São inadmissíveis os embargos antes de o Juízo estar seguro. Isso ocorre por meio da penhora (execução por quantia certa) ou do depósito (execução para entrega de coisa). 1.3. Legitimidade e Intervenção de Terceiros É parte legítima, para embargar, aquele que se encontra no pólo passivo da execução. Muito se discute se aquele que não figura no pólo passivo da execução ainda assim poderia embargar, sendo o caso do terceiro responsável. Se todo o ato de execução estiver recaindo sobre o patrimônio de um terceiro responsável, o correto, até por uma isonomia constitucional, é que ele possa embargar. Devemos aplicar todas as regras de sub-rogação para a hipótese. Também é bom ressaltarmos que os vários executados solidários podem embargar, ainda que seus bens, especificamente, não tenham sofrido constrição judicial. 3/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV No que diz respeito ao cônjuge do executado intimado da penhora, tanto pode opor embargos de terceiro, para defender sua meação, quanto embargos à execução, para discutir a relação processual. É bom mencionarmos a Súmula n. 196 do STJ que determina: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanece revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos”. A legitimidade passiva dos embargos está a cargo dos exeqüentes. É bom ressaltarmos que não cabe intervenção de terceiros em embargos do devedor. O que é possível é a assistência nos embargos do devedor, podendo auxiliar tanto o embargante quanto o embargado na obtenção de sentença favorável. 1.4. Competência e Procedimento nos Embargos Conforme o art. 108 do Código de Processo Civil, sendo um processo incidental ao processo de execução, a competência para seu processamento é a mesma do processo de execução. Apenas devemos ressaltar que, no caso de ser expedida a precatória para penhora de bens em outra Comarca, conforme nova redação do art. 747 do Código de Processo Civil, o Juízo deprecado é o competente para julgamento de embargos que versem sobre a validade de atos por ele praticados, tal como penhora, avaliação e alienação. O Juízo deprecante é que tem competência para as demais matérias da execução. A petição inicial segue as diretrizes do art. 282 do Código de Processo Civil. O valor da causa não precisa ser o da execução, e o preparo pode ser feito 30 dias depois da ordem que determina o seu pagamento. O indeferimento liminar gera apelação sem efeito suspensivo. 4/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV Recebidos os embargos, serão autuados em apenso aos autos do processo de execução. O credor sai intimado para impugnar em 10 dias. Na realidade, temos uma citação, abrindo-se a oportunidade para resposta. Tal ato, porém, poderá ser praticado na pessoa do advogado do exeqüente, mediante publicação no DO. O efeito da revelia não pode decorrer da ausência de resposta pelo exeqüente, já que existe um título executivo que faz presumir a veracidade do seu conteúdo. O ideal é que isso não seja tomado como uma máxima, já que em certos casos, como os de alguns títulos extrajudiciais, cabe a presunção de verdade pela ausência de resposta. Quanto ao saneamento do processo, muito embora a lei não diga nada, deve o juiz fazê-lo, determinando a instrução ou o julgamento antecipado da lide. É possível fazê-lo até a designação de audiência de conciliação. O provimento final do juiz é a sentença, julgando ou não o mérito. O recurso é a apelação, que terá efeito suspensivo no caso da sentença de procedência, e meramente devolutivo, em caso de improcedência ou de serem os embargos rejeitados sem julgamento do mérito. 1.5. Embargos Fundados em Título Judicial Temos um roltaxativo das hipóteses embargáveis: Nulidade ou falta de citação no processo de conhecimento em que ocorreu a revelia. Falta de condições da ação executiva (legitimidade das partes, excesso de execução ou inexigibilidade do título). 5/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV Falta de pressupostos do processo de execução (incompetência do Juízo, suspeição e impedimento). Nulidades dos atos do processo de execução. Causas modificativas, impeditivas e extintivas da obrigação de natureza material. 1.6. Embargos à Adjudicação e à Arrematação Conforme determina o art. 746 do Código de Processo Civil, pode o devedor oferecer embargos à adjudicação e à arrematação, fundados em nulidades da execução, pagamento, novação, transação ou prescrição, todos supervenientes à penhora. Tal rol não é exaustivo, mas sim exemplificativo, porque todas as hipóteses que gerem vícios supervenientes à penhora podem gerar os embargos. 1.7. Nova Penhora e Embargos É possível haver alterações na penhora, sendo admissível novo prazo para interposição de embargos, desde que delimitados os aspectos formais. Aliás, todas as questões supervenientes devem ser analisadas, para não ferirem o contraditório e a ampla defesa. 1.8. Efeitos da Interposição dos Embargos O maior efeito é a suspensão do processo executivo. Tal suspensão pode ser total ou parcial, pois pode atacar parte da dívida ou a dívida toda. Havendo 6/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV mais de um executado, os embargos suspendem a execução para todos. Mesmo a caução do credor não retira o caráter suspensivo dos embargos. Porém, como já dissemos, rejeitados os embargos, a apelação não terá efeito suspensivo, se não se tratar de execução provisória. 1.9. Sentença dos Embargos Sentença que julga improcedentes os embargos à execução é declaratória. Já a que julga procedentes os embargos é declaratória e desconstitutiva do título. Tem, ainda, eficácia mandamental. Sentença de mérito faz coisa julgada material nos limites dos pedidos e da causa de pedir. 2. EMBARGOS DE TERCEIRO 2.1. Introdução Os embargos de terceiro são o remédio que terceiros possuem para livrar bens que não pertencem ao devedor do cumprimento de obrigações. Visa, portanto, a proteção da posse e a propriedade de bens de terceiros contra a constrição jurisdicional. É uma ação de conhecimento de caráter possessório, de caráter autônomo, livrando bens da apreensão judicial. É uma tutela autônoma de cognição. 7/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV Não é possível confundirmos os embargos de terceiro com os embargos do devedor. Não só são tutelas que ocorrem em momentos distintos, mas também são distintas as suas funções . Os embargos do devedor, como já vimos, visam uma reanálise da relação executiva por aquele que está no pólo passivo. Já os embargos de terceiros são o remédio, utilizado pelo terceiro, para defesa possessória de bens indevidamente atingidos pela execução. 2.2. Cabimento Duas são as funções dos embargos de terceiro: “Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer que lhe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos. § 1.º - Os embargos podem ser de terceiro senhor possuidor, ou apenas possuidor. § 2.º - Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser cingidos pela apreensão judicial. § 3.º - Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios, reservados ou de sua meação”. A enumeração do art. 1.046 do Código de Processo Civil é exemplificativa. Temos outras hipóteses, como o usufruto forçado ou a própria reintegração de posse. Os embargos de terceiro são instrumentos de defesa da posse contra atos ofensivos praticados por órgãos jurisdicionais e, por isso, 8/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV guardam tamanha simetria com as ações possessórias– envolvem situações de esbulho ou ameaça provenientes de atos judiciais. Toda e qualquer ilegítima constrição judicial ofensiva à posse será passível de embargos de terceiro. A única diferença é que os embargos de terceiro também protegem a propriedade. O titular, porém, terá que ser proprietário e possuidor, ainda que seja de mera posse indireta. Uma das matérias de defesa do embargado será a fraude à execução, podendo o juiz, liminarmente, reconhecer a ineficácia da alienação. De acordo com a Súmula n. 195 do STJ, porém, a fraude contra credores não poderá ser alegada contra o embargado nos embargos de terceiros, já que o seu conhecimento exige ação cognitiva especifica, ação pauliana, não podendo ter uma análise meramente incidental. “Admitem-se ainda embargos de terceiro: I – para a defesa da posse, quando nas ações de divisão ou de demarcação for o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de muros; II – para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese”. O terceiro credor pode se valer dos embargos de terceiro quando titular de garantia real. É óbvio que esse credor deve ser intimado da penhora e da hasta pública. Os embargos de terceiro, portanto, visam que o credor possa sobrestar o andamento do processo executivo quando não for intimado, ensejando a repetição dos atos. 9/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV 2.3. Legitimidade 2.3.1. Legitimidade ativa Como já dissemos, o autor é um terceiro qualquer estranho ao processo de execução. Não é o caso de terceiro que entenda ser o responsável pelo débito. Nesse caso, cabe embargos do devedor. É o terceiro, estranho à dívida, que tem um bem seu constritado. Portanto, se o terceiro é responsável, embarga como devedor; se não é responsável,embarga como terceiro. Na hipótese de fraude à execução, a alienação é tida por ineficaz, cabendo ao terceiro embargar como terceiro para demonstrar que não ocorreu a fraude. É o caso do cônjuge do devedor que, para defender seus bens, pode embargar como terceiro (Súmula n. 134 do STJ). Caso seja intimado da penhora ou figure na execução, ainda pode embargar a própria execução. Caso bem diverso daquele em que o próprio devedor é o penhorado – aqui o remédio são os embargos do devedor e não embargos de terceiro. Também temos a Súmula n. 84 do STJ que determina que “é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advindas do compromisso de compra e venda, ainda que desprovida do registro”. A mulher separada judicialmente também pode interpor embargos de terceiro para defender bens que lhe couberam na partilha. Como já dissemos, é indispensável a posse da coisa. 2.3.2. Legitimado passivo Normalmente, é aquele que figura como autor no processo em que ocorreu a constrição judicial. Caso o bem tenha sido nomeado à penhora pelo 10/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV devedor, há litisconsórcio passivo necessário entre esse e o exeqüente. Pode ainda o devedor figurar como assistente do embargado. Alguns autores também defendem a possibilidade de outras formas deintervenção de terceiros. Difícil concordarmos com essa tese ante a limitada cognição e a sumariedade do rito nos embargos de terceiro. 2.4. Propositura É muito elástica a propositura, já que os embargos podem ser propostos, a qualquer tempo, enquanto não transitada a sentença (art. 1.048, 1.ª parte, do CPC). No processo de execução, a propositura pode ocorrer até cinco dias depois da adjudicação, arrematação ou remição, porém sempre antes da respectiva carta (art. 1.048, 2.ª parte, Código de Processo Civil). Para outras hipóteses, não previstas, basta aplicarmos a analogia, pois o termo final será sempre cinco dias depois da transferência do domínio da posse do embargante. Ainda existe o problema da definição do prazo para propositura dos embargos em face da reintegração de posse. Se a reintegração ocorreu na interlocutória, o terceiro tem até o trânsito em julgado da sentença. Se a reintegração é determinada na sentença final e efetivada depois do trânsito em julgado, temos o prazo de cinco dias, contados da sua efetivação, para propositura dos embargos. É bom ressaltarmos que, mesmo antes da constrição judicial, cabe embargos de terceiro como se fosse um interdito proibitório. 11/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV 2.4.1. Competência Os embargos de terceiros são conexos com o processo em que houve a constrição judicial e, por isso, o art. 1.049 do Código de Processo Civil determina a distribuição por dependência. Se a constrição judicial for feita mediante precatória, será competente o Juízo que determinou a apreensão do bem. Se a carta já foi encaminhada ao Juízo deprecado, o Juízo deprecante será competente para processamento dos embargos de terceiro. Se a precatória, porém, foi expedida com requisição genérica para citação e penhora, será o Juízo deprecado o competente para julgar os embargos de terceiro. Devemos aplicar, por analogia, o art. 747 do Código de Processo Civil, que envolve Juízo deprecante e deprecado. O art. 1.213 autoriza que as cartas precatórias da Justiça Federal sejam cumpridas pela Justiça Estadual nas comarcas em que aquela não tiver sede. Nesse caso, porém, a Justiça Federal deprecante será sempre competente para julgar seus próprios embargos. O Juiz Estadual só deve julgar embargos de terceiro, de competência federal, nas matérias em que tenha competência no processo principal. Se o autor dos embargos de terceiro, porém, for a União, autarquia federal ou empresa pública federal, tal fato deslocará a competência da Justiça Estadual para a Federal, não só quanto aos embargos, mas também quanto ao próprio processo principal. 2.5. Efeitos do Recebimento Conforme estabelece o art. 1.052 do Código de Processo Civil, o juiz determinará a suspensão parcial ou total do curso do processo principal, conforme os embargos de terceiro versem total ou parcialmente sobre bens objeto daquele. A suspensão, portanto, só ocorrerá se houver recebimento, pois 12/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV se houver rejeição liminar, o processo principal correrá normalmente. É uma automática conseqüência do despacho judicial. Tal regra se aplica a todas as hipóteses, mesmo aos casos em que exista supostamente fraude à execução. O juiz precisa de maior cognição para verificar, nos embargos, se ocorreu ou não fraude à execução. A ocorrência ofenderia as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório. 2.6. Procedimento Na petição inicial, devem ser observados os requisitos dos arts. 282 e 1.050 do Código de Processo Civil. O autor indicará a qualidade de possuidor e de terceiro e, na hipótese de designação de audiência preliminar, apresentará testemunhas. Caso o juiz extinga o processo liminarmente, cabe apelação com efeito suspensivo. Nesse caso, porém, ela denada adiantará, já que a constrição judicial prosseguirá normalmente. O juiz apreciará, então, se deve ou não conceder liminar, de reintegração ou manutenção de posse, e expedirá mandado. O embargante só receberá os bens depois de prestar caução com seus rendimentos, e tal caução só cabe na reintegração, pois, na manutenção, a parte já está com os bens. Como já dissemos, pode ocorrer na audiência de justificação; concedendo ou não na audiência, cabe agravo de instrumento. O embargado será citado pessoalmente, e não por meio do seu advogado, e terá o prazo de 10 dias para contestar. Na resposta, poderá alegar qualquer matéria de defesa, respeitada a limitação cognitiva dos embargos. Também ocorrerão os efeitos da revelia, se não houver resposta. No mais, segue o procedimento das cautelares. Não havendo contestação, o juiz decidirá em cinco dias; em caso contrário, abrirá para produção de provas. A sentença de 13/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV mérito é apelável, com efeito suspensivo, de forma que o processo e a constrição dos bens remanescerão suspensos até a decisão do recurso. 3. EXECUÇÃO CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE (PANORAMA GERAL) 3.1. Introdução A execução por quantia certa contra devedor insolvente é o processo de execução que procura proteger o credor do devedor não comerciante, aquele que não tem bens suficientes para responder por suas dívidas. É uma falência civil, muito embora tal nomenclatura só sirva para ilustrar, já que nada tem a ver com a falência. Tal processo não é mero incidente de concurso singular de credores; ele é sempre precedido de sentença judicial na qual se reconhece a insolvência do devedor, submetendo-o a novo regime jurídico. Sempre é precedido, portanto, de processo de cognição para verificar a situação patrimonial do devedor. Tem como características: todos os bens presentes e futuros do patrimônio do devedor estarão disponibilizados para cumprimento da obrigação; surge uma universalidade da execução a partir da arrecadação de todos os bens, para satisfazer, na medida do possível, o crédito; 14/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV até a declaração de insolvência, é imprescindível a apresentação de título judicial ou extrajudicial; o estado econômico é de insolvência, sendo indispensável para que ocorra a declaração judicial da execução universal. 3.1.1. Legitimidade Podem requerer a insolvência: o devedor ou seu espólio, por meio do inventariante; o credor com título executivo. 3.1.2. Competência O local de domicílio do devedor é o competente para ajuizar o pedido de declaração de insolvência e processar a execução universal que lhe segue. 3.2. Sentença Declaratória de Insolvência É uma sentença, com eficácia declaratória, que reconhece a situação jurídico-econômica de insolvência. Tem duas funções: põe termo à verificação de insolvência e instaura a execução universal. 15/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV 4. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA Fazenda Pública engloba a União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas. Pode haver execução contra a Fazenda Pública com base em título executivo extrajudicial. A Fazenda Pública é citada para, em 30 dias, oferecer embargos, conforme artigo 1.º-B, acrescentado à Lei 9.494/97, pela MP 2.180-35/2001. Se opuser embargos julgados improcedentes, haverá a necessidade do reexame necessário, a teor do disposto no artigo 475, I do Código de Processo Civil. Em caso de embargos não interpostos, ou interpostos mas julgados improcedentes em definitivo, o juiz, por intermédio do presidentedo Tribunal, requisita o pagamento por meio de precatório. Se a dívida tem natureza alimentar, é preciso expedir precatório que, porém, terá preferência. Pode-se executar provisoriamente a Fazenda Pública. Expede-se o precatório, que entra na fila. Ele, porém, não será pago enquanto não houver execução definitiva. 5. EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA 16/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV Se o credor preferir, poderá cobrá-la por meio da execução por quantia (execução comum). Gera a obrigação de alimentos, sob pena de prisão civil: casamento; união estável; parentesco (descendentes, ascendentes e irmãos). A execução de sentença é sempre feita nos próprios autos. A execução de alimentos pode ser feita no domicílio do exeqüente, se ele mudou de endereço (entendimento jurisprudencial). Isso porque quem pede alimentos está numa situação de hipossuficiência. Na execução de alimentos, o devedor é citado para, em três dias, efetuar o pagamento, provar que já pagou, ou justificar a impossibilidade de pagar. Nas duas primeiras hipóteses, se comprovar, a ação é extinta. Na terceira hipótese, a justificativa deve acontecer no próprio bojo da execução, sem a necessidade de embargos. Se ficar provada a impossibilidade de o devedor pagar, isso apenas servirá para não ser decretada a sua prisão civil, pois os alimentos continuarão devidos. Se não efetuar o pagamento, não provar que já o fez nem justificar sua impossibilidade de fazê-lo, o devedor terá – a requerimento da parte – sua prisão civil decretada pelo juiz. Se houver o requerimento genérico na petição inicial, o juiz deverá, ao final dos três dias, ouvir novamente o exeqüente sobre a prisão civil. 17/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV O Ministério Público não pode requerer a prisão civil, pois a decretação dessa é de interesse pessoal do exeqüente. O prazo da prisão civil é de 60 dias (para a maioria da doutrina). Esse prazo está na lei de alimentos. O Código de Processo Civil traz um prazo de 90 dias. É cabível o agravo de instrumento contra a decisão que decreta a prisão. Deve ser postulado o agravo com efeito suspensivo. É possível que o tribunal aceite o habeas corpus dirigido ao TJ (Seção de Direito Privado). Apenas se verifica se houve ilegalidade na prisão. Se o executado pagar, o juiz expedirá um contramandado de prisão, no caso de a prisão ter sido decretada, mas não cumprida. Se foi cumprida, expedirá um alvará de soltura. O direito de postular alimentos é imprescritível. O direito de cobrar as prestações já vencidas, porém, prescreve em cinco anos. A jurisprudência tem entendido que, quando houver várias prestações vencidas, o devedor fica livra da prisão se pagar as três últimas prestações vencidas. Admite-se a execução provisória de alimentos, a qual também sujeita o executado à prisão. Os alimentos são irrepetíveis. Logo, não cabe repetição do indébito. Quando já existe prova pré-constituída da paternidade, deve-se seguir o rito especial na ação de alimentos. Nesse rito, o juiz pode conceder uma liminar, que se chama liminar de alimentos provisórios. Os alimentos provisórios são concedidos por meio de liminar na ação de alimentos que segue o rito especial com prova pré-constituída da paternidade. 18/18 ___________________________________________________________________________ MÓDULO XV É possível mover ação de alimentos sem ser cumulada ou antecedida da ação de investigação de paternidade. 19/18 CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA MÓDULO XV DIREITO PROCESSUAL CIVIL Processo de Execução 1.1.1. Espécies de embargos
Compartilhar