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Os “Sentidos” da Escuta Fenomenológico Existencial – Darlindo F. de Lima; Gohara Y. Yehía, Henriette T. P. Morato

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Aluno (a): Luan Evangelista Neto R.A: B98700-6
Matéria: Psicoterapia 
Semestre: 9º
Campus: São José do Rio Pardo - SP
Supervisor: Silvia Antakly Adib
 
Os “Sentidos” da Escuta Fenomenológico-Existencial – Darlindo F. de Lima; Gohara Y. Yehía, Henriette T. P. Morato.
Segunda-feira, 05 de junho de 2018 
O contato com o saber-fazer clínico passa, impreterivelmente, pelo escutar. Perguntamo-nos, muitas vezes, como os terapeutas conseguiam “ouvir aquelas coisas” a respeito do sofrimento das pessoas. Esse “ouvir” parecia situar-se em um registro diferente. A Escuta, então, começou a delinear-se como um devir, uma postura de colocar-se disponível, aberto para acolher os sons e para algo mais (sentido) que se faça presente na relação com o outro. Pensar a Escuta a partir da perspectiva fenomenológico-existencial nos remete à necessidade de tentar situá-la em outros contextos históricos, em que não existia ainda o psicólogo clínico como hoje o conhecemos. Assim, promoveremos alguns recortes da prática da Escuta, uma espécie de historicizaçao, procurando entendê-la em alguns momentos históricos até como contemporaneamente é situada. Em seguida, iremos trabalhar os conceitos de escuta e cuidado, procurando tecer reflexões sobre algumas de suas implicações no campo psicológico.
Ao que tudo indica, ao mesmo tempo em que o sentido de ser se instala pela palavra, faz parte desse processo o Escutar-ser Escutado, numa tessitura delicada de suas nuances diferenciadas. Essa disposição da escuta configura-se bem diferente no âmbito da cultura grega, sobretudo se pensarmos sua importância para todo o mundo ocidental.
Para situarmos a Escuta nesse contexto, partiremos do exemplo de Delfos como símbolo significativo de toda uma visão de mundo existente nessa cultura. Delfos corresponde a uma localidade na Grécia onde se encontram os templos erguidos em homenagem ao deus Apoio. Neles, havia oráculos com o poder de predizer o futuro. Afirma a história que logo na entrada de um dos templos estava escrita a seguinte frase: Conhece-te a ti mesmo. Pítia, uma espécie de sacerdotisa, responsável pela formulação da questão ao oráculo, incumbiu-se de eleger Sócrates o homem mais sábio da Grécia. Esse título foi dado ao filósofo por afirmar em seus discursos “saber que nada sabe”. Parece-nos, assim, que a relação que os gregos mantinham com o oráculo, via sacerdotisa, assume o lugar simbólico da Escuta de si. A indicação do oráculo do conhece-te a ti mesmo remete-nos a entender seu significado como Escuta de um conhecimento de si, uma espécie de conhecimento encapsulado, que, de alguma forma, preexiste aos indivíduos nessa sociedade. Esse saber de si não pode ser confundido com um saber sobre si, pois nesse contexto cultural ainda não se havia formado a noção de sujeito como nós a entendemos a partir da modernidade. Ou seja, conhecer-se, nessa última perspectiva, implicaria autoconstituiçao. Tomando cuidado com o rigor conceituai, podemos compreender que, na gênese do povo grego, a relação constitutiva do indivíduo parece sinalizar uma aproximação maior com a cultura e não com o “eu” já existente e que temos que dar conta por meio do descobrimento de si.
A Escuta na cultura grega se configura como um dado lugar de saber de si, de conhece-te a ti mesmo, para que o cidadão grego possa, enfim, saber como lidar com os demais companheiros da pólis. Compreendemos, assim, que parece haver uma relação vincular entre esse saber de si e um saber para o outro, para a pólis. A compreensão da Escuta, enraizada na tradição, transitava livremente no âmbito das práticas de si que habitavam o cotidiano do povo grego. O sentido da maior forma de compreensão diz respeito a uma “ética da pólis”, ou seja, pela qual se apreenda o indivíduo como eminentemente um ser social, que existe e se constitui num campo de ações políticas. A relação da Escuta com a ética no mundo grego, com o tempo, tornou possíveis o aparecimento de toda uma forma de lidar com o sujeito e a produção do conhecimento na época moderna.
A Escuta na modernidade passa fundamentalmente pela trajetória da produção de um dado saber. Os “Sentidos” da Escuta Fenomenológico-existencial reflexão a partir da noção de experiência na modernidade. Assim, será possível sinalizar a forma pela qual esse homem moderno se constitui na cultura, como também a Escuta toma lugar de relevância, a ponto de criar-se uma gama de especialistas com seus métodos científicos prontos para garantir aos sujeitos modernos o mínimo de segurança.
Assim, falar de experiência do sujeito moderno será dizer como este lida com o tempo e espaço: há uma automatização que o preserva dos choques, dos descentramentos promovidos pela influência do processo de “tecnização” do mundo, principalmente via contínua inserção da tecnologia na vida cotidiana. Portanto, podemos compreender que ser moderno será viver numa sensação contínua de transitoriedade, de falta de ligação com as coisas, de elaboração de sentidos, remetendo a uma inexorável e permanente crise. A cultura moderna parece não colocar à disposição dos sujeitos tanto meios quanto tempo suficientes para possibilitar a elaboração e o labor que os acontecimentos da vida demandam no que diz respeito à sua simbolização. Em detrimento de uma experienciação, o homem moderno se encontra fixado a uma vivência transitória, superficial e desenraizadora.
Será, portanto, na interface da própria constituição do sujeito que a Escuta se apresenta como um dispositivo, não só para a produção de um saber de si, como na civilização grega, mas também como uma produção de um saber sobre si que se tece nas práticas do cuidado. Pois, num mundo em que cada vez mais se barganha a perda da liberdade em nome de uma pseudo-segurança, a necessidade de estabilidade e segurança se impõe justamente por sua falta, sentida inexoravelmente em tudo que se faz; nesse contexto, resta-nos entender que Escutar é uma forma de cercar-de-si, ou seja, produzir um conhecimento para autocontrole e autoconhecimento.
Tratar a Escuta a partir do cuidado e do saber de si. Escutar como um cuidar: entre o cuidado e o saber de si advém de nossa aproximação com as perspectivas filosóficas de Heidegger e Foucault. O entre o cuidado e o saber de si nos remetem a questionar os agentes de enunciação que, pela prática de seus discursos, ajudam a construir os dispositivos presentes nos processos de subjetivação. A Escuta nessa dimensão é tratada como um dispositivo de cuidado, que inexoravelmente está em relação com a construção de um saber de si, portanto relacionado à estetização da existência.
Será no âmbito do cuidado que se estabelecerão várias formas de tratar a escuta, a qual poderá se apresentar como dispositivo de cuidado, dando possibilidade ao homem de cuidar de si, encontrar outra forma de ser-no-mundo, procurando estetizar seu existir, criando um outro etos. Outra forma se articula no campo do biopoder e das práticas do cuidado de si como estratégias de controle e racionalização, cujo objetivo último parece apontar para a criação de uma sociedade de controle. A noção de cuidado toma foco principal por situar o tipo de relação que o homem pode manter consigo e com o mundo, sem nos esquecermos de que será nela que construiremos os alicerces de uma ética plausível para a própria existência ou sua dissolução.
A angústia, como um fenômeno existente na dimensão das vivências cotidianas do ser humano, promove uma aproximação da compreensão do cuidado, pois constitui disposição fundamental para apropriação-de-si-nomundo. Nos momentos em que nos propomos a cuidar de outrem.
A questão central diz respeito a poder compreender a escuta como uma relação propiciadora de sentido. Quando nos encontramos frente a frente com um outro, não há, a priori, um sentido pronto. Este se vai constituindo, em trânsito, no aqui e agora, da própria relação de escuta, na apropriação do cuidado que se instaura.
Parece-nos que, mesmo numa perspectiva dogmática religiosa, a escuta de algumaforma escapa ao engessamento e abre brechas para as afetações, possibilitando que os sujeitos se percebam e reflitam sobre si e as coisas do mundo. Nesse sentido, é possível, então, compreender a escuta como condição de cuidado, que se nutre, e reciprocamente é nutrida, por diversos contextos culturais.
É possível compreender que o sentido emergente dessa ' perspectiva potencializadora da escuta aponte para a questão j da própria constituição do sujeito no mundo, ou seja, como o sujeito se encontra buscando um dado etos no mundo contemporâneo. Tal busca diz respeito, significativamente, à procura de um lugar que se constitui somente na e pela ' relação com o outro. Nesse sentido, a Escuta propicia abertura de possibilidades para que os sujeitos encontrem uma morada viável e mais apropriada para seu modo de ser no mundo, dispondo dos elementos da cultura e dos seus próprios questionamentos existenciais.
A fenomenologia-existencial é um método de compreensão do existir humano. No caso da 
Daseinsanalyse precisamos entender método em sua acepção original, etimologicamente 
falando. Método é um termo que vem do antigo grego META ÒDÓS. META quer dizer “após” e 
ÒDÓS significa “caminho”. Assim, a palavra método quer dizer “continuar um caminho que 
nos conduz a ver o nosso existir simplesmente como ele se mostra.” (p. 56). 
Além disso, não podemos chamar a Daseinsanalyse de teoria, se entendermos teoria em sua 
noção tradicional de um conjunto sistematizado de ideias já pré-estabelecidas e 
baseadas em explicações causais e deterministas. No entanto, ela é uma teoria, se 
compreendermos esse termo como “plenitude de desvelamento”, tal como era seu 
significado original no grego antigo. 
Dessa forma, a Daseinsanalyse não é uma teoria de sistema psicológico, mas um método 
para a compreensão do existir humano, que possibilita ver os fenômenos como eles se 
mostram e desvelar o sentido daquilo que encontramos. 
Partindo da exposição acima, como podemos compreender o aconselhamento psicológico na 
fenomenologia-existencial? Qual é a atitude do terapeuta nessa abordagem ou método? 
Em primeiro lugar é necessário atentarmos para o fato de que um atendimento psicológico 
só é possível porque o homem é originariamente um ser-com, isto é, faz parte de ser 
humano a co-existência com outros, e é só nessa co-existência que existe a 
possibilidade da autenticidade, como um modo de ser mais próprio. Isto significa que a 
autenticidade permite a saída da objetificação, da massificação do homem. 
Se tomarmos a palavra aconselhar etimologicamente, veremos que tanto no Latim quanto no 
grego essa palavra traz o sentido de “junto”. Isto é fundamental para compreendermos 
que aconselhamento é algo que se faz junto com o outro. Dito isto, fica mais clara a 
concepção que a Daseinsanalyse tem de aconselhamento: “considerar algo, clarear e 
resolver algo junto com o outro” (p. 58). 
Dessa forma, nos encontros de aconselhamento na abordagem fenomenológico-existencial, o 
terapeuta busca clarear junto com o cliente a totalidade dos significados e compreender 
como o outro se relaciona com as situações que vive, com as pessoas com quem convive e 
como está afinado, isto é, como se sente nas situações que experiencia, para que este 
busque seu modo mais próprio de ser.
A fenomenologia-existencial é um método de compreensão do existir humano. No caso da 
Daseinsanalyse precisamos entender método em sua acepção original, etimologicamente 
falando. Método é um termo que vem do antigo grego META ÒDÓS. META quer dizer “após” e 
ÒDÓS significa “caminho”. Assim, a palavra método quer dizer “continuar um caminho que 
nos conduz a ver o nosso existir simplesmente como ele se mostra.” (p. 56). 
Além disso, não podemos chamar a Daseinsanalyse de teoria, se entendermos teoria em sua 
noção tradicional de um conjunto sistematizado de ideias já pré-estabelecidas e 
baseadas em explicações causais e deterministas. No entanto, ela é uma teoria, se 
compreendermos esse termo como “plenitude de desvelamento”, tal como era seu 
significado original no grego antigo. 
Dessa forma, a Daseinsanalyse não é uma teoria de sistema psicológico, mas um método 
para a compreensão do existir humano, que possibilita ver os fenômenos como eles se 
mostram e desvelar o sentido daquilo que encontramos. 
Partindo da exposição acima, como podemos compreender o aconselhamento psicológico na 
fenomenologia-existencial? Qual é a atitude do terapeuta nessa abordagem ou método? 
Em primeiro lugar é necessário atentarmos para o fato de que um atendimento psicológico 
só é possível porque o homem é originariamente um ser-com, isto é, faz parte de ser 
humano a co-existência com outros, e é só nessa co-existência que existe a 
possibilidade da autenticidade, como um modo de ser mais próprio. Isto significa que a 
autenticidade permite a saída da objetificação, da massificação do homem. 
Se tomarmos a palavra aconselhar etimologicamente, veremos que tanto no Latim quanto no 
grego essa palavra traz o sentido de “junto”. Isto é fundamental para compreendermos 
que aconselhamento é algo que se faz junto com o outro. Dito isto, fica mais clara a 
concepção que a Daseinsanalyse tem de aconselhamento: “considerar algo, clarear e 
resolver algo junto com o outro” (p. 58). 
Dessa forma, nos encontros de aconselhamento na abordagem fenomenológico-existencial, o 
terapeuta busca clarear junto com o cliente a totalidade dos significados e compreender 
como o outro se relaciona com as situações que vive, com as pessoas com quem convive e 
como está afinado, isto é, como se sente nas situações que experiencia, para que este 
busque seu modo mais próprio de ser.
A fenomenologia-existencial é um método de compreensão do existir humano. No caso da 
Daseinsanalyse precisamos entender método em sua acepção original, etimologicamente 
falando. Método é um termo que vem do antigo grego META ÒDÓS. META quer dizer “após” e 
ÒDÓS significa “caminho”. Assim, a palavra método quer dizer “continuar um caminho que 
nos conduz a ver o nosso existir simplesmente como ele se mostra.” (p. 56). 
Além disso, não podemos chamar a Daseinsanalyse de teoria, se entendermos teoria em sua 
noção tradicional de um conjunto sistematizado de ideias já pré-estabelecidas e 
baseadas em explicações causais e deterministas. No entanto, ela é uma teoria, se 
compreendermos esse termo como “plenitude de desvelamento”, tal como era seu 
significado original no grego antigo. 
Dessa forma, a Daseinsanalyse não é uma teoria de sistema psicológico, mas um método 
para a compreensão do existir humano, que possibilita ver os fenômenos como eles se 
mostram e desvelar o sentido daquilo que encontramos. 
Partindo da exposição acima, como podemos compreender o aconselhamento psicológico na 
fenomenologia-existencial? Qual é a atitude do terapeuta nessa abordagem ou método? 
Em primeiro lugar é necessário atentarmos para o fato de que um atendimento psicológico 
só é possível porque o homem é originariamente um ser-com, isto é, faz parte de ser 
humano a co-existência com outros, e é só nessa co-existência que existe a 
possibilidade da autenticidade, como um modo de ser mais próprio. Isto significa que a 
autenticidade permite a saída da objetificação, da massificação do homem. 
Se tomarmos a palavra aconselhar etimologicamente, veremos que tanto no Latim quanto no 
grego essa palavra traz o sentido de “junto”. Isto é fundamental para compreendermos 
que aconselhamento é algo que se faz junto com o outro. Dito isto, fica mais clara a 
concepção que a Daseinsanalyse tem de aconselhamento: “considerar algo, clarear e 
resolver algo junto com o outro” (p. 58). 
Dessa forma, nos encontros de aconselhamento na abordagem fenomenológico-existencial, o 
terapeuta busca clarear junto com o cliente a totalidade dos significados e compreender 
como o outro se relaciona com as situações que vive, com as pessoas com quem convive e 
como está afinado,isto é, como se sente nas situações que experiencia, para que este 
busque seu modo mais próprio de ser.
A fenomenologia-existencial é um método de compreensão do existir humano. No caso da 
Daseinsanalyse precisamos entender método em sua acepção original, etimologicamente 
falando. Método é um termo que vem do antigo grego META ÒDÓS. META quer dizer “após” e 
ÒDÓS significa “caminho”. Assim, a palavra método quer dizer “continuar um caminho que 
nos conduz a ver o nosso existir simplesmente como ele se mostra.” (p. 56). 
Além disso, não podemos chamar a Daseinsanalyse de teoria, se entendermos teoria em sua 
noção tradicional de um conjunto sistematizado de ideias já pré-estabelecidas e 
baseadas em explicações causais e deterministas. No entanto, ela é uma teoria, se 
compreendermos esse termo como “plenitude de desvelamento”, tal como era seu 
significado original no grego antigo. 
Dessa forma, a Daseinsanalyse não é uma teoria de sistema psicológico, mas um método 
para a compreensão do existir humano, que possibilita ver os fenômenos como eles se 
mostram e desvelar o sentido daquilo que encontramos. 
Partindo da exposição acima, como podemos compreender o aconselhamento psicológico na 
fenomenologia-existencial? Qual é a atitude do terapeuta nessa abordagem ou método? 
Em primeiro lugar é necessário atentarmos para o fato de que um atendimento psicológico 
só é possível porque o homem é originariamente um ser-com, isto é, faz parte de ser 
humano a co-existência com outros, e é só nessa co-existência que existe a 
possibilidade da autenticidade, como um modo de ser mais próprio. Isto significa que a 
autenticidade permite a saída da objetificação, da massificação do homem. 
Se tomarmos a palavra aconselhar etimologicamente, veremos que tanto no Latim quanto no 
grego essa palavra traz o sentido de “junto”. Isto é fundamental para compreendermos 
que aconselhamento é algo que se faz junto com o outro. Dito isto, fica mais clara a 
concepção que a Daseinsanalyse tem de aconselhamento: “considerar algo, clarear e 
resolver algo junto com o outro” (p. 58). 
Dessa forma, nos encontros de aconselhamento na abordagem fenomenológico-existencial, o 
terapeuta busca clarear junto com o cliente a totalidade dos significados e compreender 
como o outro se relaciona com as situações que vive, com as pessoas com quem convive e 
como está afinado, isto é, como se sente nas situações que experiencia, para que este 
busque seu modo mais próprio de ser.
Referência:
MORATO, Henriette T. Penha; BARRETO, Carmem Lúcia B. Tavares; NUNES, André Prado. Fundamentos de Psicologia – Aconselhamento Psicológicos numa Perspectiva Fenomenológica Existencial. – Junho, 2009.
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 Luan Evangelista Neto Silvia Antakly Adib
 RA: B98700-6 			 Orientadora/Supervisora

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