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RESUMO IED
JUSNATURALISMO
Jusnaturalismo é o Direito Natural, ou seja, todos os princípios, normas e direitos que se têm como ideia universal e imutável de justiça e independente da vontade humana.
De acordo com a Teoria do Jusnaturalismo, o direito é algo natural e anterior ao ser humano, devendo seguir sempre aquilo que condiz aos valores da humanidade (direito à vida, à liberdade, à dignidade, etc) e ao ideial de justiça.
Desta forma, as leis que compõem o jusnaturalismo são tidas como imutáveis, universais, atemporais e invioláveis, pois estão presentes na natureza do ser humano. Em suma, o Direito Natural está baseado no bom senso, sendo este pautado nos princípios da moral, ética, equidade entre todos os indivíduos e liberdade.
EXEGESE
Foi uma das primeiras correntes de pensamento juspositivista, florescendo na França de inícios do século XIX, a partir do advento do Código Napoleônico.
Preconizava a multiplicação das codificações, de modo a eliminar as lacunas da lei; a utilização da analogia, para descobrir a norma oculta (dada pela vontade do legislador, mas não aparente no texto legal); e a interpretação mecânica e baseada no silogismo, fundada na evidência do sentido literal do texto, utilizando outros métodos interpretativos apenas com a função de de tornar clara a vontade do legislador, legitimação única da autoridade da lei na medida em que é, esta vontade, legitimada pela vontade geral do povo. 
São postulados da exegese:
1 – Dogmatismo Legal: Pensamento dominante de supervalorização do código;
2 – Subordinação a vontade do legislador: Principal objetivo da exegese era revelar a vontade do legislador, o interprete tinha o dever de aplicador da lei de acordo com a intenção do legislador
3 – Estado como único autor do direito: Direito estava na lei e no código, e como o estado tinha o monopólio do direito, ele seria o único autor do direito.
Criticas a Exegese
Pelas características do seu pensamento, que priorizavam uma mera aplicação da lei, a Escola não conseguiu desenvolver uma metodologia hermenêutica propriamente dita. O mais próximo que chegou disso foi uma mera descrição do processo lógico de aplicação, apresentado como um modo racional de subsumir os fatos às normas: partindo dos pressupostos de que o juiz recebe o direito pronto do legislador (o direito se confunde com a lei) e de que o jurista conhece os fatos, nada mais resta além da operação quase-mecânica de verificar a adequação entre fato e norma. Assim, a Escola não pode criar um método hermenêutico destinado a controlar a aplicação do direito, já que conferia a qualidade de evidente ao sentido literal do texto, confiando na observação neutra do intérprete. 
De outro modo, essa concepção prendia os juristas aos sentidos já estabelecidos e considerados corretos para o texto, já que esses sentidos não deveriam mudar com o tempo. Isto acabava por negar a historicidade do direito e impedir a adaptação das velhas formas aos novos fatos. Tal apego à literalidade dos textos legais foi possível apenas enquanto as decisões tomadas pelo Estado foram percebidas como legítimas, porque não havia choque entre a legitimidade das decisões e a autoridade da lei. Entretanto, as mudanças sociais profundas do final do século XIX, muito em virtude da Revolução Industrial, acabaram por minar a sustentação ao saber da Escola, já que as decisões não correspondiam mais ao sentimento social de justiça. 
Outra crítica à Escola é dirigida ao seu imperativismo, isto é, ao fato de considerar o direito como uma ordem produto da vontade de certos homens (no caso, o legislador). O equívoco dessa visão está em não perceber que o Direito é formado social e historicamente, ou seja, que o direito positivo só é possível porque conformado às aspirações sociais, às forças que definem o desenrolar da história, em uma dada época. Na França, o processo de codificação gerou a ilusão de um direito fruto da vontade do legislador, sendo desnecessário o recurso à história para compreendê-lo. Assim, a Escola não consegue compreender as ligações entre o direito positivado e a sociedade, ou, ainda, entre o direito e a história.
ESCOLA DA LIVRE INVESTIGAÇÃO
Iniciada por François Gény, contra o exagerado normativismo e literalismo da Escola da Exegese, defendendo a função social do Direito. A evolução social da nação francesa manifestava a necessidade da atualização de suas instituições jurídicas. Novas situações trazidas aos juízes já não encontravam solução na lei em vigor. Juízes de cidades distantes da capital passaram a proferir decisões fora da interpretação restrita do Código, desafiando o padrão. 
Gény tentou conciliar certas posições clássicas da Escola da Exegese com as necessidades do mundo contemporâneo, advogando que o interprete deve manter-se fiel à intenção primeira da lei (estratégia exegética), pois esta seria a única intenção possível da lei, aquela que ditou seu aparecimento. Ora, diz François Geny, a experiência demonstra que a lei escrita é incapaz de solucionar todos os problemas suscitados pelas relações sociais e até mesmo os casos que caem sob sua égide, isto porque a sua solução não depende somente da letra da lei mas também de ponderação dos falos sociais concretos, por ser necessário investigar as realidades sociais concretas, para que a aplicação da lei produza os resultados perseguidos pelo legislador.
Segundo Gény, a Lei é sempre a fonte primordial e ponto de partida do Direito (concordava neste ponto com a Escola da Exegese). Porém, nenhuma lei será suficiente para alcançar todo o campo das relações sociais juridicamente significativas, o que deve ser feito pelo juiz. Nas situações em que a lei for omissa, obscura, insuficiente, deve o intérprete recorrer ás fontes suplementares do Direito.
FONTES SUPLEMENTARES: 
COSTUME - fonte antiga e primária de todos os direitos, adotada em todas as sociedades; 
AUTORIDADE - opiniões abalizadas de pessoas e entidades de reconhecida competência; 
TRADIÇÃO - ensinamentos e experiências exitosas dos mestres juristas de outrora; 
LIVRE INVESTIGAÇÃO - busca pelas fontes do direito vivo. Livre investigação significa que o juiz não fica vinculado ao texto da lei, devendo tentar compreender a vontade do legislador.
Observa-se que Gény não inclui a jurisprudência dentre as fontes suplementares, porque naquela época ainda as decisões judiciais ainda não tinham ampla divulgação.
ESCOLA DO DIREITO LIVRE
Hermann Kantorowicz, sob o pseudônimo de Gnaeus Flavius, foi o arauto da escola do direito livre. O direito livre não é o direito estatal, contido nas leis, mas aquele que está constituído pelas convicções predominantes que regulam o comportamento, em um certo lugar e tempo, sobre aquilo que é justo. Para ele é inaceitável a construção do direito por meio de conceitos abstratos, porque não se funda em realidades concretas, sendo incompatível com a simples necessidade da existência. Logo, condena a elaboração do direito positivo por meio de uma jurisprudência de conceitos. O juiz deve ouvir o sentimento da comunidade, não podendo decidir, exclusivamente, no direito estatal ou com base em lei.
A interpretação jurídica, segundo ele, deve seguir quatro diretrizes: 
a) se o texto da lei é unívoco e sua aplicação não fere os sentimentos da comunidade, deve-se aplicá-lo; 
b) se o texto legal não oferece solução pacífica, ou se conduz a uma decisão injusta, o magistrado deverá ditar a sentença, que, segundo sua convicção, o legislador ditaria se tivesse pensado no caso; 
c) se o magistrado não puder formar convicção sobre como o legislador resolveria o caso concreto, então deve inspirar-se no direito livre, ou seja, no sentimento da coletividade; e 
d) se ainda não encontrar inspiração nesse sentimento, deverá, então, resolver discricionariamente.
Na ciência jurídica domina a vontade, por isso deve seguir sempre a direção indicada pelo direito livre, de modo que o jurista manifesta, no entender de Kantorowicz, um ato volitivo, ao eleger em cada caso que pretende interpretaro princípio que serve para justificar sua escolha. Se a ciência do direito reconhece o direito livre, a jurisprudência não poderá fundar-se, exclusivamente, no direito estatal, não poderá ser mera intérprete da lei. Com isso critica a concepção axiomático-dedutiva do direito.
ESCOLA HISTÓRICA DO DIREITO (HISTORICISMO)
A escola histórica do direito é representada, principalmente, pelos jusfilósofos alemães Gustav Hugo, Friedrich Carl von Savigny e Georg Friedrích Puchta.
Gustav Hugo, em seus estudos, rejeitou a moderna teoria jusnaturalista como sistema de princípios morais e racionais. Para ele, o direito natural nada mais seria do que o direito positivo universal ou o jus gentium do direito romano, direito comum a todos os povos, constituído pela razão natural, do qual o direito natural é um desenvolvimento histórico e particularizado.
A idéia fundamental da doutrina histórico-jurídica de Savigny era a oposição à codificação do direito, por considerá-lo como manifestação característica da livre consciência do povo ou do espírito popular, sob a forma do costume, e não como um produto racional do legislador, visto que surge na história como decorrência dos usos e costumes e da tradição. O legislador não cria o direito, apenas traduz em normas escritas o direito vivo, latente no espírito popular, que se forma através da história desse povo, como resultado de suas aspirações e necessidades.
O direito, longe de ser criação arbitrária da vontade estatal, era produto da consciência popular (Volksgeist), em determinadas condições de tempo e lugar, da qual o costume é a manifestação autêntica, livre e direta.
Como a língua principia espontaneamente no modo de falar de um povo, o direito também começa como conduta consuetudinária popular, conforme a convicção espontânea do que é necessário e justo. Como as regras gramaticais só podem ser genuínas e obrigatórias, se baseadas na língua viva popular, as normas jurídicas apenas serão válidas e eficazes se fiéis ao espírito do direito consuetudinário, adaptando-se às novas circunstâncias político-sociais, sob pena de caírem em desuso. 
O direito resultava de longa evolução histórica da consciência coletiva e não se improvisava a golpes de legislação saída dos cérebros. Com isso não pretende excluir a intervenção legislativa da seara ju rídica, apenas lhe dá duas funções secundárias: 
a) modificar o direito existente por exigência de fins políticos e sociais; e 
b) esclarecer os pontos obscuros ou demarcar os limites da validade do costume.
Crítica à escola histórica
Para essa escola, o conhecimento científico do direito só podia basear-se na experiência jurídica histórica, mediante o uso de um método que se caracterizava pelo empirismo, pela causalidade e determinismo e pelo irracionalismo e relativismo. Peca pela substancialização e personificação do coletivo na figura imaginária do Volksgeist, pela contradição entre um programa historicista traçado para a jurisprudência e pela realização racionalista que resultou na dogmática e na jurisprudência dos conceitos. A ciência jurídica da escola histórica, observa Tércio Sampaio Ferraz Jr., acabou por reduzir-se a um conjunto de proposições, logicamente ordenado e concatenado, abrindo as portas para o pandectismo, que correspondeu, na França, _à escola da exegese, e, na Inglaterra, à escola analítica.
POSITIVISMO
O positivismo, ao arredar o direito natural, procura reconhecer tão-somente o direito positivo, no sentido de direito vigente e eficaz em determinada sociedade, limitando assim o conhecimento científico-jurídico ao estudo das legislações positivas, consideradas como fenômenos espácio-temporais. O positivismo revela-se ametafisico. A escola adotou o método experimental e se compõe de três fases:
1 – Observação
2 – Formulação de hipótese
3 - Experimentação
Augusto Comte é o fundador do positivismo jurídico.
Positivismo é uma corrente que buscou se distanciar do jusnaturalismo, para reconhecer como ciência jurídica tão somente o direito positivo vigente na sociedade. 
O termo positivismo designa tanto o positivismo sociológico quanto o sociologismo jurídico, com o positivismo jurídico estrito.
a) positivismo sociológico: Adveio da teoria de Augusto Comte, que pretendeu realizar por meio da ciência uma ciência positiva dos fatos sociais. A sociologia era a única ciência social, a ciência geral da sociedade, como vimos alhures, por isso a ciência jurídica seria um setor da sociologia. A ciência do direito dominada pelo sociologismo passou a concebê-lo como a única via de positivação para o saber jurídico. Procurou eliminar da metodologia a busca apriorística de princípios estabelecidos por via dedutiva; negando a metafísica, supervaloriza o empirismo, dando preferência às ciências experimentais, ao confiar, exclusivamente, no conhecimento de fatos, afastando qualquer ato cognitivo que não tenha partido da observação: Para Augusto Comte seria impossível atingir as causas imanentes e criadoras dos fenômenos, aceitando os fatos e suas relações recíprocas como o único objeto possível do conhecimento científico
b) positivismo jurídico estrito: Prega a amoralização do direito, excluindo da ciência jurídica qualquer base moral ou direito natural. Defensores: Rudolf Von, George Jellinek e Hans Kelsen.
O positivismo jurídico prega que só existe uma ordem jurídica: a comandada pelo estado e que se apresenta soberana. O positivismo jurídico só admite como valido o método indutivo, e tem por base os fatos da experiencia
Criticas ao Positivismo
1 – É uma teoria em franca decadência,que entrou em declínio quando ficou conhecido por seus fundamentos baseados na analise da lei, do direito positivo.
2 – Identificando o direito com a lei, o positivismo é uma porta aberta aos regimes totalitários: nazismo, facismo, etc.
3 – Não satisfaz as exigências sociais de justiça: o direito se mostra formado não apenas por normas como pretendia essa corrente.
NORMATIVISMO DE HANS KELSEN
O Normativismo Lógico é o legado de Hans Kelsen para a Teoria Geral do Direito e a Filosofia Jurídica, trazendo imensa contribuição para o conhecimento jurídico-científico do século XX. Participante do Círculo de Viena e influenciado pelo pensamento de Kant, Kelsen posiciona-se no contexto filosófico de modo crítico e extremamente lógico. A Escola Positivista, caracterizada pelo Matematicismo, assim como a crítica do conhecimento jurídico kantiana, marcada pela formação e pela busca de uma ciência do Direito autônoma e depurada, são o ponto de partida de Kelsen para o desenvolvimento de sua teoria acerca do Direito.
A teoria kelseniana é uma conseqüência da decadência do mundo capitalista-liberal marcado pela 1a guerra mundial, nascendo como uma crítica das concepções dominantes na época sobre os problemas do direito público e da teoria do Estado, reagindo à anarquia conceituai que a má consciência científica do jurista tinha reduzido a meditação científica do direito, ao identificá-la à ciência natural. Objetivando uma pureza metódica, Kelsen submeteu a ciência jurídica a uma dupla depuração, que retirou de seu âmbito qualquer análise de aspectos fáticos ligados ao direito e de aspectos valorativos, constituindo como seu objeto específico a norma jurídica. A ciência do direito deve expor ordenadamente as normas, mediante o emprego do método normológico, que, pela imputação, liga um fato condicionante a um fato condicionado. Por meio da imputação o jurista vai estabelecendo as relações entre as normas, mediante um procedimento finito, que torna possível referir os comandos a um só centro unificador: a norma hipotética fundamental. 
Examinando o direito sob o prisma estático, a ciência jurídica constrói: 
a) o sistema normativo estático, mediante o método normológico hipotético dedutivo, porque as normas desse sistema retiram seu fundamento e conteúdo de validade da norma básica; e 
b) o sistema normativo dinâmico, mediante o método normológico lógico-transcendental, porque não poderia empregar a dedução, vistoque o conteúdo dessas normas não pode ser deduzido da norma fundamental, que apenas lhes dá o fundamento de validade, limitando-se a conferir a uma autoridade o poder de estabelecer preceitos. 
O objeto da ciência do direito, para Kelsen, consiste na norma jurídica, na conduta humana, enquanto conteúdo de norma, e no fato e situação que não constitui a conduta humana, mas desde que seja condição ou efeito dela. A teoria estática estuda o direito como um sistema de normas, e a dinâmica o considera tendo em vista os atos de produção e aplicação, isto é, o processo jurídico em que é criado e aplicado. A norma jurídica é criada por um ato de vontade, apoiado por uma disposição legal. A validade da norma expressa ó problema da relação entre normas inferiores e superiores, sendo que o mínimo de eficácia é a condição daquela validade. A norma jurídica é imperativa, sendo fonte de direito. A ciência jurídica descreve normas mediante proposição jurídica que, sendo oriunda do intelecto, ou seja, de ato de conhecimento do jurista, não é fonte jurídica, mas descrição de uma fonte: a norma. 
A proposição jurídica é um juízo hipotético condicional e pode ser verdadeira ou falsa. A ciência do direito é normativa porque tem a função de conhecer e descrever normas. É a ciência jurídica que ergue o sistema normativo, descrevendo, através da imputação, as relações entre os comandos. A estrutura lógica da ordem jurídica é piramidal, pois a ciência jurídica estabelece uma hierarquia, uma relação de subordinação, de modo que a norma do escalão inferior se harmonize com a que lhe foi imediatamente superior, que lhe dá validade. A norma fundamental fornece o fundamento de validade, constituindo a unidade ná pluralidade de normas. Se se estudar o direito sob o prisma dinâmico, a ciência do direito só considerará esse sistema de atos criadores e aplicadores de norma, enquanto conteúdo de normas jurídicas.
Kelsen faz uma opção positivista ao desenvolver sua epistemologia. Parte do pressuposto de que só é possível conhecer as coisas que se dão à nossa sensibilidade. O conhecimento só é possível através da dialética entre sensibilidade e razão, entre fenômeno e noumenon, e conhecimento é conhecimento científico. Irá, assim, identificar a teoria do conhecimento jurídico ao conhecimento científico do Direito, da mesma maneira que a Teoria Pura do Direito à Ciência do Direito. 
Eis, pois, a importância de Kelsen para a Filosofia do Direito: a afirmação do Direito como ciência.
O problema epistemológico de Kelsen é, portanto, como é possível uma ciência rigorosa do direito. Põe, então, a questão do método. Neste sentido, irá lançar mão de uma dicotomia, dividindo a realidade a fim de que possa ser analisada, estabelecendo um paralelo entre natureza e sociedade, e, por conseguinte, a distinção das ciências em explicativas e normativas. Diz Kelsen, as ciências explicativas são as que tratam do ser, que têm por objeto a realidade como ela é. As suas leis são as leis naturais e suas relações respectivas são de causalidade (A será B), necessárias, compondo elos infinitos. Enfim, a sua finalidade é teórica, voltada para o intelecto, consistindo na contemplação da essência do objeto. Por outro lado, as ciências normativas tratam do dever ser, tendo por objeto a realidade como deve acontecer. As suas leis (proposições jurídicas ) são normas de conduta, sendo as suas relações, pois, de imputação (se A deve ser B), obrigatórias, compondo elos finitos. A sua finalidade é prática, voltada para a análise da ação humana dotada de vontade. Do exposto, advém que o direito é uma ciência normativa.
Teoria Pura do Direito
A Teoria Pura do Direito, desenvolvida por Hans Kelsen, a fim de conferir cientificidade ao ramo do direito, busca isolar as normas jurídicas dentro de um sistema onde uma ganha validade na relação que estabelece com as demais normas do sistema, de acordo com critério de hierarquia e subordinação.
Assim, afasta do direito qualquer compreensão sociológica, metafísica ou política, abstraindo de tais elementos e torna sua teoria pura porque concentrada na fonte primordial por meio da qual o sistema se formaliza: a norma jurídica.
Conforme anotado linhas acima, Kelsen desenvolve um sistema escalonado de normas (pirâmide) em que a noção de validade concebe-se na correta inserção da norma no ordenamento jurídico, tornando-se assim vigente e eficaz. Toda norma deve obediência à Constituição Federal – norma maior dentro do sistema positivo de determinado Estado – e, a partir dela, depreendem-se as normas infraconstitucionais, distribuídas em um sistema piramidal.
Todo esse sistema funda-se na existência de um norma hipotética fundamental, assim definida por Bittar e Almeida: “Assim, essa norma possui natureza puramente pensada, como forma de estancar o regresso ad infinitum do movimento cadenciado de busca do principium de validade de toda a estrutura piramidal do ordenamento jurídica; trata-se de uma ficção do pensamento, na busca de determinar logicamente um começo e um fim”.
CULTURALISMO
O culturalismo jurídico concebe o direito como um objeto cultural, ou seja, criado pelo homem e dotado de um sentido de conteúdo valorativo. A ciência jurídica é uma ciência cultural, que estuda o direito através da compreensão, enfatizando os valores jurídicos. Quatro são as direções principais das teorias culturalistas do direito: a teoria de Emil Lask, a «oncepção raciovitalista do direito, a concepção tridimensional de Miguel Reale e o egologismo existen- _cial de Carlos Cossio.
O culturalismo é um ramo da antropologia que tenta uma descrição da sociedade sob a perspectiva combinada da antropologia e da psicanálise. Nasceu nos Estados Unidos sob o impulso principal de Ruth Benedict e Ralph Linton. O culturalismo constitui uma dos ramos da sociologia que dominou a sociologia dos Estados Unidos de 1930 até 1950. Emprestando o conceito de cultura dos antropólogos, ele procura dar conta da integração social.
Com base na observação das sociedades arcaicas, os culturalistas destacam a influência preponderante da cultura na personalidade dos indivíduos.
Tridimensionalismo de Miguel Reale
Miguel Reale, ante a triplicidade dos aspectos do fenômeno jurídico (fato, valor e norma) afirma que a ciência jurídica deve estudar as normas sem abstrair os fatos e os valores presentes e condicionantes no seu surgimento e os supervenientes ao seu advento. Com sua teoria integrativa rejeita todas as concepções setorizadas do direito. A essa doutrina que requer a integração dos três elementos constitutivos do direito numa unidade funcional e de processo.
A teoria tridimensional do direito é um arcabouço teórico esboçado pelo jurista e filósofo brasileiro Miguel Reale no trabalho de tese "Fundamentos do Direito" (1940) e elaborado em caráter definitivo em seu livro homônimo de 1968. Em termos gerais, ela prega a interpretação do direito sob três ópticas simultâneas e complementares - a normativa, a fática e a axiológica -, unificando três correntes filosófico-jurídicas até então independentes (a normativista, a sociologista e a moralista, nessa ordem) e se tornando, se não a principal, uma das mais importantes teorias gerais do direito no Brasil e na América Latina.
O trabalho de Reale surgiu, em grande parte, como uma reação às interpretações exclusivistas do direito pelas três principais escolas de pensamento na área, que são:
a normativista, com enfoque no caráter normativo do direito;
a sociologista, com enfoque nos fatos e contextos;
e a moralista, com enfoque nos valores (axiologia) do direito.
Embora essas três correntes não fossem totalmente isoladas, tendo até havido esforços de se as interpretar em conjunto antes de Reale (a exemplo do jurista alemão Gustav Radbruch no início do séc. XX), a visão dominante era de que o direito podia ser analisado com somente um desses três elementos, nascendo aí uma "competição" entre escolas para decidir qual interpretação era a mais eficiente.
Para os normativistas, as leis deveriam ser compreendidaspelo seu valor intrínseco, o que se entende por normativismo. Segundo esta corrente, fatores culturais ou julgamentos de valor têm pouco peso na interpretação do direito, sendo que as leis são uma causa e um fim em si mesmo. Já a escola do sociologismo, acreditando que as leis são um produto de seu tempo e espaço, muda o foco para os fatos do direito, interpretando a legislação segundo sua necessidade (a sociedade precisa de tais leis?) e resultados (tais leis são eficazes? Se sim, como?). Por fim, os moralistas se concentram na ancestral dúvida de se uma lei é ou não justa. Para eles, o valor (axioma) do código legal é mais importante, devendo a lei estar em harmonia com o que aqueles a ela subordinados julgam ser justo ou correto.
Segundo Reale, todas as interpretações são corretas, sendo o erro de cada escola excluir ou diminuir a importância das demais. Para o brasileiro, o fenômeno jurídico acontece simultaneamente nos âmbitos da norma, do fato e do valor, sendo incorreto interpretá-lo com a exclusão de qualquer outro.
Tome-se como exemplo a recente Lei 13.290/2016, vulgo "Lei do Farol Baixo". Como se poderia defendê-la mediante a teoria tridimensional de Reale? Segundo a norma, a lei cumpriu com todos os procedimentos requeridos para sua promulgação e foi aprovada por todas as autoridades competentes em todas as suas etapas de análise.
Segundo os fatos, argumenta-se que ela é necessária e eficiente para o aumento da segurança do transporte rodoviário, uma questão que muito concerne a sociedade brasileira. Segundo a valor, a medida é justa por considerar o bem-estar dos motoristas e a proteção do coletivo, fins cuja moralidade é auto-evidente.
Claro, argumentos contrários também podem ser feitos, mas o fundamental é notar que, para a teoria tridimensional do direito, estes devem considerar cada base do tripé norma-fato-valor, não apenas uma ou duas, e ver como elas interagem entre si. Por essa consideração complementar, e não excludente, dos três elementos, a abordagem de Reale é formalmente conhecida como "dialética da complementariedade", gerando maior flexibilidade interpretativa no estudo das leis.

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