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AULA: 15 e 16 SOCIEDADE ANÔNIMA PROFª MARIA ELCI MOREIRA GALVÃO DIREITO EMPRESARIAL II Evolução Histórica e Mercado de Ações Aulas: 15 e 16 elcigalvao@hotmail.com Evolução Histórica Existe divergência quanto ao surgimento da sociedade Anônima. Alguns estudiosos afirmam que teve origem em Gênova, em 1407, com o surgimento da Casa de São Jorge, posteriormente denominada Banco de São Jorge, a qual foi transformada em uma grande instituição financeira, que operou até os primórdios do século XIX. Era praxe à época os particulares emprestarem recursos ao Estado e tais credores era-lhes concedido o direito de cobrar impostos. Evolução Histórica Já outros doutrinadores entendem que os precursores das S/As foram as companhias de colonização. Na era colonial existia, sete diferentes Companhia das Índias Orientais, sendo a primeira e mais importante a organizada pelo estado Holandês, em 1.602. A Companhia das Índias Ocidentais, eram quatro (francesa, sueca, dinamarquesa e a holandesa). A Companhia das Índias Ocidentais Holandesa, constituída em 1621, tinha como finalidade a conquista do território brasileiro, foi responsável pelas invasões de Salvador, em 1624 e de Recife e Olinda em 1630. Evolução Histórica O sistema de outorga, predominou até a primeira metade do século XIX. No direito continental europeu, o sistema de outorga foi substituído por um mais simples, porém ainda condicionado a manifestação do poder estatal. O Código Comercial francês, em 1807, foi a primeira lei que deu status de instituição jurídica às sociedades anônima e passou a depender de prévia autorização do governo. Evolução Histórica Na segunda metade do Séc. XIX, surge no direito inglês, o sistema de liberdade de constituição das S/A, sendo difundido no continente, graças principalmente ao acordo de livre comercio celebrado entre França e Inglaterra, em 1862. Esse sistema adota, como característica principal a liberdade de constituição, dependendo apenas do registro no órgão competente para adquirir personalidade jurídica. Evolução Histórica A doutrina divide a trajetória histórica das sociedades anônimas em três períodos: 1º período - outorga – a personalização e a limitação de responsabilidade dos acionistas eram privilégios concedidos pelos monarca e, em geral, ligavam-se a monopólio colonialistas 2º período - elas decorriam de autorização governamental 3º - período - bastava o registro, no órgão próprio, e a observância do regime legal específico. Evolução Histórica - Brasil No Brasil, as sociedade anônimas, no período colonial e no início do Império, se constituíam por ato de outorga do poder real ou imperial. O Banco do Brasil, em 1808, foi constituído mediante alvará do regente D. João VI. Em 1849 surge a edição do dec. 575, introduzindo o sistema de autorização, adotado também no Código Comercial de 1850. Em 1882, a autorização governamental foi abolida, e o passou a ser adotado o sistema de regulamentação. Evolução Histórica - Brasil • Lei nº6.404/76(LSA), regulou as Sociedades por Ações: sociedades anônimas e comanditas por ações. Objetivos: proteção aos acionistas minoritários e fortalecimento do mercado de capitais. • Alterações da LSA(Leinº9.457/97), diminuição dos direitos dos acionistas minoritários, com o objetivo de facilitar o processo de privatização de S/A que estavam em poder do Estado. • Alterações da LSA (Leinº10.303/2001)– restauração dos direitos dos acionistas minoritários, para o mercado de capitais ficar mais atraente aos investidores. SOCIEDADE ANÔNIMA – LEGISLAÇÃO - Art. 982, 1.088 e 1089, do CC/2002. Evolução Histórica - Brasil Atualmente, com a edição da lei nº 6.385/1976, criou-se uma agência estatal especializada, denominada de Comissão de Valores Mobiliários – CVM, a qual aceita o sistema dualista, ou seja: • quando a S/A, tiver seus investidores por meio de subscrição pública, passa a depender de autorização do governo. • Quando o fundador não a quer solicitar, tem a alternativa de constituir a mesma sociedade anônima, por meio de subscrição particular. Portanto, tem-se o sistema de regulamentação para as companhias fechadas e o de autorização para as abertas. SOCIEDADE ANÔNIMA CONCEITO É um modelo de companhia com fins lucrativos, caracterizada por ter o seu capital financeiro dividido por ações. Os donos das ações são chamados de acionistas. A lei 6.404/76 no seu art.1º define a sociedade anônima: "A companhia ou sociedade anônima terá o capital divido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas". SOCIEDADE ANÔNIMA - CARACTERÍSTICAS SOCIEDADE ANÔNIMA - CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE ANÔNIMA NOME EMPRESARIAL – lei n° 6.404/76, art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. § 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação. § 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE ANÔNIMA Sempre Mercantil - Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. § 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS • SOCIEDADE ANÔNIMA ART. 1º LEI 6404/76 CAPITAL SOCIAL R$ 200,00 SÓCIO A R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 100,00 REALIZAÇÃO SUBSCRIÇÃO SÓCIO B A PAGAR R$ 50,00 CAP. SOCIAL = R$ 150,00 NÃO INTEGRALIZADO - R$ 50,00 ZERO Sócio A Responsável LIMITADA ao preço de emissão das ações subscritas COMPANHIA ABERTA E FECHADA CLASSIFICAÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA A sociedade anônima, divide-se em: aberta e fechada. Conforme dispositivo da lei n° 6.404/76 Art. . 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. § 1o Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. § 2o Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários. CLASSIFICAÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA As sociedades Fechadas – são aquelas que não emitirem valores mobiliários negociáveis no mercado. Art. 36. O estatuto da companhia fechada pode impor limitaçõesà circulação das ações nominativas, contanto que regule minuciosamente tais limitações e não impeça a negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de administração da companhia ou da maioria dos acionistas. Parágrafo único. A limitação à circulação criada por alteração estatutária somente se aplicará às ações cujos titulares com ela expressamente concordarem, mediante pedido de averbação no livro de "Registro de Ações Nominativas". CLASSIFICAÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA As sociedades anônimas, abertas – aquelas cujos valores mobiliários são admitidos à negociação nas bolsas de valores ou mercado de balcão. São controladas pelo governo, com vista a conferir ao mercado acionário uma certa segurança e liquidez, com intuito de fortalecer o mercado acionário e motivar as pessoas a ingressar nela como investidores. Liquidez é o atributo do investimento relacionado à facilidade de redisponibilização do dinheiro correspondente. OBS. O investimento em ações e demais valores mobiliários é sempre uma opção de risco. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS A CVM é um órgão de deliberação colegiado composto por cinco membros, sendo um presidente e quatro diretores. São nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovado pelo Senado Federal. O mandato é de 5 anos, vedada a recondução, só podem ser exonerado do cargo a pedido (renúncia), por decisão judicial transitada em julgado ou por processo disciplinar instaurado pelo Ministério da Fazenda. A competência da CVM projeta-se em três âmbitos: • regulamentar, • autorizante e • fiscalizador. (Fábio Ulhôa Coelho) Mercado de capital da Sociedade Anônima A lei ° 6.385/76 – LCVM, regulamenta a emissão pública de valores mobiliários. Especialmente no art. 19, o qual dispõe: Art. 19. Nenhuma emissão pública de valores mobiliários será distribuída no mercado sem prévio registro na Comissão. ....... 3º Caracterizam a emissão pública: I — a utilização de listas ou boletins de venda ou subscrição, folhetos, prospectos ou anúncios destinados ao público; II — a procura de subscritores ou adquirentes para os títulos por meio de empregados, agentes ou corretores; III — a negociação feita em loja, escritório ou estabelecimento aberto ao público, com a utilização dos serviços públicos de comunicação”. Mercado de Balcão O mercado de balcão é um mercado de títulos sem local físico definido para a realização das transações, que são feitas por telefone entre as instituições financeiras, são realizadas fora da bolsa de valores Existe também o mercado de balcão organizado, que consiste num sistema de negociação de títulos e valores mobiliários organizado em meio eletrônico de negociação por terminais, que interliga as instituições credenciadas em todo o Brasil, processando suas ordens de compra e venda e fechando os negócios eletronicamente. Opera com mercado primários – subscrição de valores mobiliários e secundários – com emissão de novas ações BOLSA DE VALORES MOBILIÁRIOS As bolsas de valores são pessoas jurídicas de direito privado, podendo ser uma associação civil, com ou sem finalidade lucrativa ou sociedade anônima, que mediante autorização da CVM, prestam serviços públicos. Opera somente no mercado secundário – venda e aquisição de valores mobiliários. Tem como objeto, principalmente, manter local ou sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos ou valores mobiliários. A função primordial da bolsa de valores é ampliar o volume de negociações com os valores mobiliários de companhias abertas de modo a conferir liquidez ao investimento correspondente CAPITAL SOCIAL DA SOCIEDADE ANÔNIMA Para que uma companhia possa iniciar as suas atividades é necessário que a mesma seja provida de recursos materiais e pessoais, como máquinas, equipamentos, trabalho e outros meios afim de que possa desenvolver as suas atividades definidas no objeto social. Portanto, cabe aos acionistas prover estes recursos, transferindo do seu patrimônio pessoal para a pessoa jurídica, podendo ser: dinheiro, bem ou crédito e, estes recebem em troca ações emitidas pela sociedade, em valor correspondente. Estes aportes são registrados, na contabilidade da sociedade como capital social; CAPITAL SOCIAL DA SOCIEDADE ANÔNIMA Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional. Parágrafo único. A expressão monetária do valor do capital social realizado será corrigida anualmente (artigo 167). Art. 6º O capital social somente poderá ser modificado com observância dos preceitos desta Lei e do estatuto social (artigos 166 a 174). Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. FORMAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL O capital social tanto poderá ser constituído com contribuições em dinheiro como mediante a transferência de bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, suscetíveis de mensuração pecuniária. Quando o capital social for formado por bens, estes serão avaliados por peritos ou por empresa especializada, nomeados em Assembleia-Geral dos subscritores. A escolha dos peritos ou de empresa especializada deve ser feita sob a égide da aptidão técnica e da idoneidade moral. O laudo de avaliação deverá ser fundamentado. FORMAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL A lei das S/As, determina no seu art. 8º que: A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembleia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à assembleia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas. CAPITAL SOCIAL DA SOCIEDADE ANÔNIMA O capital social deve ser fixado em moeda nacional. Sua alteração, para mais ou para menos, somente pode dar-se em situações especiais previstas em lei ou no estatuto de sua constituição, e, por constituir-se em garantia dos credores (princípio da intangibilidade do capital social), mediante ampla publicidade. A transferência de bens à sociedade pode dar-se através de qualquer forma (o usufruto, cessão de créditos, endosso etc.), sendo obrigatória a sua avaliação por três peritos, ou por empresa especializada, convocando-se assembleia especialmente para esse fim. (Mônica Gusmão). Modificação do Capital Social O capital social não pode ser confundido com o patrimônio da companhia. O capital social é estabelecido no estatuto, dividido em ações, permanece inalterado, ele é fixo. O patrimônio social - conjunto de direitos e obrigações da companhia, de índole variável, este aumenta ou diminui conforme os resultados obtidos no curso de suas operações e atividades. O capital social só coincide com o patrimônio social quando da constituição da companhia. Se o capital social e o patrimônio líquido podem equivaler-se nos primeiros dias da sociedade, essa situação se modifica logo em seguida, passando a traduzir diversidade de valores. Modificação do CapitalSocial A modificação do capital social pode operar-se: • por reforma estatutária, via Assembleia-Geral; ou • sem reforma dos estatutos, quando estes já trouxerem autorização para aumento, mediante deliberação assemblear ou do Conselho de Administração. A regra é que o capital social pode ser aumentado. A exceção é a redução, seja ela compulsória ou discricionária dependendo do êxito ou insucesso dos negócios. Aumento do Capital Social O capital social pode ser aumentado com a emissão de novas ações, para proporcionar o ingresso de mais recursos na sociedade. Porém existem casos de aumento do capital social em que a companhia não capta novos recursos. São dois: • capitalização de lucros ou reservas – a companhia apenas formaliza a mudança do regime aplicável a parte de seus recursos. É chamado pela doutrina de aumento gratuito do capital, por que não importa alteração no patrimônio líquido da sociedade • conversão de valores mobiliários em ações – As debêntures e as partes beneficiárias em ações. CAPITAL AUTORIZADO Desde que previsto no estatuto, o capital nominal poderá ser aumentado até determinado limite, sem que se precise promover reforma estatutária. De tal forma que o capital da companhia será o integralizado ou emitido, mas, já se sabe, previamente, que poderá ser aumentado até seu valor final. Capital autorizado é o dispositivo estatutário que permite, dentro de certo limite, o aumento do capital social, com a emissão de novas ações, independentemente de alteração do estatuto.(Fábio Ulhoa) É a concordância antecipada de todos os acionistas no aumento de capital. CAPITAL AUTORIZADO Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social independentemente de reforma estatutária. § 1º A autorização deverá especificar: a) o limite de aumento, em valor do capital ou em número de ações, e as espécies e classes das ações que poderão ser emitidas; b) o órgão competente para deliberar sobre as emissões, que poderá ser a assembléia-geral ou o conselho de administração; c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões; d) os casos ou as condições em que os acionistas terão direito de preferência para subscrição, ou de inexistência desse direito (art.172). § 2º O limite de autorização, quando fixado em valor do capital social, será anualmente corrigido pela assembléia-geral ordinária, com base nos mesmos índices adotados na correção do capital social. § 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite de capital autorizado, e de acordo com plano aprovado pela assembléia-geral, outorgue opção de compra de ações a seus administradores ou empregados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia ou a sociedade sob seu controle. Constituição da S/A: Para a constituição de uma sociedade por ações passa-se por três fases: • providências preliminares; (arts. 80 e 81) • constituição propriamente dita; (art. 82) • providências complementares (art. 4°) Constituição da S/A: Requisitos preliminares (arts. 80 e 81) (tanto para a aberta quanto para a fechada): Subscrição de todo o capital social, isto é, a divisão de todas as ações de que se compõe o capital social, por pelo menos duas pessoas. Exceção: subsidiária integral do art. 251. Realização ou aporte em dinheiro de, no mínimo, 10% do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro. A lei excepciona casos em que o percentual dependerá de norma especial, como, por exemplo, as instituições financeiras, que devem ter o capital social inicialmente integralizado em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento); Constituição da S/A: Requisitos preliminares (arts. 80 e 81) (tanto para a aberta quanto para a fechada): Depósito em dinheiro da parte do capital realizado pelo fundador da sociedade, em cinco dias, em qualquer banco comercial autorizado pela CVM. Esse depósito somente pode ser levantado quando a sociedade adquirir personalidade jurídica. Se a companhia não se constituir no prazo de seis meses da data do depósito o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores Constituição da S/A: • Constituição propriamente dita; (art. 82) Forma-se o capital social de uma sociedade anônima por subscrição pública ou particular. Subscrição pública é o oferecimento ao público da oportunidade de participação na sociedade, dirige-se a qualquer interessado. Subscrição particular – direciona-se para as pessoas determinadas. Existem duas formas procedimentais diferente para a constituição do capital: • a constituição continuada ou sucessiva, na subscrição pública do capital; e • a constituição simultânea, na subscrição particular. Constituição propriamente dita Subscrição pública – forma continuada ou sucessiva, porque desmembra a constituição da companhia em fases, sendo a primeira pré-constitutiva, e a última, conclusiva. A companhia aberta depende de prévio registro na CVM e somente pode ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. A etapa pré-constitutiva sugere a figura do fundador. Fundadores da companhia são as pessoas que tomam a iniciativa de sua geração e presidem os atos que a lei reputa necessários para sua constituição válida. Não precisam ser subscritores, podem não se tornar acionistas, consistindo seu trabalho em idealizar a companhia e encetar as medidas cabíveis para sua concretização, com plenos poderes para instituir a sociedade, incumbem-se de todos os atos preparatórios, por exemplo, redação do estatuto, convocação da Assembleia Constituinte etc Constituição propriamente dita Subscrição particular – forma simultânea, porque se conclui num só ato a constituição da companhia. A subscrição particular, presentes todos os subscritores, que são considerados fundadores, pode ser feita por: • assembleia-geral dos subscritores ou • escritura pública. Se feita por Assembleia, deverão ser observadas as regras estabelecidas para a constituição sucessiva, entregando-se à Assembleia o projeto do estatuto, assinado em duplicata por todos os subscritores do capital, e as listas ou boletins de subscrição de todas as ações. Constituição propriamente dita E se a opção for pela escritura pública, esta será assinada por todos os subscritores e deverá conter: • qualificação dos subscritores; • estatuto da companhia; • relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das entradas pagas; • transcrição do recibo de depósito da entrada; • transcrição do laudo de avaliação dos bens incorporados (se for o caso); • nomeação dos primeiros administradores e, quando for o caso, dos fiscais Constituição da S/A: A sociedade anônima de subscrição pública apresenta ritos diferentes da subscrição particular para ser constituída. Porém, existem algumas regras comuns, que merecem alusão: (Waldo Fazzio Júnior) • tanto na assembleia-geral como na escritura pública, o subscritor não precisa estar presente, podendo fazê-lo via procurador com poderes especiais; • é desnecessária a escritura pública para a incorporação de imóveis na formação do capital social; • os fundadores e instituições financeiras que participarem da constituição da sociedade respondem pelos prejuízos resultantes de atos ilegais; • os fundadores são solidariamente responsáveis por eventuais danos dolosos ou culposos que causarem na fase pré-constitutiva; Constituição da S/A: Regras Comuns as sociedade anônima por subscrição pública e particular: • os fundadores devem entregar aos primeiros administradores da companhia todos os documentos desta; • entre fundadorese subscritores nenhum nexo contratual se estabelece; • os primeiros administradores são responsáveis solidariamente, perante a companhia, por prejuízos causados pela demora no cumprimento das formalidades complementares à sua constituição; • enquanto não completo o processo de constituição, a companhia deverá portar na denominação a expressão em organização Formalidades complementares Os primeiros administradores tem como ato primordial arquivar e publicar os atos constitutivos da companhia, para que tenha validade, suas atividades empresariais. Os documentos necessários ao registro devem ser apresentados no prazo de trinta dias contados da lavratura dos atos constitutivos. Caso o registro seja requerido além desse prazo somente produzirá efeitos a partir da data de sua concessão, (art.98). Em regra, a companhia não responde pelos atos ou operações praticados pelos primeiros administradores antes de cumpridas as formalidades de constituição, mas a assembleia pode deliberar em sentido contrário. Os primeiros administradores são solidariamente responsáveis perante a companhia pelos prejuízos causados pela demora no cumprimento das formalidades complementares. O art. 99, parágrafo único, da LSA Formalidades complementares Caso a Junta Comercial indefira o arquivamento dos atos constitutivos, os primeiros administradores deverão convocar, imediatamente, a Assembleia-Geral, para corrigir as eventuais irregularidades ou autorizar as providências necessárias ao saneamento das falhas impeditivas do arquivamento, juntando a segunda via da ata da Assembleia ao novo pedido de registro. Arquivados e publicados os atos constitutivos, a companhia adquire personalidade jurídica e poderá funcionar regularmente. Condição de existência jurídica da sociedade anônima é o registro, porque o art. 94 da LSA é taxativo: nenhuma companhia poderá funcionar sem que sejam arquivados e publicados seus atos constitutivos AÇÕES CONCEITO. Ações são frações ideais negociáveis do capital social subscrito. Investem o seu titular na qualidade de acionista e delimitam os seus direitos e obrigações. São espécie do gênero valor mobiliário. (Mônica Gusmão). A ação é o valor mobiliário, representativo de uma parcela do capital social da companhia, que concede ao seu titular a condição de sócio/acionista. Valor Nominal Lei n° 6.404/76. Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal. § 1º Na companhia com ações sem valor nominal, o estatuto poderá criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor nominal. § 2º O valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia. § 3º O valor nominal das ações de companhia aberta não poderá ser inferior ao mínimo fixado pela Comissão de Valores Mobiliários. Alteração Art. 12. O número e o valor nominal das ações somente poderão ser alterados nos casos de modificação do valor do capital social ou da sua expressão monetária, de desdobramento ou grupamento de ações, ou de cancelamento de ações autorizado nesta Lei. Valor Nominal As ações, de acordo com o disposto no estatuto, podem ou não ter valor nominal, que é o resultado da divisão do capital social pelo número de ações emitidas. A atribuição do valor nominal à participação societária importa a garantia relativa contra a diluição do patrimônio acionário, na hipótese de emissão de novas ações. (Fábio Ulhoa) Valor Nominal Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal. § 1º A infração do disposto neste artigo importará nulidade do ato ou operação e responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso couber. § 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá reserva de capital (artigo 182, § 1º). Ações sem Valor Nominal Art. 14. O preço de emissão das ações sem valor nominal será fixado, na constituição da companhia, pelos fundadores, e no aumento de capital, pela assembléia-geral ou pelo conselho de administração (artigos 166 e 170, § 2º). Parágrafo único. O preço de emissão pode ser fixado com parte destinada à formação de reserva de capital; na emissão de ações preferenciais com prioridade no reembolso do capital, somente a parcela que ultrapassar o valor de reembolso poderá ter essa destinação. Classificação das AÇÕES As ações classificam-se de acordo com três critérios: espécie, forma e classe. a) Espécies - leva-se em conta a extensão dos direitos e vantagens conferidos aos acionistas, contemplando três categorias, as ordinárias que todas as companhias emitem, e as de emissão facultativas, denominadas preferenciais e de fruição. • ações ordinárias: confere ao acionista os direitos de um sócio comum, o direito a voto na assembleia geral, sendo que o acionista detentor de mais da metade desta categoria, é chamado de acionista controlador da sociedade anônima, e os demais acionistas que não estão nesta condição são chamado de minoritários; Classificação das AÇÕES a) Espécies • ações preferenciais: atribui aos seus titulares vantagem em relação à ordinária, atribuído um tratamento diferenciado, cuja diferença é estabelecida no estatuto da companhia, como a garantia de um dividendo mínimo ou fixo. Caso o estatuto seja omisso quanto à vantagem do acionista preferencialista, a lei confere um dividendo diferencial, ou seja, deve ser pago aos seus titulares o montante de dividendo de pelo menos 10% superior ao atribuído aos da ordinária. Art. 17............... II - direito ao recebimento de dividendo, por ação preferencial, pelo menos 10% (dez por cento) maior do que o atribuído a cada ação ordinária; Classificação das AÇÕES ações preferenciais: - tem restrições, quanto ao exercício de direito de voto, pois o preferencialista pode ter o direito de voto limitado ou suprimido pelo estatuto. Quando o estatuto for omisso, estes poderão votar do mesmo modo que os ordinaristas. Para que eles não tenham este direito é necessário a expressa previsão estatutária. Observa-se que mesmo existindo esta previsão e não recebendo os dividendos, que pelo estatuto têm direito, por três exercícios consecutivos, adquirem o direito a voto até o pagamento (§1º, art. 111/LSA); Classificação das AÇÕES a) Espécies • ações de fruição: são as que resultam, se assim dispuser o estatuto ou determinar a assembléia geral extraordinária, da amortização das ações ordinárias ou preferenciais. A amortização constitui a antecipação ao sócio do valor que ele provavelmente teria direito a receber, na hipótese de liquidação da companhia. O art. 44, § 5º, estabelece que as ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, com as restrições contidas no estatuto ou determinadas pela assembléia que deliberar sobre a amortização. As ações de fruição decorrentes da amortização das ações, devolvem ao acionista o valor do seu investimento. São ações despidas de capital. A estas ações são conferidos os direitos estabelecidos no art. 109/LSA; Classificação das AÇÕES b) forma: este critério de classificação das ações determina o ato pelo qual se transfere a sua titularidade. Contempla duas categorias: Ações nominativas e Ações escriturais: • Ações nominativas: circulam por meio de registro no Livro de Ações Nominativas da companhia (§§ 1º e 2º, art. 31/LSA). Os atos anteriores a este registroque as partes praticam na compra e venda da ação, definição de preço, eventual assinatura de contrato, pagamento etc, não operam a transferência da titularidade da ação, apenas se desloca do patrimônio do acionista vendedor para o acionista comprador, caracterizando a mudança do titular da ação, no momento que é lançado o respectivo termo no livro específico. Classificação das AÇÕES b) forma: •Ações escriturais: são mantidas em conta de depósito abertas em uma instituição financeira autorizada pela CVM, em nome de cada acionista e são desprovidas de certificado. O acionista prova a titularidade destas ações pela exibição do extrato fornecido pelo banco. A sua circulação opera-se nos termos do § 1º, art. 35/LSA, através de lançamento feito pelo banco a débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta de ações do adquirente. Uma mesma sociedade poderá adotar a forma nominativa e escritural. OBS.: A Lei 8.021/90 aboliu a forma de ações endossáveis, transferidas por endosso no certificado correspondente, e as ao portador, circuláveis pela tradição deste documento ao acionista comprador; Classificação das AÇÕES c) Classe - o estatuto deve agrupar as ações que conferem os mesmos direitos em classes, designando-as por letra ( A, B, C etc), este critério de classificação faz distinguir as classes das ações, em razão dos diferentes interesses que motivaram os acionistas a ingressarem na sociedade. •As ações preferenciais sempre podem ser dividas em classe, •As ordinárias, só se admite a divisão em classes na sociedade fechada, pois na aberta, um ordinarialista será sempre titular dos mesmos direitos atribuídos aos demais acionistas dessa categoria (LSA, art.15,§ 1°) Negociabilidade das AÇÕES As ações emitidas por companhia aberta somente podem ser negociadas depois que o acionista pagou pelo menos 30% do seu preço de emissão.(art.29). Caso o negócio tenha por objeto ações emitidas por companhia fechada, a lei, não condiciona a validade do ato à integralização de um percentual mínimo do preço de emissão. (art.80, II) Art. 29. As ações da companhia aberta somente poderão ser negociadas depois de realizados 30% (trinta por cento) do preço de emissão. A CVM - disciplina a negociação de ações, pela própria companhia aberta emissora, para impedir que recursos desta possam ser utilizados para patrocinar a manutenção ou a oscilação artificiais da sua cotação no mercado de capitais. Negociabilidade das AÇÕES A lei proíbe à sociedade anônima negociar com as próprias ações, para preservar a integridade do capital social. Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias ações. § 1º Nessa proibição não se compreendem: a) as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei; b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou por doação; c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b e mantidas em tesouraria; d) a compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída. Resgate das AÇÕES Não pode haver resgate de ações não integralizadas. A autorização para o resgate deve vir prevista no estatuto da sociedade ou resultar de decisão de assembleia-geral extraordinária da companhia. O resgate tanto pode ser feito com reservas de capital quanto com reservas de lucros (neste caso, há necessidade de previsão estatutária) ou com o saldo de lucros disponíveis. A sociedade anônima deve pagar ao acionista o valor definido pelo estatuto (patrimonial, econômico ou outro). Em caso de omissão, cabe à assembleia geral que aprovar a operação fixá-lo. VALORES MOBILIÁRIOS DEBÊNTURES PARTES BENEFICIÁRIAS BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO AÇÕES ORDINÁRIAS PREFERENCIAIS DE FRUIÇÃO CASO CONCRETO Luciano, Paula e Antônio desejam constituir uma sociedade, com o objeto social de uma fábrica de calçados em Santa Catarina. Para tanto, consultam você, advogado (a) sobre o tipo societário mais indicado, pois desejam que a sua responsabilidade seja exclusivamente limitada ao valor do capital que contribuírem para a formação desta sociedade, mas em nenhuma hipótese, solidários com a integralização do mesmo. O que você respondeu aos consulentes? GABARITO: QUESTÃO OBJETIVA – 01: Com relação à sociedade anônima, assinale a opção INCORRETA: A. A responsabilidade do acionista é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. B. É uma sociedade de Capital. C. As ações em que se divide o seu capital são consideradas bens móveis. D É sempre uma sociedade empresária. E. Admite a Affectio Societatis, pois esta é elemento específico do Estatuto Social. GABARITO: QUESTÃO OBJETIVA 02: A respeito das sociedades existentes no Brasil: A O tipo mais antigo de sociedade em que a responsabilidade dos sócios é limitada é a sociedade anônima. B. O tipo mais antigo de sociedades em que a responsabilidade dos sócios é limitada é a sociedade limitada. C. Na sociedade em conta de participação, o ato constitutivo deve ser levado a registro na Junta Comercial. D. A cooperativa independente da forma societária será sempre classificada como sociedade empresária. E. A Sociedade de Capital e Indústria do Código Comercial de 1850 foi substituída no Código Civil de 2002 pela Sociedade Simples. GABARITO: CASO CONCRETO João de Barros, Carlos Fernandes e Alfredo Souza, constituíram em fevereiro de 2013, uma sociedade anônima com o objeto social de construção de imóveis em Maceió, Alagoas. A confiança entre eles é tão grande, que resolveram incluir no estatuto social a limitação à circulação das ações nominativas, regulando no ato constitutivo tais limitações. Pergunta-se: Qual o tipo de Cia., Aberta ou Fechada? GABARITO: QUESTÃO OBJETIVA 01:Compete à Comissão de Valores Mobiliários fiscalizar a emissão de: A)Todos e quaisquer títulos emitidos por companhias abertas para negociação no mercado de balcão. B)Todos e quaisquer títulos emitidos por companhias abertas para negociação no mercado. C)Títulos admitidos à negociação nos mercados de bolsa ou balcão. D)Títulos emitidos por sociedades ligadas ao Sistema Financeiro Nacional. E) Títulos emitidos por sociedades ligadas ao BACEN. GABARITO: QUESTÃO OBJETIVA – 02: Assinale a alternativa correta: As Companhias Fechadas: a) Poderão negociar suas ações somente no mercado de Balcão. b) Poderão negociar suas ações na Bolsa de Valores e no mercado de Balcão. c) Suas ações somente poderão ser negociadas no Mercado de Balcão. d) Não poderão emitir debêntures e nem partes beneficiárias. e) Possui o elemento específico da Affectio Societatis.
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