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Introdução as medicas assecuratórias

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Ministério da Educação
Universidade Federal de Roraima
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL I
PROFESSOR: Zedequias Junior
Cassandra Bandeira
Edmar Teodoro
Gabriel Lyra
João Ramos Rebouças
Lara Cecília Xavier Lima
Natália Carim
Questões Prejudiciais e Medidas Assecuratórias
Boa Vista – RR, 4 de julho de 2017
Cassandra Bandeira
Edmar Teodoro
Edmar Teodoro
Gabriel Lyra
João Ramos Rebouças
Lara Cecília Xavier Lima
Natália Carim
Questões Prejudiciais e Medidas Assecuratórias
A presente pesquisa visa, dentro dos limites possíveis, explicar dois temas do Direito Processual Penal que são de importância para a citada disciplina. Será objeto de avaliação para a nota além da apresentação oral, o presente escrito. Instituto de Ciências Jurídicas-ICJ, curso de bacharelado em Direito, UFRR. 
Professor: Zedequias Junior 
Boa Vista – RR, 4 de julho de 2017
	
Introdução
A pesquisa visa compreender dois temas pertinentes aos estudos do Direito Processual Penal I, quais sejam: as questões prejudiciais e as medidas assecuratórias. 
O CPP possui regulação geral para os temas sem excluir as especiais normas presentes em leis extravagantes. 
As medidas assecuratórias visam resguardar a própria utilidade do processo, evitando que a prestação jurisdicional se torne inócua, bem como garantir que o sujeito ativo de um delito não se locuplete de sua conduta típica, ilícita e culpável, além de criar subsídios para a futura indenização do ofendido pelo delito. Usa-se a tutela de cautela para que se atinjam os objetivos da lei processual penal, 
1. QUESTÕES PREJUDICIAIS: Natureza Jurídica e Características 
1.1 Natureza Jurídica
	Prejudicialidade provém do vocábulo praeiudicium, que tem por significação "antes do julgamento" (prae-antes; iudicium-julgamento). 
	Trata-se de um antecedente lógico que exige decisão prévia e está intimamente conectada ao meritum causae. Sua solução condiciona o teor do julgamento de questão superveniente a ela conexa e abarca a possibilidade de se constituir em objeto de processo autônomo.
	Conceitualmente, as questões prejudiciais tratam-se de incidentes processuais (o que sobrevêm, circunstância acidental, episódica, eventual ou acessória e que é objeto de processo à parte). 
"Verifica-se que o legislador denomina “prejudicial” aquela porção que depende de decisão prévia (nesse sentido, a prejudicial necessita ser “pré-julgada”, ou seja, previamente decidida por se tratar de antecedente lógico) e que se refere ao mérito da demanda penal condenatória, isto é, é parte constitutiva da tipicidade do fato narrado como delituoso". TÁVORA, 2017, p. 503
	Existe uma dicotomia doutrinária acerca de sua natureza: 
	A parcela minoritária afirma que as questões prejudiciais são verdadeiras elementares da infração penal e que estão inseridas no mérito principal, a partir do momento que condicionam a existência ou inexistência do delito imputado ao agente. Logo, não há que se falar em "pressuposto processual" ou tampouco "condição da ação penal", mas sim uma verdadeira essência do tipo penal atribuído ao acusado, elencado dentro da questão principal.
	Já a maioria doutrinária, como a de Renato Brasileiro e Nestor Távora, compreende que, em verdade, as prejudiciais têm natureza de concatenação, de conexão instrumental e probatória, o que, em síntese, significa afirmar que a competência será estabelecida pela conexão quando a prova de um delito ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de delito diverso. Logo, figuram anteriores ao processo principal, como conexão/ relação entre a figura prejudicial (fato anterior) e a prejudicada (principal), separada dessa, mas ainda fundamental para seu juízo, dependentes de modo lógico e necessário.
	Pode-se inferir que estamos diante de uma conditio sine qua non para o aperfeiçoamento do juízo de tipicidade dos delitos.
 	As questões prejudiciais sempre dizem respeito a direito material, relacionam-se à própria existência da infração penal, podem ser objeto de análise de juízo penal ou extrapenal, independentemente de sua natureza. Também detém autonomia, ao figurar independentes do processo principal/prejudicado e condicionam conteúdo das decisões a respeito de questões que foram prejudicadas (tais elementos supracitados prontamente as diferem das questões preliminares, que figuram estritamente sobre direito processual e são absolutamente dependentes, sempre serão julgadas pelo juízo criminal). 	Estas também como empecilho ao desenvolvimento normal ou suspensão do processo e deve-se salientar, reclamam uma decisão prévia em face do processo penal condenatório conexo.
"Entretanto, deve ficar bem claro que a questão prejudicial heterogênea (de natureza cível) não chega a ser propriamente uma forma de conexão nos termos do art. 76, III, do CPP, por ser logicamente incompatível tal conclusão com as regras de competência penal. De tal modo, o nexo necessário para o fim de considerar a questão prejudicial como forma de conexão é restrito àquela homogênea (de natureza criminal), eis que aqui poderemos falar em possibilidade de reunião de processo (necessariamente penais)", assevera Nestor Távora. 
	Pode-se dispor de 3 perspectivas para se interpretar tais questões, sob enfoque de sua natureza jurídica, a depender da doutrina adotada:
	A primeira, trata-se de observância semântica, relativa ao conteúdo ou sentido da questão prejudicial e sua natureza jurídica será a de infração penal ou a de relação jurídica de natureza civil.
	A segunda trata-se da perspectiva sintática, relativa à coordenação e subordinação entre os temas que constituem o objeto da demanda penal condenatória, a natureza jurídica da questão prejudicial será a de pressuposto
Processual, a de condição de procedibilidade ou a de condição da ação penal, eis que as questões prejudiciais são sintaticamente prévias, exigindo primeiramente decisão sobre elas, por serem logicamente antecedentes.
	A terceira é a perspectiva pragmática; a partir desta, infere-se que a natureza jurídica da questão prejudicial é a de espécie de conexão. Trata-se de imposição de decisão para que haja eficácia do direito penal em ação penal condenatória, a partir do que se extrai da relação entre a questão prejudicial e a prejudicada. As regras para dirimi-las buscam tornar possível a aplicabilidade do direito penal no caso concreto. A observância do juiz sobre a matéria e limites da decisão que resolve a questão prejudicial evidencia a conexão e o seu aspecto pragmático. 
1.2 Características
	Em se tratando se seus caracteres basilares, as questões prejudiciais são guinadas por tais princípios, segundo a doutrina majoritária:
Anterioridade ou antecedência lógica: Implica que o julgamento de tais questões sempre deve ter precedido o da prejudicada/principal, como supracitado. Significa dizer que a questão prejudicial é o antecedente lógico necessário da prejudicial; esta carece da solução prévia, capaz de influir no processo superveniente, para que seja julgado o mérito da demanda principal. 
Essencialidade/Necessidade/Interdependência: Tal característica tem por significância que a dependência entre a questão prejudicial e prejudicada não se trata de juízo estritamente lógico, mas também irrenunciável. A essência do eventual delito depende da concatenação da questão prejudicial, influenciando na existência ou não do crime no caso concreto, objeto da questão principal.
Autonomia: Esta característica determina que a questão prejudicial também pode se objeto de ação distinta, julgada separada da prejudicada.
Valor Jurídico: As questões prejudiciais são dotadas de valoração jurídica prévia relativa à causa cuja decisão a ela está vinculada de algum modo. Vale salientar que, caso ocorra decisão de juiz diverso sobre matéria que tenha sido responsável pela suspensão do processo penal, o juiz penal
ficará vedado de ignorar o que foi estabelecido do processo prejudicial. 
Suspensividade: Tal característica implica que as questões prejudiciais têm a prerrogativa de suspender o processo a ela conexo, seja em seu modo obrigatório (quando trata de estado civil das pessoas, artigo 92 do CPP) seja em modo facultativo (quando endereça suas deliberações relativas à questão civil diversa do estado civil, a exemplo, propriedade. Artigo 93 CPP).
1.3 Classificação das questões prejudiciais
As questões prejudiciais podem ser classificadas quanto a natureza, quanto à competência, quanto aos efeitos e quanto ao grau de influência da questão prejudicial sobre a prejudicada.
Quanto a natureza: essa classificação leva em consideração à matéria da questão prejudicial, podem ser homogêneas ou heterogêneas.
Questão prejudicial homogênea, comum ou imperfeita: é a questão prejudicial que pertence ao mesmo ramo da questão prejudicada, logo, se tratando de processo penal tanto a questão prejudicial quanto a prejudicada se referem ao direito penal. De acordo com Renato Brasileiro (2016) o ideal para solucionar tais questões seria reconhecer a existência da conexão probatória entre os dois delitos, já que a prova de uma infração influi na prova de outra (CPP, art. 76, III), o que permitiria que o juiz julgasse ambas as infrações penais em uma única sentença.
Art. 76.  A competência será determinada pela conexão:
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
Questão prejudicial heterogênea, jurisdicional ou perfeita: é a questão prejudicial que alude sobre outro ramo do direito, podendo ser apreciadas por um juízo extrapenal e não cabem a elas as regras da conexão.
O Código de Processo penal trata de tal questão nos artigos 92 e 93. O artigo 92 se refere as questões prejudiciais heterogêneas relativas ao estado civil das pessoas.
 Art. 92.  Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
 E o artigo 93 se refere as questões prejudiciais heterogêneas que não guardam relação com o estado civil das pessoas
 Art. 93.  Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.
Quanto à competência:
Questões prejudiciais não devolutivas: são questões que tem sua solução no próprio juízo criminal em que está sendo julgada, correspondendo assim às questões prejudiciais homogêneas. 
Questões prejudiciais devolutivas: podem ser apreciadas por um juízo extrapenal, subdividem-se em: 
Questões prejudiciais devolutivas absolutas ou obrigatórias: são aquelas que devem ser dirimidas obrigatoriamente por um juízo extrapenal, de acordo com o artigo 92 deve o juízo penal remeter as partes ao cível para solucionar a controvérsia, corresponde as questões prejudiciais heterogêneas referentes ao estado civil das pessoas, logo não tem competência o juízo penal para apreciar tais questões, devendo determinar a suspensão do processo até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado. 
Questões prejudiciais devolutivas relativas ou facultativas: São aquelas que podem ser apreciadas pelo juízo penal de forma eventual. Sobre elas, existe certa discricionariedade para o juízo penal decidir se tal controvérsia será dirimida nos autos do próprio processo ou se as partes serão destinadas ao juízo extrapenal. Correspondem às questões prejudiciais heterogêneas não relativas ao estado civil das pessoas. 
Quanto aos efeitos: 
Questões prejudicais obrigatórias, necessárias ou em sentido estrito: são aquelas que sempre acarretam na suspensão do processo, já que o juízo penal não tem competência para apreciá-las. Correspondem às questões prejudiciais devolutivas absolutas
Questões prejudicais facultativas ou em sentido amplo: são aquelas que o juízo penal pode ou não remeter as partes para o juízo extrapenal. Correspondem às questões prejudiciais devolutivas relativas. A questão de prejudicialidade facultativa está prevista no artigo 93 do Código, logo podemos extrair seus requisitos, são eles: 
A questão deve ser sobre circunstância elementar, relacionada à existência do crime.
Já deve existir ação civil em curso sobre a matéria.
Deve ser sobre questão civil que não seja sobre “o estado civil das pessoas” e nem sobre direito cuja prova a lei civil limite.
A questão precisa ser de difícil solução.
Quanto ao grau de influência da questão prejudicial sobre a prejudicada: 
Questão prejudicial total: é aquela que fulmina a existência do crime.
Questão prejudicial parcial: é aquela que se limita ao reconhecimento de uma circunstância, sem alterar a existência do tipo penal.
1.4 Sistemas de solução das questões prejudiciais
Nas lições de Renato brasileiro Lima (2016) são 4 os sistemas. Sistema da Cognição Incidental ou do Predomínio da Jurisdição Penal: com base nesse sistema o juízo penal sempre terá competência para julgar a questão prejudicial, mesmo que pertença a outro ramo do direito. 
Sistema da Prejudicialidade Obrigatória: de acordo com o esse sistema o juízo penal nunca terá competência para julgar a questão prejudicial pertencente a outro ramo do direito.
Sistema da Prejudicialidade Facultativa: de acordo com esse sistema o juízo penal poderá, a seu critério, remeter a apreciação da questão prejudicial heterogênea ao juízo (extrapenal).
Sistema eclético ou misto: esse é o sistema adotado pelo Código, é uma fusão do sistema da prejudicialidade obrigatória com o da prejudicialidade facultativa. Se a questão for heterogênea relativa ao estado civil das pessoas o juízo penal é obrigado a remeter as partes ao cível (artigo 92), mas se a questão for prejudicial heterogênea que não diz respeito ao estado civil das pessoas, cabe ao juízo penal a facultatividade de enfrentar ou não a controvérsia (artigo 93).
1.5 Reconhecimento das prejudiciais devolutivas absolutas e relativas
	Como já trabalhado em tópicos anteriores do trabalho, verificamos com fundamento no art. 92° do CPP que existem questões que necessitam serem solucionadas por um juízo cível competente antes da apreciação criminal, onde as mesmas são denominadas de devolutivas absolutas, ou seja, heterogêneas relativas ao estado civil das pessoas, mas também existem as devolutivas relativas que são previstas no art. 93° do CPP e que versam sobre questões heterogêneas, mas diversas ao estado civil das pessoas e que o juiz criminal tem a faculdade de julgar sem que haja a necessidade de resolução por parte de juiz cível. 	
1.5.1 QUESTÃO PREJUDICIAL DEVOLUTIVA ABSOLUTA
	Para que ocorra o reconhecimento das questões prejudiciais devolutivas absolutas são necessários três pressupostos processuais tais como: Relação com a existência de infração penal ou a de suas circunstâncias, onde a mesma deverá lesionar alguma elementar do tipo ou exercer influencia na qualificadora e circunstâncias atenuantes e agravantes do tipo; Questão séria e fundada, tem-se a necessidade de fundamentação do magistrado para justificar a suspensão do processo, quando se constatar que a prejudicial tem o objetivo somente protelatório do processo a mesma não deve ser acolhida; Relação com estado civil das pessoas, a prejudicial deverá trata sobre os desdobramentos das relações decorrentes do estado de pessoa que tem alguém perante uma sociedade. Sobre a relação com estado
civil das pessoas temos uma divergência doutrinária como assevera TÁVORA:
 Sobre o conceito de estado civil das pessoas, duas posições doutrinárias se
formam: (a) a restritiva, que entende que a noção de estado civil das pessoas só abrange relações de parentesco, de idade e de casamento; e (b) a ampliativa – à qual nos filiamos – que admite como tal o conjunto de caracteres que formam a condição de cidadão de um indivíduo, encampando não só as situações de parentesco (filiação etc.), de idade e de casamento (união estável, concubinato e uniões homoafetivas), mas também aquelas que decorrem da noção de cidadania lato sensu (profissão, alistamento militar, condição de eleitor, condição de indígena e exercício de outros direitos políticos) (p. 676).
	Em relação a divergência que existe na doutrina a respeito da noção do estado civil das pessoas, nos filiamos a corrente que adota como restritiva. 
1.5.1.1 Suspensão e Prescrição do Processo
	Realizando a leitura dos arts. 92° e 94° do CPP se pode compreender que a suspensão do processo deverá ser decretada de oficio pelo juiz e solicitada a requerimento das partes, ocorrendo essa suspensão até o transito em julgado na esfera cível. Portanto, não é necessário existir uma ação cível para que se suspenda o processo penal. A prescrição também fica suspensa como previsto no art. 116, I do CP, onde o tempo anterior e posterior é somado até que haja transito em julgado, lembrando que a suspensão e prescrição não voltam com a simples decisão de juízo cível em que possa ser passível de recurso. 
	Não fica impedido o juiz criminal de realizar inquirição de testemunhas ou de outras provas de natureza urgente no processo em virtude da suspensão com fundamento no art. 92° do CPP e do Princípio da busca da verdade como diz (BRASILEIRO, 2016) “O dispositivo vem ao encontro do princípio da busca da verdade, permitindo que a instrução probatória seja realizada de imediato, o que, certamente, contribuirá para o melhor acertamento do fato delituoso.”
1.5.1.2 Intervenção do Ministério Público e Recursos 
	Caberá ao Ministério Público promover ou prosseguir ação civil quando for acolhida a prejudicial pelo juízo criminal com intuito de dar mais celeridade ao processo como previsto pelo parágrafo único do art. 92° do CPP, mas para que isso ocorra é necessário que o crime seja de ação pública sendo indiferente ser ela condicionada ou incondicionada.
	O despacho que denega a suspensão do processo é irrecorrível segundo o §2°, art. 93°, mas será recorrível somente se o despacho de suspensão tiver sentido estrito com previsto no art. 581, XVI, do CPP.
1.5.2 QUESTÃO PREJUDICIAL DEVOLUTIVA RELATIVA
	Para que ocorra o reconhecimento das questões prejudiciais devolutivas relativas são necessários cinco pressupostos processuais tais como: Relação com a existência de infração penal ou a de suas circunstâncias, onde a mesma deverá lesionar alguma elementar do tipo ou exercer influencia na qualificadora e circunstâncias atenuantes e agravantes do tipo; Questão heterogênea não relativa ao estado civil das pessoas, onde a mesma deverá ser diversa da prevista no artigo 92°; Ação cível em andamento, fica impedido o juiz criminal de decretar suspensão do processo conforme o art. 93° do CPP em caso que não tenha ação na esfera civil; Questão de difícil solução, constatando o juízo criminal que processo requer uma resolução complexa, poderá ele facultativamente suspender até sentença cível; Ausência de limitações quanto à prova fixadas pela lei civil, inexistindo tais limitações poderá remeter ao juízo extrapenal.
1.5.2.1 Suspensão e Prescrição do Processo
	Na devolutiva relativa diferentemente da absoluta a suspensão do processo terá um prazo fixado pelo juízo criminal que será prorrogado caso exista demora na sentença, não sendo essa demora culpa da parte. Ao termino do prazo prorrogado o juiz criminal poderá prosseguir o andamento do processo tendo de volta a sua competência, lembrando que para isso possa acontecer é necessário que o juízo cível não tenha conseguido proferir uma decisão, mesmo que seja ela passível de recurso, pois caso contrário nãos seria possível, já que sentença cível faz coisa julgada no criminal, a prescrição é similar a prejudicial trabalhada anteriormente.
	Sobre produção de provas o art. 93° diz que só poderá o juiz suspender o processo se antes realizar a inquirição de testemunhas e outras provas de natureza urgente. 
1.5.2.2 Intervenção do Ministério Público e Recursos 
	Caberá ao Ministério Público somente prosseguir ação civil com quase todas as características da intervenção das questões prejudiciais devolutivas absolutas, com exceção de uma como assevera BRASILEIRO:
Como a questão prejudicial facultativa só pode ser reconhecida se já tiver sido proposta ação no juízo cível para resolver a controvérsia, a intervenção do Ministério Público no âmbito cível está restrita à promoção do andamento do processo que já está em curso, daí por que o art. 93, § 3º, silencia acerca da possibilidade de o Parquet promover a demanda. (p. 1518).
	Essa intervenção se dar pelos Princípios da Obrigatoriedade e busca da verdade. O despacho que denega a suspensão do processo é irrecorrível, mas será recorrível somente se o despacho de suspensão tiver sentido estrito com previsto no art. 581, XVI, do CPP.
2 MEDIDAS ASSECURATÓRIAS – NOÇÃO INTRODUTÓRIA 
São, em regra, consideradas medidas cautelares de natureza patrimonial, cujo objetivo é: garantir o ressarcimento ou então a reparação do dano ocasionado pelo delito, salvaguardando o interesse privado e o público.
Apesar de existir a ação civil ex delicto, em que há uma tutela de conhecimento e execução regulares, há a necessidade de medidas que acautelem o resultado útil desses processos. Como tutela cautelar emergem, então, as medidas assecuratórias no Direito Processual Penal brasileiro.
Trata-se de processo incidente em sentido estrito, em que há uma solução processual penal pleiteada no próprio juízo que possui a competência de julgar o processo principal. O mesmo juiz julgará a medida cautelar de natureza patrimonial (arresto, inscrição de hipoteca legal, sequestro). 
2.1 Pressupostos para a decretação das medidas assecuratórias: fumus comissi delicti e periculum libertatis 
Alguns pressupostos são necessários para que os princípios do direito processual penal não sejam violados na aplicação das medidas cautelares que são as assecuratórias. É necessário o fumus comissi delicti ( fumus boni iuris) e também o periculum libertatis (periculu m in mora) que são característicos em menor ou maior grau para a aplicação da hipoteca legal, sequestro de bens e arresto.
Diz Renato Brasileiro de Lima arrematando em que consiste o fumus boni iuris: 
O fumus boni iuris enseja a análise judicial da plausibilidade da medida pleiteada ou percebida como necessária a partir de critérios de mera probabilidade e verossimilhança e em cognição sumária dos elementos disponíveis no momento, ou seja, basta que se possa perceber ou prever a existência de indícios suficientes para a denúncia ou eventual condenação de um crime descrito ou em investigação, bem como a inexistência de causas de exclusão de ilicitude ou de culpabilidade. (2016: Pág. 1577)
Caso o autor da ação penal, seja querelante, seja o Ministério Público, ou até mesmo o delegado de polícia ainda no inquérito, compreendam que tais requisitos estão preenchidos e que há motivação para haver uma tutela cautelar patrimonial, poderão representar perante o juiz para que ele assim proceda.
A competência para propor a aplicação das medidas dependerá em cada situação de um rol taxativo de pessoas: seja de ofício pelo juiz (Artigo 127 CPP); seja mediante representação do ofendido ou da autoridade policial (artigo 127 do CPP); seja mediante requisição do Ministério Público e dos interessados (artigo 144 do CPP). Todavia, sempre se buscará preencher os requisitos exigidos em lei (ex: indícios veementes da ilicitude dos bens; certeza
de infração de indícios suficientes da autoria).
Para Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, também regulam de maneira geral as medidas assecuratórias as regras aplicáveis às medidas cautelares no artigo 282 do CPP. Comentam: 
Além de serem aplicáveis as regras específicas para cada um dos institutos, também incidem, no que couberem e subsidiariamente, as disposições que constituem o procedimento para decretação das medidas cautelares em geral (artigo 282 e parágrafos do, CPP). (2017: Pág. 555)
Expande-se os pressupostos necessários para a aplicação das medidas assecuratórias.
Sobre o periculum in mora, comenta Renato Brasileiro:
O periculum in mora, por sua vez, caracteriza-se pelo fato de que a demora no curso do processo principal pode fazer com que a tutela jurídica que se pleiteia, ao ser concedida, não tenha mais eficácia, pois o tempo fez com que a prestação jurisdicional se tornasse inócua, ineficaz. Em outras palavras, periculum in mora nada mais é do que o perigo na demora da entrega da prestação jurisdicional. (2016: Pág. 1577). 
Com este pressuposto visa-se salvaguardar de danos os direitos, bens ou valores que podem ser prejudicados pela excessiva demora na prestação da jurisdição pelo estado. 
Cada uma das modalidades de medidas cautelares patrimoniais (arresto, hipoteca e sequestro de bens) possui, também, para sua decretação, pressupostos específicos que serão melhores tratados em tópicos específicos.
Interessante comentário elucidativo sobre a natureza jurídica das medidas assecuratórias é comentado por Nestor Távora e Rosmar Rodrigues: 
A natureza jurídica das medidas assecuratórias é: (a) sob o aspecto pragmático, de medida cautelar; (b) sob o aspecto sintático, de processo incidente; (c) sob o aspecto semântico, tem natureza jurídica de direito subjetivo público de garantia. (2017: Pág. 554)
Sobre as características gerais das medidas cautelares, onde se inclui também as medidas assecuratórias, são as seguintes características:
Autonomia;
Instrumentalidade;
Acessoriedade;
Provisoriedade;
Revogabilidade;
Não-definitividade;
Referibilidade; 
2.2 A lei n° 12.694/2012 e a alienação antecipada dos bens constritos 
A lei n° 12.694 dispõe sobre a antecipação da alienação dos bens constritos que poderá ocorrer nas hipóteses em que o bem estiver sujeito a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou ainda quando houver dificuldade para sua manutenção.
Visa-se resguardar ainda mais a finalidade das próprias medidas assecuratórias, que perderiam a razão de existir caso os bens perdessem a utilidade e/ou valor após uma sentença penal condenatória. 
O artigo 144-A adicionado ao CPP pela referida Lei n° 12.694/2012 regula o procedimento para a alienação de bens, que será preferencialmente por leilão eletrônico. Caso não se atinja o valor exigido para o leilão, em até 10 dias será feito um novo, cujo valor mínimo não poderá ser menor que 80% do valor estimado judicialmente.
2.3 Medidas assecuratórias específicas em leis especiais
É importante citar, sem a pretensão de esgotar o tema, que as medidas assecuratórias possuem regulação em leis extravagantes, abrindo exceção na aplicação da lei do Código de Processo Penal. Trata-se de política processual penal que busca combater alguns crimes em específico por sua influência na violência e criminalidade no país.
São exemplos de legislações extra Código que regulam medidas assecuratórias (e suas possibilidades): Lei de Entorpecentes (Lei n° 11.343/2006, tratando dos bens do crime de tráfico de drogas; crimes de lavagem de dinheiro (lei n° 9613/1998); crimes de tráfico de pessoas (pela Lei n° 13.344/2016); Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 239) e a própria legislação penal (código penal, artigos: 148, 149, 149-A, 158 e 159).
3. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS EM ESPÉCIES
3.1 A hipoteca legal
 
Hipoteca consiste em direito real de garantia instituída sobre bem móvel alheio de modo a assegurar uma obrigação de cunho patrimonial, sem que ocorra transferência da posse do bem gravado para o credor. 
A hipoteca pode surgir de três situações, sendo elas: a) convencional, quando resulta de acordo entre credor e devedor; b) judicial, advém do direito do credor que obteve sentença contra o devedor; c) legal, quando resulta de lei, que a institui em favor de determinadas pessoas em virtude de situação peculiar em que se encontram.
O Código de Processo Penal dispõe em seu art.134 a hipoteca legal sobre bens imóveis poderá ser requerida pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes de autoria.
 Recaindo apenas sob bens imóveis obtidos licitamente pelo acusado, deve estar presente o periculum in mora e fumus boni iuris como bem estatui a segunda parte do caput do art.134. Quanto a certeza de infração, magistrado deve ter plena convicção de que realmente houve infração; já indícios suficientes corrobora a presença de prova semiplena de condenação.
Em que pese a legitimidade, quando ofendido for a Fazenda Pública, cabe as Procuradorias requisitar hipoteca legal. 
Constitui peculiaridade da Hipoteca Legal o procedimento pelo tem origem a apreciação do pedido, divide-se em quatro parte sendo estas: a) petição especializada; b) nomeação do perito e apresentação do aludo; c) manifestação das partes; d) decisão do juiz. 	 Podendo ser requerida em qualquer fase do processo penal, não podendo acontecer durante as fases de investigações, pois caracteriza um grande constrangimento ao patrimônio licitamente adquirido pelo do réu.	
3.2 Arresto prévio de bens 
	O arresto é medida preventiva que consiste na apreensão judicial dos bens imóveis do devedor, para garantir a futura cobrança da dívida, podendo ser decretada de início, revogando-se no prazo de 15 dias caso não seja promovido de inscrição de hipoteca legal como dispõe o art.136 do CPP:
 Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal. 
A necessidade surge em razão do procedimento complexo e lento que envolve a hipoteca legal, pois este deve ser confeccionado em via própria, sujeito a análise pericial quanto do valor da responsabilidade e submetido por final a apreciação judicial. Desta forma, advém o arresto como medida paliativa e instantânea que assegura a integridade dos bens e evite sua dispersão. Sua finalidade precípua é tornar os bens imóveis do acusado inalienáveis durante lapso temporal necessário à tramitação do pedido de registro de gravame real. 
Não deve ser confundido com o sequestro (art. 125 do CPP), pois nesta modalidade somente assegura os bens proventos da infração, enquanto que o arresto pode recair sob todo o patrimônio do infrator. 
Em que pese a legitimidade, não há dispositivo específico quanto a este no CPP. Ocorre que fazendo uma interpretação sistemática, conclui-se que a legitimidade é apenas do ofendido. Devendo ser promovido perante o juízo criminal quando houver periculum in mora e fumus bonis iuris, sendo indispensável a estimação do dano causado pela infração penal. 
3.2.1 Arresto subsidiário de bens móveis
		Caso responsável pelo delito não possua bens imóveis ou estes são insuficientes para ressarcir o dano, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora. Esta modalidade de arresto é subsidiária ao arresto prévio, este funciona como medida pré-cautelar incidente apenas sobre o bem imóvel, cujo objetivo é assegurar a eficácia do procedimento ulterior. Conforme dispõe a literalidade do art. 137:
 Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis.
 
		O arresto subsidiário de bens móveis assemelha-se a própria inscrição de hipoteca legal prevista no art.134, com peculiaridade de que recai apenas sobre os bens móveis de origem lícita pertencentes
ao acusado. Em linhas gerais, diz-se que arresto subsidiário é convertido em penhora na fase de execução, enquanto o arresto prévio tende a ser substituído por registro de hipoteca legal.
	Além da insuficiência dos bens imóveis, o arresto está condicionado aos mesmos requisitos previstos para hipoteca legal.
		De forma didática, as principais características do arresto subsidiário são: a) seu caráter residual quanto a hipoteca legal; b) suscetíveis de penhora conforme (observar rol taxativo do art. 649 do Código Civil) ; c) recursos arbitrados pelo juiz para manutenção da família do infrator; d) possibilidade de arresto prévio para assegurar arresto subsidiário.
4. SEQUESTRO DE BENS 
Sequestro é uma medida assecuratória, que tem como medida a indisponibilidade de bens imóveis (art. 125 CPP) e móveis (art. 132 CPP) que foram adquiridos pelo agente, extraído de infração penal, ou seja, de forma ilícita. Ex: o agente comete um furto no valor de 1.000 reais e com ele compra um celular.
Tem dois objetivos:
Resguardar , para o ofendido, a recomposição do prejuízo causado pelo crime;
Impedir que o agente obtenha proveito com a prática do crime.
Nesse sentido, vale ressaltar que o sequestro como medida assecuratória no processo penal não poderá ser confundido com o sequestro no Código de Processo Civil. Os dois têm significados e finalidades diferentes.
Sendo no CPC/1973, em seu artigo 822 traz o sequestro como medida uma cautelar, com função a apreensão de coisa litigiosa, até que sejam resolvidas questões de posse e propriedade que está sendo aguardada. No Novo CPC não existe mais essa matéria autônoma no código, mas ainda há conteúdo do sequestro no artigo 301, como uma das tutelas de urgência, preservando o significado de sequestro.[1: CPC/ 1973 Art. 822. O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o seqüestro:I - de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando Ihes for disputada a propriedade ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações;II - dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado por sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar;III - dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de anulação de casamento, se o cônjuge os estiver dilapidando;IV - nos demais casos expressos em lei.][2: NCPC/2015 Art. 301.  A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.]
4.1 Sequestro de bens imóveis
O sequestro de bens imóveis está previsto no artigo 125 do CPP, podendo ser determinado tanto no inquérito quanto no processo, recaindo sobre imóveis adquiridos através do crime. Está disposto no artigo:
Art. 125.  Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
4. 2 Sequestro de bens móveis
O sequestro de bens móveis está previsto no artigo 132 do CPP. Quando o bem móvel é produto direto do crime, este é passível de busca e apreensão, (de acordo com o artigo 240 do CPP e ss). É o que corre, por exemplo, com o dinheiro tomado em assalto, que é objeto de busca e apreensão (produto do crime). No caso de bens móveis adquiridos com os valores do crime é o proveito, e sua disciplina é a mesmo do sequestro do bens móveis.
        Art. 132.  Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas no art. 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro.
4.3 Pressupostos
De acordo com o artigo 126 do CPP, “para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes da proveniência ilícita dos bens”. Deve-se compreender que o sequestro tem por objeto proveito econômico obtido com o delito, seja tanto pelos próprios bens da própria materialidade do fato, quanto de outros bens que foram adquiridos pelo lucro da prática criminosa.
De qualquer forma, deve analisar se os bens apreendidos do sequestro tenham relação com a prática da infração penal. A medida assecuratória não pode recair sobre bens adquiridos antes a parte da conduta delituosa que se está sendo investigada.
O sequestro como medida cautelar criminal, no entanto, por seu caráter particularmente invasivo ao patrimônio do investigado (ou do acusado), só pode alcançar bens que guardem relação direta ou indireta com a prática do fato objeto do procedimento de investigação ou da ação penal (REBOUÇAS, 2017. p 481).
Cabe observar que o artigo 126 refere-se a indícios veementes. Essa exigência que os indícios sejam veementes dá a ideia de quase certeza, como a único fundamento para se justificar invasão do patrimônio do sujeito investigado.
4.4 Iniciativa e oportunidade para o sequestro
De acordo com o artigo 127 do CPP, “o juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa”.
O artigo estudado possibilita a decretação judicial de ofício da medida de sequestro de bens, inclusive na fase pré-processual. E, devido a garantia de imparcialidade do judiciário, entende-se que só pode ser permitida a decretação ex officio pelo juiz quando já houver o curso da ação penal, quando há a existência de acusação deduzida e admitida. Não pode o juiz de artifício de interesse em assegurar bens para satisfação de prejuízo causado pela infração penal ou para dissipar proveito ilícito, que pode comprometer a imparcialidade do órgão jurisdicional (REBOUÇAS,2017. p 484).
Entretanto, já na fase processual, poderia o órgão judiciário determiná-la de ofício, embora não se mostre recomendável, por causa da natureza do interesse associado ao sequestro. Havendo a ocorrência da ação penal, que admitiu a inicial, não pode recusar a responsabilidade pela efetividade e eficácia do processo, inclusive se for o caso parar determinar questão cautelar de bens,
Assim, na fase pré-processual a determinação judicial da medida assecuratória em foco dependerá da provocação do Ministério Público, do ofendido ou da autoridade policial. Quando o pedido não ser formulado pelo próprio MP, deverá haver manifestação do próprio órgão, antes que o juiz decida sobre o pedido ou representação.
Vale ressaltar que o ofendido tem legitimidade para requerer o sequestro tanto nas ações de inciativa privada, como nos crimes processáveis por ação penal de iniciativa pública. No âmbito de ação penal de iniciativa pública, o ofendido tem como participar do processo como terceiro juridicamente interessado, podendo pugnar pela determinação do sequestro à recomposição do dano causado pelo crime. A provocação do ofendido, esta pode ocorrer tanto na fase pré-processual quanto no curso do processo penal. O código de processo penal se utiliza do termo “ofendido” invés do “assistente de acusação” por dois motivos:
Possibilitar ao ofendido a postulação do sequestro na fase pré- processual;
Possibilitar ao ofendido a postulação do sequestro na fase processual, independentemente de habilitação como assistente do Ministério Público.
No que tange à representação da autoridade policial, entende-se que:
Restringe-se apenas à fase pré-processual;
Deve ser ratificada pelo Ministério Público (ação penal de iniciativa privada) ou pelo ofendido (ação penal de iniciativa privada), pelo sujeito legitimado para a acusação.[3: Seguimos nosso entendimento de acordo com o doutrinador Sérgio Rebouças, que traz essa explicação.]
Ainda fazendo a análise do artigo 127 do CPP, desponta que o sequestro pode ser decretado antes mesmo de oferecida a denúncia ou queixa. Significa dizer que a decretação do sequestro independe da preexistência do Inquérito Policial.
4.5 Impugnação cabível contra a decisão que determinar o sequestro e contra a que inferir o pedido de decretação do sequestro.
Não há previsão na legislação de recurso cabível contra
a decisão que determinar o sequestro ou contra a que indeferir o pedido de imposição da medida.
Porém, a posição majoritária na doutrina sustenta o cabimento de recurso de apelação contra qualquer dos atos jurisdicionais descritos acima, tendo como fundamento o artigo 593, II, do CPP, sob o argumento que esses atos jurisdicionais constituem decisões com força definitiva não previstas no artigo 581 do CPP:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:  
[...]
  II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;   
Contra os dois atos descritos pode caber mandado de segurança, para resguardar:
Contra decisão de deferimento, o direito líquido e certo, do investigado ou acusado, em decorrência da propriedade dos bens contritos;
Contra decisão de indeferimento:
Ao direito líquido e certo do MP de obter o sequestro de bens;
Ao direito líquido e certo do ofendido de resguardar o resultado do processo penal e os interesses jurídico-penais e jurídico-civis de reparação que lhe assistem.
Em caso de decretação de sequestro, porém, à vista do caráter imediatamente invasivo ao patrimônio, há de se resguardar ao investigado ou acusado o mandado de segurança como remédio apto à desconstituição urgente da medida, considerando que o recurso da apelação, na hipótese, não tem efeito suspensivo (REBOUÇAS, 2017. p 487).
4. 6 Execução do sequestro de bens imóveis
O sequestro de bens imóveis é executado pela inscrição no Registro de imóveis, de acordo com o artigo 128 do CPP.
        Art. 128.  Realizado o seqüestro, o juiz ordenará a sua inscrição no Registro de Imóveis.
Essa medida está de acordo com a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6015/1973), em que seu artigo 239, caput, dispõe que :
Art. 239 - As penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis serão registrados depois de pagas as custas do registro pela parte interessada, em cumprimento de mandado ou à vista de certidão do escrivão, de que constem, além dos requisitos exigidos para o registro, os nomes do juiz, do depositário, das partes e a natureza do processo.
Esse ato de registro tem como justificativa de acautelar a autenticidade do imóvel, cercar de fé pública, além de assegurar a validade de certos atos. Permitir o conhecimento por terceiros, fazendo que determinados direitos valham erga omnes.
4.7 Defesa - Contraditório prévio e embargos no sequestro de bens
De acordo com LIMA (2016, p. 1578) “Grande parte da doutrina sustenta que, com o fim de se evitar que as medidas acautelatórias patrimoniais tenham seus objetivos frustrados, deverão ser deferidas independentemente de prévia oitiva dos envolvidos (inaudita altera pars). In casu, não há falar em violação ao princípio do contraditório, eis que o contraditório e a ampla defesa ficarão diferidos para um momento posterior”.
Com a lei n°12.403 de 2011, o artigo 282, parágrafo terceiro do Código de Processo Penal, passou a prever o contraditório em relação a decretação de medidas cautelares pessoais. 
Art. 282.  As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo.
De acordo com o doutrinador se o contraditório prévio passou a vigorar quanto às medidas cautelares de natureza pessoal, também deve ser estender às medidas cautelares de natureza patrimonial. Defende também o autor que o contraditório prévio é diferente dos embargos previsto nos artigos129 e 130 do Código, pois tais embargos só podem ser opostos após a efetivação da medida cautelar.
Ressaltando que o artigo 282 prevê a hipótese de que em casos de urgência ou de perigo de ineficácia imediata, o provimento cautelar poderá ser determinado pelo magistrado sem a prévia oitiva da parte contrária. 
Quanto ao embrago é o instrumento de defesa pode ser de acordo com o artigo 129 de terceiro estranho ao processo e de acordo com o artigo 130 do acusado ou de terceiro de boa-fé. 
 Art. 129.  O seqüestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.
 Art. 130.  O seqüestro poderá ainda ser embargado:
        I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da infração;
        II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.
        Parágrafo único.  Não poderá ser pronunciada decisão nesses embargos antes de passar em julgado a sentença condenatória.
Quanto ao embargo do terceiro estranho ao processo e nas lições de Aury Lopes Jr. (2016), trata-se de embrago de terceiro senhor e possuidor, interposto por aquele que foi prejudicado pelo sequestro do bem e pretende demonstrar que os bens sequestrados não possuem relação com o acusado ou com a infração penal, pois recaíram sobre coisas pertencentes a terceiro estranho ao delito.
Quanto ao embargo do imputado (indiciado ou réu), ainda nas lições do doutrinador citado, tal embargo é previsto no artigo 130, inciso I, onde o réu alega não terem sido adquiridos com os proventos da infração os bens. 
Quanto ao embargo do terceiro de boa-fé, o argumento está vinculado à demonstração de que os bens foram adquiridos a título oneroso, pagando-lhe o preço de mercado, agindo de boa-fé de acordo com o artigo 130, inciso II. 
Ressalta-se que não se aplica a proteção do bem de família quando tal em tiver asido adquirido com os proventos do crime de acordo com o artigo terceiro, inciso VI, da lei 8.009 de 1990.
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
Ressalta-se também que não existe prazo definido pelo Código para os embargos do réu ou de terceiros. 
4.8 Levantamento do sequestro de bens
Caso ocorra sentença absolutória ou extintiva da punibilidade transitada em julgado, ou a ação penal não for intentada em 60 dias contados da data de conclusão da diligência, ou, ainda, alguma pessoa preste caução que assegure o ressarcimento de uma futura responsabilização do acusado pelos danos provocados pelo delito, será constitucionalmente correto e legalmente dever que os bens sequestrados sejam desonerados e livres de qualquer impedimento (artigo 131, CPP), sob risco de se violar os direitos fundamentais do réu no trato jurisdicional.
A sentença que indica a inocência do réu automaticamente dissipa os pressupostos gerais e específicos necessários para a aplicação das medidas cautelares. Não haveria mais o fumus comissi delicti, periculum in libertatis, fumus boni ioruis e periculum in mora justificável.
4.9 Destinação dos bens sequestrados 
No que se refere à destinação dos bens que foram sequestrados, dispõe o artigo 133, que:
Art. 133.  Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público.
	
Trata-se de efetivação da finalidade assecuratória da medida, diante da incidência da causa de perda de bens constritos e de reparação do dano ao lesado (vide artigo 91, I e II , b , do CP):
   Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
        b) do produto do crime
ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
A condenação definitiva torna certa a obrigação de reparar o dano causado pelo crime, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé. Então, aplicada a medida cautelar do sequestro, a condenação definitiva conduz naturalmente à avaliação e ao leilão dos bens sequestrados, de modo a garantir aos ofendidos o ressarcimento do dano.
Art. 125.  Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
        Art. 126.  Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de indícios veementes da proveniência ilícita dos bens.
        Art. 127.  O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
        Art. 128.  Realizado o seqüestro, o juiz ordenará a sua inscrição no Registro de Imóveis.
        Art. 129.  O seqüestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.
        Art. 130.  O seqüestro poderá ainda ser embargado:
        I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da infração;
        II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.
        Parágrafo único.  Não poderá ser pronunciada decisão nesses embargos antes de passar em julgado a sentença condenatória.
        Art. 131.  O seqüestro será levantado:
        I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar concluída a diligência;
        II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure a aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal;
        III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado.
        Art. 132.  Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas no art. 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro.
        Art. 133.  Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público.
        Parágrafo único.  Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
CONCLUSÃO
É de tempos imemoriais que para o Direito como um todo o sujeito que possui uma conduta ilícita não poderá ter proveitos ou ganhos de seu comportamento. No caso do Direito Processual Penal é ainda mais relevante, tendo em vista a necessidade de se resguardar os direitos fundamentais e a efetividade da prestação jurisdicional, que é um dos pilares do Estado de Direito. 
Em sede de questões prejudiciais, figuram como elementos cruciais do estabelecimento da segurança jurídica, um verdadeiro conditio sine qua non em se tratando de resolução do mérito de demanda penal condenatória superveniente e podem ser dotadas de valoração tanto penal quanto extrapenal. As resoluções atinentes a estas estão intimamente ligadas à questão prejudicada (principal) porquanto estejam conectadas ao mérito principal. Inclusive, conexão é o modo que a doutrina majoritária a enquadra, no tocante das questões de natureza homogêneas, possibilitando a junção de processos. Logo, infere-se que estas afetam a própria tipicidade da conduta delituosa imputada ao acusado, sem exercer qualquer interferência quanto a culpabilidade ou ilicitude. 
Já as medidas assecuratórias visam exatamente preencher uma lacuna prática que pode surgir dentro das tutelas de conhecimento e execução penal. Sua característica de tutela cautelar é condizente com a própria Constituição da República Federativa do Brasil do 1988. É de suma importância o uso de tal instituto para a garantia dos direitos do ofendido e também do interesse público (do poder jurisdicional).
REFERÊNCIAS 
LIMA, Renato Brasileiro. Manual de processo penal. 5 ed. Bahia: Editora juspodivm, 2017.
TÁVORA, Nestor. RODRIGUES, Rosmar. Curso de Direito Processual Penal. 12 ed: Bahia, editora Juspodivm, 2017.
BRASIL. Lei n°8.009 de 29 de março de 1990. Dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8009.htm>
BRASIL. Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de outubro DE 1941. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm>
JR.A.L. Direito Processual Penal.14.ed.São Paulo: Saraiva. 2016.
VALLE, Ionilton Pereira. As questões prejudiciais no processo penal. Disponível em: <https://ioniltonpereira.jusbrasil.com.br/artigos/189932789/as-questoes-prejudiciais-no-processo-penal>. Acesso em: 24. Jun. 2017.
MINAGÉ, Thiago. Questões prejudiciais. Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/questoes-prejudiciais-parte-i-por-thiago-m-minage/>. Acesso em: 24. Jun. 2017. 
SINISCALCHI, Carolina. As questões prejudiciais como forma de suspensão do processo no direito processual civil brasileiro. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2427>. Acesso em: 24. Jun. 2017
TOURINO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 30.Ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 19. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
REBOUÇAS, Sérgio. Curso de direito processual penal. Salvador: Editora Juspodivm, 2017. 
MORAES, Voltaire de Lima. Do sequestro processual penal. Revista da AJURIS – v. 40 – n. 130 – Junho 2013. Disponível em < http://www.ajuris.org.br/OJS2/index.php/REVAJURIS/article/viewFile/304/239> Acessado em 25 de Junho de 2017.
STF, Tribunal Pelano, INQ 2.248, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 25/05/2006. Disponível em < http://www.stf.jus.br/imprensa/pdf/inq2248.pdf> Disponível em 24 de Junho de 2017.

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