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DIREITO AMBIENTAL – PONTO 06

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DIREITO AMBIENTAL – PONTO 06
6. Poder de polícia e Direito Ambiental. Licenciamento ambiental. Biossegurança. Infrações ambientais
Atualizado por Lucas M.C.A de Albuquerque – setembro/2010 (alterações em vermelho)
Atualizado por Herley Brasil, em agosto/2012 (alterações em cinza)
- 1ª PARTE: LICENCIAMENTO AMBIENTAL. 
O meio ambiente é qualificado como patrimônio público, constituindo bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida. Por isso, ninguém em particular possui direito subjetivo à sua utilização, o que somente pode ser legitimado por ato do poder público, notadamente, a licença ambiental. 
“(...) consiste em um dos mais importantes instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, previsto no art. 10 da lei 6.938/81 (...) Trata-se de um procedimento e não de um processo, cujo fundamento reside na possibilidade, constitucionalmente outorgada, de o Poder Público impor condições ao exercício do direito de propriedade e do direito ao livre empreendimento, a fim de que a função social da propriedade e da empresa sejam observadas. (...) O licenciamento insere-se, portanto, no âmbito do exercício do poder de polícia, definido no art. 78 do Código Tributário Nacional� (...) O licenciamento é um procedimento que deve ser revestido de publicidade, permitindo-se o exercício da participação popular, a ser viabilizada especialmente por meio de audiências públicas, cujo grande mérito é possibilitar o controle da discricionariedade administrativa e da motivação do órgão ambiental quanto ao processo decisório que resultará na concessão ou não da licença.” (Sílvia Capelli e outras).
Convém destacar a existência de doutrina minoritária que confere ao licenciamento ambiental a natureza de processo administrativo, representada por autores consagrados, como Paulo de Bessa Antunes e Odete Medauar. Esta doutrina pondera que o licenciamento ambiental é atividade diretamente relacionada à limitação do exercício de direitos constitucionalmente assegurados, como o direito de propriedade e à livre iniciativa, que devem ser exercidos com respeito ao meio ambiente. Assim, já que se trata de atividade limitadora de direitos, ao licenciamento ambiental, segundo tal doutrina, devem ser aplicados os princípios do contraditório e da ampla defesa.
O licenciamento ambiental está atualmente disciplinado na recentemente publicada Lei Complementar 140/2011, em vigor a partir de 09/12/2011, que o define (no art. 2°, I) como sendo o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental (ou seja, visa licenciar atividades ou empreendimentos potencialmente poluidores ou degradantes). 
Em relação a ser processo ou procedimento, notem que a lei disse ser procedimento. Recordem-se da substancial diferença, por exemplo, no direito processual penal, onde, administrativamente, temos o inquérito que é procedimento (onde não se admite contraditório e ampla defesa) e, judicialmente, temos o processo (onde vigora contraditório e ampla defesa). Assim, é possível que o legislador tenha desejado informar logo de início que, no licenciamento ambiental, haverá discricionariedade (e não simples ato vinculado de concessão da licença uma vez cumpridos os requisitos) com um contraditório ou ampla defesa mitigada ou inexistente, cujo pano de fundo será a proteção do meio ambiente (vide primeiro julgado abaixo).
Destaca-se que o licenciamento ambiental é o procedimento, enquanto que a licença é o ato de outorga, de aprovação do poder público da atividade a ser realizada pelo particular, concedida ou não ao final do procedimento de licenciamento.
O licenciamento ambiental é plurifuncional, pois podem ser apontadas diversas funções por ele exercidas: a) objetiva o controle de atividades potencialmente poluentes, procurando uma atuação sustentável, para prevenir danos; b) operacionaliza os princípios da precaução, prevenção e poluidor-pagador; c) impõe medidas mitigadoras e compensatórias para a degradação ambiental que está prestes a ser autorizada; d) possui a potencialidade de inserir determinada atividade em um contexto de programação e planificação do desenvolvimento econômico nacional, regional ou local – instrumento voltado para o desenvolvimento sustentável; e) instrumento de direito econômico, pois importa no planejamento e na tomada de decisões sobre o que preservar e o que degradar (texto adaptado de Sílvia Capelli e outras).
Discute-se a natureza jurídica da licença ambiental, tendo em vista a clássica diferenciação entre licença (ato vinculado e definitivo) e autorização (ato discricionário e precário). 
Parte da doutrina entende que o termo licença estaria sendo empregado sem o rigor técnico-jurídico, devendo, no caso, ser entendido como autorização. Essa é a posição de Paulo Affonso Leme Machado, Toshio Mukai e de Vladimir Passos de Freitas.
Origem: TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO Classe: AG - AGRAVO DE INSTRUMENTO – 25103 Processo: 95030252342 UF: SP Órgão Julgador: SEXTA TURMA Data da decisão: 14/06/2000 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMINAR INDEFERIDA. LICENÇA PRÉVIA COM BASE EM EIA-RIMA. OUTORGA DE LICENÇA AMBIENTAL. ATO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO "SUI GENERIS". CONTROLE JUDICIAL SOMENTE NA ESFERA DA LEGALIDADE. AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO.
1 - LICENCIAMENTO VISTO SOB A ÉGIDE DO MEIO AMBIENTE CARACTERIZA-SE COMO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO REGRADO PELA DISCRICIONARIEDADE E RESTRIÇÕES.
2 - COMPETE À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SOPESAR SEGUNDO SEUS CRITÉRIOS DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE SE SERÁ OU NÃO CONCEDIDA A LICENÇA. MOSTRA-SE A CONCESSÃO DE LICENÇA EM MATÉRIA AMBIENTAL UMA DISCRICIONARIEDADE "SUI GENERIS" JÁ QUE SUA ORTORGA DEPENDE DA MOTIVAÇÃO CARREADA PELO EIA-RIMA.
3 - O CONTROLE SOBRE OS LIMITES DA DISCRICIOARIEDADE DO ATO ADMINISTRATIVO SE DÁ NA ESFERA DA LEGALIDADE DO ATO PRATICADO. REFERIDO CONTROLE É POSSÍVEL DESDE QUE RESPEITE-SE A DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA NOS LIMITES EM QUE ELA É ASSEGURADA À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PELA LEI.
4 - NÃO SE REFERE A INSURREIÇÃO DO I. ÓRGÃO MINISTERIAL À LEGALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO PRATICADO, NÃO SENDO OUTROSSIM FORNECIDO AO JUÍZO ELEMENTOS QUE PERMITAM INFERIR TER A AUTORIDADE ADMINISTRATIVA EXTRAPOLADO A DICRICIONARIEDADE QUE LHE É ASSEGURADA.
5 - AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO.
De outro lado, Édis Milaré entende que a licença ambiental se trata de verdadeira licença, uma vez que a capacidade decisória da Administração resume-se ao reconhecimento formal de que os requisitos ambientais para o exercício do direito de propriedade (empreendimento ou atividade) estão preenchidos. É preciso, na lição de Milaré, diferenciar a licença ambiental da licença tradicional, de modo a considerá-las apenas parentes e não irmãs gêmeas. Entendem como licença mesmo: Antônio Inagê de Oliveira e William Freite. Paulo de Bessa Antunes entende que é sui generis.
A licença ambiental tem uma estabilidade temporal, que não se confunde com a precariedade das autorizações e nem com a definitividade das licenças tradicionais. Garante-se, no lapso temporal da licença, a inalterabilidade das regras impostas no momento da outorga, salvo se o interesse público recomendar o contrário.
Por conta disso da possibilidade de revogação/anulação da autorização/licença no prazo de sua validade, há a discussão sobre se haveria direito à indenização ou não. O STJ e o STF têm sido casuísticos, observando, principalmente, o estado das obras.
São três as espécies de licenças ambientais estabelecidas pela Resolução 237/97 do CONAMA. Ressalte-se que boa parte da aplicação dessa resolução foi afastada pela Lei Complementar 140/11. Entretanto, parte dela continua em vigor. Os tipos de licença, por exemplo, não foram afetadas e são elas: licença prévia(LP), licença de instalação (LI) e licença de operação (LO). 
Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expediráas seguintes licenças:
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.
Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade.
Iter procedimental das licenças: 1 - definição pelo órgão ambiental, junto com o empreendedor, do que é necessário para o início do procedimento; 2 – requerimento da LP (com publicidade do mesmo); 3 – análise pelo órgão; 4 – possibilidade de pedir esclarecimentos, inclusive com renovação desse pedido; 5 – audiência pública, se for o caso; 6 – novos esclarecimentos, se necessários após a audiência; 7 – emissão de parecer técnico conclusivo e, se preciso, parecer jurídico; 8 – deferimento, ou não, da LP, também com publicidade; 9 – por conta do art. 14 da Resolução 237/97, o procedimento deve ser concluído em 6 meses, sem EIA/RIMA, ou até 12 meses, com EIA/RIMA; 10 – deferimento, ou não, da LI; 11 – concluídas e aprovadas as obras, deferimento da LO.
CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA AMBIENTAL
A Resolução 237/97 do CONAMA estabelecia um sistema racional de divisão das atribuições nas atividades de licenciamento entre as diversas esferas federativas, buscando evitar a duplicidade de procedimentos. A LC a que se refere o parágrafo único do art. 23 da Constituição (que deveria estabelecer normas para a cooperação entre os entes, em se tratando de competência comum) só veio a ser publicada 23 anos após a promulgação da CF/88 (LC 140/2011), regulando a repartição de competências. Assim, referida resolução tinha como intuito suprir a lacuna legal.
Parte da doutrina argumentava que a Resolução 237/97 seria inconstitucional na parte que, a pretexto de estabelecer critérios para o exercício da competência licenciatória, procedia à divisão entre os entes da federação, conferindo-a a um único ente. Segundo esse entendimento, tratando-se de matéria prevista como competência comum no artigo 23 da Constituição Federal, caberia a lei complementar fixar as normas de cooperação entre os entes federativos, razão porque tal competência não poderia ser regulada por lei ordinária e muito menos por resolução do CONAMA. Há ainda críticas, ante o fato de ter criado o licenciamento municipal, extrapolando o poder regulamentar concedido pelo art. 10 da Lei nº 6.938/81. Entretanto, a LC 140, em relação a esses aspectos, estabeleceu que o licenciamento será feito por um único ente e confirmou a competência dos municípios para o licenciamento ambiental. Ressalte-se, entretanto, que referida LC está sendo impugnada no STF, por meio da ADI 4757, proposta em abril de 2012 e pendente de julgamento. Eis os principais argumentos da ADI:
- A LC deveria apenas prever mecanismos de cooperação, nos termos do parágrafo único do art. 23 da CF, mas, ao invés, estabeleceu competências privativas, impedindo a atuação dos órgãos federais, que antes era irrestrita.
- A segregação das atribuições seria tão grande que afetaria a própria competência comum. Assim, agride o art. 225, CF, que impõe que a proteção do meio ambiente é dever do Poder Público (o que abrangeria todos os entes).
- atribuem-se poderes normativos irrestritos à Comissão Tripartite, que poderá impor obrigações e deveres por meio de “proposição”, fixando direitos e deveres sem previsão legal, violando o art. 5º e inc. II e art. 37 da CF. 
O critério para identificar o órgão preponderantemente habilitado, nos termos da Resolução 237, para o licenciamento era a área de influência direta do impacto ambiental. O que se levava em consideração, para fins de determinação da competência em termos de licenciamento ambiental, era a amplitude do dano. Era uma regra própria e específica prevista pela legislação ambiental, em especial a Lei n. 6938/81 (§ 4º do art. 10). Além disso, apenas os impactos diretos eram levados em consideração, pois os indiretos poderiam alcançar proporções inimagináveis.
A partir da LC 140, o critério principal deixou de ser o da abrangência do impacto ambiental. Com efeito, tanto a Lei 6.938/81 quanto a Resolução 237 se referiam à abrangência do impacto ambiental, ligando-o à predominância do interesse (impacto nacional = interesse nacional). A LC, em se tratando de competência federal para licenciar, não fala mais em impacto ambiental ou sua abrangência, se referindo apenas à área de localização do empreendimento ou atividade. Logo, o critério que prevalece para o IBAMA é o da localização geográfica do empreendimento. A LC deixou isso bem expresso ao revogar o § 4° da Lei 6.938/81, que estabelecia esse critério.
Segundo a Orientação Jurídica Normativa (OJN) nº 33/2012, da Procuradoria Federal do IBAMA, de 26/04/2012, a LC 140 acolheu, em regra, a localização geográfica do empreendimento ou atividade como critério para definição do órgão competente. Assim, se os impactos ambientais de um empreendimento ultrapassar os limites estaduais, mas o empreendimento estiver localizado integralmente no interior de um único Estado, seu licenciamento ambiental será de competência do órgão estadual, e não do IBAMA. Ao lado do critério geográfico, em relação à União, temos ainda o critério da atividade (para atividade militar e com energia nuclear) e uma via aberta, que é a definição por ato do Poder Executivo Federal segundo proposta do Conselho Tripartite, como veremos mais à frente.
Dessa forma, o critério principal que era subjetivo (abrangência do impacto ambiental) passou a ser, via de regra, objetivo (localização do empreendimento ou atividade). O aumento da segurança jurídica sobre o tema foi significativo.
O Ibama não terá mais competência para licenciar empreendimento apenas em razão da abrangência do seu impacto ambiental. No momento, ainda que atividade tenha potencial poluidor de âmbito nacional ou regional, o Ibama não será competente para licenciar, a não ser que esteja configurada uma das hipóteses previstas nas alíneas do inciso XIV do art. 7º (transcritas mais abaixo), que estabelece os critérios de localização, do tipo de atividade e, em relação às unidades de conservação, o critério do ente instituidor.
Para o licenciamento ambiental, ao lado do critério da predominância do interesse, que era informado pelo critério da abrangência do impacto ambiental (se o impacto era local, o interesse também o seria, e assim sucessivamente...), havia também, segundo alguns autores, o critério da dominialidade do bem (se bem federal, seria do IBAMA a competência para licenciar) e, ainda, o critério supletivo, previsto apenas para a entidade federal. Como vimos, desapareceu o critério genérico da predominância do interesse pela abrangência do impacto (apenas se pode considerar objetivamente os casos dispostos no art. 7º da LC, que, em sua maioria, são informados pela localização geográfica do empreendimento). Em relação ao critério da dominialidade, acreditamos que ele não foi adotado em nenhum momento, conforme julgados citados abaixo mais adiante (na verdade, doutrina minoritária defendia esse critério). No que se refere à supletividade, veremos que houve a restrição da atuação supletiva, reservada apenas para os casos expressamente previstos. Nada impede, porém, que ato do poder executivo federal, por proposta da ComissãoTripartite, adote os mesmos ou outros critérios para atividades não previstas expressamente na LC, adotando, por exemplo, o critério da predominância do interesse para outras atividades.
Por fim, o STJ e alguns regionais já se manifestaram no sentido de que a dominialidade (titularidade do bem) não é critério definidor da competência para o licenciamento ambiental (STJ, Resp. 2003/0159754-SC; TRF5, AC 327.022; TRF1, AG 2007.01.00.000782-5/BA). Contudo, em matéria de impugnação judicial de licenciamento por outro ente, o critério da dominialidade é utilizado como parâmetro para definição da legitimidade ativa da União e do IBAMA, notadamente em ações civis públicas que possuem como fundamento possíveis ilegalidades no licenciamento ambiental, insuficiência da atuação do órgão estadual de meio ambiente ou dano a bem de domínio da União (REsp 769753 / SC)
De acordo com os arts. 7°, 8º e 9º da LC 140, ficou assim definida a competência para o licenciamento ambiental:
	Licenciamento federal
(IBAMA)
	Atividades ou empreendimentos:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; 
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
f) de caráter militar, salvo os previstos no preparo e emprego das Forças Armadas
g) os relativos à material radioativo ou energia nuclear; ou 
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento (ou seja, licenciar o que for determinado por ato do Poder Executivo, por proposição da Comissão Tripartite Nacional).
	Licenciamento estadual
	A competência para licenciamento pelo Estado é residual, cabendo-lhe aquilo que não for conferido à União ou ao Município (art. 8º, XIV), in verbis:
a) (é ação administrativa do Estado) promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o; 
Cabe, ainda, ao Estado:
b) promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
	Licenciamento municipal
	Atividades ou empreendimentos: 
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade;
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
OBSIMPS (observações importantes):
Para o licenciamento federal, há um critério geral, que é o da localização geográfica do empreendimento ou atividade (e não mais do impacto ambiental), e dois critérios suplementares: o da atividade (militar ou nuclear/radioativa) e o do ente instituidor da unidade de conservação – instituída pela União, o licenciamento é de competência desse ente (o art. 12 da LC nomeia expressamente esse critério, dizendo não se aplicar às APAs). Destaca-se, entretanto, que há doutrinador que afirma que o critério da atividade é, na verdade, ditado pela predominância do interesse (pois é, o tema é muito polêmico!);
Para o licenciamento estadual há dois critérios: o residual, que deve ser orientado pela regra geral da lei, qual seja, o da localização geográfica do empreendimento ou atividade, e o do ente instituidor da unidade de conservação – se instituída pelo Estado, é desse ente o licenciamento na área (que não se aplica às APAs);
Para o licenciamento municipal há dois critérios: permanece o do impacto ambiental local e o do ente instituidor das unidades de conservação (que não se aplica às APAs);
Notem que, segundo a LC 140, quem vai definir o que é “impacto de âmbito local”, para fins de licenciamento, é o Conselho Estadual de Meio Ambiente. Para Paulo de Bessa Antunes (em palestra proferida no Recife em agosto/2012), isso é inconstitucional, pois órgão administrativo do Estado estaria definindo competências municipais, o que viola a Constituição (definição de competências no Estado Federal é atribuição da Constituição e não órgãos administrativos de um único ente).
Observem que, ao estabelecer o critério da abrangência do impacto para o município, a LC, implicitamente, admite a utilização desse critério para o Estado, já que, se o impacto superar área do município, competirá ao Estado o licenciamento da atividade.
o licenciamento que compreenda, concomitantemente, área terrestre e marítima da zona costeira só será atribuição da União se ato do Poder Executivo o definir, a partir de proposição da Comissão Tripartite (União não quer se ocupar com pequenos empreendimentos, a exemplo de pequenas barracas e aluguéis de bananas boat);
em relação às APAs, temos uma regra diversa da do ente instituidor, que é a regra para as unidades de conservação. A regra da LC 140 diz que quem institui a unidade de conservação deve licenciar os empreendimentos na área, excetuando-se as APAs. No caso das APAs, o critério é a regra geral da Lei Complementar para as demais atividades, ou seja, o da localização geográfica do empreendimento ou atividade: no limite do município o impacto é local; em se limitando ao estado a competência é estadual; em mais de um estado é federal. Simples, não? Lembre-se, entretanto, que isso não exclui a competência da União em relação aos casos de sua exclusividade (APA em país fronteira com país limítrofe, APA em terra indígena, mar territorial, zona econômica exclusiva, atividades nucleares em APA...)
Segundo o Novo Cód. Florestal, o licenciamento em APPs cabe ao órgão estadual do meio ambiente (arts. 10, 11-A, III e 26).
A LC 140 prevê expressamente a possibilidade de delegação do licenciamento, mediante convênio, ao permitir tanto a delegação das atribuições quanto de ações específicas, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente (art. 4°, V e VI e art. 5°).
Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas (parágrafo único do art. 5°)
Contrariando a doutrina e a jurisprudência anterior à lei, a nova Lei estabelece que os empreendimentos e atividades devem ser licenciados ou autorizados por um único ente federativo. Os demais entes federativos, podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental. (lembrem-se que a licença ambiental envolve estudo, avaliação, enquanto que a autorização os dispensa, por ser a atividade considerada simples e de reduzido impacto ambiental).
O ente competente para licenciar é quem deve autorizar a supressão de vegetação decorrente dos seus licenciamentos ambientais.
Prevê, ainda, o art. 13, § 3° da LC 140 que os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo
A Resolução 237/97 prevê o prazo máximo de 6 (seis) meses para análise dos pedidos de licença, a contar do ato de protocolodo requerimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses. Essa parte da Resolução continua aplicável, já que a lei não prevê prazo de licenciamento e dispor que, enquanto não estabelecidas as atribuições pela Comissão Tripartite, os processos de licenciamento serão conduzidos conforme a legislação em vigor. 
As exigências de complementação de informações, documentos ou estudos feitas pela autoridade licenciadora suspendem o prazo de aprovação, que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo empreendedor (art. 14, § 2°).
O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva referida no art. 15.  (art. 14, § 3°).
A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente (art. 14, § 4°).
Pode ocorrer, ainda, a atuação supletiva em função da deficiência na ação do órgão ambiental estadual ou municipal:
Art. 15.  Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses: 
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação; 
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos. 
As licenças têm prazo de validade diferenciado de acordo com a sua espécie. Ao termo do prazo da licença, deverá ocorrer a revisão do licenciamento, o que visa impedir a perenização de padrões que, sempre, são ultrapassados tecnologicamente (estes prazos são estabelecidos pela Resolução 237/97 e não pela LC).
	Licença
	Prazo mínimo
	Prazo máximo
	Prorrogabilidade
	LP
	O estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos
	5 anos
	Sim, desde que observado o limite máximo
	LI
	O estabelecido pelo cronograma de instalação
	6 anos
	Sim, desde que observado o limite máximo
	LO
	4 anos
	10 anos
	Não é prorrogada, mas sim renovada, por novo prazo que independe do prazo inicial.
Ocorre prorrogação, contudo, a partir do requerimento de renovação até a manifestação definitiva do órgão ambiental.
O pedido de renovação deve ser apresentado até 120 dias antes do termino do prazo.
	
	O órgão ambiental poderá estabelecer prazos específicos para empreendimentos ou atividades que por sua natureza e peculiaridade estejam sujeitos a encerramento ou modificações em prazos inferiores
	
A licença ambiental é dotada, implicitamente, de uma cláusula rebus sic stantibus, de modo que se as condições originais que deram ensejo à concessão da licença mudarem, esta também pode ser alterada (de modo mais restritivo ou liberalizante) ou até retirada. Trata-se de ter em mente a preservação do bem maior que é o meio ambiente. 
Previsões da Resolução 237 (casos de retirada da Licença Ambiental)
	Suspensão
	É a retirada temporária da licença, quando houver possibilidade de adequação da atividade. Ocorre nos casos de suspeita de risco ambiental grave, mesmo que superveniente ao licenciamento, e quando for identificada irregularidade não tão grave no licenciamento.
	Anulação
	É retirada definitiva, que ocorre por irregularidade na concessão da licença ambiental, que desconsiderou os preceitos legais. Omissão ou falsidade de informações relevantes que servirem para fundamentar a expedição da licença.
	Cassação
	Irregularidade posterior à concessão da licença ambiental, em razão do descumprimento das condicionantes ou da legislação ambiental.
	Revogação
	Superveniência de graves riscos para o meio ambiente e para a saúde pública.
Em havendo circunstância superveniente que implique a suspensão ou a retirada da licença ambiental, sem que o empreendedor tenha dado causa a elas, ele faz jus ao ressarcimento de seu investimento, bem como aos lucros cessantes e perdas e danos. Caso contrário, a hipótese representaria verdadeiro confisco. Basta lembrar que o Estado responde por dano provocado até por ato lícito.
De modo a viabilizar o controle popular, existe previsão para a publicação resumida dos pedidos de licenciamento, em qualquer de suas modalidades, sua renovação e a respectiva concessão da licença. Tal publicação deve ser paga pelo interessado, no jornal oficial do Estado e em periódico de grande circulação, regional ou local, conforme modelo aprovado pelo CONAMA, resguardado o sigilo industrial (art. 4° do Decreto 99.274/90 e art. 4° da Lei 10.650/03).
Além dessas regras referentes ao licenciamento ambiental, as quais podem ser classificadas de gerais, existem regras específicas para o licenciamento de certas atividades que são dotadas de características peculiares em razão do porte, da natureza, da localização, da dinâmica de exploração e assim por diante (Resolução 237/97 – art. 12). 
Art. 12 - O órgão ambiental competente definirá, se necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação.
§ 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.
§ 2º - Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades.
§ 3º - Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental.
São exemplos de atividades que têm disciplina específica para o licenciamento ambiental: obras de grande porte (Resolução 006/87), obras de saneamento (Resolução 005/88), controle de resíduos industriais (Resolução 006/88), atividades minerarias (Resolução 009/90 e 010/90), atividades de exploração e produção de petróleo (Resolução 023/94), empreendimentos em praias de tartarugas marinhas (Resolução 010/96), revenda de combustíveis (Resolução 273/2000), empreendimentos de oferta de energia elétrica, com pequeno potencial de impacto (Resolução 279/2001), empreendimentos de irrigação (Resolução 284/2001), empreendimentos nas regiões endêmicas de malária (Resolução 286/2001), assentamentos de reforma agrária (Resolução 289/2001).
As decisões do órgão ambiental acerca do licenciamento são passíveis de recurso, conforme previsão do Decreto 99.274/90:
DECRETO No 99.274, DE 6 DE JUNHO DE 1990.
Art. 20. Caberá recurso administrativo: 
I - para o Secretário de Assuntos Estratégicos, das decisões da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)�; e 
II - para o Secretário do Meio Ambiente, nos casos de licenciamento da competência privativa do Ibama, inclusive nos de denegação de certificado homologatório. 
Parágrafo único. No âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o recurso de que trata este artigoserá interposto para a autoridade prevista na respectiva legislação. 
Outros dispositivos importantes sobre licenciamento, dispostos na LC 140:
Art. 2o  Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se: 
II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar; 
III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar. 
Art. 16.  A ação administrativa subsidiária dos entes federativos dar-se-á por meio de apoio técnico, científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação. 
Parágrafo único.  A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente originariamente detentor da atribuição nos termos desta Lei Complementar. 
Art. 17.  Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada. 
§ 1o  Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia. 
§ 2o  Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis. 
§ 3o  O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput. 
Art. 18.  Esta Lei Complementar aplica-se apenas aos processos de licenciamento e autorização ambiental iniciados a partir de sua vigência. 
2ª PARTE: PODER DE POLÍCIA E DIREITO AMBIENTAL. INFRAÇÕES AMBIENTAIS. 
O ponto atém-se à responsabilidade administrativa ambiental, já que há previsões específicas no edital acerca das responsabilidades civil e criminal.
A proteção ao meio ambiente é dever do Estado e da coletividade (art. 225, CF/88). Uma das formas do Estado garanti-la é através do exercício do poder de polícia ambiental, por meio do qual se estabelece regramento de atividades particulares que tenham conotação ambiental, e se definem condutas cujo descumprimento configura infração administrativa.
O poder de polícia, decorre, portanto, da prerrogativa que tem a Administração Pública de zelar pelo meio ambiente, bem de uso comum do povo, e encontra fundamento constitucional no art. 225, §3º da CF/88. A omissão do Poder Público no seu exercício pode constituir, inclusive, tanto infração administrativa (art. 70, §3º, Lei n.º 9.605/98), quanto ato de improbidade administrativa (art. 11, II, Lei n.º 8.429/92).
Sobreleva destacar, também, que a Lei n.º 6.938/81� estabeleceu, em seu art. 9º, IX, como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, “as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental”.
De outro giro, recorde-se que, nos termos do art. 23, III, CF/88, a competência para a proteção ao meio ambiente é comum entre a União, Estados, DF e Municípios. Da mesma forma, conforme art. 24, VI, VII e VIII, c/c art. 30, I, II, VI e IX, todos da CF/88, é competência concorrente dos entes federados legislar sobre direito ambiental.
Assim, cabe a cada ente federado exercer o seu poder de polícia no âmbito de suas atribuições, assim como estabelecer regras próprias para esse exercício.
No âmbito federal, as infrações administrativas de cunho ambiental e suas respectivas sanções são disciplinadas pela Lei n.º 9.605�, de 12.02.1998, a qual revogou o art. 14 da Lei n.º 6.938/81. Dita lei foi regulamentada pelo Decreto n.º 3.179/99.
PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL X COMPETÊNCIA PARA LICENCIAMENTO.
	A competência atribuída a determinado ente federado para a concessão da licença ambiental não retira dos demais entes as prerrogativas atinentes ao poder de polícia ambiental. A tarefa de preservação ambiental, contudo, foi atribuída à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a título de competência comum
	A conseqüência prática desta disciplina normativa é que uma empresa que exerça determinada atividade causadora de degradação ambiental com a licença conferida por um Município, por exemplo, está sujeita ao poder de polícia exercido pelos órgãos e entidades que compõem os demais entes políticos. Assim, não se pode confundir a competência para licenciar com a competência para fiscalizar. O STJ, inclusive, já pacificou o entendimento que a atividade fiscalizatória ambiental pode ser exercida por qualquer dos órgãos integrantes do SISNAMA, independentemente da competência para o licenciamento.	
Pelo art. 70, §§ 1º e 3º, da Lei 9.605/98, todos os entes federados seriam competentes para lavrar autos de infração em matéria ambiental.
Para evitar a duplicidade de punição pelo mesmo fato (já que todos eram considerados competentes para lavrar o auto) e eventual conflito de atribuições entre os entes, existiam alguns dispositivos que estabeleciam regras definidoras de competência, entre os quais o art. 14, I e § 2º da Lei 6.938/81 e art. 76 da Lei 9.605/98. Este último artigo reza que o pagamento da multa imposta pelos Estados, Municípios ou DF substitui a multa federal. Agora não é mais assim: prevalece, em caso de dupla lavratura de auto de infração, a multa do órgão ambiental competente.
Cabe observar uma distinção dentro da competência material realizada pela doutrina e jurisprudência entre (1) competência de licenciar e (2) competência de fiscalizar. A LC adotou essa sistemática. Notícia veiculada no Informativo 392 do STJ explica a diferença:
“IBAMA. FISCALIZAÇÃO. OMISSÃO. ORGÃO ESTADUAL.
O nosso pacto federativo atribuiu competência aos entes da Federação para a proteção do meio ambiente, o que se dá mediante o poder de polícia administrativa (art. 78 do CTN). Esse poder envolve vários aspectos, entre eles, o poder de permitir o desempenho de certa atividade (desde que acorde com as determinações normativas) e de sancionar as condutas contrárias à norma. Anote-se que a contrariedade à norma pode ser anterior ou superveniente à outorga da licença, portanto a aplicação da sanção não está necessariamente vinculada àquele ato administrativo. Isso posto, não há que se confundir a competência do Ibama de licenciar (caput do art. 10 da Lei n. 6.938/1981) com sua competência para fiscalizar (§ 3º do mesmo artigo). Assim, diante da omissão do órgão estadual de fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, o Ibama pode exercer seu poder de polícia administrativa, quanto mais se a atividade desenvolvida pode causar dano ambiental em bem da União. Precedente citado: REsp 588.022-SC, DJ 5/4/2004. AgRg no REsp 711.405-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 28/4/2009.”
Ou seja, apenas o competente tem a atribuição de lavrar o auto, mas todos podem fiscalizar. Entretanto, havendo perigo iminente ou atual ao meio ambiente os demais entes federados estão autorizados a agir cautelarmente e/ou existindo omissão e inércia do ente originalmente atribuído da competência para licenciar, fica o ente diverso autorizado a agir com base no poder depolícia, fiscalizando o particular e tomando medidas cabíveis (a lei não estabelece que medidas seriam essas).
Contudo, existe uma questão que tem intrigado quem se debruça sobre a LC 140. O caput do art. 17 diz que só o ente competente pode lavrar auto de infração (para aplicação de multa, por exemplo). Porém, o § 3° do mesmo artigo afirma que todos os entes podem fiscalizar e, em caso de dupla multa, prevalecerá o auto de infração lavrado pelo órgão que detenha a atribuição de licenciar. Quer dizer, ao disciplinar que todos podem fiscalizar e que prevalecerá o auto do ente competente, está admitindo a possibilidade de dupla lavratura de auto.
Com a nova disciplina dada pela LC 140/11, houve a ampliação da mens legis do art. 76 da Lei 9.605/98 e do parágrafo único do art. 12 do Decreto 6.514/08, prevalecendo para a mesma infração ambiental todo o auto de infração do ente competente, abarcando quaisquer sanções previstas no art. 72 da Lei 9.605/98 e não apenas a sanção única da multa estadual ou municipal (o art. 76 só dizia que o pagamento da multa municipal ou estadual substituía a multa Federal). Eis as demais infrações possíveis, que agora podem ser substituídas de acordo com auto de infração do ente competente:
“Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X - (VETADO)
XI - restritiva de direitos.”
Igualmente, houve a previsão de situação não abarcada pela literalidade do aludido art. 76: a possibilidade de um auto federal posterior substituir um auto estadual ou municipal, desde que o ente competente para o licenciamento ambiental seja a União Federal.
Havia também entendimentos que afirmam que o pagamento da multa municipal ou estadual, sendo menor que a federal, não impedia a cobrança da diferença em relação à multa federal.
De todo modo, a LC 140/11 veio a disciplinar o assunto de uma forma mais técnica, corrigindo lacunas nas diversas leis, decretos e resoluções, sepultando de vez a tese de que a multa estadual apenas substituiria a federal até o limite de seu valor. Assim, mesmo que a multa federal seja maior, se o ente competente para licenciar for estadual ou mesmo municipal, a multa desses últimos prevalecerá mesmo que menor, não cabendo a cobrança de quaisquer diferenças em relação à multa federal.
A RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
Assim como a responsabilidade penal, a administrativa é instrumento de características marcantemente repressivas. Para a verificação de ambas – penal e administrativa – não se exige a ocorrência de efetivo prejuízo, eis que podem coibir condutas que apresentem mera potencialidade de dano, ou mesmo apenas risco de agressão aos recursos naturais.
1) CARACTERIZAÇÃO DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
A aplicação de sanções pelos entes federativos se pauta pelo princípio da legalidade. Contudo, não se exige lei em sentido formal para a tipificação de infrações administrativas. Desobedecida a norma, é ilícito o ato (infração administrativa) e podem ser impostas sanções, estas sim prescritas sempre em lei formal;
Permite-se, tal como no Direito Penal, a utilização de tipos infracionais abertos e normas infracionais em branco;
A lei, de forma bastante ampla e genérica, considera infração o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental. Ditas medidas são descritas em grande parte no regulamento;
As infrações definidas no regulamento são quase todas idênticas aos tipos criminais previstos na própria Lei n.º 9.605/98. Tendo em mente o princípio da intervenção mínima aplicável ao direito penal, portanto, os tipos infracionais não definem todas as condutas lesivas ao meio ambiente. Inobstante, ante a amplitude do art. 70, Lei n.º 9.605/98, para Milaré não se exige a tipificação das infrações administrativas, que se concretizam pela só violação ao ordenamento-jurídico ambiental como um todo. Julgado do TRF1 colacionado abaixo, de relatoria do Des. Olindo Menezes, pondera que somente lei em sentido formal e material pode prever infrações e impor penalidades (julgado data do ano 2000);
A infração administrativa ambiental se verifica tão somente pela inobservância de regras jurídicas – de que pode ou não resultar conseqüências prejudiciais ao meio ambiente. É prescindível a efetiva ocorrência de um dano.
2) NATUREZA JURÍDICA
Segundo Milaré, a doutrina tende a se inclinar pela regra da objetividade para definir a natureza jurídica da responsabilidade administrativa;
Para Paulo Affonso Leme Machado, “das 10 sanções previstas no art. 72 da Lei 9.605/98 (incisos I a XI), somente a multa simples utilizará o critério da responsabilidade com culpa; e as outras 9 sanções, inclusive a multa diária, irão utilizar o critério da responsabilidade sem culpa ou objetiva, continuando a seguir o sistema da Lei 6.938/81, onde não há necessidade de serem aferidos o dolo e a negligência do infrator submetido ao processo”�;
Vladimir Passos de Freitas� defende a objetividade da responsabilidade administrativa com base no art. 2º, §10, Decreto n.º 3.179/99, que prevê a obrigatoriedade do infrator reparar o dano causado independentemente da verificação de culpa;
Para Milaré, a responsabilidade administrativa não é verdadeiramente objetiva – uma vez que é pessoal e que não prescinde da ilicitude – mas sua verificação independe da demonstração da culpa. Segundo defende, dita responsabilidade a princípio não se funda na culpa, mas nada impede casos em que, “distanciando-se da regra geral, haja expressa disposição legal exigindo a presença do elemento subjetivo na própria tipificação da conduta tida como delituosa”. Exemplo seria o art. 72, §3º�, Lei n.º 9.605/98;
Para este autor, como a responsabilidade administrativa, tal como a penal e diferentemente da civil, caracteriza-se por sua natureza eminentemente repressiva e, no caso da administrativa, não dispensa a ilicitude da conduta, para a aplicação de uma penalidade, seja de natureza penal ou administrativa, é preciso que se configure uma conduta, omissiva ou comissiva, que de qualquer forma concorra para a prática da infração. Da mesma forma, dado o seu caráter repressivo e, por isso, pessoal, as sanções administrativas podem alcançar apenas quem tenha concorrido para o ato infracional.
Para Milaré, então, é inadequada a aplicação pura e simples da teoria objetiva no caso. Segundo ele, como também para Régis Fernandes de Oliveira, a natureza jurídica da responsabilidade administrativa ambiental depende da tipificação da infração. Seria, então, sistema híbrido entre a responsabilidade objetiva e a subjetiva, a depender do tipo legal.
3) PRESSUPOSTOS
Nos termos do art. 70, Lei n.º 9.605/98, “considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. Imprescindível, portanto, para a configuração da responsabilidade administrativa, que haja sido praticada conduta ilícita.
3.1) Conduta
É responsável qualquer pessoa física ou jurídica, de Direito Público� ou Privado, que tenha concorrido para a prática da infração;
A responsabilidade é pessoal, dado o caráter repressivo da norma. Assim, ao sucessor não pode ser imputada responsabilidade administrativa ou penal pela prática de um ilícito ambiental pelo sucedido, mas apenas a responsabilidade civil pela reparação do dano eventualmente decorrente da conduta deste,ainda que lícita.
“A doutrina vem entendendo pela impossibilidade de punir a tentativa de infração administrativa, em virtude da ausência de norma expressa que a preveja”. (Sílvia Cappelli)
3.2) Ilicitude
É da essência da responsabilidade administrativa a ocorrência de uma infração, a desobediência a normas ou a subsunção do comportamento do agente a um tipo infracional;
Milaré reviu posicionamento anterior para entender que o dano não é pressuposto da infração. Entende hoje que a essência da infração não é o dano, mas o comportamento em desobediência a uma norma jurídica de tutela do ambiente. O dano, isoladamente, não é gerador da responsabilidade administrativa, mas apenas se for resultado descrito em tipo infracional ou o provocado por uma conduta omissiva ou comissiva violadora de regra jurídica.
3.2.1) Caracterização da ilicitude
A sanção apenas poderá incidir ante o perfeito enquadramento legal da conduta imputada ao agente. Assim, se determinada conduta não autorizada pelos órgãos ambientais competentes constitui infração administrativa, estando o sujeito de posse da devida licença ambiental, ainda que ocorra dano ambiental grave, não haverá que se falar em infração administrativa, mas apenas, se for o caso, no dever de reparar (responsabilidade civil, já que esta é objetiva e disciplinada pela teoria do risco integral). No entanto, se faltar qualquer das licenças necessárias (mesmo que apenas 1 dentre várias exigidas), ainda que não se tenha verificado dano, restará caracterizada a infração administrativa (exceto se o dano for resultado necessário, nos termos do tipo infracional);
Se for o caso de ser necessária a ocorrência do resultado danoso, ou risco efetivo de dano, nos termos descritos no tipo, para a caracterização da infração, este – o dano ou o risco – deverá estar demonstrado em laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente que identifique que aquela conduta gerou efetivamente risco de dano ou o próprio dano, e em que dimensões.
3.2.2) Descumprimento de condicionantes da licença ambiental ou demais atos autorizadores
Discute-se se configura, ou não, prática de infração administrativa;
Essas condições não se enquadram na expressão “regras jurídicas” constante do caput, art. 70�, Lei n.º 9.605/98, ao menos não na acepção técnica do termo;
Apenas com base na legislação federal, no tipo do art. 44�, Decreto n.º 3.179/99, dito descumprimento não seria considerado genericamente como infração administrativa. Isso porque, quando assim o quis o legislador, o fez expressamente, como no caso do art. 42�, Decreto;
Para Milaré, nada obstante, o agente público, para autuar quem descumprisse as condicionantes, sempre poderia suspender ou cancelar a licença expedida, valendo-se do art. 19�, Res. CONAMA n.º 237/97�;
De toda a sorte, em relação aos recursos hídricos, o art. 49, IV�, da Lei n.º 9.433/97�, foi expresso no sentido de que constitui infração administrativa.
4) CONSEQÜENCIAS DA ADOÇÃO DA TEORIA DO SISTEMA HÍBRIDO*
4.1) Prescindibilidade da culpa
Não é necessária a culpa, mas apenas no caso do art. 72, §3º�, Lei n.º 9.605/98. Existe doutrina minoritária no sentido de que a responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva, haja vista as expressões “negligência” e “dolo”, previstas neste dispositivo legal. O STJ tem entendimento pacífico no sentido de que o art. 72, §3º da Lei n. 9605/98 deve ser interpretado restritivamente, de modo que “dolo” ou “negligência” somente são exigidos nas condutas previstas em tal dispositivo;
Não obstante, se concorrer a culpa, será considerada circunstância agravante�. Da mesma forma, a demonstração, no caso concreto, da ausência de dolo ou culpa por parte do agente pode justificar a desclassificação da sanção para uma penalidade mais branda do que a que seria normalmente aplicada, segundo Milaré.
4.2) Inversão do ônus da prova
O processo de apuração de infração é instaurado a partir de auto de infração, o qual, como todo ato administrativo, goza de presunção de legitimidade que alcança as razões de fato (veracidade) e os fundamentos de direito (legalidade) ensejadores da autuação;
O ônus da prova em sentido contrário, portanto, é do autuado.
4.3) Incidência das excludentes da responsabilidade
Segundo Milaré, a responsabilidade administrativa pode, de regra, ser afastada quando se configurar caso fortuito, força maior ou fato de terceiro;
Caracteriza-se, contudo, no caso de concausa, quando à conduta negligente (responsabilidade subjetiva) da empresa se acresce força maior, caso fortuito ou fato de terceiro;
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE
O diploma atualmente em vigor concernente às infrações e sanções administrativas em matéria ambiental é o Decreto nº 3.179/99, que regulamentou a Lei nº 9.605/98, além de prever infrações administrativas baseadas em outras leis, como o Código de Pesca e o Código Florestal.
A autoridade administrativa deve atentar para a proporcionalidade, admitindo a jurisprudência o controle judicial de eventual excesso punitivo por parte da autoridade administrativa, inclusive podendo reduzir a multa. Há precedentes do STJ e do STF.
Ressalto que a prática de condutas ofensivas ao meio ambiente ensejam para o infrator a aplicação cumulativa de sanções penais, civis e administrativas. Considerando que, muitas vezes, os processos criminais são encerrados mediante transação no âmbito do Juizado Especial, com o pagamento de prestação pecuniária, é bastante comum o infrator argüir perante os órgãos ambientais que já quitou a multa imposta. 
O Auto de infração lavrado pela fiscalização do órgão ambiental é a forma de aplicação da sanção administrativa e dá início ao processo administrativo.
Há um processo administrativo próprio, previsto Art. 70, § 4º e art. 71 da Lei 9.605/98. A disciplina minudenciada encontra-se no Dec. 6.514/08. Eis os pontos mais relevantes:
 I - PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ADMINISTRATIVA: art. 21 do Dec. 6.514/08, que prevê que o prazo para deflagrar o processo administrativo ambiental é de 5 anos. O prazo prescricional é interrompido com a lavratura do auto de infração.
II - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE: art. 21, § 2º. Casos em que o processo administrativo ficar parado por mais de 3 anos, sem impulso por parte da Administração Pública.
III - CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO: Art. 22 do Dec. 6.514/08.
IV - DEFESA: art. 113 e seguintes do Dec. 6.514/08.
V - JULGAMENTO: art. 118 e seguintes do Dec. 6.514/08. deve ser revestido do direito à ampla defesa e ao contraditório.
1) ADVERTÊNCIA – art. 72, I, e §2º, Lei e art. 2º, I, e §2º, Decreto
Sanção de índole essencialmente pedagógica e preventiva;
Não era prevista no revogado art. 14, Lei n.º 6.938/81;
Será aplicada, nos termos do art. 72, §2º, Lei n.º 9.605/98, “pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo”;
Na prática, no próprio auto de infração ambiental a autoridade consigna prazo para que o infrator ajuste as suas atividades aos termos da legislação ambiental, sob pena de aplicação de sanções mais severas, como a multa, por exemplo;
Para Milaré, a interpretação isolada e literal desse dispositivo, sem consultar o disposto no art. 6º� da mesma lei, tem levado ao equivocado entendimento de que, em toda e qualquer infração, a advertência deveria sempre preceder a aplicação das penalidades mais graves e, ainda, que jamais poderia ser aplicada isoladamente, o que não seria correto;
O art. 6º da Lei n.º 9.605/98 e do Decreto n.º 3.179/99 são claros no sentido de que a aplicação de qualquer penalidade há de considerar a gravidade do fato e os antecedentes do infrator. Assim, conforme as características do caso, nada impede que a autoridade aplique diretamente a multa ou outra sanção que entender cabível, independentemente da incidênciade uma advertência anterior;
Por sua própria natureza, cabe nas infrações mais leves ou nas cometidas por infratores primários;
Sua imposição em conjunto com outra penalidade tem sentido em duas hipóteses:
quando esta última tenha também caráter cautelar, como é o caso típico do embargo de obra, a apreensão de animais etc.
quando, além da imposição de sanção por dano já verificado, como a multa, deva o infrator tomar medidas emergenciais para fazer cessar ou corrigir a irregularidade, o que não se confunde com a reparação do dano;
O Decreto nada acrescentou aos termos da Lei no que se refere à advertência.
2) MULTA SIMPLES – art. 72, II, e §§ 3º e 4º, Lei e art. 2º, II, e §§ 3º e 4º, Decreto
Será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo, deixar de sanar as irregularidades no prazo consignado pela autoridade administrativa, ou opuser embaraço à fiscalização;
Para Milaré, a multa simples pode ser aplicada em qualquer caso, e não apenas nos dois elencados na Lei e no Decreto;
A presença do elemento subjetivo, como já consignado, apenas é necessária quando houver previsão expressa na tipificação da infração. Esses são os dois únicos casos da Lei;
O §4º permite a conversão da multa simples em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. É faculdade da Administração Pública e pode ser requerida pelo infrator. Quando concedida, suspende a exigibilidade da multa enquanto perdurar a obrigação de fazer (ver julgado do STJ abaixo);
A Instrução Normativa IBAMA n.º 10, de 31.10.03, art. 2º, trouxe importantes conceitos para a regulamentação da matéria, tais como o que seria a conversão da multa, prestação de serviços de forma direta e indireta etc., suprimindo a lacuna da Lei e do Decreto. Dita IN também define os requisitos para elaboração e formalização do Termo de Compromisso correspondente, bem como a sua tramitação administrativa pelo IBAMA até a sua assinatura pelo interessado e completa execução;
A prestação de serviços substitutiva não pode ser confundida com a obrigação do infrator de corrigir as irregularidades apontadas e reparar danos ambientais decorrentes de sua conduta – que são obrigações autônomas, nos termos do art. 225, §3º, CF/88. Se tais obrigações não podem ser suprimidas pela aplicação da multa, também não o podem ser pela sanção alternativa;
A IN IBAMA nº 008, de 18.209.2003, em seu art. 45�, permite, no caso de descumprimento do Termo de Compromisso de prestação de serviços, o pagamento da multa, em seu valor atualizado, à vista, com desconto de 30%, ou parceladamente, sem o desconto;
Art. 9o, Decreto: O cometimento de nova infração por agente beneficiado com a conversão de multa simples em prestação de serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, implicará a aplicação de multa em dobro do valor daquela anteriormente imposta.
Sobre a multa, importa ainda destacar os seguintes artigos do Decreto, que são reprodução de artigos da Lei:
Art. 3o  Reverterão ao Fundo Nacional do Meio Ambiente-FNMA, dez por cento dos valores arrecadados em pagamento de multas aplicadas pelo órgão ambiental federal, podendo o referido percentual ser alterado, a critério dos demais órgãos arrecadadores.
Art. 4o  A multa terá por base a unidade, o hectare, o metro cúbico, o quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.
        
Art. 5o  O valor da multa de que trata este Decreto será corrigido, periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais), e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).
Art. 6o  O agente autuante, ao lavrar o auto de infração, indicará a multa prevista para a conduta, bem como, se for o caso, as demais sanções estabelecidas neste Decreto, observando:
        I - a gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;
        II - os antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; e
        III - a situação econômica do infrator.
Art. 7o  A autoridade competente deve, de ofício ou mediante provocação, independentemente do recolhimento da multa aplicada, majorar, manter ou minorar o seu valor, respeitados os limites estabelecidos nos artigos infringidos, observando os incisos do artigo anterior.
        Parágrafo único.   A autoridade competente, ao analisar o processo administrativo de auto-de-infração, observará, no que couber, o disposto nos arts. 14 e 15� da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Art. 8o  O pagamento de multa [não a mera existência] por infração ambiental imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a aplicação de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em decorrência do mesmo fato, respeitados os limites estabelecidos neste Decreto. ATENÇÃO: norma revogada pela LC 140 (§ 3° do art. 17). A partir da vigência da LC 140 (em 09/12/2011) prevalece o auto de infração do órgão ambiente competente.
Art. 10.  Constitui reincidência a prática de nova infração ambiental cometida pelo mesmo agente no período de três anos, classificada como:
        I - específica: cometimento de infração da mesma natureza; ou
      	II - genérica: o cometimento de infração ambiental de natureza diversa.
        Parágrafo único.   No caso de reincidência específica ou genérica, a multa a ser imposta pela prática da nova infração terá seu valor aumentado ao triplo e ao dobro, respectivamente.
Sobre o valor da multa, importa recordar que o Poder Judiciário pode analisar se foi observada a proporcionalidade entre a sanção e a infração, de acordo com os critérios legais, mas nunca substituir-se à Administração para alterar valores que se enquadrem em parâmetros de razoabilidade.
3) MULTA DIÁRIA – art. 72, III, e §5º, Lei e art. 2º, III, e §5º, Decreto
Será aplicada no caso de infração que se prolonga no tempo, até a sua efetiva cessação ou celebração, pelo infrator, de Termo de Compromisso de reparação de dano;
Nem a Lei nem o Decreto definem o que seja infração que se prolonga no tempo. Para Milaré, não é aquela que se repete diversas vezes (aí seria reincidência), mas aquela cujos efeitos se protraem no tempo. Geralmente ocorre em 2 situações:
operação de atividade sem a licença ambiental exigível;
funcionamento de atividade não provida de meios adequados para evitar a emissão de poluentes;
O auto de infração deve ter informação sobre o fato de que a multa correrá até a cessação da falta ou celebração do Termo de Compromisso;
Há previsão da suspensão da exigibilidade tanto da multa simples quanto da diária no art. 60, Decreto:
“Art. 60.  As multas previstas neste Decreto podem ter a sua exigibilidade suspensa, quando o infrator, por termo de compromisso aprovado pela autoridade competente, obrigar-se à adoção de medidas específicas, para fazer cessar ou corrigir a degradação ambiental.
        § 1o  A correção do dano de que trata este artigo será feita mediante a apresentação de projeto técnico de reparação do dano.
        § 2o  A autoridade competente pode dispensar o infrator de apresentação de projeto técnico, na hipótese em que a reparação não o exigir.
        § 3o  Cumpridas integralmente as obrigações assumidas pelo infrator, a multa será reduzida em noventa por cento do valor atualizado, monetariamente. 
        § 4o  Na hipótese de interrupção do cumprimento das obrigações de cessar e corrigir a degradação ambiental, quer seja por decisão da autoridade ambiental ou por culpa do infrator, o valor da multa atualizado monetariamente será proporcional ao dano não reparado.
        § 5o  Os valores apurados nos §§ 3o e 4o serão recolhidos no prazo de cinco dias do recebimento da notificação”
Já havia previsão semelhante (suspensão da exigibilidade e redução da multa no casode cumprimento das obrigações assumidas) no art. 42 do Decreto n.º 99.274/90, que regulamentou o art. 14, Lei n.º 6.938/81. Só que naquele decreto se previa a redução da multa em até 90%;
Segundo Milaré, a permissão de redução da multa, quando houver integral cumprimento, condiz com a filosofia de que a opção de recuperar o ambiente degradado e pagar a multa com desconto não deixa de ser uma forma de aplicação de sanção administrativa de modo a inibir a conduta infracional (repressão) e a estimular a preservação ambiental (educação), fim último da legislação que disciplina a proteção ambiental. Não concordo inteiramente com o Autor, vez que aquele que causa dano ambiental teria, de qualquer forma, a obrigação de reparar o dano provocado, independentemente da prática de infração administrativa ou até mesmo de culpa ou dolo (teoria da responsabilidade objetiva pelo risco integral);
As demais disposições mencionadas no tópico da multa simples – arts. 3º a 8º e art. 10, Decreto, aplicam-se também à multa diária.
4) APREENSÃO DE ANIMAIS, PRODUTOS E SUBPRODUTOS DA FAUNA E FLORA, INSTRUMENTOS, PETRECHOS, EQUIPAMENTOS OU VEÍCULOS DE QUALQUER NATUREZA UTILIZADOS NA INFRAÇÃO e 5) DESTRUIÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DO PRODUTO
A apreensão está prevista no art. 72, IV, Lei e art. 2º, IV, Decreto. A destruição ou inutilização do produto, por sua vez, está prevista no art. 72, V, Lei e art. 2º, V, Decreto. O art. 72, § 6º, Lei, e o art. 2º, § 6º, Decreto, tratam de ambos simultaneamente;
Aplicável aqui o disposto no art. 25, Lei, que trata da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa ou de crime:
“Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
        § 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.
        § 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.
        § 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.
        § 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem”.
A regulamentação dos procedimentos relativos a esse dispositivo encontram-se no Decreto, art. 2º, §6º.
No caso da destruição de produtos tóxicos, perigosos ou nocivos, de regra medida urgente, dispensa-se processo administrativo prévio, mas exige-se a lavratura de autos de apreensão e destruição nos quais se esclareçam os motivos da medida drástica e se identifiquem as coisas destruídas, para oportuna apreciação da legalidade do ato;
Da mesma sorte, a doação de produtos perecíveis é, em regra, imediata. Antecede o próprio julgamento do Auto de Infração, tendo em vista tratar-se de produtos perecíveis. Até a formalização da doação, é comum a nomeação de um fiel depositário.
6) SUSPENSÃO DE VENDA E FABRICAÇÃO DO PRODUTO - art. 72, VI, e §7º, Lei e art. 2º, VI, e §7º, Decreto
Tem por objeto a irregularidade do produto, e não de sua fabricação ou produção;
É usualmente aplicada pelas autoridades competentes para o licenciamento de produtos, como alimentos e remédios;
Em sede ambiental é pouco utilizada, limitada a produtos que, apesar de não sujeitos ao licenciamento ambiental, possam causar danos ao meio ambiente.
7) EMBARGO OU INTERDIÇÃO DE OBRA OU ATIVIDADE - art. 72, VII, e §7º, Lei e art. 2º, VII, e §7º, Decreto
Impede o prosseguimento da obra ou atividade e é geralmente imposto no caso de edificação sem licença;
Relativamente à atividade, equivale à sanção de suspensão de atividade;
“DANOS AO MEIO AMBIENTE - LOTEAMENTO ILEGAL.
A ADMINISTRAÇÃO, NO USO DE SEU PODER DE POLICIA, EMBARGOU A OBRA DA CONSTRUÇÃO, EM LOTEAMENTO IRREGULAR. O LOTEAMENTO NÃO ESTA APROVADO E ESTA SENDO EDIFICADO EM AREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E DE PROPRIEDADE DO DISTRITO FEDERAL.
MATERIA IDENTICA AO RMS N. 137-PA.
RECURSO IMPROVIDO”. (RMS 4600/DF, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06.02.1995, DJ 06.03.1995 p. 4314)
8) DEMOLIÇÃO DE OBRA - art. 72, VIII, e §7º, Lei e art. 2º, VIII, e §8º, Decreto
Aplica-se tanto a obras anteriormente embargadas quando a construções concluídas;
É medida extrema, que só deve ser tomada em caso de irregularidade insanável ou de perigo à saúde pública ou de grave dano ambiental;
9) SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DAS ATIVIDADES - art. 72, IX, e §7º, Lei e art. 2º, IX, e §7º, Decreto
É penalidade extremamente severa, pois equivale à interdição do estabelecimento ou da atividade;
A Lei se limitou a enunciá-la. O Decreto apenas estabelece que a mesma será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às determinações legais ou regulamentares;
Será aplicada, assim, a critério da autoridade competente, observado o disposto nos incisos I e II, do art. 6º�, da Lei;
Cabe especialmente quando há perigo iminente para a saúde pública ou grave risco de dano ambiental. Cabe, também, nos casos de recalcitrância, em que as multas anteriormente impostas não tiverem bastado para a correção da infração;
Pode ser aplicada apenas em relação às máquinas ou aos equipamentos poluentes, permitido, se possível, o prosseguimento da atividade.
10) RESTRITIVAS DE DIREITOS - art. 72, XI, e §8º, Lei e art. 2º, X, e §9º, Decreto
Art. 72, §8º, Lei, repetido pelo art. 2º, §9º, Decreto:
“§ 8º As sanções restritivas de direito são:
        I - suspensão de registro, licença ou autorização; 
        II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
        III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; 
        IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
        V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos”.
São penalidades, no fundo, acessórias à pena principal, eis que não há sentido em aplicá-las dissociadas da multa ou da suspensão de obra ou atividade;
Competência do ente federado responsável pela emissão da licença, do registro, da permissão ou autorização;
Com relação à proibição de contratar com a Administração Pública, será competente para aplicar tal pena a autoridade responsável pelo poder de polícia. Edis Milaré, concordando cm Flávio Dino de Castro e Costa�, entende que a limitação se restringe à esfera que a declara, “até porque, tratando-se de restrição de direitos, deve a lei, por igual, ser interpretada restritivamente”. Já Vladimir Passos de Freitas� adota posição divergente, no sentido de que a proibição alcança as demais esferas, eis que, além de todos os órgãos ambientais pertencerem aos SISNAM, o art. 225, CF/88, ao conferir ao Poder Público, sem distinção, o dever de proteger o meio ambiente, faz integrar todos os interessados e não admite que as sanções sejam separadas em esferas das pessoas políticas.
11) REPARAÇÃO DO DANO CAUSADO - art. 2º, XI, e §10, Decreto
Não há previsão de tal sanção administrativa na Lei, mas apenas no Decreto;
Inconstitucional ante a vedação de decreto autônomo (CF/88, art. 84, IV);
Desnecessária sua previsão como pena autônoma, eis que decorre diretamente da conduta lesiva ao meio ambiente, e independe de dolo ou culpa, assim como sequer é excluída em razão da força maior, caso fortuito ou fato de terceiro (teoria da responsabilidade objetiva – risco integral).
POSICIONAMENTOS DO STJ
RECURSO ESPECIAL. MULTA APLICADA EM RAZÃO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL. EXECUÇÃO. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA. MANUTENÇÃO, ENTRETANTO, DO ACÓRDÃO RECORRIDO. RECURSO DESPROVIDO.
1. Trata-se de execução de multa(penalidade administrativa), não se caracterizando como tributo, o que afasta a incidência do Código Tributário Nacional. Aplica-se, isto sim, o prazo prescricional de cinco anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/32, em atenção ao princípio da isonomia, já que é esse o prazo para os administrados exercerem o direito de ação em desfavor da Fazenda Pública.
(...) (Classe: RESP - RECURSO ESPECIAL – 429868, Processo: 200200461194 UF: SC Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA, Data da decisão: 09/03/2006, Fonte: DJ DATA:03/04/2006 PÁGINA:227, Relatora: Ministra DENISE ARRUDA, Decisão: unânime)
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. FERTILIZANTES. ATIVIDADE DE MANIPULAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS TÓXICOS. FALTA DE AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. CRIME AMBIENTAL DO ART. 56 DA LEI N.º 9.605/98. IMPLEMENTAÇÃO DE SANÇÕES ADMINISTRATIVAS. DESRESPEITO AO EMBARGO DO IBAMA. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA NÃO CONFIGURADO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
1. A mesma conduta ilícita foi objeto de duas sanções administrativas distintas infligidas pelo IBAMA: o Termo de Embargo, que pretendeu suspender a atividade empresarial envolvida no manuseio de produtos químicos tóxicos, por falta de autorização legal do órgão competente; e o Auto de Infração, que impôs multa pela conduta de "funcionar, ter em depósito, produtos químicos [...] sem inscrição no cadastro técnico federal e sem licença ou autorização do órgão administrativo competente".
 2. Inexiste o crime de desobediência se para o descumprimento da ordem legal há previsão legislativa de sanção civil ou administrativa, salvo se há expressa admissibilidade da cumulação das sanções extrapenal e penal. Precedentes.
3. Pelo descumprimento do embargo à atividade irregular, afora o sancionamento administrativo, também respondem os agentes penalmente pelo crime do art. 56 da Lei n.º 9.605/98, constituindo indevido bis in idem a imputação cumulativa do crime de desobediência.
4. (...)
5. Recurso ordinário parcialmente provido tão-somente para afastar a persecução penal dos ora Recorrentes pelo crime de desobediência. (Classe: RHC - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS – 14341, Processo: 200300539707, UF: PR, Órgão Julgador: QUINTA TURMA, Data da decisão: 26/10/2004, Fonte: DJ DATA:29/11/2004 PÁGINA:349 REVFOR VOL.:00380 PÁGINA:392, Relatora: Ministra LAURITA VAZ, Decisão: unânime).
“ADMINISTRATIVO. DANO AMBIENTAL. SANÇÃO ADMINISTRATIVA. IMPOSIÇÃO DE MULTA. EXECUÇÃO FISCAL.
(...)
3. O poluidor, por seu turno, com base na mesma legislação, art. 17 – ‘sem obstar a aplicação das penalidades administrativas’ é obrigado, ‘independentemente de culpa’ a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, ‘afetados por sua atividade’.
4. Depreende-se do texto legal a sua responsabilidade pelo risco integral, por isso que em demanda infensa a administração, poderá, inter partes, discutir a culpa e o regresso pelo evento.” (1ª Turma, j. 26.11.2002, REsp nº 442.586/SP, Rel. Min. Luiz Fux)
(REsp 1034426 / RS, 16/06/2009). 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MULTA. SUSPENSÃO. APRECIAÇÃO DO PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA. SUSPENSÃO DA MULTA. ART. 60 DO DECRETO Nº 3.179/99.
1. É legítima a imposição, pelo Poder Público, do pagamento referente a multas oriundas de infrações ambientais, sendo certo que o infrator pode se beneficiar com a suspensão da exigibilidade das multas administrativas que lhe foram imputadas, na hipótese de se obrigar, mediante a apresentação de projeto técnico, à adoção de medidas destinadas a corrigir o dano ambiental praticado.
2. É que o artigo 60, do Decreto nº 3.179/99, dispõe: Art. 60. As multas previstas neste Decreto podem ter a sua exigibilidade suspensa, quando o infrator, por termo de compromisso aprovado pela autoridade competente, obrigar-se à adoção de medidas específicas, para fazer cessar ou corrigir a degradação ambiental.:
(...)
No caso dos autos, o impetrante apresentou o PRAD (fls. 140-163), mas este não previa a recuperação da área total degradada e não foi elaborado de acordo com o padrão estabelecido pelo IBAMA, segundo a informação técnica das fls. 175-176, devendo ser complementado e adequado aos moldes estabelecidos. (fls. 247 v.).
4. O descumprimento dos requisitos exigidos quando da apresentação do Projeto de Recuperação da Área Degradada - PRAD conduz a ausência de direito líquido e certo da suspensão da multa, impondo que a Administração analise o referido PRAD em prazo razoável, sem que isso acarrete a suspensão da exigibilidade das multas impostas pelos Autos de Infrações.
5. Recurso Especial provido.
3ª PARTE: BIOSSEGURANÇA.
1.CONCEITO.
	A Biossegurança é uma medida surgida no século XX, e, em sentido lato, consiste no conjunto de atividades e técnicas utilizadas no controle e na minimização de riscos ao meio ambiente e à saúde humana advindos da utilização de diferentes tecnologias. A Biossegurança é regulada em vários países no mundo por um conjunto de leis, procedimentos ou diretivas específicas. 
A disciplina básica da Biossegurança no Brasil está contida na Lei n.11.105/2005, que no seu art. 1º estabelece:
Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente.
A lei brasileira de Biossegurança dispõe acerca das técnicas de engenharia genética, estabelecendo os requisitos para a produção e utilização de organismos geneticamente modificados (OGMs), bem como sobre a pesquisa com células-tronco embrionárias. Diante deste quadro, Luís Paulo Sirvinskas formula o seguinte conceito de Biossegurança: “conjunto de normas legais e regulamentares que estabelecem critérios e técnicas para a manipulação genética, no sentido de evitar danos ao meio ambiente e à saúde humana” (SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. São Paulo, Saraiva, 2ed. 2003).
2. ÓRGÃOS E ENTIDADES DE BIOSSEGURANÇA NO BRASIL.
2.1. CONSELHO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA – CNBS.
	
Previsto nos arts. 8º e 9º da Lei 11.105, o Conselho Nacional de Biossegurança é órgão de assessoramento superior, vinculado ao Presidente da República, e tem a missão básica de auxiliar a formulação e a implantação da Política Nacional de Biossegurança. Convém ponderar que, segundo a doutrina, tal órgão possui natureza política, e não técnica. Suas decisões não estão adstritas ao juízo formulado pela CTNBio, ainda que possa utilizar os subsídio técnicos fornecidos por esta Comissão. O juízo, portanto, formulado pelo CNBS é de conveniência e oportunidade, ainda que tal juízo deva seguir os ditames impostos pelo princípio da legalidade.
	As atribuições do conselho estão previstas no art.8º:
Art. 8o Fica criado o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, vinculado à Presidência da República, órgão de assessoramento superior do Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança – PNB. 
        § 1o Compete ao CNBS: 
        I – fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria; 
 II – analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados;
        III – avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no art. 16 desta Lei, no âmbito de suas competências, sobre os processos

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