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Trabalho Estado Poulantzas

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EDUARDO SALOMÃO GREGIO VARGAS
	
Fases conceituais do pensamento de Poulantzas sobre o Estado capitalista
Trabalho apresentado ao curso de Graduação em Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de nota em Introdução à Política.
Orientador do trabalho: Prof. Dr. Renato Perissinotto.
	
	CURITIBA
	2018
1. INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta uma interpretação concebível da obra do pensador marxista Nicos Poulantzas entre 1968 e 1978 (os anos da publicação de seus livros: Poder político e Classes Sociais e O Estado, o Poder, o Socialismo), possuindo como tema de referência o conceito de “Estado capitalista”. Sobre essa temática há três fases conceituais distintas na obra de Poulantzas sobre o Estado capitalista: Estado capitalista como estrutura, aparelho e relação. Esses conceitos não são meramente divergentes entre si, mas em grande medida incompatíveis, pois pertencem a ramificações teóricas específicas.
Na década de 1970, um dos assuntos com maior ênfase no debate internacional de ideias era a “teoria do Estado”. Sendo neste contexto, os trabalhos do autor grego exerceram forte influência sobre os departamentos de ciência política europeu. Conforme Codato, Poulantzas foi durante a década de 1970, entre os marxistas, o pensador com o qual mais se escreveu a favor ou contra a respeito de suas postulações. Inclusive, sua trajetória intelectiva pode constituir um ponto de referência, seja para elaborar uma história das ideias políticas da metade do século XX, seja para elaborar um levantamento das contribuições marxistas ao debate da esfera acadêmica e pública. (CODATO, 2008, p. 69). Portanto, Poulantzas ofereceu subsídios para a análise e compreensão dos fenômenos do Estado capitalista que vão além dos estudos marxistas convencionais.
Este artigo será dividido em três partes, sendo cada divisão responsável por expor o conceito de Estado Capitalista, conforme as fases teóricas que envolveram o autor. A primeira parte tem como objetivo apresentar a teoria estrutural do Estado capitalista proposto na primeira fase de Poulantzas, principalmente na obra “Poder Político e Classes Sociais” (1968). Em seguida, a segunda parte do trabalho será apresentar o Estado capitalista poulantiziano como um conjunto de aparelhos repressivos e ideológicos na obra “Fascismo e Ditadura (1970). Na última parte do trabalho o propósito é demonstrar o Estado capitalista como uma relação entre as classes (dominantes e dominadas) numa dada formação social.
2. O ESTADO COMO ESTRUTURA, COMO APARELHO E COMO RELAÇÃO
Cabe salientar que a leitura de três fases distintas do conceito de Estado capitalista na obra de Nicos Poulantzas não é um consenso na literatura política. Como argumenta Codato, alguns comentadores (por exemplo: Bob Jessop; Martin Carnoy; Eduardo Cesar Marques, entre outros) reconhecem apenas a primeira e a última (Estado como Estrutura e Estado como Relação) formulações da teoria poulantziana do Estado. Outros pensadores, segundo Codato, como Cly Barrow, entendem que existe uma continuidade nas concepções de Poulantzas sobre o Estado Capitalista e que, portanto, todos os títulos podem ser direcionados para uma única classificação: “o conceito estruturalista do Estado”. (2008, p. 71). O seguinte trabalho sobre as postulações do Estado para Poulantzas, utilizará interpretações próprias da obra do autor grego, além de possuir um norte com a sistematização do pensamento poulantziano proporcionado por Codato. 
2.1 O Estado como estrutura
Incialmente, Poulantzas escreveu sua obra Poder Político e Classes Sociais (1968) influenciado predominantemente pelo estrutural-marxismo elaborado por Althusser. Conforme Poulantzas, as obras iniciais do marxismo clássico possuíam diversas lacunas analíticas que tornavam indispensáveis as tentativas de (re)formulações da teoria política marxista. (2007, p. 15-16). A pretensão da primeira fase de Poulantzas foi elaborar a tese marxista do político, sendo o Estado o objeto privilegiado dessa teoria. Na primeira etapa da obra, o autor grego produz um conceito que exprime o que há de universal em qualquer instituição estatal, isto é, uma definição geral que enuncie “qual é a função” de qualquer Estado (não apenas o Estado capitalista) em todos os modos de produção. 
Segundo Poulantzas, “o Estado possui a função específica de constituir o fator de coesão dos níveis de uma formação social”. (2007, p. 43, grifo no original, tradução nossa). Para Braga, Poulantzas restringe a política apenas às prerrogativas referentes ao poder institucionalizado do Estado em razão do conjunto de atributos normativos que o Estado dispõe de implementar as diretrizes e as políticas de governo a toda coletividade territorial. (2011, p. 125).[1: “el Estado posee la función particular de constituir el factor de cohesión de los niveles de una formación social.” ]
A tese geral elaborada por Poulantzas sobre o Estado serve de base à sua própria proposta de explicação dos elementos essenciais da estrutura jurídica-política e do conceito de Estado capitalista. De acordo com Codato e Saes, o autor marxista fundamentou que no modo de produção capitalista o Estado, ou mais pontualmente, a superestrutura jurídico-política capitalista, fabrica, a fim de operar sua função como reprodutor da ordem e da coesão social, dois efeitos ideológicos: o efeito de isolamento, que dispõe, através do sistema jurídico, os agentes sociais integrantes de uma classe, apartados de todas as relações materiais econômicas que os constituem em cidadãos particulares, sujeitos de direito, indivíduos privados e pessoas “livres e iguais” entre si. Ademais, apresenta o efeito de representação da unidade, que é a competência do Estado capitalista de “desconhecer” as divisões de classe e identificar-se como expressão da unidade social, disfarçando a realização dos interesses de uma parcela da sociedade como a realização da vontade geral do povo-nação. (2008, p. 77; 1998, p. 48 ). 
Portanto, esses propósitos da estrutura jurídico-política capitalista são, decorrência tanto do direito burguês (as disposições jurídicas, as normas, os códigos,) quanto do burocratismo burguês (isto é, da forma específica de composição da administração do Estado). Esses dois princípios, condicionam a organização e a atividade do Estado capitalista, tendo a função de ocultar dos sujeitos sociais a real materialidade dessa forma de produção: a divisão e a dominação de classes. 
2.2 O Estado como aparelho
Na segunda fase poulantziana do conceito de Estado (1969-1975), o autor concebe a instituição estatal como um conjunto de aparelhos ideológicos e repressivos. Essa concepção consiste em uma formulação diferente da primeira, porque quando Poulantzas expõe que a ideologia capitalista está incorporada “nas instituições”, ele se reporta a quaisquer instituições repressivas (a polícia, os tribunais, etc.) e ideológicas (a escola, a imprensa), que efetuam o papel do Estado (a partir de agora, não somente o papel da ideologia jurídica-política).
Desse modo, Poulantzas não agrega uma nova função ao Estado (continua com a função de manter a ordem e a coesão social), mas acrescenta uma nova forma de cumprir a função universal dessa instituição. Segundo o autor marxista:
se o Estado é definido como a instância que mantém a coesão de uma formação social e que reproduz as condições de produção de um sistema social através da manutenção da dominação de classe, é óbvio que as instituições em questão – os aparelhos ideológicos do Estado – preenchem exatamente a mesma função. (1969, p. 77, tradução nossa).[2: “If the State is defined as the instance that maintains the cohesion of a social formation and which reproduces the conditions of production of a social system by maintaining class domination, it is obvious that the institutions in question—the State ideological apparatuses—fill exactly the same function”.]Conforme Codato, esse debate toca em dois pontos essenciais: a necessidade de diferenciar as formas do Estado capitalista – democracia liberal, ditadura burguesa, fascismo – e, por conseguinte, as formas de luta correspondentes a cada uma dessas modalidades de dominação. (2008, p.73).
Essa tese é tanto mais relevante quanto se sabe da utilidade científica de uma teoria do Estado capitalista que possa explicar suas formas alternativas de regime político. Poulantzas para elucidar essa questão, analisa as diferenças do Estado capitalista de exceção. Sobre o sistema, um tema que unifica toda o debate sobre os regimes de exceção é a questão das “crises”: crise econômica, crise política, crise de hegemonia, crise de Estado, etc. Como analisar as crises políticas que estão na gênese da crise generalizada dos aparelhos repressivos e ideológicos do Estado? A perspectiva mais problemática que o autor grego crítica sobre o tema é a análise institucionalista. De acordo com Poulantzas, os teóricos dessa análise, reduzem o fascismo a uma vaga crise das instituições do Estado democrático, sem perceber, no entanto, que “não são as instituições que determinam os antagonismos sociais, é a luta de classes que comanda as modificações do aparelho do Estado”. (1976, p. 64, tradução nossa). A tal “crise das instituições” não é senão o seu efeito.[3: “No son las instituciones las que determinan los antagonismos sociales, es la lucha de clases la que impone las modificaciones de los aparatos de Estado”. ]
Desse modo, segundo Farias, os antagonismos de classe se manifestam sempre, e de modo específico, como contradições internas ao Estado, que nunca é, nem pode ser, um “bloco monolítico sem fissuras”. (2009, p. 84). Portanto, seria necessário raciocinar o Estado capitalista não como algo manipulável por uma classe, ou como uma instituição manipuladora, com vontade própria, mas sim, como uma relação: como “a condensação da relação de força entre as classes, tal como essa relação se exprime, de maneira específica, no seio do Estado”. (POULANTZAS, s./d., p.94-95 apud CODATO, 2008, p.81).
2.3 O Estado como relação
A nova etapa conceitual de Poulantzas veio associada da (auto)crítica em relação a concepção dos marxistas estruturalistas de produzir uma teoria geral do político e do Estado válida para os múltiplos modos de produção. De acordo com Poulantzas, “a teoria do Estado capitalista não pode ser separada da história de sua constituição histórica e de sua reprodução”. (2000, p. 23, grifo no original).
Na terceira fase da obra de Poulantzas (1976-1978), o Estado é fundamentado como um registro material da condição presente nas lutas da sociedade e sua função se desloca do domínio repressivo-ideológico para o domínio econômico. Ele torna-se o aparato institucional da relação entre as classes (dominantes e dominadas) numa dada formação social. Conforme expõe Jessop, para o autor grego, o Estado assume uma condensação determinada formalmente da variável de equilíbrio de forças nas disputas política entre classes e frações de uma sociedade. (2009, p. 133). De acordo com Codato, “essa fórmula é uma declaração não só de que os conflitos e as contradições sociais estão dentro dos aparelhos do Estado, como na formulação de 1975, mas o definem e o constituem” (2008, p. 83). Desse modo, o Estado capitalista tem como função organizar as classes dominantes e desorganizar as classes dominadas; mas no entanto, as relações internas ao Estado possuem uma estrutura fragmentada e desunificada que torna hermético a imposição de uma linha ideológica universal para a execução do poder estatal. 
Nesse sentido, Poulantzas recusa a ideia de que o Estado seria uma instituição de interesses de classe exclusivos, ou seja, um instrumento a serviço da arbitrariedade de uma classe dominante e passa a evidenciar as contradições constitutivas que perpassam as relações de forças ou, mais precisamente, “a condensação material e específica de uma relação de forças entre classes e frações de classes”. (2000, p.148). Portanto, é necessário se ter em perspectiva que numa conjuntura específica existem a articulação de interesses de diferentes sistemas de fracionamento da classe dominante. Isso ocorre porque há várias dimensões da política econômica – comercial, financeiro, industrial – e a rapidez na modificação de medidas dispõem os agentes se confrontem em diversas frentes de fracionamento.
3. CONCLUSÃO
A singularidade da obra de Nicos Poulantzas não foi apenas apresentar o tema do Estado de volta à discussão teórica, mas, antes de tudo, produzir novas perspectivas a problemática política na corrente marxista. O autor grego constituiu esforços para constantemente atualizar suas concepções teóricas e analíticas sobre o Estado Capitalista, transformando-o conforme o desenvolvimento do seu pensamento avançava para novos métodos. Esses novos métodos de análise, irá provocar problemas teóricos e práticos de naturezas diversas no social e no político. 
Suas postulações do Estado capitalista é a decorrência de três ramificações distintas de conhecimento: o filosófico, com base nas obras clássicas do marxismo; o político, produto da união entre a teoria marxista e a teoria socialista; e o científico, necessário para debater o objeto de pesquisa (o Estado capitalista) com as sociologias não marxistas. Essa convergência contribuiu para aprimorar seus textos tanto de conceitos teóricos como de declarações político-estratégicas.
Em linhas gerais, Poulantzas têm muito a contribuir, especialmente por ter renovado a forma de abordagem marxista sobre o Estado capitalista, compreendido, não como um cofre a ser arrombado por fora, mas sim como a demonstração sintética das lutas de classes que se extraem nas contradições internas das instituições estatais burguesas. 
4. REFERÊNCIAS
CODATO, Adriano. Poulantzas, o Estado e a Revolução. Crítica Marxista, n. 27, p. 65-85, 2008. Disponível em: <https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/sumario.php?id_revista=27&numero_revista=27> Acesso em 6 de jun. de 2018.
BRAGA, Sérgio. Poder, formas de dominação e Estado no diálogo entre Nicos Poulantzas e a sociologia política norte-americana. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 5, p. 109-137, 2011. Disponível em: < http://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/issue/view/637 > Acesso em 8 de jun. de 2018.
FARIAS, Francisco. Frações burguesas e bloco no poder: uma reflexão a partir do trabalho de Nicos Poulantzas. Crítica Marxista, n. 28, p. 81-98, 2009. Disponível em: < https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/sumario.php?id_revista=28&numero_revista=28 > Acesso em 6 de jun. de 2018.
JESSOP, Bob. O estado, o poder, o socialismo de Poulantzas como um clássico moderno. Revista de Sociologia e Política, v. 17, n. 33, p. 131-144, 2009. Disponível em: < https://revistas.ufpr.br/rsp/issue/view/1408 > Acesso em 06 de jun. de 2018.
POULANTZAS, Nicos. The Problem of the Capitalist State. New Left Review, n. 58, p.76, 1969. Disponível em: < https://www.ssc.wisc.edu/sscc/ >. Acesso em 08 de jun. de 2018.
_______. Fascismo y dictadura: la tercera internacional frente al fascismo. 4ª ed. Madri: Siglo Veintiuno, 1976.
_______. O estado, o poder, o socialismo. 4ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 2000.
_______. Poder politico y clases sociales en el estado capitalista. 30ª ed. México: Siglo Veintiuno, 2007.
SAES, Décio. A questão da autonomia relativa do Estado em Poulantzas. Crítica Marxista, São Paulo, v.1, n.7, p. 46-66, 1998. Disponível em: < https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/sumario.php?id_revista=7&numero_revista=7 > Acesso em 06 de jun. de 2018.

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