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REDEMOCRATIZAÇÃO NA AMÉRICA LATINA
Introdução
Nesta aula, vamos entender o processo de redemocratização ocorrido na região latino-americana e suas motivações, com destaque para as diferentes ações empreendidas para a consolidação desse processo e os principais atores envolvidos. Vamos analisar ainda as relações desse processo de redemocratização e o fim da Guerra Fria. Bons estudos!
Premissa
A região da América Latina foi marcada por diversos golpes militares, que a inseriram em um período de intensa repressão e violação aos direitos humanos. Houve ainda um discurso homogêneo na região contra a ascensão do comunismo e por uma melhoria no nível econômico dos países.
A ideia de um inimigo interno e da importância de combatê-lo foi um dos pilares de sustentação dos regimes, mas em um determinado momento esse discurso perde a validade. Então, começamos a ter efetivamente o início da queda das ditaduras militares na região como um todo.
O suposto “fantasma do comunismo” foi uma das justificativas para a implantação das ditaduras militares dentro do contexto da Guerra Fria, mas os objetivos eram outros. Era primordial deter a expansão do trabalhismo e minar o reformismo que estava começando a se gestar na região.
Os movimentos de resistência às ditaduras existiram em todos os países
Foi uma marca no combate a esses governos, que contaram abertamente com o apoio estadunidense para sua manutenção.
O país ( EUA) esteve na origem da implantação de diversas ditaduras, fornecendo apoio logístico e financeiro para que elas obtivessem sucesso.
No entanto, o final dos anos 1970 marcou uma virada na política de todo o continente americano.
Nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, assumia o cargo de presidente Jimmy Carter, um democrata que buscou modificar a política tanto na região do continente quanto na própria história.
Durante seu governo, Carter tornou-se mediador no conflito entre árabes e israelenses, através do acordo de Camp David, que buscava a paz entre Israel e Egito, com a devolução pelos israelenses da Península do Sinai, ocupada por eles desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Além da península, outras regiões haviam sido conquistadas pelos israelenses nesse conflito.
Ele também estabeleceu relações diplomáticas com a China comunista, buscou estabelecer com os soviéticos um controle maior no uso de armamentos e procurou reduzir tensões políticas com Cuba.
Carter promoveu uma política de paz e foi em seu governo que o Panamá recebeu a promessa de devolução de seu canal.
Na América Latina
No contexto da América Latina, Carter mostrou-se favorável ao fim das ditaduras militares na região, com o objetivo de estabelecer novas políticas econômicas junto aos latino-americanos. 
Sua política baseada nos direitos humanos passou a pressionar os países em prol de mudanças.
Podemos apontar na região as questões econômicas como um dos fatores mais significativos para que as ditaduras pudessem ser ainda mais questionadas, aliadas a um esgotamento dos regimes autoritários, aumento da dívida externa e políticas econômicas nocivas para os países.
Há um retrocesso nas condições de vida da população, com estagnação econômica em grande parte da região. 
De acordo com Coggiola:
Nos finais da década de 1970 , a recomposição mundial de um lado, e a resistência social, de outro, levaram a crise não só aos regimes reacionários ( tendo como expressão avançada a degringolada das ditaduras brasileiras e nicaraguense, pilares da ordem na America do Sul e na America Central, respectivamente ), mas de todo sistema de dominação continental.
A ditadura mais pró-imperialista do Cone Sul, a da Argentina, ou seja, os dos treinadores do “contra”, nicaguarense que combatia a revolução sandinista, dos esquadrões da morte salvadorenhas e dos militares narcoterroristas bolivianos foi a ponta de lança da desmontagem de um sistema que riu em sua própria entranha.
O conflito das Malvinas, ao colocar as nações latinas americanas em rota de colisão efetiva com a OTAN, produziu a inadequação de todo o sistema político continental diante das novas relações políticas internas e internacionais.
OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte
Definição
A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ou NATO (North Atlantic Treaty Organization)  é uma organização militar que se formou no ano de 1949. Ela foi constituída no contexo histórico da Guerra Fria, como forma de fazer frente a organização militar socialista Pacto de Varsóvia, liderada pela ex-União Soviética e integrada por países do leste europeu. A OTAN existe e atua até os dias de hoje, enquanto o Pacto de Varsóvia deixou de existir na década de 1990, com a crise do socialismo no leste europeu.
Países membros
Alemanha Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, França, Grécia, Países Baixos, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido, Turquia, Hungria, Polônia, República Tcheca, Bulgária, Estónia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e a Eslovênia.
Objetivos 
Como objetivos principais da OTAN, na atualidade, podemos citar:  garantir a segurança militar no continente europeu e exercer influências nas decisões geopolíticas da região. 
Na Argentina
Na Argentina, em março de 1982, foi organizada uma grande greve, marcando forte mobilização da oposição à ditadura. Dentre as várias exigências, estava a queda da ditadura.
O governo do ditador Jorge Rafael Videla entra em crise, principalmente devido a disputas políticas entre os próprios militares e a insatisfação desses com a condução política por Videla e sua “inabilidade” para lidar com a situação econômica do país e com a “intranquilidade” civil.
Foi substituído por Roberto Viola, chefe do Estado Maior do Exército, que adotou medidas consideradas também ineficientes e com muitos fracassos econômicos.
Uma junta militar declara Viola incapaz de continuar na Presidência por supostos problemas de saúde. Pouco depois, Leopoldo Galtieri assume a presidência do país.
Foi durante o governo de Galtieri que as Forças Armadas, em 1982, invadiram as Ilhas Malvinas, situadas a 464 km da costa argentina. O arquipélago tinha uma posição geográfica estratégica, e os argentinos reclamavam para si esse território.
Um dos principais objetivos de Galtieri era unir a nação em um desejo patriótico e garantir maior apoio ao governo militar. Os Estados Unidos apoiaram a Inglaterra na contenda.
Milhares de soldados argentinos foram mortos e uma forte onda de indignação popular ocorreu, levando a substituição de Galtieri pelo general Reynaldo Bignone. A crise interna se acirrou ainda mais, as manifestações públicas contra o governo se fortaleceram e a ditadura argentina entrou em colapso.
No Brasil, o fim da ditadura militar coincidiu com o momento político que toda a região vivia.
A segunda metade da década de 1970 marcou o início de transformações na história do país, com manifestações operárias contra o governo crescendo cada vez mais.
As perdas salariais eram visíveis e o desejo de reposição era uma realidade. As lutas operárias começaram a avançar cada vez mais e uma forte onda grevista começou a se estruturar, junto com o movimento popular pelo fim da ditadura, com manifestações públicas em todo o país.
O então Deputado Dante de Oliveira apresentou uma Emenda Constitucional que objetivava reinstaurar as eleições diretas para Presidente no Brasil e houve forte pressão popular para que a emenda fosse aprovada pelo Congresso. 
Porém, a emenda foi rejeitada e o Brasil continuou elegendo presidentes indiretamente.
A campanha das Diretas Já ganhou espaço intenso na sociedade, e nas principais capitais do país as pessoas iam às ruas demonstrar abertamente sua insatisfação com a ditadura.
Recebia o nome Emenda Constitucional Dante de Oliveira, o que seria a salvação das eleições brasileiras do ano de 1984. O nome dado a emenda vinha de seu formulador o deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MT).
colégio HYPERLINK "http://www.historiabrasileira.com/files/2010/02/emenda-constitucional-dante-de-oliveira.jpg"�� INCLUDEPICTURE "http://www.historiabrasileira.com/files/2010/02/emenda-constitucional-dante-de-oliveira-192x300.jpg" \* MERGEFORMATINET ����Foi no ano de 1984 que a luta pelas eleições diretas teve seu apogeu. Era mais um ano de escolhas para presidente pelo eleitoral, o que desencadeava sempre em uma escolha minoritária e detentora do poder. Passados 20 anos do golpe de 1964 o país manifestava toda a sua insatisfação diante daquela situação, o que deu início a grande reivindicação política Diretas-Já, que movimentou multidões de todo o país pelas eleições diretas para presidente da República.
A emenda era a materialização do desejo da nação brasileira naquele período, o que mobilizou o Brasil às Diretas-Já, citada anteriormente. Segundo pesquisas do IBOPE, 84% da população eram favoráveis a emenda.
A campanha crescia, no dia 25 de Janeiro de 1984, cerca de 300 mil pessoas se mobilizaram na Praça da Sé em São Paulo. Foram realizados vários comícios, passeatas e concentrações para divulgar e tornar pública a emenda Dante de Oliveira. No dia 10 de abril um milhão de pessoas concentrava-se no centro do Rio de Janeiro, mais tarde, São Paulo bate o recorde com 1,7 milhões de pessoas reunidas a favor da emenda, este foi o auge da campanha.
Infelizmente, no dia 25 de abril de 1984, este desejo chegava ao fim, a Câmara dos Deputados rejeitou a emenda. Por se tratar de uma emenda constitucional, fazia-se necessário o voto de 320 deputados da Casa, o resultado foi 298 deputados a favor, 65 contra, três abstiveram-se e 113 não compareceram.
Este resultado deu início a mais uma eleição indireta para presidente da República em 1985, porém a oposição se articulou e com forte apelo da mídia e popular colocou Tancredo Neves (PMDB) no poder, encerrava-se então o ciclo militar que fora iniciado desde os anos de 1964. Embora a vitória tenha sido a oposição, Tancredo não assumiria, pois logo no ano seguinte veio a falecer com graves problemas de saúde.
Brasil (1985)
Em 1985, foi eleito pelo Congresso Nacional Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse, assumindo o então Vice-presidente José Sarney.
Assim, o Brasil deixava para trás os governos militares, mas continuava dentro de um sistema que não garantia a participação popular na escolha do Presidente, fator que se alterou no ano de 1989, com a primeira eleição direta desde o advento dos governos militares no Brasil.
No Chile
No Chile de Pinochet, pressões políticas e internacionais passaram a desmobilizar a ditadura, principalmente diante das acusações de violação aos direitos humanos, que marcou a presidência de Pinochet. O governo de Pinochet foi marcado por intensa repressão e crueldade na forma como tratava seus opositores, o que gerou grande insatisfação com ele. Em 1988, permitiu que houvesse um plebiscito no país que decidiria se ele continuaria no poder ou não, uma promessa feita quando da elaboração da Constituição de 1981, que havia lhe garantido mais oito anos no poder.
O plebiscito decidiu por sua não continuidade na presidência, negando a renovação de seu mandato. A continuidade do governo de Pinochet havia sido colocada em questão por conta das dificuldades econômicas por que o país passava.
No ano seguinte, foi eleito para a presidência o democrata-cristão Patricio Alwin, marcando o definitivo retorno do Chile à democracia.
Sobre a redemocratização na região, Coggiola afirma:
A crise econômica mundial afundou as ditaduras militares, que procuraram inaugurar uma fase de desenvolvimento econômico e impôs a necessidade da substituição desses regimes.
 (...) Em caso algum, a mudança de um regime militar para um regime civil significou verdadeiramente a implantação de uma democracia política, mas a fachada constitucional para um conjunto de instituições que tinham sua origem na ditadura militar.
 Os compromissos internacionais estabelecidos no período ditatorial foram respeitados pelos governos emergentes dos processos democráticos, em especial a dívida externa.
Fim da ditadura em outros países
Além dos países aqui citados, vários outros viveram o término de suas ditaduras militares, na maioria das vezes por insatisfação de suas elites econômicas e por questões políticas internas.
Claro que isso deve também ser pensado em conjunto com o término da Guerra Fria e o do fantasma do comunismo, ainda que esse, na América, nunca tenha sido realmente um perigo representativo.
Destacamos que o fantasma do comunismo foi um dos fatores para legitimar as ações militares empreendidas na região, fortalecendo perseguições, tudo em nome de livrar a sociedade do “perigo vermelho”.
Analisando o quadro do término das ditaduras militares na América Latina, percebemos que, de imediato, as heranças de anos de governos militares foram difíceis de superar, principalmente no aspecto de lidar com a impunidade dos agentes do Estado, que empreenderam vários crimes.
Muitos países buscaram formas de denunciar seus criminosos e buscar a real punição para eles, empreendendo julgamentos e revelando os bastidores de um período negro na história da região, de uma violência desmedida e que custou a vida de muitos que sonharam com um país mais justo.

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