Buscar

O Banquete - Platão - análise.pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
LICENCIATURA EM FILOSOFIA 
GUSTAVO ORLANDO MACHADO SILVA 
 
O BANQUETE 
 
A obra de Platão remonta a início um banquete que tem peculiaridades históricas 
e para a história. Por isso, é importante perceber que o banquete se mostra como certo 
esporte para alguns homens daquele período, visto que a Grécia era o berço da 
intelectualidade, participar de um banquete é aderir a uma competição intelectual. Por 
outro lado, o banquete apresenta uma característica que veio se concretizando ao longo 
da história em diferentes culturas e realidades, como diria Leonardo Boff: “Comer e 
beber juntos”, como meio de socialização, como maneira de criar afetos e contatos 
diretos. 
 “A negligência obscurece um deus eminente”, não teria outra maneira de dar 
início a essa jornada cosmúrgica
1
, sem esta frase de Fedro. Foi dada a ele a posição 
inicial dos discursos para retirar da negligência um deus eminente. 
 Fedro introduz seu discurso declarando que Eros é o mais antigo dos imortais, 
pois, é de se perceber sua atuação nos poemas de Hesíodo e até mesmo nas ideias de 
Parmênides, quando estabelece a Eros a criação das coisas que percebemos com os 
sentidos. O poder de Eros é sem dúvida de grande ordem, só ele é capaz de fazer com 
que grandes heróis sentissem ardor. Só ele pode provocar disposição para morrer pelo 
outro, não existe maior dor do que fazer uma ação reprovada em frente a um Erasta, era 
o que os antigos gregos chamavam de aidós. Por outro lado, o aidós provocava uma 
peculiaridade, produzia virtude. A virtude de se tornar melhor e procurar a excelência 
dos atos através do amor. 
 
 
1
 De acordo com Donaldo Schuler, seria a fabricação de um cosmo (o universo literário a ser produzido 
em homenagem a Eros). 
Pausânias propõe uma devida correção no Eros de Fedro, de acordo com ele 
unificar essa deusa é um erro, pois se trata de mais de um Eros. A primeira divisão é a 
Afrodite Pandêmia que é rodeada pelos homens vulgares. Buscam aqueles que visam 
apenas o ato em si, aqueles que se erotizam pelo corpo e descartam qualquer vestígio de 
psique. A segunda divisão é a Afrodite Urânia que visa os másculos, os que têm o 
espirito novo, esses estão isento de apenas desejos corporais, buscam pelo contrário, 
amores intelectuais, por isso, se dedicam a deslumbrar a alma. Pausânias retrata a beleza 
do Eros intelectual através do amor entre sábio e jovem. Para ele a busca do jovem 
aprendiz pelo sábio seria uma manifestação do desejo intelectual. Portanto, cabe ao 
mestre desfrutar dessa juventude enquanto ao jovem convém se tornar o mais sábio 
possível. 
Logo depois de Pausânias, o médico Erixímaco toma fala no discurso. Ele 
admite essa divisão do Eros, porém, propõe uma nova abordagem. O Eros não tende 
somente a psique dos homens, mas tende também ao belo de todos os seres. A natureza 
dos corpos tende ao Eros duplo, pois, o corpo saudável se prostra a um e o corpo 
doentio a outro. Assim como é belo gratificar os virtuosos, é digno que se gratifique os 
corpos íntegros. Erixímaco afirma que a natureza esta cercada de opostos, assim como 
defendeu Heráclito. Porém, a chave de todo ordenamento dessa aparente desordem é 
concebida a Eros. 
O discurso de Aristófanes foi baseado no famoso mito do andrógeno, ele 
convida os ouvintes a compreenderem a natureza humana e as características dela. A 
humanidade compreendia três sexos: Masculino, feminino e andrógeno (mistura dos 
anteriores). O homem era um todo esférico, com dualidades de membros, andavam 
eretos, mas quando pretendiam impor velocidade, se assemelhavam a uma roda. Com 
uma tentativa de fazer com que os humanos se tornassem mais prestativos, Zeus resolve 
separar em dois a esfera, promovendo uma unidade. Com isso, a natureza humana que 
antes era unificada, agora sofre das lembranças, buscando a esfericidade. Morriam de 
fome e inércia, pois, não queriam fazer nada separadamente. Quando morria uma das 
partes, a outra parte procurava sua cara-metade. A reprodução de antes era feita em 
comércio com a terra, mas agora, separados, e com o sexo posto à frente, a reprodução 
se dava com um abraço unificador. Quando feitos por sexos opostos, se dava a 
procriação. Dessa forma, o Eros que está implantado nos homens, busca sua própria 
natureza, promovendo a unificação e a satisfação da alma. O homem primitivo e a 
mulher primitiva procuram seus semelhantes. Aqueles que buscam o sexo oposto são 
frutos do ser andrógeno. Por isso, de acordo Aristófanes o amor é a busca da outra 
metade. 
Agaton foi o próximo a discursar, em sua fala propõe destaque a uma nova visão 
de Eros. Olhar para a natureza do objeto em foco, visto que foi apresentado grande 
variedade de manifestações dos dons desse deus. De acordo com ele, Eros é o mais 
venturoso dos deuses e o mais jovem entre eles. Eros tem características de poeta, 
levando assim homens a poetar. Além disso, manifesta beleza, sutileza e bondade. Sem 
dúvidas, Agaton apresentava suas habilidades de poeta, provocando aplausos e 
admirações pelo seu belo discurso. 
Sócrates foi o último no banquete, diferente de Agaton, ele estava disposto a 
enunciar verdades que brotassem ao acaso. Típico de uma figura tão única, Sócrates 
esbanjava sutileza e mostrava a todos, o método dialético, a busca racional de Eros. 
Elogiando o discurso de Agaton e tomando como base suas explanações, ele faz uma 
pergunta que muda todo o rumo: Eros é eros de alguém ou de ninguém? 
Agaton afirma que sim, abrindo novas possibilidades de indagações e fazendo 
com que o método de Sócrates fosse se apresentando e mostrando um novo cenário para 
aquele banquete. A próxima pergunta dele: Eros deseja e quer o que ele já tem ou deseja 
e quer o que não tem? Rodeia uma nova possibilidade de tese. Que Eros nos leva a 
desejar e a querer o que nos falta! Agaton afirmou que Eros era belo, porém, Sócrates o 
convida a reconhecer que Eros procura a beleza, a beleza que nos falta. O próximo 
passo dessa ilustre figura é proferir um discurso que escutou de Diotima, sacerdotisa de 
Mantineia. Como Eros poderia ser um deus, sendo desprovido de coisas boas e belas? 
De acordo com ela, Eros transita entre os mortais e os imortais, seria uma espécie de 
intérprete e mensageiro – Um dêmon. O Eros detém uma meta, manifesta-se nos 
homens fazendo com que busquem o belo, tornando venturoso aquele que o abriga. A 
meta de Eros é procriar, é a geração no belo. Pois, procriar é como ter o imortal no 
mortal. Dessa forma, admitimos que Eros procura a imortalidade e a imortalidade gera 
certo erotismo. Assim, o amor se concretiza. Sendo uma maneira de garantir e 
possibilitar que os mortais se tornem imortais.

Continue navegando