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Economia Brasileira 1970-80

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4 A ECONOMIA BRASILEIRA NO PERÍODO DE 1970-80 
 
 A década de 70 é marcada por dois grandes choques do petróleo (1973 e 1979), pela 
recessão mundial e pela elevação da taxa de juros no mercado internacional. 
 
4.1 Primeiro Choque do Petróleo 
 
 Antes de analisarmos as consequências dos ajustes, primeiro vamos ao principal fato 
que levou o choque: 
- produto essencial, de uso diversificado quanto aos fins e generalizado quanto aos países 
consumidores; 
- o petróleo apresentava preços declinantes num mundo de preços crescentes; 
- os países do Oriente Médio, que se constituíam nos principais fornecedores de petróleo ao 
ocidente. 
Nessas condições, não foi surpresa quando a OPEP
1
, decidiu elevar, em 1973, o preço 
oficial do barril de petróleo, praticamente estabilizado há mais de dez anos, de US$ 1,80 para 
US$ 2,40 e posteriormente para US$ 9,46 (84%), preço que, segundo o estabelecido, deveria 
permanecer estável por cinco anos. 
 Sendo assim, o preço do petróleo foi quadruplicado e embargado, sendo as causas a 
principais: 
- Temor que o uso exagerado do produto provocasse escassez, o que seria catastrófico; 
- A guerra árabe-isaelense do Yom kippur, de 6 a 25 de outubro de 1973. 
 O baixo preço do petróleo trouxe a Era da petroprosperidade, onde estimulou: 
- uso crescente como fonte de energia (petroquímica); 
- uso crescente como matéria-prima industrial; 
 Por outro lado, desestimulou: 
- o uso econômico do carvão; 
- busca de fontes energéticas alternativas, como o álcool, usinas nucleares, energia solar, 
hidráulica, eólica, etc.; 
 
 
4.2 II PND 
 
Figura 14 - Ernesto Geisel 
 
FONTE: GALERIA, (2004) 
 
1
 OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo, criada em 1960. 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 2 
 No governo Geisel (1974-79) o II PND foi posto em prática para vigorar entre 1975 a 
1979. O plano era coerente com estratégia do crescimento estabelecida nos planos anteriores. 
O II PND, bem mais flexível que o I PND tinha em sua adaptação mudanças da conjuntura 
internacional. 
 O plano previu a retomada do processo de Substituições de Importações, 
principalmente nos setores: 
- Bens de capital; 
- Eletrônica pesada; 
- Insumos básicos. 
 Ao Plano Siderúrgico Nacional, os setores beneficiados foram: 
- Papel e celulose; 
- Metais não ferrosos; 
- Fertilizantes; 
- Defensores agrícolas; 
- Produtos petroquímicos. 
 Os investimentos do II PND estavam direcionados para o crescimento industrial do 
Departamento I (produtos de bens de capital e bens intermediários). 
 Assim, verifica-se que em 1974-80 a indústria de transformação cresceu 7,1% ao ano, 
enquanto a indústria de bens de capital cresceu 8,5% ao ano (REGO e MARQUES, 1993, 
p.121-6). 
 
4.3 Segundo Choque do Petróleo 
 
 A economia mundial mal reagia do primeiro choque do petróleo (último trimestre de 
1973) quando sofreu o segundo choque (março de 1979). 
 Com a crise no Irã, uma profunda retração da oferta de petróleo no mercado mundial, 
o preço médio do petróleo que era de US$ 12,37 por barril, atingiu em dezembro do mesmo 
ano, US$ 22,77 por barril, ou seja, aumento de 84% em menos de um ano 
 
4.4 A Questão da Dívida Externa 
 
 A rígida política econômica de combate a inflação seguida pelos países com moeda de 
maior conversibilidade, provocou elevação da taxa de juros do sistema financeiro 
internacional, mais acentuada a partir do segundo semestre de 1979. A taxa Prime-rate (taxa 
americana para empréstimo de longo prazo), depois de registrarem a média ascendente de 
11,75% em 1978 e 15,25% no ano seguinte, chegou a 21,5% em dezembro de 1980. A taxa 
Libor (taxa dos bancos londrinos), aplicada a empréstimo, acompanhou as variações da 
Prime-rate. 
 A dívida externa bruta cresceu monstruosamente da ordem de US$ 6.622 em 1971 
para US$ 53.847 bilhões em 1980, um aumento de 713,15%. 
 
4.5 Inflação 
 A inflação de demanda é ocasionada pela expansão dos rendimentos (aumento dos 
salários ou rendas). 
 A Inflação de custos vem a ser analisada quando o custo de uma mercadoria é 
repassado para o consumidor ou para a empresa que incorporará ao seu custo e repassará 
adiante. Assim, se o salário mínimo aumenta, o custo de fabricação das mercadorias irá 
aumentar porque a indústria será onerada na sua folha de pagamento, e para repor esse 
„custo‟, repassa para frente em forma de aumento de preços. 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 3 
TABELA 6 – Inflação brasileira – 1970/80 
Ano Inflação 
1970 19.30 
1971 19.50 
1972 15.70 
1973 15.50 
1974 34.50 
1975 29.40 
1976 46.30 
1977 38.80 
1978 40.80 
1979 77.20 
1980 110.20 
 FONTE: Revista Conjuntura Econômica 
 
 
GRÁFICO 4 – Inflação brasileira – 1970/80 
 
 
 
TABELA 7 - TAXA DE JUROS INTERNACIONAIS 
Ano Prime-rate Libor 
1978 11,75% a.a. 
1979 15,25% a.a. 
1980 21,50% a.a. 16,44% a.a. 
 
 
TABELA 8 - DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA 
Ano US$ Δ 
1967 3,4 bi - 
1973 12,6 bi 3,7 vezes de 1967/73 
1980 60,8 bi 17,8 vezes de 1967/80 
 
 
 
-5.00
5.00
15.00
25.00
35.00
45.00
55.00
65.00
75.00
85.00
95.00
105.00
115.00
1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980
(%
) a
.a.
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 4 
4.6 TEXTO & ANÁLISE 1 
 
Dívida Externa
2
 
 (...) Não tendo atendido ao apelo a aos estímulos oficiais para a realização de 
investimentos substanciais nos setores prioritários, é de se perguntar o que fizeram as 
empresas com os lucros? A resposta não é difícil nunca até então no setor financeiro foram 
tão beneficiados como durante o governo Geisel, que passa a utilizar também o 
endividamento interno como fonte de financiamento do seu Projeto Brasil-Potência. Os riscos 
são mínimos, as taxas de juros altas e a lucratividade estimulante como em nenhum outro 
setor. Estando a economia mundial em baixa e sendo o Brasil um país periférico, o momento 
não é favorável a implementação de grandes projetos, apesar do desejo e dos apelos e 
estímulos oficiais. Simplesmente os lucros são aplicados na especulação financeira, mais 
rentável e sem risco. Mesmo em substanciais parcelas de recursos obtidos no exterior com 
empréstimo – que agravam a dívida externa – são desviados do investimento no setor 
produtivo e aplicados na especulação financeira. Não é preciso muito raciocínio para perceber 
e concluir que tal comportamento pressiona com mais força a alavanca da inflação. 
A indústria pesada (nacional) apresenta acelerada expansão até meados de 1976. A 
partir daí, seu ritmo declina. Em 1977 e 1978, o setor industrial que tem o pior desempenho e, 
de 1979 em diante, trabalha com acentuada capacidade ociosa, por falta de encomendas, quer 
ter os cortes nos investimentos públicos, quer pela rescisão do governo e de passar a adquirir 
no exterior muitos equipamentos que a indústria aqui instalada tem condições de produzir no 
país. 
 No segundo semestre de 1976 começam aparecer sinais claros de que o governo está 
abandonando a estratégia do II PND. Como o desequilíbrio do balanço de pagamentos o 
endividamento externo e a inflação – os três maiores males da economia da época – não 
cedem nem melhoram com as medidas adotadas, ao contrário, se agravam, o ministro da 
Fazenda, Mário Henrique Simonsen, foi investido em maiores poderes para gerir a economia 
do país. 
A dívida pública federal interna sobe de 240 bilhões de cruzeiros em 1977 para 520 
bilhões em 1979. A par desses sintomaspreocupantes, persistem as disparidades regionais, 
bem como os problemas da concentração ou má distribuição da renda pessoal. 
 (...) Mas o crescimento da economia, no período, só pode ser mantido graças ao 
“ingresso contínuo e maciço de capital estrangeiro, principalmente de empréstimos”. (...) Os 
bancos comerciais norte-americanos, europeus e japoneses estão, na década de 70 com 
excesso de liquidez e tem necessidade de reciclar os petrodólares. O setor privado brasileiro é 
também estimulado a utilizar a disponibilidade internacional. Cerca de 70% dos empréstimos 
externos obtidos nesse período são destinados a empresas privadas, que, em conseqüência se 
tornam também dependentes e vulneráveis, inclusive amarrando-se as taxas de juros 
internacionais as taxas de câmbio, sujeitas, portanto, a uma possível elevação dos juros das 
minidesvalorizações ou mesmo a uma maxidesvalorização do câmbio – o que acabará 
acontecendo mais tarde. 
 (...) A excessiva preocupação com o problema energético leva o governo a levar duas 
decisões extremamente polêmicas: a assinatura de um ambicioso acordo nuclear com a 
Alemanha, para a construção de oito usinas nucleares e outros empreendimentos correlatos 
conjuntos, e a alteração da lei que estabelecia o monopólio estatal do petróleo permitindo 
agora a pesquisa e a prospecção por companhias petrolíferas estrangeiras. (...) O governo 
Geisel consegue manter a economia aquecida, com a taxa média anual de 6,7% do 
crescimento do PIB, durante o seu mandato, embora no final do ritmo de expansão de 
 
2
 BRUM (2000) 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 5 
economia decline para 4,5% em 1977 e para 4,7 em 1978. (...) Assim, a partir de 1979 a 
exportação de manufatura supera a de bens primários. E, no final de década de 80, a 
exportação de manufaturados situa-se em torno de 70% do total das exportações brasileiras. 
 
4.7 TEXTO & ANÁLISE 2 
 
Inflação
3
 
 Indicada a desaceleração, a taxa de inflação, que fora cadente até 1973, volta a crescer. 
O Quadro XVIII mostra a tendência crescente da inflação em todo o período que vai de 1974 
a 1981. 
Quadro XVIII - Inflação, PIB e Meios de Pagamento 
 (Variações Anuais) 
 PIB Inflação 
(IGP) 
Meios de 
Pagament
o 
(M1) 
1967 4,8 28,3 45,7 
1968 11,2 24,2 39,0 
1969 10,0 20,7 32,5 
1970 8,8 19,3 25,8 
1971 12,0 19,5 32,2 
1972 11,1 15,8 38,3 
1973 14,0 15,5 47,0 
1967-73 11,3 19,5 35,6 
1974 9,5 34,6 33,5 
1975 5,6 29,4 42,8 
1976 9,7 46,2 37,2 
1977 5,4 38,8 37,5 
1978 4,8 40,8 42,2 
1979 6,8 77,2 73,6 
1980 7,9 110,3 70,2 
1981 -1,9 95,1 73,0 
1974-81 5,4 60,0 53,0 
 
 (...) Através da inflação administrada as grandes empresas oligopolistas elevam suas 
margens de lucro (lucro sobre as vendas) na fase de desaceleração para compensar a 
diminuição de suas vendas e manter sua taxa de lucro (lucro sobre capital). (...) Enquanto a 
inflação anualizada de fevereiro a julho de 1981, medida pelo IGP, era de 105%, os setores 
competitivos aumentavam seus preços em torno de 60%, e a média da elevação dos preços 
nos setores oligopolistas girava em torno de 170%. Mas é claro que desde 1974 esse tipo de 
comportamento inflacionário das empresas oligopolistas vinha se manifestando. Na verdade, 
inflação e recessão, ou seja, estagflação, só são compreensíveis em uma economia 
oligopolizada e indexada. 
 Como no caso particular de inflação administrada temos ainda os efeitos sobre os 
preços internos dos dois choques do petróleo (1973 e 1979). Embora sem importância 
excessiva atribuída pelos economistas monetaristas, essa “inflação importada” , administrada 
pelo cartel da OPEP, sem dúvida contribuiu para a aceleração inflacionária. Já a inflação 
 
3
 Bresser-Pereira (1985) 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 6 
compensatória tem origem na política econômica do Estado: seja na política Keynesiana de 
aumentar as despesas do Estado em geral para reestimular a demanda agregada, seja 
principalmente no caso brasileiro recente através da montagem de um enorme sistema de 
subsídio as exportações industriais, à indústria de bens de capital, à agricultura e à 
acumulação das empresas estatais. Estes subsídios pagos pelo orçamento monetário, 
desequilibram o orçamento global do Estado (um orçamento fiscal permanece equilibrado, 
mas nada significa). O déficit leva a emissões de moeda que, naturalmente, têm efeito 
acelerador na inflação caso alguns setores de economia estejam trabalhando próximos do 
pleno emprego. 
 (...) A inflação administrada e a inflação compensatória explicam a aceleração da taxa 
de inflação. 
 
 
4.8 Leituras básicas 
 
COSTA, R. D. Economia Brasileira: de 1930 aos dias de hoje. Cornélio Procópio: [s.n.], 
2005. Cap.5 e 6). 
 
BRUM, A. J. O Desenvolvimento Econômico Brasileiro. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1982. 
 
FURTADO, M. B. Síntese da Economia Brasileira. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. (Cap. 
16) 
 
REGO, J. M.; MARQUES, R. M. (Orgs.) et al. Economia Brasileira. 3ª São Paulo: Saraiva, 
2006. (Cap.9 e 10) 
 
TEIXEIRA, F. M. P.; TOTINI, M. E. História Econômica e Administrativa do Brasil. 3ª 
ed. São Paulo: Ática, 1993. (Cap.15) 
 
 
4.9 Leituras para aprofundamento 
 
 
ABREU, M. de P. (org) et al. A Ordem do Progresso: cem anos de política econômica 
republicana, 1889-1989. 31ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2011. (Cap.10 e 11) 
 
_____ A ordem do progresso: dois séculos de política econômica no Brasil. 2ª ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier/Campus, 2014. (Cap.11 e 12) 
 
BRESSER-PEREIRA, L. C. Desenvolvimento e crise no Brasil: entre 1930 e 1967. Rio de 
Janeiro: Zahar Editores, 1968. 
 
CASTRO, A. B.; SOUZA, F.E.P. A economia brasileira em marcha forçada. Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 1985. 
 
GIAMBIAGI, F. (org) et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2010. 2ª ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2011. (Cap.3 e 4) 
 
 
Notas de aula de Economia Brasileira Contemporânea – Prof. Dr. RDC 7 
4.10 Exercícios 
 
1) Cite quatro itens que a Era da Petroprosperidade estimulou. 
 
2) Cite quatro itens que a Era da Petroprosperidade desestimulou. 
 
3) Comente a frase justificando-a: “A década de 70 é marcada por dois choques do petróleo, 
pela recessão mundial e pela elevação da taxa de juros no mercado internacional”. 
 
4) Quais eram as principais causas que fizeram que o preço do petróleo quadruplicasse? 
 
5) Comente sobre a situação da Dívida Externa Brasileira na década de 1970. 
 
6) Comente sobre a escalada inflacionária nacional. Ilustre graficamente os índices ano a ano.

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