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Dimensão socioeconômica da globalização

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Referências: SENE, Eustáquio de. A Dimensão Socioeconômica. In: Globalização e Espaço Geográfico. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2012. p. 65-88.
				 RESENHA
	Entre todas as vertentes do processo globalizante, talvez o grande destaque seja a dimensão econômica. Devido a sua grande influência e importância, fora o impacto que exerce sobre toda a sociedade, é muito fácil generalizar todo a Globalização e seus efeitos por apenas uma perspectiva, a econômica. Realizando um rápido apanhado histórico, no período do pós-guerra, é notável como a economia mundial estava em rápida ascensão. Alta produção industrial, forte consumismo por parte dos trabalhadores e comercialização entre as nações (capitalistas). Entretanto, todo esse processo se perdeu ao longo do século XX devido a fatores generalizados – relacionados a guerras, questões sociais e até xenofobia – que demonstram como a economia é fortemente vinculada as relações homem-meio. E assim, afetando diretamente as etapas da globalização, como o intenso mecanismo de fluxos de capitais, bens, serviços e pessoas.
	Um fator importante para a reprodução do capitalismo em larga escala fora a industrialização subordinadas de países periféricos na América Latina, Ásia e parte da Europa Oriental. Esses são os famosos Países Emergentes, que foram o resultado de uma série de concessões Estatais atendendo normas do mercado internacional – GATT, FMI, BANCO MUNDIAL – impostas por países centrais. Dessa maneira, fica evidente a perversidade da globalização, fragmentado para poder globalizar de forma subordinada e dependente. Durante o decorrer dos anos, em meados do século XX, os E.U.A. desenvolveram táticas de “desregulamentação” da economia, uma forma de prejudicar os países periféricos – que apresentavam uma relativa elevação na qualificação profissional e social – e socialistas que já faziam “frente” ao poderio econômico capitalista. Atitude esta que deflagra como a economia globalizada é destinada aos mais ricos. É necessário ressaltar a eficiência do setor financeiro neste processo, destacando muito bem a mundialização do capital e sua função como perpetuador das diferencias entre os mais ricos e mais pobres.
	É fácil entender como a economia é dominada pelo capitalismo financeiro. Justificada pelo teor de sua magnitude, sendo um processo imaterial, virtual e tecnológico; áreas essas dominadas por economias mais desenvolvidas, dos países centrais. Segundo O’Brien, a globalização financeira é o fim da Geografia, já que todo espaço passa a ser virtual, degradando o Espaço Geográfico e caracterizando-o apenas como um espaço de fluxos financeiros, sem dar qualquer importância a atuação humana. Atuação humana essa – trabalhadores terceirizados, que ao mesmo tempo não podem exercer a “globalização”, também são excluídos dela.
	Abordando de outra perspectiva, de Sene traz muito evidente a correlação entre o regime de acumulação fordista e o surgimento do “welfare state. Analisando de forma mais profunda, é visível os reais fatores de tais políticas mais “humanas” em relação as conquistas sociais. O fordismo é um regime de acumulação caracterizado pela padronização e divisão técnica do trabalho, na qual um operário é responsável por apenas uma parte de toda a produção, exercendo o mesmo exercício repetitivo, ocasionado pela padronização esquematizada. Sendo uma adaptação das teorias Tayloristas, o fordismo atendeu com perfeição o consumo do seu período, aumentando a produção das industrias americanas e as tornando mais produtivas que em comparação com os índices europeus. 
É sabido que durante essa época, países socialistas produziam em massa tanto quanto os capitalistas. Porém a forma de produção era distinta, assim como as políticas sociais – esquematizadas e desenvolvidas pelo Estado e apenas por ele. Tal fator era um empecilho para a prática de um capitalismo selvagem e agressivo, a grande sombra do socialismo na Europa e América foi um fator determinante na aprovação e práticas de políticas sociais, assim, não incitando possíveis revoluções populares. Desta forma, o Estado de “bem-estar social” passa a ter a função de regulador das práticas capitalistas, “preocupando-se” com as reivindicações populares. Em todo o processo, cada um dos “envolvidos” tinha seus direitos e deveres. O trabalhador era o grande produtor, resultando na “época de ouro” do capitalismo, e assim tinha reajustes salarias constantes e desemprego quase nulo. Já o Estado atuava como regulador administrativo e assegurava os direitos trabalhistas de toda a população – branca e hétero, tendo como troca, altas receitas investidas em setores da sociedade. É inegável que houve uma melhoria significativa das condições de vida da massa trabalhadora.
É diretamente relacional o fato de países com experiências totalitárias adotarem o “welfare state” após a 2° guerra. Rosecrance aborda essa visão de forma bem direta, deixando claro que as políticas keynesianas na Europa e E.U.A possuem ideais distintos. É visto um “medo” na Europa, da volta de ideologias totalitárias como o nazi-fascismo, dai vem o Estado de bem-estar social sendo uma alternativa. Já nos E.U.A, vê-se outra vertente, a hegemonia do pensamento liberal na sociedade estadunidense limitando ideias keynesianas. Entretanto, Estado de bem-estar social não é o mesmo que direitos universais, atendendo a todo uma população, e isso a sociedade norte-americana dos anos 60 deixa bem evidenciado.
A década de 60 e 70 foi um marco na história, período de fortes revoltas populares – Panteras negras, feminismo radical (segunda onda), movimento Hippie, frente comunista em países latino-americanos, movimento estudantil, movimento gay, movimento pacifista – que reivindicavam direitos civis universais. Tal processo destaca como até mesmo dentro dos países desenvolvidos, havia forte repressão social. Os ditos diretos do Estado de bem-estar social eram destinados à uma classe, a média. Composta exclusivamente de homens brancos héteros, essa classe usufruía de privilégios negados aos demais.
Entrando em uma nova fase, aborda-se a crise do Estado Keynesiano e o fim do regime de acumulação fordista, ambos processos ligados à fatores econômicos mundiais. A partir da década de 70, o sistema fordista não consegue mais atender as expectativas de produção. A reprodução do capital passa a ter dificuldades de manter um constante rendimento. Não é uma crise de superprodução, é uma crise de acumulação e reprodução do capital. Dessa forma, todo o aparato político-administrativo é revogado, o Keynesianismo não é mais tão atrativo, assim como o sistema fordista. Acumulado à crise estrutural do capitalismo, tem os choques do petróleo de 1973 e 1979, ambos agravando o desemprego e elevando o preço do barril a valores astronômicos. 
Deste momento em diante a preocupação do Estado vai ser em salvar o capitalismo, controlando a inflação, baixando as taxas salarias e diminuindo os direitos trabalhistas. Todo um conceito de “valorização e proteção” do trabalhador é aniquilado, revertendo os valores de conduta. Sempre foi o capital que importou. Os anos 70 e 80, são marcados por tempos conturbados de incertezas econômicas, políticas e sociais. Era muito comum reajustes salarias mensais, isso quando o trabalhador não perdia o emprego devido ao corte de gastos. Essas experiências são fatores para a transição do sistema fordista para o Toyotismo, mais conhecido como regime de acumulação flexível.
Pode-se dizer que o regime toyotista foi uma resposta à crise generalizada dos anos 70. É no Japão que se tem o auge de seu processo produtivo e ideológico, na qual a palavra “competitividade” teve um novo sentido, sendo enraizado no sistema de produção capitalista. O Toyotismo é um regime de acumulação bem diferente do Fordismo. Em sua essência existia o ideal de competição, otimização e flexibilidade do tempo-espaço; um regime voltado para a diversificação produtiva, flexível a demanda e reduzindo os gastos com estocagem, automatizando etapas da produção e operada por uma mão-de-obraaltamente qualificada e multifuncional. Essas características tornaram a Toyota, a maior fabricante de carros do mundo em seu auge. Santos ressalta em sua análise como a globalização transforma tudo em capital, “os processos técnicos, informacionais e organizativos, normas e desregulações, lugares. Tudo o que contribui para construir o processo de globalização, como ele atualmente se dá, também contribui para a relação entre as empresas – e, por extensão, os países, as sociedades, os homens – esteja fundada numa guerra sem quartel”. 
E foi nesse campo que o sistema Toyotista teve seu grande triunfo, tornando a produção capitalista cada vez mais competitiva e desigual. Pode-se notar esse processo nas fabricas, nas quais toda uma massa de trabalhadores é demitida devido ao uso mecanizado que ganha mais força, aumentando a produção. Assim, é criado um vasto exército de mão-de-obra reserva, exigindo cada vez mais qualificação e flexibilidade dos que ainda possuem um trabalho. É no sistema Toyotista que se tem a exploração “legalizada” do trabalhador, sempre com a necessidade de perfeição e produtividade num processo ininterrupto, sendo permitido à gerência acelerar a produção quando for conveniente. O esforço mental e físico aumenta em prol das “metas alcançadas”, deixando claro que a saúde do trabalhador nunca foi uma preocupação capitalista. 
A globalização do trabalho ganha espaço neste novo modo de regime, passando a terceirizar funções e produção para países periféricos onde mão-de-obra é muito mais barata, não existe qualquer movimento sindical e a qualificação não exige altos salários. A precarização desse trabalho terceirizado é fundamental para sua manutenção, fomentando o crescimento da economia informal pelo mundo – Ásia, África, América Latina. Dessa maneira, é nítido como os grupos sociais antes marginalizados pelo fordismo, estão sendo incorporados no mercado de trabalho, em detrimento dos trabalhadores masculinos brancos – que eram a base do forte sindicalismo nos países centrais. Mas não se pode ver isso como um avanço progressista. Na realidade é a demonstração da precarização do trabalho em sua realidade excludente, subordinada e dependente. É nesse caminho que estão seguindo países periféricos e até centrais, propondo cada vez mais a diminuição das garantias trabalhistas, flexibilidade de produção e enfraquecimento do movimento sindical em favor do avanço produtivo capitalista.
A acentuação de desigualdades é uma característica intrínseca do capitalismo, na globalização pode-se notar a gravidade desta situação que esta diretamente ligada a divisão internacional do trabalho, exploração de mão-de-obra barata, precarização dos serviços em países periféricos, acumulação de tecnologias em países centrais e sistematização da economia atendendo necessidades de poucos. Por isso é cada vez mais importante a participação e intervenção do Estado na economia em defesa dos interesses das classes populares, priorizando uma industrialização nacional, independente e autônoma. Fortalecendo o avanço educacional, investindo em tecnologias e valorizando a qualidade de vida do trabalhador. Dessa maneira é possível a reversão desse quadro atual, dominado pela desigualdade globalizada.
É valido comentar um pouco sobre os “ciclos da economia”, teoria desenvolvida por Kondratieff, na qual salienta que a economia tem seus ciclos de benevolências e crises. De acordo com Wallenrstein, os atuais ataques globalizados aos direitos trabalhistas, ao Estado, a mobilidade geográfica das empresas e o crescimento do sistema financeiro, são respostas as crises cíclicas do capitalismo. Entretanto, é determinista demais dizer que todos os processos são cíclicos de forma generalizada, sem ressaltar as particularidades de cada época e processo. Não é correto afirmar que a crise de 1929 foi semelhante a crise de 1973, assim como todo o contexto socioeconômico não era. Frisando que os avanços tecnológicos e regulamentações da economia podem evitar ou amenizar crises ditas cíclicas, enfatizando a importância das políticas regulamentadoras para melhor entendimento do sistema capitalista e sua funcionalidade, em detrimento da teoria de ciclos longos.

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