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MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS Professora Me. Juliana Franco Professor Me. Paulo Pardo GRADUAÇÃO Unicesumar Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo José Manoel da Costa Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Design Educacional Camila Zaguini Silva, Fernando Henrique Mendes, Rossana Costa Giani Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Humberto Garcia da Silva Revisão Textual Hellyery Agda Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio Ilustração Robson Yuiti Saito C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; FRANCO, Juliana; PARDO, Paulo. Mercado Financeiro e de Capitais. Juliana Franco; Paulo Pardo. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2014. Reimpresso em 2018. 192 p. “Graduação - EaD”. 1. Mercado Financeiro. 2. Sistema Financeiro. 3. Mercado de Capitais. 4. Mercado de Ações 5. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-701-7 CDD - 22 ed. 658.152 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cur- sos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferen- tes áreas do conhecimento, formando profissio- nais cidadãos que contribuam para o desenvolvi- mento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professor Me. Paulo Pardo Mestrado em Administração pela Universidade Estadual de Londrina. Atualmente é coordenador do curso de Gestão Pública do Núcleo de Educação a Distância da Unicesumar. Trabalhou na coordenação geral de polos de Educação a Distância da Unicesumar, celebrando convênios de parceria entre polos e a IES, bem como na gestão de relacionamento com os polos próprios e parceiros. Trabalha na coordenação do projeto de pós graduação na Unicesumar. É professor no CHSA - Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da Unicesumar - Centro Universitário Cesumar. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Empresas, atuando principalmente nos seguintes temas: sistema financeiro nacional, bolsa de valores, mercado de ações, satisfação e clientes. É professor de pós-graduação na área de Administração da Unicesumar, na cidade de Maringá, PR. É autor de livros didáticos para Educação a Distância nas áreas de Logística, Mercado Financeiro e de Capitais, Marketing e Gestão Ambiental, Teoria Geral da Administração. A U TO RE S Professora Me. Juliana Franco Possui graduação e MESTRADO em ECONOMIA pela Universidade Estadual de Maringá. Esta fazendo Doutorado em Economia pela UEM. Atualmente é professor do Centro de Ensino Superior Cesumar - Unicesumar e do Departamento de Economia da UEM APRESENTAÇÃO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, caro(a) aluno(a), meu nome é Juliana Franco. Seja bem-vindo(a) a nossa disciplina MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS. Você alguma vez já se perguntou quais os tipos de aplicações financeiras existentes no mercado além da nossa conhecida Caderneta de Poupança? Para responder a esta pergunta é que juntos iremos desvendar, por meio das Unidades deste livro, o “Fabuloso Mundo do Mercado de Capitais”. Iniciaremos nosso estudo aprendendo sobre como funciona o sistema financeiro nacio- nal, quais são as suas principais instituições e o papel de cada uma na organização do mercado financeiro, principalmente após o processo de globalização, que resultou em intenso intercâmbio entre os países, em especial os fluxos de capitais. Neste contexto, o mercado de ativos adquire crescente importância no cenário finan- ceiro internacional. Seguindo essa tendência, os países em desenvolvimento, como o Brasil, procuram abrir suas economias para poder receber investimentos externos. Assim, quantomais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado de ca- pitais. Este mercado é um importante canal para a captação de recursos que permitem o desenvolvimento das empresas e também se constitui em uma importante opção de investimento para pessoas e instituições. Este livro, além de apresentar informações que lhe permitirão saber como e por que investir no mercado de capitais, aborda conceitos básicos sobre o funcionamento das bolsas e os custos e riscos que o investidor terá que assumir para operar neste mercado. Com os conteúdos que serão trabalhados, você entenderá também como funcionam os mercados derivativos, especificamente os contratos futuros e de opções, a sua relação com a formação do preço final de diversas commodities e a utilização desses instrumen- tos para minorar o risco de preço inerente a uma vasta gama de produtos agropecuários. Os módulos trabalhados neste material não são estanques, ou seja, os elementos constituintes desses módulos não devem ser estudados ou analisados de maneira isolada, mas sim interligada, e sempre que possível, vários aspectos serão rememorados durante o nosso estudo. Além disso, você observará que na indicação da reflexão será exigida uma breve compo- sição sobre o assunto. Esta reflexão estará contextualizada dentro de uma problemática, que por sua vez estará sintetizada por meio de uma pergunta. Assim, o questionamento é para nortear o início da sua escrita, podendo ser utilizado como pergunta central. Assim sendo, e para atingir os desafios propostos nesta disciplina, reforço a indicação das leituras complementares, além das referências que se encontram no final deste ma- terial, que serão de grande valia para você, e desejo-lhe boa sorte, bons estudos e muito êxito profissional. Profª. Me. Juliana Franco 8 - 9 SUMÁRIO 8 - 9 UNIDADE I INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO 15 Introdução 16 O Surgimento dos Bancos e do Mercado Financeiro 18 Constituição do Sistema Financeiro Nacional 18 Sistema Normativo 27 Subsistema Operativo 29 Agentes Especiais 31 Intermediadores Financeiros 33 Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado 50 Entidades Ligadas ao Setor Financeiro 51 Segmentação do Mercado Financeiro 54 Mercado de Crédito 54 Mercado de Capitais 55 Mercado Monetário 55 Mercado Cambial 56 Considerações Finais SUMÁRIO 10 - 11 UNIDADE II O MERCADO DE CAPITAIS 61 Introdução 61 Participantes do Mercado de Capitais 67 Mercado à Vista e Mercado Derivativo 71 Conhecendo os Produtos Financeiros: Renda Fixa e Renda Variável 74 Títulos Privados 82 Títulos Públicos 84 Fundos de Investimento em Renda Fixa 85 Renda Variável 86 Perfil do Investidor 88 Considerações Finais UNIDADE III FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE AÇÕES 93 Introdução 94 As Ações 99 Lote Padrão das Ações 102 O Valor das Ações 103 Remuneração dos Acionistas e seus Direitos 108 Índices de Ações 113 Riscos em Investimentos com Ações SUMÁRIO 10 - 11 114 Custos Operacionais do Investimento em Ações 117 Processo de Negociação de Ações 120 Aluguel de Ações 121 A Questão da Especulação 122 Princípios Gerais da Administração de Investimento 126 Escolas de Análise de Investimento 139 Considerações Finais UNIDADE IV O MERCADO DE TÍTULOS PÚBLICOS, FUNDOS DE INVESTIMENTO E FUNDOS IMOBILIÁRIOS 143 Introdução 143 FIFS – Fundos de Investimentos Financeiros 145 O Risco do Investimento em Fundos 146 Características dos Fundos de Investimento 149 Classificação dos Fundos de Investimento 155 Fundos de Investimento Imobiliário 160 Tesouro Direto 162 Considerações Finais SUMÁRIO 12 - AT UNIDADE V MERCADO DE DERIVATIVOS 167 Introdução 168 Introdução ao Mercado de Derivativos 172 Funcionamento do Mercado Futuro 182 Funcionamento do Mercado de Opções 187 Considerações Finais 189 CONCLUSÃO 191 REFERÊNCIAS U N ID A D E I Professora Me. Juliana Franco Professor Me. Paulo Pardo INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer o surgimento do mercado financeiro. ■ Conhecer a composição do Sistema Financeiro Nacional. ■ Entender a regulação do sistema financeiro. ■ Entender os conceitos sobre Sociedades Corretoras e Distribuidoras e Fundo Garantidor de Crédito. ■ Conhecer a segmentação do mercado financeiro. ■ Adquirir noções sobre Bancos de Investimentos, Bancos Comerciais e Bancos Múltiplos. ■ Ter uma visão sobre entidades ligadas à regulação do mercado de capitais. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ O surgimento do mercado financeiro ■ Conceitos e definições de financiamento ■ Funções e Objetivos dos Órgãos e Instituições do SFN ■ Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado ■ Segmentação do Mercado INTRODUÇÃO Antes de nos aprofundarmos nos aspectos operacionais dos mercados de capi- tais, é necessário compreender o porquê do surgimento do mercado financeiro; as entidades que fazem parte deste sistema; as diferenças entre sistema financeiro e sistema bancário; bem como aspectos sobre como os mercados são regulados e segmentados. Tudo bem se você não é especialista, mas não pense que você é alheio(a) ao assunto. Afinal, provavelmente você é cliente de um banco, com sua conta cor- rente ou somente uma caderneta de poupança. Talvez você já seja um(a) investidor(a) mais experiente e já fez algum tipo de investimento mais direcionado, como fundos de investimento, CDB, ou apli- cou no mercado de ações. E sua casa? É sua? É financiada? Então você já negociou com uma socie- dade de crédito imobiliário ou com um banco que possui uma carteira de crédito imobiliário. Em todos esses casos, você é um ator nesse grande palco que é o mercado financeiro e de capitais. Imagine sua vida sem essa complexa estrutura! Quem cuidaria de suas eco- nomias que você acumulou com algum sacrifício? Guardaria debaixo do colchão? Não! Além do risco óbvio, seu dinheiro não trabalharia para você, ou seja, não produziria renda. E se você precisasse de um dinheirinho extra? Quem te emprestaria? Seu cunhado não vale! Nessas horas, ter um lugar para buscar esse dinheiro empres- tado sem ter que ficar se explicando é muito bom. E as sociedades de crédito e os bancos se prestam muito bem a esse papel. Essas entidades existem para fazer o grande motor da economia funcionar. Mas sobre economia falaremos mais para frente. Vamos conhecer primeiro os diversos aspectos desse interessantíssimo sis- tema, o SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 O SURGIMENTO DOS BANCOS E DO MERCADO FINANCEIRO Talvez você esteja curioso(a) em saber onde começou esse próspero negócio dos bancos e companhias de crédito. A atividade bancária já existia na Mesopotâmia há 3.400 anos a.C., sendo praticada nos templos pelos sacerdotes, que já transacionavam com mercado- rias e faziam empréstimos com juros altos, mesmo sem a existência da moeda. Naquele tempo, eram usados como moeda o sal, o gado, metais preciosos, entre outros produtos denominados de moeda-mercadorias. Segundo os estudiosos de arqueologia, foram os fenícios os primeiros a realizar operações bancárias. Os romanos deram o nome, hoje universal, à ins- tituição: “banco”, significandoa mesa que os cambistas utilizavam para suas operações monetárias. Na época, a principal ocupação dos bancos era a troca de moedas, mas também aceitavam depósitos e faziam empréstimos. A expres- são “bancarrota” derivou do fato de que, quando o negócio não prosperava, era costume quebrar a mesa. Conforme Paul Wonnacott et al. (1982, p. 218), “foi a busca de lucro que deter- minou o desenvolvimento do sistema bancário, e este processo pode ser melhor ilustrado pela história dos ourives medievais”. Embora a atividade específica dos ourives fosse a de trabalhar os metais preciosos, eles também exerciam a função de recebê-los para que fossem guardados. Prestavam este serviço aos viajantes, mercadores e elites da época em troca de uma pequena taxa de serviço. Quando as pessoas depositavam joias, por exemplo, naturalmente lhes eram devolvidos os mesmos objetos; mas quando os depósitos eram na forma de barras e moedas de ouro, não havia necessidade de receber o mesmo objeto de volta, conquanto que o objeto reposto tivesse o mesmo valor. Após algum tempo, o ourives per- cebia que uma quantia considerável permanecia em estoque, pois as retiradas dos clientes não ocorriam de uma só vez, além de que sempre havia novos depó- sitos. Assim, lhe ocorre a ideia de emprestar uma parcela do estoque de ouro: O ourives emprestaria ouro e receberia em troca o valor corresponden- te em notas promissórias nas quais eram especificados a taxa de juros e o período de resgate das mesmas [...]. Neste momento, sua atividade O Surgimento dos Bancos e do Mercado Financeiro Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 deixa de ser a de uma simples casa de penhores para transformar-se na de um banco comercial, como o conhecemos hoje (WONNACOTT et al., 1982. p. 219). É interessante que na Idade Média, em muitos locais, era considerada ilegal a atividade dos que emprestavam dinheiro cobrando juros. Como a Igreja desa- provava esta prática, os cristãos abstinham-se de exercê-la, fato que, segundo alguns autores, explica a preponderância de judeus no ramo. Até hoje, a Igreja considera usura a cobrança de juros extorsivos, conceito que o direito encam- pou em seus preceitos. Conforme Magalhães Filho (1991, p. 136), A partir do século VI, já estando formadas grandes fortunas comer- ciais, surgem os primeiros banqueiros, que vão substituir os cambistas como fonte de crédito. Em vez de se limitarem a emprestar dinheiro, os banqueiros italianos passarão a aceitar depósitos, descontar títulos e manter correspondentes em outras praças. Esses empreendimentos eram principalmente familiares até meados do século XV, e apenas com a evolução da contabilidade é que surgiram verdadeiras empre- sas bancárias. O enriquecimento dos banqueiros é um dos fatores que Magalhães Filho (1991) relaciona com a queda do feudalismo e da monarquia. Mediante a aquisição de terras – por compra ou recebendo-as como pagamento de dívi- das dos senhores feudais – eles tornam-se uma classe poderosa, influindo na mudança do regime monárquico para o regime republicano. Assim, o surgimento definitivo do mercado financeiro ocorre quando a economia supera o estágio de escambo (ou de trocas) e passa a utilizar uma mer- cadoria única, como intermediária de troca de bens e serviços, com aceitação garantida por lei, servindo como unidade padrão de valor denominada moeda. Além disto, o desenvolvimento da economia dos países e a dinâmica dos mercados geraram um crescimento desigual na renda dos agentes econômi- cos (famílias, empresas e governo). Esse desequilíbrio fez com que surgisse na economia dois tipos de agentes: superavitários (ganham mais do que gastam) e deficitários (gastam mais do que ganham). Dentro deste contexto, surge o mer- cado financeiro, onde o produto negociado é o dinheiro, cuja remuneração é a taxa de juros. O mercado financeiro é o meio e o ambiente pelo qual se realizam as transfe- rências de dinheiro entre os agentes superavitários e deficitários, por meio do pagamento de uma taxa de juros, permitindo a complementação da renda das famílias e o financiamento da atividade produtiva no caso das empresas. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Segundo Pereira (2013), o sistema financeiro pode ser definido como o conjunto de instrumentos e instituições que possibilitam a transferência de recursos entre os agentes econômicos superavitários e deficitários. O mercado financeiro, onde se processam essas transações, permite que um agente econômico (um indiví- duo ou uma empresa, por exemplo), sem perspectivas de aplicação em algum empreendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar (denominado agente econômico superavitário), seja colocado em contato com outro, cujas perspec- tivas de investimento superam as respectivas de disponibilidades de poupança (denominado agente econômico deficitário). Assim, a principal função do SFN, então, é viabilizar a intermediação entre poupança e investimento, possibilitando ao setor produtivo maior eficiência. O Sistema Financeiro Nacional pode ser subdividido em entidades que fazem parte dos Sistemas: normativas, supervisoras e operacionais (BANCO CENTRAL, 2013): SISTEMA NORMATIVO Constituído por instituições responsáveis pela definição das políticas e dire- trizes gerais do sistema financeiro, sem função executiva, mas fiscalizadora. Atualmente, no Brasil, funcionam como principais entidades normativas o Conselho Monetário Nacional – CMN; Banco Central – BACEN e a Comissão de Valores Imobiliários – CMV. Além destes, também fazem parte das instituições normativas a Sistema Normativo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Superintendência de Seguros Privados – SUSEP e a Superintendência de Previdência Complementar – Previc. As Instituições especiais como o Banco do Brasil – BB, Caixa Econômica Federal – CEF e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES fazem parte do Sistema Operacional de Intermediação Financeira. A Figura 1 apresenta o organograma das instituições normativas do Brasil. CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN) BANCO CENTRAL (BACEN) (CVM) COMISSÃO VALORES MOBILIÁRIOS INSTITUIÇÕES ESPECIAIS Comissões Consultivas SUBSISTEMA NORMATIVO Responsável pelo funcionamento do mercado �nanceiro e de suas instituições. B.B. BNDES CEF Figura 1: Divisão Normativa Fonte: Mankiw (2006) CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL – CMN Preste muita atenção nesse conceito: CMN – É o órgão supremo do Sistema Financeiro Nacional. Sua finalidade é fixar diretrizes para as políticas monetária, creditícia e cambial do país. Também é responsável por regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras e por disci- plinar os instrumentos de política monetária e cambial. Não é um órgão executivo. Composição do Conselho Monetário Nacional: ■ Ministro da Fazenda (Presidente do Conselho). ■ Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão. ■ Presidente do Banco Central do Brasil. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Competências: ■ Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da eco- nomia nacional e seu processo de desenvolvimento. ■ Regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo surtos infla- cionáriosou deflacionários de origem interna ou externa. ■ Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamen- tos do país. ■ Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras públicas ou privadas, de forma a garantir condições favoráveis ao desenvolvimento equilibrado da economia nacional. ■ Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financei- ros, de forma a tornar mais eficiente o sistema de pagamento e mobilização de recursos. ■ Zelar pela liquidez e pela solvência das instituições financeiras. ■ Coordenar as políticas monetárias, creditícia orçamentária, fiscal e da dívida pública interna e externa. ■ Estabelecer as metas de inflação. Atribuições específicas: ■ Autorizar as emissões de papel-moeda. ■ Aprovar os orçamentos monetários preparados pelo BC. ■ Fixar diretrizes e normas da política cambial. ■ Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias. ■ Estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancá- rios ou financeiros. ■ Determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras. ■ Regulamentar as operações de redesconto de liquidez. Sistema Normativo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 ■ Outorgar ao BC o monopólio de operações de câmbio quando o balanço de pagamento o exigir. ■ Estabelecer normas a serem seguidas pelo BC nas transações com títulos públicos. ■ Regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as ins- tituições financeiras que operam no país. BANCO CENTRAL DO BRASIL – BACEN OU BC Também conhecido como BC ou Bacen, o Banco Central é a entidade criada para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, funcionando como secretaria executiva do CMN. Cabe ao BACEN ou BC a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sis- tema e as normas expedidas pelo Conselho. Competências: ■ Formular e gerir as políticas monetária e cambial, compatíveis com as diretrizes do Governo Federal. ■ Regular e supervisionar o Sistema Financeiro Nacional. ■ Administrar o Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB e o meio circulante. Principais atribuições: ■ Emitir papel-moeda e moedas metálicas nas condições e limites autori- zados pelo CMN. ■ Executar os serviços do meio circulante. ■ Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósi- tos voluntários das instituições financeiras e bancárias que operam no país. ■ Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financei- ras dentro de um enfoque de política econômica do Governo, ou como socorro a problemas de liquidez. É por meio do Banco Central que o Estado intervém diretamente no Sistema Financeiro Nacional e Indiretamente na Economia. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 ■ Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis. ■ Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e venda de títulos públicos federais. ■ Emitir títulos de responsabilidade própria, de acordo com as condições estabelecidas pelo CMN. ■ Exercer o controle do crédito em todas as suas formas. ■ Exercer a fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando necessário. ■ Autorizar o funcionamento de todas as instituições financeiras, estabele- cendo a dinâmica operacional. ■ Estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras privadas. ■ Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais. ■ Controlar o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcio- namento do mercado cambial, operando, inclusive, via ouro, moeda ou operações de crédito no exterior. ■ Determinar, via COPOM, a taxa de juros de referência para as opera- ções de um dia – a taxa SELIC. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM Este importante componente do Sistema Financeiro Nacional está muito pre- sente na economia de uma forma geral. Principalmente quando você ouve falar Sistema Normativo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 sobre o desempenho das Bolsas, no caso do Brasil é a CVM a responsável para que tudo funcione de forma confiável para os investidores. A CVM é uma autar- quia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pela Lei 6385, de 07/12/1976, com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e promover a expansão, o desen- volvimento e o funcionamento eficiente do mercado de valores mobiliários, sob a orientação do Conselho Monetário Nacional. Segundo Bisi e Feijó (2009), a CVM tem como objetivo promover a expansão do mercado de capitais, bem como o seu desenvolvimento, por meio da criação de um ambiente favorável para a emissão e a negociação de ativos. Só não estão sob a sua regulação os títulos da dívida pública federal, estadual e municipal e os títulos cambiais de responsabilidades da instituição financeira. De acordo com a legislação, suas principais atribuições são: ■ Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão. ■ Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de carteira de valores mobiliários. ■ Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado. ■ Assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido. ■ Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários. ■ Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários. ■ Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas. ■ Quando entrarmos no assunto de Bolsa de Valores e Bolsa de Mercadorias e Futuros, você vai entender mais claramente como é importantíssima a função da CVM. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS – SUSEP Você tem um seguro de vida ou previdência privada? A saúde do seu plano ou da sua apólice deve muito à atuação deste importante ator do Sistema Financeiro Nacional. A SUSEP é uma autarquia, vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pelo Decreto-Lei 73/66 de 21/11/1966. A Superintendência de Seguros Privados – SUSEP é o órgão responsável pelo controle e pela fiscalização do mercado de seguros, previdência aberta e capitalização. Suas principais atribuições são: ■ Fiscalizar a constituição, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Previdência Aberta e de Capitalização, na qualidade de executora da política traçada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP. ■ Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efe- tua por meio de operações de seguros, previdência privada aberta e de capitalização. ■ Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores desses mercados. ■ Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos opera- cionais a elas vinculados, com vistaà maior eficiência do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema Nacional de Capitalização. ■ Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operam. ■ Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado. ■ Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em espe- cial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas. ■ Cumprir ou fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as ativida- des que por este forem delegadas. ■ Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. Sistema Normativo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR – PREVIC Se você for ou pretende ser um funcionário de uma grande empresa, tal como a Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal ou empresa de teleco- municações, provavelmente lhe foi ou será oferecido um plano de previdência complementar. Este plano, diferentemente do que você encontrará à venda numa institui- ção bancária, na forma de um plano de previdência dos tipos PGBL ou VGBL, não é regulamentado nem fiscalizado pela SUSEP por não se tratar de uma pre- vidência do tipo aberta, e sim do tipo fechada. As movimentações desses planos de previdência fechada, também conhecidos como Fundos de Pensão, são admi- nistradas por Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC). Até recentemente, a fiscalização e regulamentação das EFPC era atribuição da SPC – Secretaria de Previdência Complementar. No entanto, a SPC funcionava de maneira precária, com servidores cedidos por outros órgãos de governo, autar- quias e empresas estatais. Somente 20% de seus servidores eram do quadro da Secretaria e, dentre estes, não havia atuários e outros profissionais indispensáveis para atender a um setor com mais de 370 fundos de pensão, que administram mais de mil planos de benefícios com reservas superiores a R$ 400 bilhões. Com a promulgação da Lei 12.154, de 23 de dezembro de 2009, criou-se a PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar, entidade vinculada ao Ministério da Previdência Social, que assumiu o papel até então da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) na fiscalização e supervisão dos fundos de pensão. Para realizar esse trabalho, a PREVIC tem autonomia orçamentária, admi- nistrativa e financeira. Os recursos são provenientes da TAFIC, uma Taxa de Fiscalização paga pelos fundos de pensão, de acordo com os recursos de cada plano administrado. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Com essa autonomia, permite-se à PREVIC exercer sua missão com a neces- sária segurança econômica, financeira e atuarial, conforme determina a lei. Também traz maior segurança e condições de fomento para o Sistema. De acordo com a Lei 12.154, compete à Previc: ■ proceder a fiscalização das atividades das entidades fechadas de previ- dência complementar e de suas operações; ■ apurar e julgar infrações e aplicar as penalidades cabíveis; ■ expedir instruções e estabelecer procedimentos para a aplicação das nor- mas relativas à sua área de competência, de acordo com as diretrizes do Conselho Nacional de Previdência Complementar. Compete ainda à Previc autorizar: ■ a constituição e o funcionamento das entidades fechadas de previdência complementar, bem como a aplicação dos respectivos estatutos e regula- mentos de planos de benefícios; ■ as operações de fusão, de cisão, de incorporação ou de qualquer outra forma de reorganização societária, relativas às entidades fechadas de pre- vidência complementar; ■ a celebração de convênios e termos de adesão por patrocinadores e ins- tituidores, bem como as retiradas de patrocinadores e instituidores; e ■ as transferências de patrocínio, grupos de participantes e assistidos, pla- nos de benefícios e reservas entre entidades fechadas de previdência complementar; ■ harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência comple- mentar com as normas e políticas estabelecidas para o segmento; ■ decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas de previdência complementar, bem como nomear interventor ou liqui- dante, nos termos da lei; ■ nomear administrador especial de plano de benefícios específico, podendo atribuir-lhe poderes de intervenção e liquidação extrajudicial, na forma da lei; Subsistema Operativo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 ■ promover a mediação e a conciliação entre entidades fechadas de pre- vidência complementar e entre estas e seus participantes, assistidos, patrocinadores ou instituidores, bem como dirimir os litígios que lhe forem submetidos na forma da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996; ■ enviar relatório anual de suas atividades ao Ministério da Previdência Social e, por seu intermédio, ao Presidente da República e ao Congresso Nacional; e ■ adotar as demais providências necessárias ao cumprimento de seus objetivos. SUBSISTEMA OPERATIVO Este sistema, também chamado de subsistema de intermediação e institui- ções auxiliares, é constituído pelos intermediadores financeiros que recebem os recursos dos poupadores, repassando-os aos tomadores, e por outras institui- ções que auxiliam o Sistema Financeiro, como as Bolsas de Valores e as bolsas de mercadorias e de futuros. Os intermediadores financeiros são constituídos pelas instituições bancárias e não bancárias. Segundo Lopes e Rossetti (1998), o Setor Bancário é constituído pelos ban- cos comerciais, sendo-lhes permitido manter depósitos à vista do público (você pode abrir uma conta corrente neste banco, sendo o dinheiro na sua conta cor- rente denominado de depósito à vista) e emprestar uma quantia superior as suas reservas monetárias (os bancos podem emprestar parte de suas obriga- ções, que são os depósitos à vista). Já o Setor não Bancário é constituído pelas famílias (pessoas como eu e você), as empresas, o Governo, e pelas Instituições Financeiras Não Bancárias como BNDES, Bancos de Investimentos, Facturing, Casas de Câmbio, Bolsa de Valores, entre outros. Estas instituições se diferen- ciam das instituições bancárias pelo fato de nós não podermos abrir uma conta corrente. Assim, não recebem depósitos à vista, apenas transferem dinheiro dos tomadores para os emprestadores. No mercado atual, como os bancos múltiplos têm atendido seus clientes com respeito à qualidade do atendimento? Que canais o cliente tem para resolver seus problemas com essas instituições? INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Neste subsistema, também podemos alocar os intermediários financeiros que atuam como Agentes Especiais em promover políticas de interesse do governo. São eles o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e os Bancos de Desenvolvimento Regionais. A Figura 2 apresenta um organograma do Sistema Operativo Nacional ou de Intermediação Financeira. Composto pelas instituições bancárias e não bancárias que atuam em operações de intermediação �nanceira. SUBSISTEMA OPERATIVO Instituições Financeiras Bancárias Bolsas Corretoras Distribuidoras Clearings Figura 2: Subsistema de Intermediação Financeira Fonte: Mankiw (2006) Agentes Especiais Re pr oduç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 AGENTES ESPECIAIS BANCO DO BRASIL S.A. – BB O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista, com controle acioná- rio da União, cujas funções básicas são: agente financeiro do Governo Federal, Banco Comercial e Banco de Investimento e Desenvolvimento. Principais atribuições: ■ Agente financeiro do Governo Federal: recebe os tributos e as rendas federais, depósitos compulsórios e voluntários das instituições finan- ceiras; realiza os pagamentos necessários e constantes do Orçamento da União; efetua redesconto bancário; executa a política de preços mínimos agropecuários e a política do comércio exterior do Governo, adquirindo ou financiando os bens de exportação; constitui agente pagador e rece- bedor no exterior, entre outras operações. ■ Banco Comercial: mantém contas correntes de Pessoas Físicas e Jurídicas; opera com caderneta de poupança; executa operações de descontos; concede créditos de curto prazo, além de outras funções típicas de bancos comerciais. ■ Banco de Investimento e Desenvolvimento: opera em modalidades de créditos de médio e longo prazos, podendo financiar as atividades rurais, comerciais e industriais e de serviços. Também fomenta a economia de diferentes regiões. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF A Caixa Econômica Federal, assim como o Banco do Brasil, também está sob o controle do governo federal. Mas ao contrário do Banco do Brasil, que é uma sociedade de economia mista, a Caixa Econômica Federal é uma empresa pública de propriedade da União e responsável pela operacionalização das políticas do Governo Federal para habitação popular e saneamento básico, atuando, também, INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 como banco comercial e sociedade de crédito imobiliário, caracterizando-se cada vez mais como o banco de apoio ao trabalhador de baixa renda. Principais atribuições: ■ Captar recursos em caderneta de poupança, em depósitos judiciais e a prazo, e aplicar em empréstimos vinculados, preferencialmente à habitação. ■ Aplicar os recursos obtidos junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS – preferencialmente nas áreas de saneamento e infraes- trutura urbana. ■ Administrar as loterias, fundos e programas, entre os quais podemos des- tacar o FGTS, o Fundo de Compensação de Variações Salariais – FCVS, o Programa de Integração Social – PIS, o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social – FAZ e o Fundo de Desenvolvimento Social – FDS. BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – BNDES Esta instituição também é muito comentada nos noticiários econômicos, dada a sua importância para o desenvolvimento nacional. Principalmente no momento em que alguns setores da economia precisam de uma injeção de capital para poder crescer ou mesmo manter-se, o BNDES mostra-se fundamental. O BNDES é a instituição responsável pela política de investimento de longo prazo do Governo Federal, considerado a principal instituição financeira de fomento do país. Principais atribuições: ■ Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País. ■ Fortalecer o setor empresarial nacional. ■ Atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos polos de produção. ■ Promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, indus- triais e de serviços. ■ Promover o crescimento e a diversificação das exportações. Intermediadores Financeiros Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 INTERMEDIADORES FINANCEIROS BANCO COMERCIAL Os bancos comerciais são instituições cujo controle pode ser público ou privado, sendo constituídas sob a forma de sociedades anônimas. Atua na intermediação entre depositantes e tomadores de crédito. Para isso, recebe depósitos à vista e efetua empréstimos, de características de curto e médio prazos, principalmente para pessoas físicas e para capital de giro das empresas. De acordo com Pinheiro (2006), suas principais atividades podem ser clas- sificadas como prestação de serviços e concessão de empréstimos: Prestação de serviços: contas correntes e depósitos diversos; pagamento de cheques; transferência de fundos; ordem de pagamentos; cobranças; custódia e guarda de valores; aluguel de cofres; serviços de câmbio. Concessão de empréstimos: desconto de títulos; adiantamento em conta corrente; adiantamentos sob garantia de mercadorias; adiantamento sob cau- ção de títulos de compra e venda; crédito mediante emissão de títulos; crédito rural; crédito a curto prazo para operações de comércio exterior; crédito pessoal. BANCO DE INVESTIMENTO O banco de investimento atua no sentido de canalizar recursos de médio e longo prazo para suprimento de capital fixo (investimento) e de giro para as empresas. Ao contrário dos bancos comerciais, os bancos de investimento não apresentam capacidade de emissão de moeda. Seu objetivo maior é garantir crédito com características de médio e longo prazos, em operações de empréstimos e financiamento, a fim de fortalecer o processo de capitalização das empresas, por meio da compra de máquinas e equi- pamentos e da subscrição de debêntures e ações. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Atuando dessa forma como agentes de financiamento dessas empresas, realizam operações de maior escala, como repasses de recursos oficiais de crédito, repas- ses de recursos captados no exterior, operações de subscrição pública de valores mobiliários (exemplo de valores mobiliários: ações, debêntures), lease-back e finan- ciamento de bens de produção a profissionais autônomos (ASSAF NETO, 2006). Além destas operações, os bancos de investimento podem prestar outros serviços como fianças, avais, administração de carteiras de títulos e valores mobi- liários, custódias etc. É bom destacar que um banco de investimento não pode manter contas cor- rentes. A principal forma de captação de recursos para estas instituições é pela emissão de CDB e RDB, mediante a captação e repasses de recursos de origem interna ou externa ou pela venda de cotas de fundos de investimentos adminis- trados por esses bancos. Não é raro atuarem como agentes financeiros do BNDES, captando daí recursos para suas operações. Não podem destinar recursos a empreendimentos imobiliários. BANCO MÚLTIPLO Essa forma de apresentação dos Bancos é, sem dúvida, a mais conhecida por você. Afinal, não importa o lugar onde você more, quase certamente existe uma agên- cia bancária estabelecida em sua localidade. A forma como os bancos atualmente são constituídos foi implemen- tada por meio de uma série de regulamentações. Basicamente, podemos dizer que os bancos múltiplos surgiram mediante a Resolução 1524/88 de 21/09/1988 do Conselho Monetário Nacional e regulamentação pela Circular do Banco Central do Brasil n.º 1364 a fim de racionalizar a adminis- tração das instituições financeiras. Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 Por meio dessa regulamentação, as instituições financeiras que atuavam em ope- rações de banco comercial e de banco de investimento foram autorizadas a se organizar como bancos múltiplos. Como consequência,nos anos seguintes, quase todos os bancos comerciais acabaram por se transformar em bancos múltiplos, permanecendo comerciais apenas pequenas instituições de importância regional ou ocupantes de peque- nos nichos de mercado. Na prática, o que ocorria eram instituições operando como bancos comer- ciais e bancos de investimento de um mesmo grupo controlador. Com a alteração, puderam constituir uma única instituição financeira com personalidade jurídica própria e, portanto, com um único balanço, único caixa, proporcionando signi- ficativa redução de custos. Em resumo, o banco múltiplo pode operar simultaneamente com cartei- ras de banco comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de crédito, financiamento e investimento, de arrendamento mercantil (leasing) e de desen- volvimento. Constitui-se, portanto, em uma só instituição financeira de carteiras múltiplas. OUTROS INTERMEDIÁRIOS, AUXILIARES FINANCEIROS E PARTICIPANTES DO MERCADO BOLSA DE VALORES As Bolsas de Valores são associações civis, sem fins lucrativos, com patrimô- nio representado por títulos que pertencem às sociedades corretoras membros. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, sujeitas à super- visão da Comissão de Valores Mobiliários e obedecendo às diretrizes e políticas do Conselho Monetário Nacional. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 Principais atribuições: ■ Manter local adequado à realização, entre corretores, de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercados livres, orga- nizados e fiscalizados pelos próprios membros participantes e pela CVM. ■ Criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependên- cias administrativas necessárias à pronta, segura e eficiente realização e liquidação das operações efetuadas no recinto de negociações (pregão). ■ Estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade das cotações e a plena liquidez dos papéis no mercado. ■ Dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu pregão. ■ Assegurar aos investidores completa garantia de recebimento pelos títu- los e valores negociados. ■ Auxiliar a CVM na fiscalização do mercado de capitais. A BOLSA DE MERCADORIAS & FUTUROS – BM&F É uma reunião coletiva dos agentes econômicos (corretores, agricultores, indus- triais, comissários, exportadores, especuladores, entre outros) interessados no mercado de produtos agrícolas ou industriais agrícolas ou manufatureiros, cujos produtos sejam passíveis de negociação em lugar e hora previamente determi- nados para realização de operações de compra e venda. Os produtos mais comercializados nas bolsas de mercadorias atualmente são: ouro, dólar (comercial e flutuante), café (arábica ou robusta), algodão, soja e o boi gordo. A Bolsa de Mercadorias & Futuros – BM&F S.A. é a maior da América Latina em número de contratos negociados. Além disso, a BM&F é a única bolsa de futuros atuante no Brasil. A Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F é uma associação sem fins lucra- tivos, organizada para proporcionar a seus membros as facilidades necessárias à compra e venda de commodities e/ou contratos de liquidação futura. Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 O principal objetivo da BM&F é efetuar o registro, a compensação e a liqui- dação, física e financeira, das operações realizadas em pregão. Tem ainda por finalidade desenvolver, organizar e operacionalizar mercados livres e transpa- rentes, para negociação de títulos e/ou contratos que possuam como referência ativos financeiros, índices, indicadores, taxas, mercadorias e moedas, nas moda- lidades à vista e de liquidação futura. Os mercados da BM&F são regulamentados pelo Bacen e pela CVM, a quem compete disciplinar, fiscalizar e agropecuário desenvolver esse mercado agropecurário. SOCIEDADE CORRETORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS – CTVM Se você decidir operar no mercado de ações, com toda certeza vai ter contato com esse componente do SFN. As sociedades corretoras são instituições auxi- liares do Sistema Financeiro Nacional que operam no mercado de capitais com títulos e valores mobiliários, em especial ações. Fazem a intermediação com as Bolsas de Valores e de mercadorias. Sua constituição depende da autorização do Bacen e o exercício de suas atividades depende de autorização da CVM. Principais atribuições: ■ Operar nos recintos de Bolsas de Valores e de mercadorias. ■ Efetuar lançamento público de ações. ■ Administrar carteiras e custodiar valores mobiliários. ■ Instituir, organizar e administrar fundos de investimento. ■ Operar no mercado aberto. ■ Intermediar operações de câmbio. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS – DTVM São instituições auxiliares do Sistema Financeiro Nacional responsáveis pela intermediação das operações com títulos, valores mobiliários e commodities. Preste atenção nisso: as atividades das DTVM têm uma faixa operacional mais restrita do que as corretoras, uma vez que elas não têm acesso às bolsas de valo- res e mercadorias. Para operar nesse mercado, as DTVM utilizam-se das CTVM. Principais atribuições: ■ Subscrição isolada ou em consórcio de emissão de títulos e valores mobi- liários para revenda. ■ Intermediação da colocação de emissões de capital no mercado. ■ Operações de mercado aberto, desde que satisfaçam as condições exigi- das pelo Bacen. ■ Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento. ■ Exercer funções de agente fiduciário.1 COOPERATIVAS DE CRÉDITO Instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade cooperativa, tendo por objeto a prestação de serviços financeiros aos associados, como concessão de crédito, captação de depósitos à vista e a prazo, cheques, prestação de serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros sob convênio com instituições financeiras públicas e privadas e de correspon- dente no País, além de outras operações específicas e atribuições estabelecidas na legislação em vigor. O potencial das cooperativas de crédito é enorme. Para você ter uma ideia, na Alemanha são 15 milhões de associados ou algo próximo de 20% do movimento 1 Agente fiduciário: tem como função proteger os interesses do investidor junto à empresa emissora, à CVM e aos demais órgãos envolvidos Acesse os links dos sites do Banco Central, Banco do Brasil e da BM&FBO- VESPA e pesquise sobre os ativos financeiros comercializados por estas en- tidades: <www.bacen.gov.br>. <www.bb.com.br>. <www.bmfbovespa.com.br>. Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 financeiro bancário no país. Na Holanda, mais de 90% das operações de crédito rural são realizadas por cooperativas de crédito. Nos EUA, 25% da população são associadas a uma Cooperativa de Crédito. Enquanto isso, no Brasil... Bem, no Brasil podemos ter uma visão pessimista ou otimista, depende da visão do analista. Se for pessimista, o quadro apresentado é ruim, pois apenas 2,26% das operações de crédito são realizadas por cooperativas de crédito no âmbito da área bancária do SFN. Mas numa visão otimista,isto quer dizer que temos um enorme campo de crescimento, e, se bem geridas, como tem sido, as cooperativas certamente terão um futuro promissor em nosso país. As Cooperativas de Crédito Rural atuam basicamente no setor primário da economia, com vistas a permitir uma melhor comercialização de produtos rurais, criando facilidades para o escoamento das safras agrícolas. SOCIEDADES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO Você já comprou no crediário em alguma loja? Se sim, talvez o famoso carnê que você levou para casa não pertença à loja que te vendeu os produtos. Muito provavelmente, essa compra foi financiada por uma Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento. Essas instituições são também conhecidas como financeiras. Têm como função principal o financiamento de bens de consumo duráveis, serviços e crédito pessoal, por meio dos conhecidos “crediários” ou 38 - 39 INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 CDC – Crédito Direto ao Consumidor. Além desse mais conhecido serviço, as financeiras também podem realizar repasses governamentais, financiar profissio- nais liberais autônomos legalmente habilitados e conceder ainda crédito pessoal (ASSAF NETO, 2006). Não podem manter contas correntes. Suas principais formas de captação de recursos são: colocação de Letras de Câmbio – LC (praticamente inexistentes atualmente), que são títulos de cré- dito sacados pelos financiados e aceitos pelas financeiras para colocação junto ao público. Ao adquirirem essas LCs, os investidores têm uma dupla garantia: a do emissor (ou financiado) e da financeira, que aceitou a letra de câmbio; e os depósitos a prazo fixo sem emissão de certificado, conhecidos como Recibos de Depósitos Bancários – RDB. As sociedades financeiras podem ser classificadas como: ■ Independentes, quando atuam sem nenhuma vinculação com outras ins- tituições do mercado financeiro. ■ Ligadas a conglomerados financeiros. ■ Ligadas a grandes estabelecimentos comerciais. ■ Ligadas a grandes grupos industriais, como montadoras de veículos, por exemplo (ASSAF NETO, 2006). SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL Muitas vezes, ao adquirir um bem durável, como um veículo, o vendedor pode oferecer a você uma modalidade de aquisição diferente do tradicional financia- mento. Esta modalidade é o leasing. O leasing também é muito utilizado para empresas que precisam de bens de produção, geralmente de valor elevado, e que necessitam adequar o desembolso de caixa à aquisição do bem. 38 - 39 Sobre as sociedades finaneiras, leia a reportagem abaixo: BANCOS DE MONTADORAS BATEM RECORDE DE EMPRÉSTIMOS Tendência de expansão mais modesta apontada pelos grandes bancos não se verifica nestas instituições financeiras Segundo reportagem publicada na Revista Veja, os bancos de montadoras registraram um elevado crescimento nos emprés- timos, fato este, explicado pelo bom desempenho da indústria automobilística nacional. Mesmo com o fim do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o setor automobiliístico está batendo recor- des de venda segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Auto- motores (Fenabrave). Os Bancos Mercedes-Benz e Volkswagem registraram recorde de financiamento. No caso do Banco Volkswagem, o bom desem- penho é decorrente do crédito direcionado ao financiamento de compra de caminhões e ônibus com repasses de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), modalidade conhecida como Finame. No caso do Banco Mercedes- -Benz, o crédito direto ao consumidor (CDC) foi o produto com maior crescimento. No entanto, nos bancos comerciais como Itaú Unibanco e Bradesco, a carteira de financia- mento de veículos tem tido expansão mais modesta, com exceção do Banco do Brasil, por conta da compra de 49,99% do Banco Votorantim, focado no financiamento de veículos, a carteira do BB cresceu mais que seus concorrentes privados no segundo trimestre, com aumento de 8,3% na com- paração com o primeiro trimestre do ano e 178% em 12 meses. Para ler a reportagem na íntegra, acesse o site: <http://veja.abril.com.br/noticia/economia/bancos-de- montadoras-batem -recorde-de-emprestimos>. Acesso em: 20 ago. 2013. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 Mas o que é leasing? Leasing é um arrendamento, ou seja, um contrato pelo qual se cede o uso e usufruto de um bem móvel ou imóvel por um preço e tempo determinados. Os principais tipos de leasing são: ■ Leasing operacional: muito parecido com um aluguel, sendo oferecido geralmente pelas próprias empresas fabricantes do bem. ■ Leasing financeiro: realizado por algumas instituições financeiras, como bancos múltiplos e sociedades de arrendamento mercantil. A arrendadora adquire o bem selecionado de um fornecedor e então o entrega para uso do arrendatário. No final do prazo pactuado, o arrendatário pode exercer seu direito de compra do bem mediante o pagamento de um valor resi- dual previamente estabelecido ou, caso não faça essa opção, pode devolver o bem à arrendadora. ■ Lease-back: esta operação acontece quando uma empresa, proprietária de um bem, vende este bem à arrendadora e, em seguida, aluga o bem imedia- tamente, sem que o mesmo sequer seja removido fisicamente. A empresa passa assim de proprietária para arrendatária do bem. Esta operação é comum quando uma empresa precisa de reforço no seu capital de giro. SOCIEDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO O sonho da casa própria parece estar mais perto de se concretizar no Brasil. Uma das razões é o fato de contarmos com as Sociedades de Crédito Imobiliário. De acordo com a definição do Banco Central, as sociedades de crédito imo- biliário são instituições financeiras criadas pela Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964, para atuar no financiamento habitacional. A captação de recursos des- sas Sociedades vem principalmente de depósitos de poupança, da emissão de letras e cédulas hipotecárias e imobiliárias e, ainda, de depósitos interfinancei- ros. Operam, principalmente, no financiamento para construção de moradias, abertura de crédito para compra ou construção de casa própria, financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção. Obrigatoriamente, as Sociedades de Crédito Imobiliário Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, adotando obrigatoria- mente em sua denominação social a expressão “Crédito Imobiliário”, conforme determinação da Resolução CMN 2.735, de 2000. SISTEMAS DE CUSTÓDIA E LIQUIDAÇÃO DE TÍTULOS – SELIC E CETIP Um assunto de grande interesse para quem quer realmente conhecer o SFN é o de liquidação de papéis e operações das instituições financeiras e do Governo. É importante que você saiba que grande parte dos títulos públicos e privados negociados no mercado monetário são escriturais, ou seja, não são emitidos fisi- camente, exigindo maior organização em sua liquidação e transferência. Em razão disso, as negociações com esses valores são controladas e custodiadas por dois grandes sistemas, conhecidos como Selic e Cetip. Vamos entender esses sistemas? Primeiramente, vamos conhecer o Selic, ou Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que foi desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e a Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) em 1979, voltado a operar comtítulos públicos de emissão do BACEN e do Tesouro Nacional. Esse sistema é constituído, na verdade, num grande computador que tem por fina- lidade controlar e liquidar financeiramente as operações de compra e de venda de títulos públicos e manter sua custódia física e escritural. Após a adoção deste sistema, houve uma maior segurança para as opera- ções de compra e venda de títulos, oferecendo garantias da existência dos papéis em negociação e dos recursos necessários para a liquidação financeira, ou seja, o pagamento da operação. Os pagamentos no Selic processam-se por meio de reservas bancárias, e as transferências dos títulos entre os investidores somente são autorizadas pelo sis- tema mediante movimentações nessas reservas (ASSAF NETO, 2006). Mas quais são os títulos mais negociados no Selic? São os títulos emitidos pelo Governo Federal. Vamos conhecer alguns deles? ■ LFT – Letras Financeiras do Tesouro – são papéis com rendimento pós-fixado. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 ■ LTN – Letras do Tesouro Nacional – são papéis com rendimento prefixado. ■ NTN-B – Notas do Tesouro Nacional, série B – são papéis pós-fixados com rendimentos atrelados ao IPCA. ■ NTN-C – Notas do Tesouro Nacional, série C – são papéis pós-fixados com rendimentos atrelados ao IGP-M. ■ NTN-D – Notas do Tesouro Nacional, série D – são papéis pós-fixados com rendimentos atrelados ao dólar, também utilizados pelo governo para atender à demanda do mercado de dólar. ■ NTN-H – Notas do Tesouro Nacional, série H – são papéis pós-fixados com rendimentos atrelados à TR. Os vários negócios com esses títulos são acertados diretamente entre os opera- dores das instituições financeiras credenciadas a operar no mercado monetário, que repassam as informações, via terminal, ao Selic, para que ocorra a trans- ferência do dinheiro e, a seguir, dos títulos envolvidos nas operações (ASSAF NETO, 2006). Além do Selic que, como você viu, negocia principalmente títulos públicos federais, é importante que você também conheça a Cetip. A Cetip ou Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (o nome oficial da empresa é: Cetip S.A. Balcão Organizado de Ativos e Derivativos) passou a funcionar a partir de 1986 como um sistema bastante semelhante ao Selic, só que abrigando títulos privados. É uma das maiores empre- sas de liquidação financeira e custódia da América Latina. As atividades da Cetip são regulamentadas e fisca- lizadas pelo Banco Central. A Cetip constitui-se como um mercado de balcão organizado para registro da negociação de títulos e valo- res mobiliários de renda fixa. Registra, custodia e liquida também títulos públi- cos estaduais e municipais Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 emitidos após 1992, títulos esses representativos de dívidas de responsabilidade do Tesouro Nacional, bem como todos os Créditos Securitizados da União, da Dívida Agrícola, dos Títulos da Dívida Agrária e dos Certificados Financeiros do Tesouro. O principal título do sistema Cetip é o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que permite transferência de recursos (liquidez) entre as instituições do sistema financeiro. A Cetip opera também com outros títulos, como CDB, Debêntures, “Commercial Papers” (notas promissórias), Letras Financeiras do Tesouro (LFT) etc. (ASSAF NETO, 2006). Mas como acontecem as operações financeiras na Cetip? Essas operações processam-se por transferências bancárias de fundos (cheques ou outra forma equivalente), e somente após as respectivas compensações é que o sistema pro- videncia as transferências da custódia dos títulos. Os dois sistemas de liquidação e custódia (Selic e Cetip) têm por obje- tivo básico promover a boa liquidação das operações do mercado monetário, propiciando maior segurança e autenticidade aos negócios realizados. Por sua importância no volume de operações no mercado monetário, o Selic e a Cetip divulgam periodicamente duas taxas de juros amplamente adotadas pelos agen- tes econômicos, a taxa Selic e a taxa Cetip (ASSAF NETO, 2006). Por meio do Selic, as instituições financeiras podem adquirir e vender títulos todos os dias, criando uma taxa diária conhecida como overnight e representa- tiva das operações de um dia útil. Como os títulos negociados no Selic são de grande liquidez e teoricamente de risco mínimo (títulos públicos), a taxa definida no âmbito desse sistema é aceita como uma taxa livre de risco da economia, servindo de importante refe- rencial para a formação dos juros de mercado (taxa básica de juros). Atualmente, com a entrada em funcionamento do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP), a liquidação das operações na Cetip se faz no momento zero, ou seja, no mesmo dia, e não mais no dia seguinte mediante a compensação de cheques. Em termos de liquidação financeira das operações, os sistemas Selic e Cetip passaram a ter o mesmo procedimento de pagamento (ASSAF NETO, 2006). As taxas CDI são provenientes da troca de posição financeira dos bancos entre si. Em operações de um dia, as instituições negociam aplicações e captações de recursos, visando reforçar suas reservas de caixa ou apurar retornos sobre saldos excedentes. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 COMPANHIA BRASILEIRA DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA – CBLC Após a reestruturação da Bovespa em fevereiro de 1998, criou-se uma empresa independente que é responsável pela liquidação de operações de todo o mer- cado brasileiro de ações. Essa empresa é a CBLC, ou Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. Interessante que, no próprio site da Bovespa, a definição para esta empresa é: CBLC – é a câmara da BM&FBOVESPA que presta, em caráter princi- pal, serviços de compensação, liquidação e gerenciamento de Risco de Operações do Segmento BOVESPA. Também é responsável pela pres- tação de serviços de custódia e de central depositária para os ativos negociados no Segmento BOVESPA (BM&F BOVESPA, online). A CBLC possui uma estrutura muito moderna e extremamente eficiente de clearing (ou câmara de compensação) para efetuar atividades de compensa- ção, liquidação, custódia e controle de risco para os mercados à vista, a termo e de opções. Entre os serviços oferecidos pela CBLC, um dos mais importantes é a custódia, ou seja, a guarda de ações de empresas de capital aberto, bem como certificados de privatização, debêntures, certificados de investimentos, certificados audiovi- suais e ainda cotas de fundos imobiliários. A CBLC é regulada e fiscalizada pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Para você ter uma visão geral da CBLC, veja abaixo as suas principais atribuições: ■ Registrar, liquidar e compensar operações à vista, no mercado a termo e de opções, quando de responsabilidade das CTVM ou de seus clientes. ■ Receber depósitos e margens para garantia de operações realizadas por associados da Bolsa e por cuja liquidação a CBLC se responsabilize. ■ Emitir certificados, visando ao resgate, desdobramento, conversão e trans- ferência de títulos negociados ou a serem negociados pelas firmas ou sociedades corretoras. ■ Descontar recibos referentes a títulos depositados e praticar as demais operações acessórias que visam à boa circulação e liquidação dos títulos e valores mobiliários negociados. Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado Re pr oduç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 CLEARING OU CÂMARA DE COMPENSAÇÃO Ao estudar o funcionamento de um pregão de Bolsa de Valores, um investidor iniciante talvez fique imaginando como acontece a transferência de propriedade dos papéis que foram comprados ou vendidos ao longo do dia. De fato, para que o mercado funcione de forma ordeira e que transmita confiança aos participantes, é preciso que se tenha certeza que os ganhos dos investidores serão recebidos e suas operações de compra e venda serão liquida- das nos prazos e condições que foram acordados. Esta certeza é proporcionada pelas câmaras de registro, compensação e liqui- dação, ou simplesmente conhecidas como clearing houses, mediante um sistema de compensação que se responsabiliza pelos negócios, transformando-se no com- prador para o vendedor e no vendedor para o comprador. As clearing são entidades de capital privado, formadas pelos principais ban- cos do País. As clearing houses operam sob a proteção de rigorosos mecanismos de garantias tomadas dos bancos participantes, proporcionando maior segurança e confiabilidade às operações do sistema financeiro. Resumindo: a clearing é responsável pelo registro de todas as operações rea- lizadas, acompanhamento das posições mantidas, compensação financeira dos fluxos e liquidação dos contratos sob sua responsabilidade. SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO – SPB Assim como as clearings, que oferecem uma segurança maior ao operar com títulos e valores mobiliários, quando falamos em sistema financeiro, devemos pensar em segurança a todos os envolvidos, desde um emitente de um cheque, até uma empresa que emite uma duplicata de uma venda ou serviço prestado e que recorre a um banco com o fim de proceder sua cobrança. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E46 A partir de 2002, houve uma reestruturação do Sistema de Pagamentos Brasileiro, o SPB, objetivando aumentar a segurança contra os diversos riscos a que o mercado financeiro está exposto. O objetivo primário então do SPB é aumentar a segurança do mercado por oferecer maior proteção contra possíveis rombos ou quebra em cadeia (o chamado efeito dominó) de instituições financeiras. É importante você entender que, por definição, o Sistema de Pagamentos Brasileiro é um conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e operações integradas que, por meio eletrônico, dão suporte à movimentação financeira entre os diversos agentes econômicos do mercado, tanto em moeda local como em moeda estrangeira. A função básica do SPB é permitir a transferência de recursos, o proces- samento e a liquidação de pagamentos para pessoas físicas, empresas e entes governamentais. Pense, então, quando você emite um cheque ou passa seu cartão de débito ou crédito ao realizar uma compra, ao fazer isso, mesmo que você não se dê conta, estará acionando o SPB. Até as próprias instituições financeiras valem- se deste sistema para realizar as transferências diárias que originam-se de suas próprias transações. Como ocorrem as transferências de recursos? Todas as instituições mantêm reservas bancárias junto ao Banco Central. As transferências, então, são as movi- mentações de saldos dessas contas de reservas. O Banco Central regulamenta a liquidação financeira dessas contas de reserva bancária e ainda estabelece regras de controle de riscos a serem seguidas no Sistema de Pagamentos Brasileiro. Vamos conhecer quem participa desse grande Sistema: ■ Instituições financeiras. ■ Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – CBLC (já estudamos isso, você se lembra?). ■ Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Ativos BM&F. Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 ■ Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Câmbio BM&F. ■ Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Derivativos BM&F. ■ Cetip. ■ Selic. ■ Visanet e Redecard. ■ Tecban (Tecnologia Bancária). ■ Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP). Todas as transferências de recursos financeiros no SPB são formalizadas por meio de mensagens eletrônicas transmitidas exclusivamente por intermédio da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN). Essas mensagens são padro- nizadas e observam procedimentos específicos de segurança (criptografia e certificado digital). A RSFN é uma estrutura de comunicação de dados, implementada utilizando- se tecnologia de rede, criada com o objetivo de suportar o tráfego de mensagens entre as instituições financeiras titulares de conta de reservas bancárias, entre as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação, a STN (Secretaria do Tesouro Nacional) e o BACEN, tudo dentro do âmbito do SPB. As transferências realizadas pelo SPB podem ser por meio de liquidação bruta em tempo real (sigla: LBTR) ou ainda por liquidação diferida líquida (sigla: LDL), dependendo do tipo de transação. A LBTR é uma liquidação que ocorre quase em tempo real, ocorrendo ao longo do dia, de forma simultânea, operação por operação, em todos os dias úteis para fins de operações praticadas no mercado financeiro. Já a LDL é uma liquidação que ocorre em D+0 até D+3, dependendo do tipo de operação. A liquidação dos recursos entre instituições financeiras é execu- tada em horários predeterminados durante o dia, pelo valor líquido entre seus participantes. INTRODUÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E48 Para você entender melhor como funciona o esquema de transferência de recursos, veja a ilustração a seguir: Banco Central do Brasil CIP - Câmara Interbancária de Pagamento SELIC títulos públicos LBTR SITRAF transferência de fundos HÍBRIDO SILOC transferência de fungos LDL (D+1) compe cheques LDL (D+1) CETIP títulos privados; swaps; outros LDL (D+1) LBTR CBLC ações; títulos privados; opções LDL (D+1; D+3) LBTR Câmara de Câmbio câmbio interbancânrio LDL (D+1; D+2) Câmara de Ativos títulos públicos LDL (D; D+1) RSFN Rede do Sistema Financeiro Nacional Câmara de Derivativos mercadorias; futuros; swaps LDL (D+1) STR transferências de fundos LBTR BM & FBOVESPA contas de liquidação Figura 3: Fluxos de Transferência de Recursos no Mercado Financeiro Fonte: Banco Central Vamos reforçar um pouco mais as razões para existir um sistema confiável de transferência de recursos entre os participantes do mercado. Você tem ideia, por exemplo, do volume de recursos movimentados por cheques no Brasil? Somente em 2008, foram emitidos 2 bilhões de cheques, no valor global de cerca de R$ 2,6 trilhões, sendo o valor médio por cheque de R$ 1.300,00. Apesar de seu uso estar caindo gradativamente, ainda é um dos meios preferidos de paga- mento pelos brasileiros (BACEN, 2008). Segundo o Relatório Estatitístico do Banco Central do Brasil (2013), no ano de 2012, as transações com cartão de crédito foram no montante de 4,5 bilhões, representando um crescimento de 16,6% em realação a 2011. A Bandeira Visa representa 50,5% do total das transações com cartão e a MarterCard representa 41,7%. Já as transações de débito tiveram um montante de 4,1 bilhões de volume Outros Intermediários, Auxiliares Financeiros e Participantes do Mercado
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