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Resumo item 1.2 livro HISTÓRIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA

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SUPREMACIA DA VONTADE REVOLUCIONÁRIA: A ASCENSÃO DO PODER CONSTITUINTE PERMANENTE
A situação era de descontrole e falta de disciplina dentro das forças armadas, no contexto de edição do Ato Institucional número 2. 
O governo encontrava pouca credibilidade no âmbito civil, o povo já queria se ver livre da revolução.
Relação com o Congresso não era das melhores.
Os militares e ideólogos mais radicais queriam endurecer o Executivo às custas do Legislativo.
O projeto de emenda que faria isso proposto por Castello Branco não havia sido aprovado (se ela tivesse passado, provavelmente o Ato Institucional nº 2 não teria sido editado).
A “fantasia de normalidade” da revolução havia se exaurido a esse ponto. 
→ Impossível conciliar a “revolução” com as instituições democráticas.
Relação com o Judiciário: ruim também.
O STF era inflexível em algumas decisões, como por exemplo, liberando diversos habeas corpus, fazendo os radicais de linha dura verem isso como uma afronta.
O Ato Institucional nº 2 foi a tentativa de endurecer ainda mais o regime para impor um maior respeito e temor (Costa e Silva achava as medidas de Castello Branco demasiado tímidas).
A edição do ato contou com a contribuição de vários juristas renomados (como Francisco Campos) e também de revolucionários.
O preâmbulo do AI-2 é a certidão de nascimento da doutrina do Poder Constituinte permanente da revolução. Não se diz que a revolução “é”, mas que “continuará”. Diz também que o Poder Constituinte é próprio do processo revolucionário e por isso é dinâmico. “A revolução está viva e não retrocede”.
“A autolimitação que a revolução se impôs no Ato Institucional de 9 de abril de 1964 não significa, portanto, que, tendo poderes para limitar-se, se tenha negado a si mesma por essa limitação, ou se tenha despojado da carga de poder que lhe é inerente como movimento. (...) A revolução está viva e não retrocede. Tem promovido reformas e vai continuar a empreendê-las, insistindo patrioticamente em seus propósitos de recuperação econômica, financeira, política e moral do Brasil.”
O Ato Institucional nº2 concebia a si mesmo como instrumento revolucionário e ao mesmo tempo mecanismo de reforma constitucional.
Afirmava e suspendia a vigência constitucional. Como exemplo podem ser citados a eleição indireta para Presidente da República (art. 26), a imposição unilateral de estado de sítio pelo presidente (art. 13), e novos expurgos, fragilização do federalismo e suspensão de direitos políticos, também estavam incluídos. 
→ Geisel adotou o AI-2 como emenda no pacote de abril.
O motivo pelo qual o Ato Institucional nº2 reiterava a regra da reforma constitucional pelo AI-5 foi devida à dificuldade que se teria na aprovação rápida das emendas constitucionais à maneira que a Constituição previa. Além disso, o governo encontrava forte oposição no Congresso, assim não conseguiria aprovar suas emendas facilmente.
O artigo 21 tratava da parte transitória do AI-2, que “teria vigência até 15 de marco de 1967”. Regra permanente incorporada à Constituição, artigo 2º e 29 da do Ato Institucional nº 2, asseguravam ao presidente a iniciativa em matéria de emenda constitucional, deixando o quórum de dois terços para maioria absoluta e supressão do interstício entre o 1º e o 2º turno de apreciação. Também, as emendas seriam apreciadas pela Câmara e pelo Senado separadamente e não mais em sessão conjunta. Esse foi um dispositivo muito aproveitado por Castello Branco. As emendas editadas após esse fato foram basicamente todas a respeito da reforma do Estado, alterando o judiciário e o legislativo. 
Consequentemente, o Congresso ficou debilitado, pois ampliou-se as funções do Executivo na figura do Presidente, que poderia editar atos complementares nos Atos Institucionais sem apreciação alguma do Congresso Nacional.
Um exemplo de Ato Complementar é o AC nº 4, que fixava regras para agremiações partidárias provisórias após a dissolução de todos os partidos existentes (que ocorreu pelo AI-2). Essas agremiações teriam atribuições de partidos políticos, mas teriam que seguir condições (120 deputados e 20 senadores), o que nas quantidades de cadeiras da época só permitia a existência de 3 agremiações.
Reunir pessoas suficientes para a oposição foi também um processo difícil. Deve-se perceber que apesar de tudo isso, não era do interesse do governo um sistema unipartidário, mas apenas a maioria no Congresso.
O AI-2 também permitia que o presidente declarasse recesso do Congresso, o que lhe daria competência legislativa plena. Trouxe assim a possibilidade de acompanhar a passagem dos projetos de lei especiais e com poucos dias de prazo para apreciação, se não fossem deliberados seriam automaticamente aprovados. (Isso dificultada uma oposição efetiva no Congresso). Entrariam em vigor frequentemente, assim, normas que não teriam sido objeto de apreciação.
O Ato Institucional nº 2 também abria a possibilidade de cassação dos mandatos parlamentares a qualquer momento. Não haveria substitutos para as cadeiras vazias. Haveria assim, por parte do Presidente, uma renovação qualitativa e quantitativa do Congresso a seu critério. 
Entretanto, a oposição encontrou lugar dentro dos Estados-membros, com a eleição de candidatos do MDB. Houve a cassação desses mandatos, e quando o AI-3 foi editado, instituiu-se a votação indireta também para eleição dos governadores.
As alterações empreendidas no Judiciário pelo AI-2 foram:
O aumento do número de ministros do STF, do STM (Superior Tribunal Militar) e do TFR. Todos os novos ministros eram amigos e apoiadores do novo regime. 
A recriação da Justiça Federal à 1º grau também foi uma mudança, e a nomeação dos juízes federais seria feita pelo Presidente da República.
A reforma no Judiciário (aprovada pelo Ministro da Justiça da época) foi dita como uma tentativa de não “sobrecarregar” o STF. Permitiu-se nessa reforma a declaração de inconstitucionalidade de leis federais ou estaduais, porém este dispositivo não contou com a devida atenção da doutrina vigente, e o Congresso também o rejeitou.
“O Judiciário passou a ter uma função supletiva e uma função corretiva do modelo incidente ou difuso”.
Todas essas medidas visavam a assegurar ao regime “tranquilidade” para concretizar a agenda revolucionária, por meio da redução da oposição (do Congresso e do Judiciário). Mas ainda assim, eles conseguiram se articular algumas vezes para impor sua oposição. Como exemplo, temos o caso das cláusulas de exclusão de apreciação judicial. Os atos institucionais previam esse dispositivo. Assim, o STF debateu após a Constituição de 67 se a alteração da organização judiciária poderia ter sido levada em consideração. Era necessário também determinar se um decreto-lei editado com fundamento em Ato Institucional poderia contrariar a Constituição de 67 e permanecer alheio à censura judicial. Os ministros do STF assim, votaram conforme o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que é que caberia ao Judiciário garantir a supremacia da Constituição.
Mesmo assim, percebeu-se que a verdadeira oposição não estava nas instituições legislativa e judiciária, mas no povo, nas urnas.
Por isso, AI-2 limitou os direitos fundamentais ao abolir as eleições diretas para presidente (o que permaneceu por quase 3 décadas). Por isso também, o AI-3 também instituiu o voto indireto aos governos estaduais e deu a prerrogativa aos governadores de nomear os prefeitos.
A total ausência de oposição era igual à tranquilidade social, à paz e à governabilidade. A supremacia da vontade revolucionária → indecidibilidade de normalidade e exceção e permanência do Poder Constituinte.
Os militares declararam no preâmbulo o fracasso de seu projeto constituinte. E a convocação do Congresso para a elaboração de uma nova Constituição (1967) confirmou isso.

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