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M. TUCCI CARLOS E... îZADOR ORGANI- A EDIÇÃO SEGUNDA/ r Universidade Federal do Rio Grande do Sul Reitora Wrana Panizzi Vice-Reitor Nilton Rodrigues Paim Pró-Reitor de Extensão Luiz Fernando Coelho de Souza Vice-Pró-Reitor de Extensão José Augusto Avancini EDITORA DA UNIVERSIDADE Diretor Geraldo F. Huff CONSELHO EDITORIAL Anna Carolina K. P. Regner Christa Berger Eloir Paulo Schenkel Georgina Bond-Buckup Jose Antonio Costa Livio Amaral Maria da Graça Krieger Maria Heloísa Lenz Odone Sanguiné Paulo G. Fagundes Vizentini Editora da Universidade/UFRGS • Av. Joào Pessoa, 415 - 90040-000 Porto Alegre, RS - Fone (051) 224- 8821 - Fax (051) 316-3977 • Direção: Geraldo Francisco HutF • Editoração: Paulo Antonio da Silveira (coor denador), Carla M. Luzzatto, Cláudia Bittencourt, Maria da Glória Almeida dos Santos, Rubens Renato Abreu • Administração: Julio Cesar de Souza Dias (coordenador), Laerte Balbinot Dias • Apoio: Iara Lombardo, Idalina Louzada, Laércio Fontoura. Geraldo F. Huff, presidente © dos autores Ia edição: 1993 Direitos reservados desta edição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Capa; Carla M. Luzzatto Ilustração da capa: Rio Araguaia. Imagem SPOT. de 15/7/1986 Revisão: Maria da Graça Storti Féres Anajara Caibonell CIoss Maria da Glória Almeida dos Santos Cláudia Bittencourt 1’ínstitut ;ai5 de recherche scientifique pour le développem ent en coopération Hidrologia: ciência e aplicação / organizado por Carlos E. M. Tucci. - 2.ed.: 2.reimpr. - Porto Alegre : Ed. Umversidade/UFRGS : ABRH. 2001. (Coleção ABRH de Recursos Hídricos: v.4) 1, Hidrologia. 2. recursos hídricos. I. Tucci, Carlos E. M. CDU 556.01/.56 Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto - CRB 10/1023 AGRADECIMENTOS Este livro contou com a contribuição de um grupo numeroso de pessoas, além dos autores. Estas contribuições foram na revisão do texto, identificação de erros, digitação, desenho, edição, ou seja nas diferentes tarefas que envolvem a produção de um texto desta magnitude. Sem estas pessoas certamente o livro não seria concluído e muito menos em três anos. Portanto, os autores desejam agradecer nominalmente a todas as pessoas abaixo relacionadas que permitiram a conclusão deste livro. Agradecemos pela revisão e sugestões aos seguintes profissionais: ÀntonioRighetto, Marcos Leão, Mario Wregue,FranzSemmelman,NelsonCaicedo, David Marques, Robin T. Clarke, Mario Simões Lopes, Juan C. Bertoni, Olavo Pedrollo, Adolfo Villanueva, Fernando Genz, Eduardo Sávio, Luis. Brasa e Elisa Chaves. A contribuição de Andréa Germano, Fernando Genz e Fernando Steffon e das bibliotecárias Jusaxa Silva e Jussara Barbieri foram inestimáveis na produção dos originais enviados à editora. Os desenhos foram elaborados pelo setor de Desenho do IPH/UFRGS com a dedicação dos desenhistas Mareia Feijó, Olasio Mendes, Dagobeito Weimar e dos funcionários Geraldo Godoy e Mareia Nelci Feijó. PREFÁCIO A água é um bem essencial à vida e ao desenvolvimento econômico-social das nações. Trata-se de um recurso natural renovável que pode tomar-se escasso com o crescimento das populações, das indústrias e da agricultura. Os pesados investimentos exigidos no setor dos recursos hídricos para ter esse recurso natural com os requisitos apropriados, em termos de quantidade e qualidade, representam uma parcela significativa dos orçamentos nacionais e regionais. Pela sua importância estratégica, este setor ressente-se ainda da necessidade de desenvolvimento e aprimoramento de métodos e técnicas próprias que possibilitem a sua utilização racional na promoção do crescimento econômico e do bem estar social do país. A ABRH, atenta para essa demanda, vem dedicando um considerável esforço na publicação de periódicos e livros técnicos que possam contribuir para o aprimoramento e qualificação profissional do pessoal envolvido com a ciência dos Recursos Hídricos. O iivro que agora apresentamos,"Volume IV da Coleção ABRH", é o mais novo esforço da Associação nesse contexto da construção de maior capacidade técnica de nossos profissionais, recomendada de forma prioritária na Conferência Internacional das Nações Unidas realizada no Rio de Janeiro em 1992. Trata-se de um livro que todo profissional da área deve conhecer para melhor desempenhar sua contribuição na solução dos problemas dos Recursos Hídricos. É um livro extenso, de 24 capítulos, que organiza de uma forma teórica e aplicativa os conhecimentos hidrológicos, oferecendo aos leitores uma útil fonte de consulta e aprimoramento. Uma vez que a ABRH dedica o biênio 92/93 ao ensino da ciência dos wRecursos Hídricos, esse esforço editorial não podería deixar de contemplar nossa preocupação com os cursos de graduação e pós-graduação de nossas Universidades. Dessa forma, os autores convidados a escrever os diversos capítulos procuraram também deixar em seus textos uma seqüência lógica que deverá permitir que o livro venha a atingir esse público. A cada um dos autores e a todos que contribuiram para a publicação desse livro, a diretoria nacional da ABRH deixa, em nome de seus associados, os mais fortes agradecimentos. Paulo Canedo de Magalhães Presidente da ABRH APRESENTAÇÃO Inicialmente pretendíamos organizar um texto de apoio ao ensino de pós- graduação de Hidrologia, mas a grande diversidade de formação dos alunos que concorrem a esse programa exige que o curso de Hidrologia Básica contenha os elementos do graduação e a introdução para um programa mais avançado. Dessa forma o texto pode ser utilizado tanto no graduação como num curso inicial do pós-graduação, diferenciando-se pela profundidade utilizada em cada capítulo ou pela escolha de capítulos que atendam ao programa desejado. Os resultados foram promissores, em apenas quatro meses foram preparados doze capítulos utilizados num curso introdutório de Hidrologia do pós- graduação de Recursos Hídricos e Saneamento do IPH/UFRGS. Esta primeira versão serviu de base para um projeto maior, o de preparar um livro que contivesse tópicos básicos e aplicados de Hidrologia e fosse utilizado também nos cursos de graduação. Com essa ampliação e no aprimoramento dos capítulos anteriormente elaborados, este livro foi concluído através da participação de dezesseis qualificados professores. O desenvolvimento do texto, revisões e edição da minuta entregue à editora da UFRGS levou cerca de dois anos e meio. Quando um curso ou texto sobre um assunto é organizado, existem duas formas básicas de desenvolvê-lo, segundo a teoria ou com base nas aplicações. Os conceitos que formam a teoria, em geral, são mais áridos dificultando o ensino e o aprendizado, enquanto a aplicação é sempre mais fácil de interessar o leitor. No ensino de graduação de Hidrologia c interesse do aluno tem sido reduzido, principalmente devido à seqüência de conceitos que envolve o ciclo hidrológico. Quando este assunto é visto dentro,,de uma ótica de aplicação passa a ter maiores atrativos. O dilema, no entanto, decorre que sem os conceitos fundamentais não é possível que os profissionais tenham uma formação aplicada coerente. Este livro foi dividido em duas partes, a primeira, que envolve os treze primeiros capítulos, procura ensinar os principais elementos do ciclo hidrológico, utilizando-sé de exemplos' práticos. Na segunda parte são apresentados capítulos organizados segundo aplicações, que utilizam técnicas descritas nos primeiros capítulos. O primeiro conjunto de capítulos pode ser utilizado em uma disciplina básica do graduação ou pós-graduação, de acordo com a profundidade utilizada do texto. O segundo grupo de capítulos pode ser utilizado para disciplinas aplicadas opcionais destes níveis de formação ou como a segunda parte do curso básico. Evidentemente que os temas, dentro de cada capítulo, não foram esgotados. A orientação do texto não foi a de explorar totalmente cada tema, mas a de introduzir o leitor no conhecimento de uma literatura específica. A Hidrologia não se resume na descrição e quantificação dos processos envolvidos em parte do ciclo hidrológico, mas qualquer profissional que atue nesta área deve conhecer qualitativamente e quantitativamente os processos físicos envolvidos, para que possa melhor utilizar ferramentas sofisticadas Apresentação na avaliação e Planejamento dos Recursos Hídricos. Em Hidrologia atuam profissionais de diferentes formações, combinando técnicas matemáticas, estatísticas, processos químicos, físicos e biológicos. Para que todas essas informações sejam utilizadas corretamente toma-se necessário um bom conhecimento dos fundamentos envolvidos, No primeiro capítulo é apresentada uma visão de conjunto da Hidrologia como ciência e aplicação, procurando identificar as diferentes áreas de desenvolvimento e os desafios. O segundo capítulo reune a visão macro do ciclo hidrológíco, quantificando o balanço do globo terrestre, com os elementos físicos da bacia hidrográfica. O relevo e a sua influência no comportamento sobre o escoamento resultante da bacia são elementos que a ciência procura melhor explicar e alguns destes aspectos são introduzidos nesse capítulo. O capítulo seguinte trata dos elementos de hidrometeorologia e busca introduzir o leitor nas principais variáveis e processos necessários à compreensão de algumas condições climáticas e à descrição de metodologias utilizadas em outros capítulos. O quarto capítulo trata de Hidrologia Estatística e devido a sua grande importância dentro de qualquer curso de hidrologia foi mais detalhado e ocupou um espaço maior neste livro. As estatísticas básicas, os elementos de probabilidades, regressão e correlação foram introduzidos para o leitor leigo. Esses xnceitos foram exemplificados com problemas de hidrologia, mas são utilizados em outros capítulos. No capítulo 17 alguns dos elementos desses capítulos são aprofundados visando o leitor interessado em aprimorar seus conhecimentos. O quinto capítulo inicia a seqüência dos processos do ciclo hidrológíco com a Precipitação. O mecanismo da precipitação, suas medidas e análise dos dados básicos são tratados inícialmente. Os aspectos de coleta de dados são tratados no capítulo 13 que engloba toda a aquisição de dados de bacias hidrográficas. A seguir neste capítulo são apresentados os principais elementos sobre a precipitação média e máxima, A interceptação é tratada no capítulo 6 onde tanto os aspectos da interceptação vegetal como das depressões do solo são descritos. A evaporação e a evapotranspiração, descritas no capítulo 7, são apresentadas através dos principais métodos, dando-se ênfase ao método de Penman, baseado no balanço de energia. A parte do ciclo hidrológíco em que a água escoa dentro do solo foi separada em duas partes fundamentais. No capítulo 8 são apresentadas as principais características do escoamento subterrâneo em meio saturado, enquanto que no capítulo 9 é apresentada a infiltração, que permite avaliar a quantidade de água que penetra no solo, e o armazenamento na camada superior do solo onde, em geral, ocorre o escoamento em meio não-saturado. O armazenamento no solo é fator importante para a irrigação e drenagem. O escoamento superficial na bacia hidrográfica pode ser separado em duas partes principais, o escoamento de pequena profundidade, que escoa na Hidrologia superfície, e o escoamento em rios e canais com grande profundidade e largura definida. No capítulo 10 são apresentados os fundamentos do escoamento não- permanente, no qual são baseados os métodos utilizados para representar este escoamento tanto na superfície como nos rios. No capítulo 11 são descritas as metodologias de análise do escoamento superficial, desde a separação desse escoamento a partir do hidrograma, cálculo da precipitação efetiva, que gerou o escoamento superficial até a utilização do hidrograma unitário. No capítulo 12 é descrita inicialmente a metodologia de cálculo de linha de água em regime permanente em rios, que em geral não é abordada nos cursos ou livros de mecânica de fluidos. A seguir são descritas as metodologias de simulação do escoamento em reservatórios e rios. O capítulo 13, que trata da Aquisição de Dados Hidrológicos, podería aparecer no início ou no final do grupo de capítulos que retratam o ciclo hidrológico. A inclusão do capítulo nesta seqüêncía permite que o leitor, após conhecer os processos, tenha melhores condições de entender como realizar a aquisição de informações. O capítulo busca dar a visão de uma bacia e analisar principalmente a coleta das duas variáveis principais, a precipitação e a vazão. Evidentemente que outras variáveis poderíam ser incluídas, mas os objetivos deste livro e o espaço disponível não permitiram. Como mencionado anteriormente, os treze primeiros capítula compõem a base conceituai de Hidrologia para o nível introdutório. Os capítulos que seguem não possuem necessariamente seqüêncía e podem ser utilizados como compartimentos estanques, apesar de existirem algurnas referências entre si (por exemplo, capítulo 14 e 16, 14 e 21). Esses capítulos representam a utilização da hidrologia em problemas de engenharia. No capítulo 14 é tratado um problema tradicional de recursos hídricos, a vazão ou seqüêncía de vazões (hidrograma) para dimensionamento de uma obra hidráulica. O capítulo separa a determinação da vazão máxima, quando somente esta é desejada, e o hidrograma de projeto, quando tanto a máxima como a evolução das vazões são necessárias. O capítulo 15 trata da regionalização de vazões que é um conjunto de técnicas utilizadas para estimar as vazões em locais com deficiências de dados. Essas técnicas são importantes na realidade brasileira em função do custo da obtenção dos dados e do tamanho do país. Como se observa, estes dois capítulos são básicos para conhecimentos de variáveis de projetos de engenharia. A enchente é um dos problemas freqüentes da cidades que se expandem. No capítulo 16 são apresentados os principais aspectos necessários ao controle de enchentes, através de metodologias descritas nos capítulos anteriores e complementadas nesse capítulo. O capítulo 17 está integrado com o capítulo 4 e representa um passo mais aprofundado dentro da Hidrologia Estatística e é recomendado ao leitor que necessita de aprimorar seus conhecimentos no assunto e explorar mais as técnicas estatísticas. Apresentação O capítulo 18 trata de outro problema tradicional de engenharia de recursos hídricos, que é o dimensionamento do volume de um reservatório. O capítulo é conceituai e mostra passo a passo a determinação da relação entre demanda e armazenamento. Esse capítulo evita o uso dos tradicionais métodos gráficos, já que com as disponibilidades computacionais hoje disponíveis não mais se justificam. A gestão dos recursos hídricos é hoje uma necessidade para uma sociedade que explora esse recurso limitado. O capítulo 19 inicia tratando de identificar os principais usos dos recursos hídricos, caracteriza seus múltiplos usos e apresenta os principais elementos da gestão dos recursos hídricos. A Drenagem de águas subterrâneas, tratada no capítulo 20, complementa os elementos apresentados no capítulo 8, descrevendo os principais aspectos de drenagem superficial e da exploração de poços. No capítulo 21 a drenagem urbana é apresentada iniciando com os princípios do plano diretor de drenagem, que enfatiza a necessidade de evitar a ampliação das vazões para jusante. O capítulo separa o assunto em macro e microdrenagens e descreve as principais metodologias utilizadas na prática, concluindo com o uso integrado dos métodos representado pelo modelo hidrológico. O capítulo 22 'tem um título ambicioso para ser tratado em tão poucas páginas, no entanto, o objetivo foi o de introduzir o leitor nos principais tópicos onde os usos dos Recursos Hídricos interferem no meio ambiente aquático. O capítulo menciona novamente os principais usos da água e a sua intereferência com o meio ambiente, concluindo com um roteiro do RIMA, Relatório de impacto ambiental de um projeto de irrigação. O capítulo 23 trata do Uso de Radar, técnica que tem cada vez mais utilização em hidrologia, com aplicação em diferentes áreas. No Brasil o seu uso ainda é limitado devido ao alto custo de implementação e operação desse sistema, no entanto, certamente haverá a tendência de sua ampliação de instalação. O conteúdo do capítulo busca informar os princípios básicos, vantagens e limitações, concluindo com a ilustração de diferentes aplicações. O capítulo 24 encerra este livro tratando da Engenharia de Sedimentos, que tem um efeito importante sobre algumas variáveis do ciclo hidrológico e relação direta com a ocupação do espaço pelo homem. Os principais conceitos e metodologias de estimativa dos sedimentos em bacias hidrográficas são introduzidos no capítulo Sugestões para uso do texto no curso de graduação As sugestões a seguir apresentadas referem-se principalmente à disciplina de Hidrologia dentro do curso de Engenharia Civil, mas poderão ser utilizadas em outras formações. Na Resolução n. 48/76 do Ministério da Hidrologia Educação de 27/4/76, que define o currículo mínimo de várias carreiras, inclusive da Engenharia Civil, a Hidrologia é citada explicitamente. O conteúdo previsto nessa resolução 6 o seguinte: "Ciclo hidrológico, precipitação, recursos hídricos superficiais e subterrâneos e evaporação.” Esta descrição é resumida e limitada. O programa, aplicado em parte significativa dos importantes cursos das universidades brasileiras, contém, em síntese, o seguinte: Ciclo hidrológico, bacia hidrográfica, precipitação, evaporação e evapotranspiração, água subterrânea, infiltração, escoamentos, hidrometria, regularização de vazão e vazão de projeto. Este programa é, em geral, apresentado num semestre com 60 horas de aula, correspondendo a 4 créditos. Algumas Universidades possuem disciplinas complementares optativas que se inserem dentro da concentração de Recursos Hídricos e apresentam conteúdo complementar mais aplicado sobre Hidrologia. O conteúdo deste livro pode ser utilizado numa seqüência de disciplinas dentro desta opção, atendendo primeiramente à disciplina obrigatória e depois àquelas optativas que utilizem combinações dos capítulos apresentados. Na tabela 1 abaixo, sugerimos um programa para a disciplina com os itens do livro que poderiam ser utilizados Este programa é ambicioso devido à quantidade de conteúdos e o tempo previsto. Adaptações a cada realidade devem ser realizadas. O quadro apresentado é somente uma das muitas alternativas existentes. Carlos E.M. Tucci Apresentação Tabela 1. Sugestão de programa para um curso de Hidrologia na Engenharia Civil Capítulos do programa recomendado Sugestão quanto ao conteúdo do livro Horas aula [-Introdução 2-Ciclo hidrológico capítulo 1 2 e Bacia hidrográfica capítulo 2 2 3'Elementos de hidrometeorologia capítulo 3 até 3.2 2 4’EIementos de Estatística capítulo 4; 4.1 a 4.3,4.4.2 (selecione algumas distribuições), 4.5.1. 6 5-Precipitaçao capítulo 5 sem os itens: vetor regional, PMP e Método de Chicago 6 ó-Interceptação capítulo 6 2 7-Evaporação e Evapotranspiração capítulo 7 4 8-Agua Subterrânea capítulo 8 (8.1 e 8.2) e capítulo 20 (20.1 a 20.3) 4 9-Infiltração capítulo 9 (9.1) 4 10-Fundamentos do Escoamento capítulo 10 (sem deduções) 2 1J -Escoamento superficial capítulo 11 (sem HUI) 6 12-Escoamcnto em rios e canais capítulo 12 (sem deduções Muskingun-Cunge) 6 13-Aquisíção de Dados hidrológicos capítulo 13 até 13.4.2 6 14-Vazão máxima capítulo 14, 14.1 a 14.2.2 4 15-Regularização de vazão capítulo 18 4 AUTORES CARLOS E. M. TUCCI, PhD Professor Titular do Departamento de Hidromecânica e Hidrologia do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. ANDRE L. L. DA SILVEIRA, Dr. Professor Assistente do Departamento de Hidromecânica e Hidrologia do Ins tituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. ANTONIO BENETTI, MSc Professor Assistente do Departamento de Obras Hidráulicas do Instituto de Pes quisas Hidrátíftâs (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. ANTONIO E. L. LANNA, PhD Professor Adjunto do Departamento de Obras Hidráulicas do Instituto de Pes quisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. FRANCISCO BIDONE, Dr. Professor Assistente do Departamento de Obras Hidráulicas do Instituto de Pes quisas Hidráulicas' (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, FRANZ SEMMELMAN, Dr. Professor Adjunto do Departamento de Obras Hidráulicas do Instituto de Pes quisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. JOSÉ A. LOUZADA, MSc Professor Assistente do Departamento de Obras Hidráulicas do Instituto de Pes quisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federai do Rio Grande do Sul. JUAN C. BERTONI, MSc Professor Assistente do Departamento de Hidromecânica e Hidrologia do Ins tituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. KAMEL ZAHED FILHO, Dr. Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP e enge nheiro da Companhia Estadual de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. LAWSON F. S. BELTRAME, MSc Professor Adjunto do Departamento de Obras Hidráulicas e Diretor do Institu o de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Su . MARC P. BORDAS, Dr. Professor Titular do Departamento de Obras Hidráulicas do Instituto de Pesqui sas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. MARCOS L. PESSOA, PhD Engenheiro da Companhia Paranaense de Energia Elétrica - COPEL; professor visitante do programa de pós-graduação de Engenharia Hidráulica e Sanitária da USP NELSON L. CAICEDO, PhD Professor Titular do Departamento de Hidromecânica e Hidrologia do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. PIERRE CHEVALLIER, Dr. Diretor de pesquisa da ORSTOM Instituto Francês de Pesquisa Científica para o Desenvolvimento em Cooperação e pesquisador visitante no Instituto de Pes quisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul RUBEM L. PORTO, Dr Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP e enge nheiro do Centro Tecnológico de Hidráulica do Departamento de Águas e Ener gia Elétrica do Estado de São Paulo, CTH ROBIN T. CLARKE, DSc Professor Visitante do Departamento de Hidromecânica e Hidrologia do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federai do Rio Grande do Sul. SUMARIO 1 - HIDROLOGIA: CIÊNCIA E APLICAÇÃO Carlos E.M. Tucci 1.1 Introdução 25 1.2 Histórico 27 1.3 Ciência hidrológica 29 1.4 Hidrologia aplicada 31 2 r CICLO HIDROLÓGICO E BACIA HIDROGRÁFICA André L. L. da Silveira 2.1 Introdução 35 2.2 Descrição geral do ciclo hidrológico 36 2.3 Quantificação geral dos fluxos e reservas de água 38 2.4 Bacia hidrográfica 40 3 - ELEMENTOS DE HIDROMETEOROLOGIA Juan Carios Bertoni 3.1 A atmosfera terrestre 53 3.2 Umidade atmosférica 54 3.2.1 Relação entre o vapor de água e a temperatura do ar 56 3.2.2 índices da umidade do ar 58 3.2.3 Relações entre os diferentes índices de umidade 60 3.2.4 Determinação da pressão de vapor de água 61 3.3 Processos de transporte 62 3.4 Transformações adiabáticas 65 3.5 Estabilidade atmosférica 67 3.6 Temperaturas associadas a processos convectivos 71 3.7 Altura de águaprecipitável ou condensável 71 4 - ELEMENTOS DE ESTATÍSTICA E PROBABILIDADES Antonio Eduardo Lanna 4.1 Introdução 79 4.2 Tratamento estatístico de variáveis hidrológicas 80 4.2.1 Representação gráfica 82 4.2.2 Representação numérica 91 4.3 Modelos probabilísticos em hidrologia 106 4.3.1 Conceitos básicos de probabilidades 109 4.3.2 Funções densidade e cumulativa de probabilidade 113 4.3.3 Estimativa dos parâmetros das distribuições teóricas 115 4.4 Principais modelos probabilísticos 120 4.4.1 Modelos probabilísticos discretos 120 4.4.2 Distribuições contínuas 128 4.5 Avaliação do ajuste de modelos probabilísticos 161 4.5.1 Posições de locação de amostras 162 4.5.2 Papéis probabilísticos de algumas distribuições teóricas 164 5 - PRECIPITAÇÃO Juan C. Bertoni e Carlos E.M.Tuccí 5.1 Introdução 1^7 5.2 Mecanismos de formação das precipitações 177 5.3 Classificação das precipitações 180 5.4 Pluviometria 181 5.5 Análise dos dados de precipitação 182 5.5.1 Preenchimento de falhas 183 5.5.2 Análise de consistência de séries pluviométricas 186 5.6 Precipitação média numa área 193 5.7 Análise de freqüência de séries mensais c anuais 198 5.8 Precipitações máximas 200 5.8.1 Determinação de curvas de intensidade-duração- freqüência 201 5.8.2 Precipitação máxima provável 209 5.8.3 Distribuição temporal 220 5.8.4 Distribuição espacial 231 6 - INTERCEPTAÇÃO Carlos E.M. Tucci 6.1 Introdução 243 6.2 Interceptação vegetal 243 6.3 Armazenamento nas depressões 249 7 - EVAPORAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO Carlos E. M. Tucci e Lawson F. S. Beltrame 7.1 Introdução 7.2 Evaporação 253 253 7.2.1 Métodos de transferência de massa 254 7.2.2 Balanço de energia 255 7.2.3 Equações empíricas 264 7.2.4 Evaporímetros 265 7.2.5 Balanço hídrico 267 7.3 Evapotranspiração 269 7.3.1 Medidas diretas 271 7.3.2 Métodos baseados na temperatura 273 7.3.3 Métodos baseados na radiação 275 7.3.4 Método Combinado 276 7.3.5 Balanço hídrico 277 » - ÁGUA SUBTERRÂNEA Nelson Luna Caicedo 8.1 Conceitos básicos de hidrogeologia 289 8.2 Lei empírica de Darcy 300 8.3 Equações fundamentais do fluxo subterrâneo 306 8.4 Interação de águas superficiais e subterrâneas 316 9 - INFILTRAÇÃO E ARMAZENAMENTO NO SOLO André L. da Silveira, José A. Louzada e Lawson Beltrame 9.1 Infiltração 335 9.1.1 Capacidade de Infiltração e taxa de infiltração 336 9.1.2 Equacionamento geral da infiltração 337 9.1.3 Equações para cálculo da infiltração pontual 341 9Ol Armazenamento de água no solo 356 9.2.1 Redistribuição interna ^ 356 9.2.2 Umidade do solo: conceitos e métodos 358 9.2.3 Curva de retenção da água no solo 360 9.2.4 Perfis de umidade 365 10 - FUNDAMENTOS DO ESCOAMENTO NÃO-PERMANENTE Carlos E. M. Tucci 10.1 Introdução 373 10.2 Equações do escoamento 374 10.3 Simplificações das equações do escoamento 379 10.4 Classificação dos modelos de escoamento 380 11 - ESCOAMENTO SUPERFICIAL Carlos E. M. Tucci 11.1 Componentes do hidrograma 391 11.2 Separação do escoamento superficial 395 11.3 Determinação da precipitação efetiva 399 11.4 Modelos do escoamento superficial 409 11.5 Modelo Linear 411 11.5.1 Hidrograma unitário instantâneo 412 11.5.2 Hidrograma unitário 414 11.5.3 Hidrograma unitário sintético 428 11.5.4 Transposição de hidrograma unitário 437 12 - ESCOAMENTO EM RIOS E RESERVATÓRIOS Carlos E.M. Tucci 12.1 Escoamento em regime permanente: remanso 443 12.2 Escoamento não-permanente:contribuição lateral 449 12.3 Escoamento não-permanente em reservatórios 451 12.4 Escoamento em rios 459 12.4.1 Modelo Muskingun 459 12.4.2 Modelo Muskingun-Cunge 465 13 - AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DE DADOS Pierre Chevallier 13.1 Introdução 485 13.1.1 Os parâmetros da hidrologia 485 13.1.2 As dimensões temporal e espacial 486 13.1.3 Representação espacial: informação geográfica 488 13.2 Aquisição de dados de precipitações 490 13.2.1 Generalidades 490 13.2.2 Instalação do aparelho 491 13.2.3 Pluviômetro 491 13.2.4 Pluviógrafo 492 13.3 Aquisição de dados de escoamento 496 13.3.1 Medição de cotas \ 496 13.3.2 Medição de vazão/ 500 13.4 Curva-chave 508 13.4.1 O conhecimento do campo, algumas definições 508 13.4.2 Traçado da curva-chave 513 13.4.3 Calibragem de estações não-unívocas 518 13.5 Redes hidrológicas 519 13.5.1 Objetivos 519 13.5.2 Exemplo de uma rede nacional: o DNAEE/CGRH 520 13.5.3 Exemplo de uma rede de proteção da saúde humana 520 13.5.4 Exemplo de uma rede de prevenção contra cheias catastróficas 521 13.6 Bancos de Dados 522 13.6.1 Princípios 522 13.6.2 Exemplos: Hydrom e Pluviom 523 14 - VAZÃO MÁXIMA E HIDROGRAMA DE PROJETO Carlos E. M. Tucci 14.1 Conceitos 527 14.2 Vazões máximas 529 14.2.1 Vazões máximas com base em série histórica 529 14.2.2 Vazão máxima com base na precipitação: Método Racional 539 14.3 Hidrograma de projeto 545 14.3.1 Hidrograma de projeto com base na vazão 545 14.3.2 Hidrograma de projeto com base na precipitação 548 15 - REGIONALIZAÇÃO DE VAZÕES Carlos E. M. Tucci 15.1 Introdução à regionalização 573 15.2 Análise dos Dados básicos 576 15.3 Regionalização da vazão máxima, média e mínima 577 15.3.1 Definição das variáveis 577 15.3.2 Fases do desenvolvimento da regionalização 579 15.3.3 Seleção dos Dados 580 15.3.4 Curva de Probabilidade adimensional das vazões 581 15.3.5 Equação de regressão 586 15.3.6 Regiões homogêneas 589 15.3.7 Estimativa da vazão e sua variância 593 15.3.8 Vazão máxima instàntanea 598 15.3.9 Mapeamento da vazão específica 600 15.4 Regionalização da curva permanência 603 15.4.1 Curva de Permanência 603 15.4.2 Regionalização 607 15.5 Regionalização de curvas de regularização 609 15.5.1 Regularização de vazões 609 15.5.2 Regionalização 611 16 - CONTROLE DE ENCHENTES Carlos E.M. Tucci 16.1 Enchentes 621 16.2 Avaliação das enchentes 623 16.3 Medidas para controle da inundação 624 16.3.1 Medidas estruturais 627 16.3.2 Medidas não-estruturais 629 16.4 Controle de inundação com obras hidráulicas 630 16.5 Zoneamento de áreas de inundação 637 16.5.1 Mapa de inundação de cidade 637 16.5.2 Zoneamento 642 16.6 Avaliação dos prejuízos das enchentes 650 16.6.1 Curva nível-prejuízo 650 16.6.2 Método da curva de prejuízo histórico 651 16.6.3 Equação do prejuízo agregado 652 17 - HIDROLOGIA ESTATÍSTICA Robin T. Clarke 17.1 Conceitos de Hidrologia Estatística 659 j.7.1.1 Variabilidade hidrológica 659 17.1.2 Modelos Estatísticos 664 17.1.3 Modelos Estatísticos usando variáveis explicativas 665 17.1.4 O componente aleatório et 666 17.1.5 Parcimônia na construção de um modelo estatístico 667 17.1.6 Alguns usos hidrológicos de modelos estatísticos 668 17.1.7 Programas computacionais para ajustes rápidos de modelos estatísticos 671 17.2 Ajuste de distribuições estatísticas 671 17.2.1 Modelo nulo 671 17.2.2 A função de verossimilhança 672 17.2.3 Método dos Momentos 678 17.2.4 As distribuições Gamma de dois e três parâmetros 679 17.2.5 Escolha entre distribuições log-normal e gamma 680 17.2.6 Distribuição Gumbel 681 17.2.7 Distribuição Weibull 683 17.2.8 Precisão das estimativas de máxima verossimilhança 686 17.2.9 Intervalos de confiança para cada cheia de T anos 688 17.3 Relações lineares com variáveis explicativas 690 17.3.1 Princípios de análise de regressão 690 17.3.2 Aplicações hidrológicas de regressão linear 692 17.3.3 Os fundamentos da regressão linear 694 173.4 Caso especial: regressão linear simples 698 18 - REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES EM RESERVATÓRIOS Antonio Eduardo Lanna 18.1 Introdução 703 18.2 Problema simplificado de dimensionamento de reservatório 704 18.3 Problema real de dimensionamento de reservatório: método da simulação 707 18.4 Relação demanda suprida versus capacidade útil 713 18.5 Garantia de atendimento à demanda 715 18.6 Método baseado nas diferenças em relação à seqüência de deflúvios mínimos 718 18.7 Extensão à consideração de risco de desatendimento 720 19 - GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Antonio Eduardo Lanna 19.1 Introdução 19.2 O processo de formação de capital 19.3 Elementos de análise de projetos dos pontos de vista social e privado 19.4 Engenharia dos Recursos Hídricos 19.4.1 Tipos de uso 19.4.2 Usos múltiplos 19.5 Definições 19.5.1 Interdisciplinaridade da gestão dos recursos hídricos 19.5.2 Princípios orientadores da gestão dos recursos hídricos 19.5.3 Organização da atividade de planejamento 19.5.4 Jurisdições de planejamento 19.5.5 Planejamento quanto aos setores 19.5.6 Estágios de planejamento 19.5.7 Composição das categorias de planejamento 19.5.8 Vantagens do planejamento 19.6 Gerenciamento dos recursos hídricos 19.6.1 Funções do gerenciamento dos recursos hídricos 19.6.2 Dificuldades de implementação de um sistema de gerenciamento dos recursos hídricos 727 728 729 733 734 739 744 746 747 751 753 754 755 759 759 761 762 764 20 - DRENAGEM DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Nelson Luna Caicedo 20.1 Conceitos básicos 20.2 Soluções analíticas no regime permanente 20.3 Escoamento radial transitório 769 772 778 20.4 Determinação de características hidrogeológicas 781 20.5 Escoamento superficial 792 21 - DRENAGEM URBANA Rubem L. Porto, Kamel Zahed Filho, Carlos E. M. Tucci e Francisco Bidone 21.1 Conceitos 805 21.1.1 Impactos da urbanização 806 21.1.2 Planos diretores de drenagem urbana 810 21.2 Hidrologia Urbana 811 21.2.1 Bacias pequenas e médias 812 21.2.2 Escolha do período de retomo 813 21.2.3 Cálculo do tempo de concentração 815 21.2.4 Efeitos da urbanização 820 21.3 Características da drenagem urbana 822 21.4 Microdrenagem urbana 823 21.4.1 Terminologia dos elementos básicos 823 21.4.2 Elementos físicos do projeto 824 21.4.3 Definição do esquema geral do projetQ 824 21.4.4 Vazões de projeto 828 21.4.5 Dimensionamento hidráulico 829 21.4.6 Galerias 836 21.5 Macrodrenagem 836 21.6 Reservatórios de detenção 838 21.7 Modelos matemáticos de drenagem urbana 842 22 - O MEIO AMBIENTE E OS RECURSOS HÍDRICOS Antonio Benetti e Francisco Bidone 22.1 Introdução 849 22.2 Caracterização do ambiente aquático 849 22.3 Os usos múltiplos dos recursos hídricos 850 22.3.1 Abastecimento público (doméstico) 851 22.3.2 Consumo industrial/matéria prima para indústrias 852 22.3.3 Irrigação/dessedentação de animais 852 22.3.4 Recreação 852 22.3.5 Geração de energia elétrica 853 22.3.6 Transporte g53 22.3.7 Preservação da flora e fauna (fonte protéica) 853 22.4 Aspectos da qualidade da água associados aos usos 854 22.5 Poluição das águas 855 22.5.1 Fontes de poluição 855 22.5.2 Aspectos físicos, químicos e biológicos da poluição 859 22.6 Monitoramento da qualidade da água 862 22.7 Planejamento ambiental 866 22.7.1 Tratamento de águas residuárias 866 22.7.2 Medidas preventivas de preservação dos recursos hídricos 868 22.7.3 Aspectos político-administrativos do controle da poluição das águas 869 22.8 Sístematização para avaliação de impactos ambientais 870 23 - HIDROMETEOROLOGIA COM RADAR Marcos de Lacerda Pessoa 23.1 Introdução 877 23.2 Princípios do radares 878 23.3 Mapas indicadores de posição no plano à altitude constante 884 23.4 Fatores que afetam a precisão das medidas realizadas através de radares meteorológicos 889 23.5 Algumas aplicações hidrometeoroiógicas dos radares 896 24 - ELEMENTOS DE ENGENHARIA DE SEDIMENTOS Marc P. Bordas e Franz R, Semmelman 24.1 Ciclo hidrossedimentológico 915 24.2 Processos e componentes do ciclo hidrossedimentológico 916 24.3 Às alterações do ciclo hidrossedimentológico 918 24.4 Erosão ou depósito 922 24.4.1 Capacidade de transporte 923 24.4.2 Descarga sólida de abastecimento 925 24.5 Medição da descarga sólida 931 24.5.1 Medição do transporte de sedimentos em arraste 933 24.5.2 Medição do transporte de sedimentos em suspensão 936 24.5.3 Simplificação de programas de amostragem da descarga sólida em suspensão 938 24.5.4 Outras medições 939 24.6 Morfologia fluvial e engenharia costeira 939 Capítulo 1 HIDROLOGIA: CIÊNCIA E APLICAÇÃO Carlos E. M. Thcci 1.1 Introdução Hidrologia é a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circula ção e distribuição, suas propriedades físicas e químicas, e sua reação com o meio ambiente, incluindo sua relação com as formas vivas (U.S. Federal Coun- cií for Science and Technology, citado por Chow,1959). E uma disciplina consideravelmente ampla, abrangendo uma grande parte do conhecimento humano. Algumas das áreas em que a Hidrologia, foi subdivi dida são as seguintes: Kidrometeorologia - é a parte da ciência que trata da água na atmosfera; Limnologia - refcrc-se ao estudo dos lagos e reservatórios. Potamologia - trata do estudo dos arroios e rios. Glacioiogia - é a área da ciência relacionada com a neve e o gelo na natureza Hidrogeologia - é o campo científico que trata das águas subterrâneas. A Hidrologia é uma ciência interdisciplinar que tem tido evolução signifi cativa em face aos problemas crescentes, resultados da ocupação das bacias, do incremento significativo da utilização da água e do resultante impacto sobre o meio ambiente do globo. Profissionais de diferentes áreas como engenheiros, agrônomos, geólogos, matemáticos, estatísticos, geógrafos, biólogos, entre ou tros atuam nas diferentes subáreas dessa ciência. A Hidrologia evoluiu de uma ciência preponderantemente descritiva e qua litativa, para uma área de conhecimento onde os métodos quantitativos têm sido explorados através de metodologias matemáticas e estatísticas, melhorando de um lado os resultados e de outro explorando melhor as informações existentes. No âmbito da utilização de Hidrologia em Recursos Hídricos ou como é às vezes chamada de Engenharia Hidrológica (figura 1.1), a mesma é en tendida como a área que estuda o comportamento físico da ocorrência e o 26 Hidrologia aproveitamento da água na bacia hidrográfica, quantificando os recursos hídricos no tempo e no espaço e avaliando o impacto da modificação da bacia hidrográfica sobre o comportamento dos processos hidrológicos. / A quantificação da disponibilidade hídrica serve de base para o projeto e planejamento dos recursos hídricos. Alguns exemplos são: produção de energia hidrelétrica, abastecimento de água, navegação, controle de enchentes e impacto ambiental. / P 1 a nej amento d o s R ec ursos Hí d r ico s (Tomada de Dec i s ão) A g r ic u 1 tura Economia F 1 ore s ta Legi s 1 ação C i ênc i a Pol ítica Engenh ar i a Hidro lógica (previsão) Mecânica dos Fluido s Engenhar ia H i drául i ca Me teoro ! ogi a E s tat ís t ica C i ência Hid ro lóg ica ( e n tendimento) C i ê n c i a Atmos f ér ica Geo 1 og i a Geoquímíca C i ê n c i a do Solo Figura 1.1 - Planejamento, previsão e entendimento (NRC, 1991) No passado, a ocupação do homem na bacia foi realizada com pouco planejamento, tendo como objetivos o mínimo custo e o máximo benefício de seus usuários, sem maior preocupação com a preservação do meio ambiente. Com o crescimento demográfico e da exploração da água, os recursos naturais têm- se deteriorado. Na população, criou-se uma preocupação maior com a quantificação do impacto que a exploração humana provoca na bacia, para que sejam estabelecidas medidas preventivas que minimizem os danos à natureza. Os resultados da ação da população, sobre o meio ambiente, tinham uma visão na Hidrologia: Aplicação e Ciência 27 escala da bacia hidrográfica nos anos 70, enquanto que atualmente o problema está na escala do globo terrestre, em decorrência dos potenciais efeitos globais da modificação do clima. A complexidade dos sistemas hídricos cresceu devido à diminuição da disponibilidade dos recursos hídricos e deterioração da qualidade das águas. Como conseqüência, projetos com múltiplas finalidades tenderam a ser desenvolvidos, além do aumento do interesse público pelo impacto dos aproveitamentos hídricos sobre o meio ambiente. O planejamento da ocupação da bacia hidrográfica é uma necessidade numa sociedade com usos crescentes da água, e que tende a ocupar espaços com riscos de inundação, além de danificar o seu meio. A tendência atual envolve desenvolvimento sustentado da bacia hidrográfica, que implica o aproveitamento racional dos recursos com o mínimo dano ao ambiente. A Ciência Hidrológica trata processos que ocorrem em sistemas moldados pela natureza. Os processos físicos ocorrem num meio que o homem não projetou, mas ao qual deve-se adaptar, procurando conviver com o comportamento deste meio ambiente. Para o entendimento desses processos é necessário interagir com diferentes áreas do conhecimento que influenciam o ciclo hidrológico (figura 1.1) NRC(1991) concluiu que o desenvolvimento da ciência hidrológica tem sido influenciado por aspectos específicos do uso da água, como atendimento da demanda de água e controle de desastres. A comissão menciona a necessidade de instruir-se profissionais com formação mais ampla, que englobe conhecimentos de matemática, física, química, biologia e geociência, para desenvolver uma ciência dentro de um contexto mais amplo. 1.2 Histórico A Hidrologia é uma ciência que se baseia na observação dos processos envolvidos no meio físico natural. Para analisar a sazonalidade da ocorrência de precipitações, num determinado local, utilizam-se observações realizadas no passado, uma vez que os fenômenos provocadores dos processos hidrológicos na bacia hidrográfica são os eventos meteorológicos, cuja previsão a médio e longo prazos, o conhecimento atual ainda não dispõe de explicações determinísticas suficientes. O homem, desde a sua origem, convive com as condições naturais do planeta, tanto no seu uso como na sua sobrevivência. Filósofos gregos tentaram erroneamente explicar o ciclo hidrológico, apenas Marcus Vitruvius Pollio 100 a.C. apresentou conceitos próximos do entendimento atual do ciclo hidrológico. Admitia-se que o mar alimentava os rios através do subsolo. Até no início deste século ainda existiam pessoas que questionavam o conceito moderno do ciclo hidrológico. Mesmo não conhecendo a origem da água e o funcionamento dos fenômenos naturais, as civilizações antigas puderam explorar os recursos hídricos através de projetos de irrigação como os do Egito e Mesopotâmia, aquedutos para abastecimento de água romanos e irrigação e controle de inundação pelos chineses. Somente a partir do século 15, com Leonardo da Vinci e Bemard Palissy o ciclo hidrológico passou a ser melhor compreendido. A dificuldade era aceitar que a precipitação tinha um volume maior que a vazão e que os rios são mantidos perenes pelo retardamento do escoamento do subsolo. Pierre Perrault, no século 17 (1608-1680), analisou os componentes da relação precipitação- vazão, ou seja a precipitação, evaporação e capilaridade da bacia do rio Sena e comparou estas grandezas com medições de vazão realizadas por Edmé Mariotte, constatando que a vazão era apenas cerca de 16% da precipitação. No século 19 inicia-se de um lado as medições sistemáticas de precipitação e vazão e de outro o desenvolvimento teórico e experimental da hidráulica. Nos Estados Unidos a coleta sistemática de precipitação iniciou em 1819, enquanto que a de vazões iniciou em 1888. No Brasil os postos mais antigos de precipitação são do final do século passado, enquanto que a coleta de dados de níveis e vazão iniciou no começo deste século. Até a década de 30 a Hidrologia tinha como base elementos descritivos do funcionamento dos fenômenos naturais e fórmulas empíricas de processos específicos, tais como as equações de Chezy, para movimento uniforme em canais, e o método racional para cálculo de vazão máxima em pequenas bacias. Essa década marcou o início da nidrologia quantitativa com os trabalhos de Sherman em 1932, que apresentou os conceitos do hidrograma unitário utilizado para o escoamento superficial; Horton em 1933 apresentou uma equação empírica para o cálculo da infiltração, permitindo a determinação da precipitação efetiva; e Theiss em 1935 desenvolveu uma teoria para a hidráulica de poços. Outros métodos quantitativos foram apresentados a partir desta época, permitindo a ampliação considerável dos conhecimentos nessa ciência. Apesar da grande quantidade de dados coletados diariamente, os métodos utilizados na Hidrologia até a década de 50, praticamente limitavam-se à indicadores estatísticos dos processos envolvidos. Com o advento do computadcr, aprimoramento e experimentação das técnicas numéricas e estatísticas, houve desenvolvimento acelerado de algumas subáreas da Hidrologia. Os modelos semiconceituais de transformação precipitação-vazão agregaram o conhecimento de diferentes processos na bacia hidrográfica para, numa macroanálise, simular matematicamente essa parte do ciclo hidrológico. Os primeiros modelos foram apresentados por Mero (citado por Clarke, 1973) e SSARR (Rockwood, 1958) aplicados no rio Columbia. A Hidrologia Estatística, que teve impulso no começo do século com o estudo da freqüência de cheias, desenvolveu-se depois com a quantificação de séries temporais (Hidrologia Estocástica) para dimensionamento de reservatórios. Outros aspectos da Hidrologia tais como: o escoamento subterrâneo, fluxo em rios, lagos e estuários desenvolveram-se com a observação e quantificação 28 Hidrologia Hidrologia: Aplicação e Ciência 29 das variáveis envolvidas, aprimoramento de técnicas matemáticas e o aumento da capacidade do computador. Quanto à Hidrologia Experimental, foram criados em diferentes países, bacias representativas e experimentais visando ao entendimento e quantificação de processos físicos que ocorrem na bacia, tais como reflorestamento e desmatamento, erosão do solo e escoamento superficial. Os estudos visam a um melhor entendimento desses processos e a embasar o planejamento do uso da bacia hidrográfica. O desenvolvimento na hidrologia moderna está ligado ao uso da água, ao controle da ação da mesma sobre a população e ao impacto sobre a bacia e o globo terrestre. 13 Ciência hidrológica Dooge (1988) caracteriza que a Hidrologia Científica está dentro do contexto do desenvolvimento clássico do conhecimento científico, enquanto que a Hidrologia Aplicada estuda os diferentes fatores relevantes ao provimento de água para a saude e para a produção de comida no mundo. A Hidrologia 6 uma ciência que se consolidou apenas na segunda parte do século 20, através do desenvolvimento de programas de observação e quantificação sistemática dos diferentes processas que ocorrem no ciclo hidrológico. A subdivisão apresentada na introdução se expandiu, surgindo subáreas mais especializadas, como resultado da necessidade crescente da utilização e preservação da bacia hidrográfica. Algumas das subáreas que tratam da análise dos processos físicos que ocorrem na bacia são: Hidrometeorologia: já definido anteriormente na introdução; Geomorfologia: trata da análise quantitativa das características do relevo de bacias hidrográficas e sua associação com o escoamento; Escoamento superficial: trata do escoamento sobre a superfície da bacia; Interceptação vegetai: é a subárea do conhecimento que avalia a interceptação de precipitação pela cobertura vegetal na bacia hidrográfica; Infiltração e escoamento em meio não-saturado; trata da observação e previsão da infiltração no solo e do escoamento no solo não-saturado; Escoamento em meio saturado: envolve o estudo do comportamento do fluxo em aqüíferos, camada do subsolo saturada; 30 Hidrologia Escoamento em rios e canais: trata da análise do escoamento em rios, canais e reservatórios; Evaporação e evapotranspiração: trata da avaliação da perda de água por evaporação de superfícies livres como reservatórios e lagos, evapotranspiração de culturas e da vegetação natural; Fluxo dinâmico em reservatórios, lagos e estuários; trata do escoamento turbulento em meios multidimensionais; Produção e transporte de sedimentos; trata da quantificação da erosão de solo e do transporte de sedimento, na superfície da bacia e nos rios, devido às condições naturais e do uso do solo . Qualidade da água e meio ambiente: trata da quantificação de parâmetros físicos, químicos e biológicos da água e sua interação com os seus usos na avaliação do meio ambiente aquático. A Hidrologia como ciência está voltada para a representação dos processos físicos que ocorrem na bacia hidrográfica. Em diferentes partes do mundo foram equipadas bacias representativas e experimentais que permitem observar em detalhe o comportamento dos diferentes processos. Com base no registro das variáveis hidrológicas envolvidas é possível entender melhor os fenômenos e procurar representá-los matematicamente. Dooge (1988) ressalta que a caracterização dos processos hidrológicos tem sido desenvolvida para a microescala ( 10'8 a 10"2m), enquanto que para a mesoescala (102 a lC^m) e macroescala (105 a 107m ) existem muitas dificuldades, principalmente na transferência da teoria usada de uma escala para outra. A representação matemática dos processos evoluiu dentro de dois aspectos principais: o determinístico para os fenômenos físicos que podem ser descritos por equações diferenciais que retratam o comportamento do processo; e o estocástico onde estão envolvidos os aspectos probabilísticos das variáveis. O National Research Council (Estados Unidos) apresentou um relatório sobre a ciência hidrológica (Eagleson, 1990), onde ressalta o seguinte: "Para estabelecer a identidade para a Hidrologia como uma ciência separada da Geociência o comitê definiu que a ciência hidrológica inclui: 1) Processos físicos e químicos do ciclo continental da água em todas as escalas, assim como os processos biológicos que interagem signifi-cativamente com o ciclo hidrológico; 2) As características 31Hidrologia: Aplicação e Ciência temporais e espaciais do balanço global da água e suas partes no sistema terrestre." NRC(1991) ressaltou as seguintes prioridades científicas em Hidrologia, sem ordem hierárquica: a) componentes químicos e biológicos do ciclo hidrológico: envolve o melhor conhecimento dos processos geoquímicos; b) a escala dos processos dinâmicos: a dificuldade de transferência entre processos que ocorrem em diferentes escalas; c) interação entre superfície e atmosfera: a interação entre as variáveis climáticas e as superfícies; d) conhecimento ao nível global do armazenamento e fluxos de água e energia; e) efeitos hidrológicos devido a atividades humanas. 1.4 Hidrologia Aplicada A Hidrologia Aplicada está voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização dos recursos hídricos, preservação do meio ambiente e ocupação da bacia. No primeiro caso estão envolvidos os aspectos de disponibilidade hídrica, regularização de vazão, planejamento, operação e gerenciamento dos recursos hídricos. Dentro dessa visão os principais projetos que normalmente são desenvolvidos com a participação significativa do hidrólogo são: apro veitamentos hidrelétricos, abastecimento d’água, irrigação e regularização para navegação. Quanto à preservação do meio ambiente, modificações do uso do solo, regularização para controle de qualidade da água, impacto das obras hidráulicas sobre o meio ambiente aquático e terreste, são exemplos de problemas que envolvem aspectos multidisciplinares em que a hidrologia tem uma parcela importante. A ocupação da bacia pela população gera duas preocupações distintas: a) o impacto do meio sobre a população através das enchentes; e b) o impacto do homem sobre a bacia, mencionado na preservação do meio ambiente. A ação do homem no planejamento e desenvolvimento da ocupação do espaço na Terra, requer cada vez mais uma visão ampla sobre as necessidades da população, os recursos terrestres e aquáticos disponíveis e o conhecimento sobre o comportamento dos processos naturais na bacia, para racionalmente compatibilizar necessidades crescentes com recursos limitados. No Brasil algumas das principais áreas do desenvolvimento da Hidrologia Aplicada encontram-se nos seguintes aspectos: Planejamento e gerenciamento da bacia hidrográfica: o desenvolvimento das principais bacias quanto ao planejamento e controle do uso dos recursos naturais requer uma ação pública e privada coordenada; 32 Hidrologia Drenagem urbana: atualmente 75% dapopulação do Brasil ocupa o espaço urbano. Enchentes, produção de sedimentos e qualidade da água são problemas sérios encontrados em grande parte das cidades brasileiras; Energia: a produção de energia hidrelétrica representa 92% de toda a energia produzida no país. O potencial hidrelétrico ainda existente é significativo. Esta energia depende da disponibilidade de água, da sua regularização por obras hidráulicas e o impacto das mesmas sobre o meio ambiente; O uso do solo rural: a expansão das fronteiras agrícolas e o intenso uso agrícola têm gerado impacto significativos na produção de sedimentos e nutrientes nas bacias rurais, resultando em perda de solo fértil e assoreamento dos rios; Qualidade da água: o meio ambiente aquático (oceanos, rios, lagos, reservatórios e aqüíferos) sofre com a falta de tratamento dos despejos domésticos e industriais e de cargas de pesticidas de uso agrícola; Abastecimento de água: a disponibilidade de água, que apesar de farta em grande parte do país, apresenta limitações nas regiões áridas e semi-áridas do nordeste brasileiro. A redução da qualidade da água dos rios e as grandes concentrações urbanas têm apresentado limitações quanto à disponibilidade de água para o abastecimento; Irrigação: a produção agrícola nas regiões áridas e semi-áridas depende essencialmente da disponibilidade de água. No sul, culturas como o arroz utilizam quantidade significativa de água. O aumento da produtividade passa pelo aumento da irrigação em grande parte do país; Navegação: a navegação interior é ainda pequena, mas com grande potencial de transporte, principalmente nos rios Jacuí, Tietê/Paraná, São Francisco e na Amazônia. A navegação pode ter um peso significativo no desenvolvimento nacional. Os principais aspectos hidrológicos são: disponibilidade hídrica para calado, previsão de níveis e planejamento e operação de obras hidráulicas para navegação. REFERÊNCIAS 1- CLARKE, R.T., 1973. Mathematical models inhydrology. Rome: FAO. 282p. (Irrigation and Drainage Paper, 19). 2- CHOW, V.T., 1959. Handbookof applied hydrology. New York: McGraw-Hill. Paginação irregular. Hidrologia: Aplicação e Ciência 33 3- DOOGE, J.C., 1988. Hydrology in perspective. Hydrological Sciences Journal, Oxford, v.33, n.l, p.61-85, Feb. 4- EAGLESON, P., 1990. Opportunities in hydrological Sciences. Newsletters. IAHS, n.40, Set. 5- NRC, 1991. Opportunities in the hydrologic Sciences. Washington: National Academy Press. 348p. 6- ROCKWOOD, D.M., 1958. Columbia Basin streamflow routing by Computer. Journal of the Waterways and Harbors Division. American Society of Civil Engineers, New York, v.84, n.5, Dec. Capítulo 2 CICLO HIDROLÓGICO E BACIA HIDROGRÁFICA André L.L. da Silveira 2.1 Introdução O ciclo hidrológico é o fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre. A superfície terrestre abrange os continentes e os oceanos, participando do ciclo hidrológico a camada porosa que recobre os continentes (solos, rochas) e o reservatório formado pelos oceanos. Parte do ciclo hidrológico é constituída pela circulação da água na própria superfície terrestre, isto é: a circulação de água no interior e na superfície dos solos e rochas, nos oceanos e nos seres vivos. A atmosfera também possui uma diversidade de condições físicas importante. Entretanto, a maioria dos fenômenos meteorológicos acontece na fina camada inferior da atmosfera com 8 a lókm de espessura, chamada de troposfera, onde está contida a quase totalidade da umidade atmosférica, cerca de 90%, Logo acima da troposfera está situada a estratosfera, com espessura entre 40 e 70km, cuja importância reside no fato de conter a carnada de ozônio que é reguladora da radiação solar que atinge a superfície terrestre, principal fonte de energia do ciclo hidrológico. A água que circula no interior da atmosfera constitui-se numa fase do ciclo hidrológico. Este processo é devido às correntes aéreas, deslocando-se tanto no estado de vapor como também nos estados líquido e sólido. A umidade no estado de vapor é invisível, sendo as nuvens um conjunto de aerossóis visíveis de microgotícolas de água, mais umidade, e, dependendo da região e estação do ano, partículas de gelo. O intercâmbio entre as circulações da superfície terrestre e da atmosfera, fechando o ciclo hidrológico, ocorre em dois sentidos: a) no sentido superfície-atmosfera, onde o fluxo de água ocoiTe fundamentalmente na forma de vapor, como decorrência dos fenômenos de evaporação e de transpiração, este último um fenômeno biológico; b) no sentido atmosfera- superfície, onde a transferência de água ocorre em qualquer estado físico, sendo mais significativas, em termos mundiais, as precipitações de chuva e neve. O ciclo hidrológico só é fechado em nível global. Os volumes evaporados 36 Hidrologia em um determinado local do planeta não precipitam necessariamente no mesmo local, porque há movimentos contínuos, com dinâmicas diferentes, na atmosfera, e também na superfície terrestre. Da precipitação que ocorre nos continentes, por exemplo, somente parte é aí evaporada, com o restante escoando para os oceanos. A medida que se considere áreas menores de drenagem, fica mais caracterizado o ciclo hidrológico como um ciclo aberto ao nível local. Entre os fatores que contribuem para que haja uma grande variabilidade nas manifestações do ciclo hidrológico, nos diferentes pontos do globo terrestre, pode-se enumerar: a desuniformidade com que a energia solar atinge os diversos locais, o diferente comportamento térmico dos continentes em relação aos oceanos, a quantidade de vapor de água, C 02 e ozônio na atmosfera, a variabilidade espacial de solos e coberturas vegetais, e a influência da rotação e inclinação do eixo terrestre na circulação atmosférica, sendo esta última a razão da existência das estações do ano. 2.2 Descrição geral do ciclo hidrológico Pode-se começar a descrever o ciclo hidrológico a partir do vapor de água presente na atmosfera que, sob determinadas condições meteorológicas, condensa-se, formando microgotícolas de água que se mantêm suspensas no ar devido à turbulência natural. O agrupamento das microgotícolas, que são visíveis com o vapor de água, que é invisível, mais eventuais partículas de poeira e gelo, formam um aerossol que é chamado de nuvem ou de nevoeiro, quando o aerossol forma-se junto ao solo. Através da dinâmica das massas de ar, acontece a principal transferência de água da atmosfera para a superfície terrestre que é a precipitação. A precipitação, na sua forma mais comum que é a chuva, ocorre quando complexos fenômenos de aglutinação e crescimento das microgotícolas, em nuvens com presença significativa de umidade (vapor de água) e núcleos de condensação (poeira ou gelo), formam uma grande quantidade de gotas com tamanho e peso suficientes para que a força da gravidade supere a turbulência normal ou movimentos ascendentes do meio atmosférico. Quando o vapor de água transforma-se diretamente em cristais de gelo e estes atingem tamanho e peso suficientes, a precipitação pode ocorrer na forma de neve ou granizo, No trajeto em direção à superfície terrestre a precipitação já sofre evaporação. Em algumas regiões esta evaporação pode ser significativa, existindo casos em que a precipitação é totalmente vaporizada. Caindo sobre um solo com cobertura vegetal, parte do volume precipitado sofre interceptação em folhas e caules, de onde evapora. Excedendo a capacidade de armazenar água na superfície dos vegetais, ou por ação dos ventos, a água interceptada pode-se reprecipitar para o solo. A interceptação Ciclo Hidrológico e Bacia Hidrográfica 37 é um fenômeno que ocorre tanto com a chuva como com a neve. A água que atinge o solo segue diversos caminhos. Como o solo é um meio poroso, há infiltração de toda precipitação que chega ao solo, enquanto a superfície do solo não se satura. A partir do momento da saturação superficial, à medida que o solo vai sendo saturado a maiores profundidades, a infiltração decresce até uma taxa residual, com o excesso não infiltrado da precipitação gerando escoamento superficial. A infiltração e a percolação no interior do solo são comandadas pelas tensões capilares nos poros e pela gravidade. A umidade do solo realimentada pela infiltração é aproveitada em parte pelos vegetais, que a absorvem pelas raízes e a devolvem, quase toda, à atmosfera por transpiração, na forma de vapor de água. O que os vegetais não aproveitam, percola para o lençol freático que normalmente contribui para o escoamento de base dos rios. O escoamento superficial 6 impulsionado pela gravidade para as cotas mais baixas, vencendo principalmente o atrito com a superfície do solo. O escoamento superficial manifesta-se inicialmente na forma de pequenos íiletes de água que se moldam ao microrrelevo do solo. A erosão de partículas de solo pelos filetes em seus trajetos, aliada à topografia preexistente, molda, por sua vez, uma microrrede de drenagem efêrnera que converge para a rede de cursos de água mais estável, formada por arroios e rios. A presença de vegetação na superfície do solo contribui para obstaculizar o escoamento superficial, favorecendo a infiltração em percurso. A vegetação também reduz a energia cinética de impacto das gotas de chuva no solo, minimizando a erosão, Com raras exceções, a água escoada pela rede de drenagem mais estável destina-se ao oceano. Nos oceanos a circulação das águas é regida por uma complexa combinação de fenômenos físicos e meteorológicos, destacando-se a rotação terrestre, os ventos de superfície, variação espacial e temporal da energia solar absorvida e as marés. Em qualquer tempo e local por onde circula a água na superfície terrestre, seja nos continentes ou nos oceanos, há evaporação para a atmosfera, fenômeno que fecha o ciclo hidrológico ora descrito. Naturalmente, por cobrir a maior parte da superfície terrestre, cerca de 70%, a contribuição maior é a dos oceanos. Entretanto o interesse maior, por estar intimamente ligada a maioria das atividades humanas, reside na água doce dos continentes, onde é importante o conhecimento da evaporação dos mananciais superficiais líquidos e dos solos, assim como da transpiração vegetal. A evapotranspiração, que é a soma da evaporação e da transpiração, depende da radiação solar, das tensões de vapor do ar e dos ventos. Na figura 2.1 pode- se visualizar um corte esquemático do continente com as diversas fases do ciclo hidrológico. Em certas regiões da Terra o ciclo hidrológico manifesta-se de forma bastante peculiar. Por exemplo, nas calotas polares ocorre pouca precip itação 38 Hidrologia e a evaporação é direta das geleiras. Nos grandes desertos também são raras as precipitações, havendo água permanentemente disponível somente a grande profundidade, sem trocas significativas com a atmosfera, tendo sido estocada provavelmente em tempos remotos. A energia calorífica do Sol, fundamental ao ciclo hidrológico, somente é aproveitada devido ao efeito estufa natural causado pelo vapor de água e CO , 2 que impede a perda total do calor emitido pela Terra originado pela radiação solar (ondas curtas) recebida. Assim a atmosfera mantém-se aquecida, possibilitando a evaporação e transpiração naturais. Como cerca da metade do CO natural é absorvido no processo de fotossíntese das algas nos oceanos, 2 verifica-se que é bastante importante a interação entre oceanos e atmosfera para a estabilidade do clima e do ciclo hidrológico. 2.3 Quantificação geral dos fluxos e reservas de água A quantificação dos fluxos e reservas de água do ciclo hidrológico global foi realizada por diversos pesquisadores e os trabalhos recentes não \ ' / O C IA N O Figura 2.1. Componentes do ciclo hidrológico 39Ciclo Hidrológico e Bacia Hidrográfica apresentam entre si discrepâncias marcantes. Um exemplo destes trabalhos é o apresentado por Peixoto e Oort (1990) cujos valores são comentados a seguir. Para as reservas de água os valores apresentados são os seguintes: Oceanos 1.350 x 1015 Geleiras 25 x 1015 Aguas subterrâneas 8,4 x 1015 Rios e Lagos 0,2 x 1015 Biosfera 0,0006 x 1015 Atmosfera 0,0130 x 1015 3m 3m 3m 3m 3m 3m Essa quantificação estática não deixa transparecer a importância relativa de cada reserva na dinâmica do ciclo da água. Por exemplo, a atmosfera armazena uma quantidade ínfima da água disponível no planeta, mas dá origem à precipitação que é uma fase fundamental na dinâmica do ciclo hidrológico. Outro exemplo de desproporção entre a importância dinâmica e a quantidade armazenada é a que se observa nas camadas superiores dos solos, 15 3normalmente não-saturadas: apenas 0,066 x 10 'm (0,08% das águas subterrâneas) estão presentes nestes locais, em contraposição à sua importância no ciclo hidrológico, no fenômeno da infiltração. No que diz respeito aos oceanos a quantidade de água armazenada (97%) é tão significativa quanto o seu papel no ciclo hidrológico. O equilíbrio médio anual, em volume, entre a precipitação e a evapotranspiração, que são os dois fluxos principais entre a superfície terrestre e a atmosfera, em nível global apresenta o seguinte valor: P = E = 423 x 1012 * m3/ano (2.1) A evaporação direta dos oceanos para a atmosfera corresponde a 361 x 12 3 10 m , cerca de 85% do total evaporado, sendo os 15% complementares, 62 x 12 310 m , devidos à evapotranspiração dos continentes. No balanço da precipitação os percentuais diferem um pouco, com a atmosfera devolvendo 12 3aos oceanos 324 x 10 m por ano, cerca de 77% do total precipitado, cabendo 12 3aos continentes receberem os restantes 23% ou 99 x 10 m . A diferença entre ' 12 3o que é precipitado anualmente nos continentes (99 x 10 m ) e o que é 12 3evapotranspirado pelos continentes (62 x 10 m ) corresponde ao escoamento 40 Hidrologia 12 3para os oceanos (37 x 10 m ). Na figura 2.2 é apresentado um gráfico com os valores das reservas e fluxos de água: 2.4 Bacia hidrográfica O ciclo hidrológico é normalmente estudado com maior interesse na fase terrestre, onde o elemento fundamental de análise é a bacia hidrográfica. A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água da precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório. A bacia hidrográfica compÕe*se basicamente de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar um leito único no exutório (figura 2.3). A T M 0 ,013 . 1015 m3 6 2 9 9 .1 0 12 m3/ano 3 2 4 3 61 c 0 N GEL. 25 SUB. 8,4 1 N SUP. 0 ,2 810. 0 ,0 0 0 6 Figura 22. Fluxos e reservas de água globais (Peixoto e Cort, 1990) A precipitação que cai sobre as vertentes infiltra-se totalmente nos solos até haver saturação superficial destes, momento em que começam a decrescer as taxas de infiltração e a surgir crescentes escoamentos superficiais, se a precipitação persistir. O escoamento superficial gerado nas vertentes, no contexto da bacia hidrográfica, pode ser interpretado como uma "produção" de água para escoamento rápido e, portanto, as vertentes seriam vistas como as fontes produtoras. Seguindo com este enfoque, a água produzida pelas vertentes tem como destino imediato a rede de drenagem, que se encarrega de transportá-la à seção de saída da bacia. Na zona de inundação dos cursos de água (leito maior) há um comportamento ambíguo, ora de produção, quando os rios estão inicialmente com níveis de água baixos, funcionando esta zona como vertente, ora de transporte, quando os rios estão em cheia, com a zona de inundação usada para escoamento. Ciclo Hidrológico e Bacia Hidrográfica 41 A mesma caracterização da vertente como fonte produtora e a rede de drenagem como transportadora pode ser usada com respeito aos sedimentos. As vertentes "produzem" os sedimentos por fenômenos de erosão e estes são tranportados com a água pela rede de drenagem, junto com a carga significativa de sedimentos produzida nos próprios leitos dos rios. Na realidade, não é possível considerar as vertentes e os rios como _ entidades totalmente separadas, uma vez que estão continuamente em interação para adaptação da bacia hidrográfica' às solicitações da natureza. Figura 2.3. Bacia hidrográfica do arroio Taboão/RS Bacia como sistema A bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o volume de água escoado pelo exutório, considerando-se como perdas intermediárias os volumes evaporados e transpirados e também os infiltrados profundamente. Em um evento isolado pode-se desconsiderar estas perdas e analisar a transformação de chuva em vazão feita pela bacia com a ajuda da figura 2.4, onde sao representados o hidrograma (saída) e o hietograma (entrada). A figura 2.4 espelha bem o papel hidrológico da bacia hidrográfica que é o de transformar uma entrada de volume concentrada no tempo (precipitação) em uma saída de água (escoamento) de forma mais distribuída no tempo. Na mesma figura é feita uma diferenciação entre um escoamento mais lento e outro mais 42 Hidrologia rápido, este facilmente identificável pela forte elevação das vazões em curto espaço de tempo, que, apòs atingir um pico, decresce também rapidamente, mas geralmente em tempo maior que o da elevação. A este escoamento rápido normalmente é atribuído o nome de escoamento superficial, embora esta designação seja cientificamente inexata, dada as inúmeras oportunidades de infiltração e afloramentos de água sucessivas nos diferentes caminhos que a água pode percorrer até fazer parte do escoamento que passa no exutório. Em termos práticos a separação entre escoamento rápido, ou superficial e escoamento lento, ou subterrâneo, é conveniente, porque permite quantificar e analisar separadamente o escoamento geralmente de maior magnitude numa cheia, o escoamento superficial, que é explicado mais facilmente numa relação de causa e efeito com a precipitação. Isto é válido em bacias de regime pluvial. As técnicas de separação de escoamentos em um hidrograma são apresentadas no capítulo 11. A parcela da chuva total com mesmo volume de escoamento superficial é denominada de chuva efetiva. A chuva efetiva e o correspondente escoamento superficial estão representados na figura 2.4 como áreas hachuradas. Gênese do hidrograma de saída Como o hidrograma de saída de uma bacia hidrográfica atinge determinado formato, tal como o da figura 2.4, é uma questão científica ainda não resolvida, mas que tem sido tratada por métodos práticos baseados na análise do histórico de eventos (volumes precipitados e escoados) e características físicas das bacias. Figura 2.4. Resposta hidrológica da bacia hidrográfica 43Ciclo Hidrológico e Bacia Hidrográfica Uma maneira consistente de explicar a dispersão do hidrograma no tempo é considerar o efeito de translação. Analisando-se uma lâmina L precipitada sobre uma bacia de área A em um pequeno intervalo de tempo, é razoável supor que a precipitação ocorrida perto do exutório gerará um escoamento que chegará mais cedo a este ponto, enquanto que o escoamento gerado em locais mais distantes passará mais tarde pelo mesmo exutório. Desta maneira, há um escalonamento de chegada dos volumes à seção de saída, que reproduz, em parte, o efeito de "espalhamento” das vazões no tempo. Para ilustrar, considere a situação da figura 2.5 onde a, representa uma faixa de área de onde o volume de água leva um tempo entre t. e t para chegar ao exutório. Os tempos t identificam linhas de mesmo período de deslocamento até a saída, i ou, simplesmente, linhas isócronas. Se o intervalo de tempo entre as isócronas é constante, quando as gotas de água que estavam na posição t atingem o exutório, as gotas que estavam na posição t atingem a posição t , as que estavam em t chegam a t ,̂ e assim por diante. Em termos de volume, o que passa inicialmente pelo exutório na figura 2.5 é La^ , o que corresponde a uma vazão média de La /dt, sendo dt o intervalo de tempo entre duas isócronas sucessivas. No dt seguinte o volume que passa pelo exutório é La^ , pois no dt anterior este volume avançou uma faixa. Sucessivamente a situação se repete com os volumes La ̂ , La^ e La^ chegando à faixa a e escoando pelo exutório.O hidrograma assim resultante pode ser visto na figura 2.6, onde claramente se verifica o efeito de distribuição das vazões no tempo causado pela translação O volume escoado na figura 2,6 tem o mesmo valor do volume precipitado LA. Portanto é uma análise que se aplica ao escoamento superficial e à precipitação efetiva que o causou. Outro fenômeno que contribui para a confoimação do hidrograma de saída da bacia é o fenômeno hidráulico do armazenamento. Nas condições naturais, com atrito, quanto maior o volume a escoar na bacia tanto maior é a carga hidráulica necessária para haver este escoamento, e portanto, tanto maior é o volume armazenado temporariamente na bacia. Uma analogia pode ser feita com um vertedor que, para verter maiores vazões, necessita de maiores lâminas de água sobre a soleira, isto é, necessita de maiores volumes armazenados sobre a soleira. Numa bacia hidrográfica o efeito de armazenamento é mais significativo na rede de drenagem, que promove um abatimento na onda de cheia por armazenamento nos seus canais, fazendo chegar ao exutório um hidrograma mais distribuído no tempo. O abatimento do hidrograma é mais intenso se o escoamento atinge as zonas de inundação (leitos maiores) dos cursos de água. HidrologiaÀ4 0 efeito de armazenamento é um fator que impede a existência de isócronas estáveis na bacia. Figura 2.5. Linhas isócronas Figura 2.6. Hidrograma causado por translação Tanto a translação como o armazenamento dependem profundamente da topologia da bacia hidrográfica, isto é, de como estão dispostos no espaço as vertentes e a rede de drenagem. Entretanto, os métodos clássicos da hidrologia para cálculo do hidrograma de saída não explicitam os papéis das vertentes e da rede de drenagem, preferindo tratar a bacia como um sistema Ciclo Hidrològico e Bacia Hidrográfica 45 vertentes e a rede de drenagem. Entretanto, os métodos clássicos da hidrologia para cálculo do hidrograma de saída não explicitam os papéis das vertentes e da rede de drenagem, preferindo tratar a bacia como um sistema que funciona à base da translação e/ou armazenamento. Baseado na translação existe o método do "histograma tempo-área” de Ross (1921); no armazenamento tem-se o método de Clark (1945), e, com ambos fenômenos implícitos, o método do hidrograma unitário de Sherman (1932). Mais recentemente Rodriguéz-Iturbe e Valdés (1979) desenvolveram uma metodologia que introduz quantitativamente o efeito da geomorfologia da rede de drenagem na teoria do hidrograma unitário instantâneo. O hidrograma unitário instantâneo geomorfológico, HUIG, como passou a ser chamado, foi interpretado como uma função densidade de probabilidade do tempo gasto por uma gota de chuva até atingir o exutório da bacia, função esta que, por sua vez, depende da geomorfologia. A geomorfologia é introduzida no HUIG geralmente através de índices da rede de drenagem como os de Horton (1945) e Strahler (1957). índices deste tipo são obtidos da rede de drenagem desenhada em planta nos mapas topo-hidrográficos. Como o HUIG é fundamentalmente um operador de translação, normalmente é simulado o efeito de armazenamento nos canais da rede de drenagem através de reservatórios lineares. Para levar em conta também o funcionamento das vertentes, já eix o HUIG contempla só a rede de drenagem, é possível agregar à estrutura do HüíG uma função representativa baseada nos mecanismos físicos de geração de escoamentos nas vertentes (Mesa e Mifflin,1986). Outra abordagem sobre a contribuição das vertentes na geração do hidrograma de saída da bacia é dada por Beven e Kirkby (1979). A partir da constatação de que diferentes partes da bacia têm normalmente diferentes capacidades de infiltração e teores de umidade, fazendo com que as vertentes gerem escoamentos de diferentes magnitudes, os referidos pesquisadores relacionaram este fato com um índice topográfico de declividade. Este índice topográfico é correlacionado com a umidade subsuperficial do solo e, quando é obtido para diversas partes da bacia, conduz a um diagrama que identifica a porcentagem da área da bacia que está efetivamente gerando escoamento superficial. A simulação matemática com modelos que discretizam a bacia de forma distribuída, isto é, que calculam o escoamento na rede de canais, trecho a trecho, e o aporte a estes trechos, considerando diversas sub-bacias, é outra maneira de obter o hidrograma, levando em conta os efeitos de translação e armazenamento e os papéis das vertentes e dos canais. Fisiografia da bacia hidrográfica Consideram-se dados fisiográficos de uma bacia hidrográfica todos aqueles dados que podem ser extraídos de mapas, fotografias aéreas e imagens 46 Hidrologia de satélite. Basicamente são áreas, comprimentos, declividades e coberturas do solo medidos diretamente ou expressos por índices. A seguir são comentadas algumas destas medidas e índices mais utilizados. Área da bacia - representada normalmente por A, a área é um dado fundamental para definir a potencialidade hídrica da bacia hidrográfica, porque seu valor multiplicado pela lâmina da chuva precipitada define o volume de água recebido pela bacia. Por isso considera-se como a área da bacia hidrográfica a sua área projetada verticalmente. Uma vez definidos os contornos da bacia, a sua área pode ser obtida por planimetragem direta de mapas que já incorporam a projeção vertical. Também é possível determinar a área de uma bacia por cálculos matemáticos de mapas arquivados eletronicamente através do SIG (Sistemas de Informação Geográfica). índices de drenagem - à rede de drenagem podem ser atribuídos diversos índices. O mais simples trata apenas da medição em planta do comprimento L do curso de água principal. Outros procuram representar a totalidade da rede de drenagem como os resultantes do trabalho de Horton (1945) que demonstrou a validade das seguintes relações empíricas, que tendem a ser constantes em uma bacia: N R = 'jq---- relação de bifurcação (2.2) u + l L Rl - £— relação dos comprimentos (2.3) u - l sendo o numero total de cursos de água da rede de drenagem com ordem u, e , a média dos seus comprimentos em planta. Os subíndices u+l e u-l representam, respectivamente, uma ordem imediatamente superior e uma ordem imediatamente inferior a u. O ordenamento é feito com números inteiros, começando com 1. Schumm (1956) propôs uma lei análoga às de Horton para relacionar áreas de contribuição correspondentes às ordens sucessivas dos canais: A = × relação de áreas (2.4) u - l onde A ̂ é a média das áreas contribuintes dos canais de ordem u e A , dos u-l canais de ordem u-l. Como critérios de ordenamento dos canais da rede de drenagem de uma Giclo Hidrológico e Bacia Hidrográfica 47 bacia hidrográfica, destacam-se os de Horton (1945) e Strahler (1957). No sistema de Horton os canais de primeira ordem são aqueles que não possuem tributários; os canais de segunda ordem têm apenas afluentes de primeira ordem; os canais de terceira ordem recebem afluência de canais de segunda ordem, podendo também receber diretamente canais de primeira ordem; sucessivamente, um canal de ordem u pode ter tributários de ordem u-1 até 1. Isto implica atribuir a maior ordem ao rio principal, valendo esta designação em todo o seu comprimento, desde o exutório da bacia até sua nascente. No sistema de Strahler é evitada a subjetividade de classificação das nascentes. Para Strahler, todos os canais sem tributários1 são dê primeira ordem, mesmo que sejam nascentes dos rios principais e afluentes; os canais de segunda ordem são os que se originam da confluência de dois canais de primeira ordem, podendo ter afluentes também de primeira ordem; ds canais de terceira ordem originam-se da confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeira ordens; sucessivamente, um canal de ordem u é formado pela união de dois canais de ordem u-1, podendo receber afluência de canais com qualquer ordem inferior. Portanto, no sistema de Strahler,
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