Buscar

CADERNO CULPABILIDADE

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ 
FACULDADE NACIONAL DE DIREITO – FND 
DIREITO PENAL I 
 
 
 
 
 
 
CARLOS EDUARDO HOLZ 
 
 
 
 
 
 
CULPABILIDADE 
 
 
 
 
 
Turma C 
Rio de Janeiro 
2018 
2 
 
CARLOS EDUARDO HOLZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CULPABILIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado na disciplina de 
Direito Penal I da Faculdade Nacional de 
Direito ao Professor Thiago Celli Moreira 
de Araujo. 
 
 
 
 
 
 
Turma C 
Rio de Janeiro 
2018 
3 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4 
1. CONCEITO ....................................................................................................................... 5 
1.1. CONCEITO PSICOLÓGICO .................................................................................. 5 
1.2. CONCEITO PSICOLÓGICO-NORMATIVO ....................................................... 5 
1.3. CONCEITO NORMATIVO ..................................................................................... 6 
2. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE .......................................................................... 6 
2.1. IMPUTABILIDADE ................................................................................................. 6 
2.1.1 EMBRIAGUEZ COMPLETA E TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA ........ 7 
A) EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA ............................................................................. 7 
B) EMBRIAGUEZ CULPOSA ...................................................................................... 8 
C) EMBRIAGUEZ FORTUITA .................................................................................... 8 
D) EMBRIAGUEZ POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR ......................................... 8 
2.1.2. DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO OU IMCOMPLETO ........... 8 
2.2. CONHECIMENTO DO INJUSTO OU DA ILICITUDE ...................................... 9 
2.2.1. ERRO DE PROIBIÇÃO .................................................................................... 9 
A) ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO ..................................................................... 10 
B) ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO ................................................................ 10 
C) DESCONHECIMENTO DA LEI ....................................................................... 10 
2.3. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA ..................................................... 10 
2.3.1. INEXIGIBILIDADE NA COLISÃO DE DEVERES ................................... 10 
2.3.2. INEXIGIBILIDADE POR COAÇÃO IRRESISTÍVEL .............................. 11 
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 12 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
O presente trabalho visa abordar sobre culpabilidade, perpassando pela sua definição ao 
longo do tempo e, posteriormente, os elementos e conceitos deste instituto, que são de extrema 
importância para o direito penal brasileiro. E tem como finalidade facilitar o estudo neste tema 
de alta relevância, abordando os elementos que a compõe e as situações que poderão excluí-la, 
isentando de pena o agente. 
 A primeira parte visa abordar a evolução do seu conceito no decorrer do tempo, 
analisando, portanto, as características do conceito psicológico, psicológico-normativo e 
normativo. De igual sorte, busca entender os elementos da Culpabilidade, trazendo as 
definições e características de Imputabilidade, Conhecimento do Injusto e da Exigibilidade de 
Conduta Diversa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1. CONCEITO 
A Culpabilidade é o elemento do conceito analítico de delito que retrata o juízo de 
reprovação da ordem jurídica sobre o agente após a realização do fato punível. Pode-se dizer 
que a Culpabilidade tem a função de preceder a aplicação da pena. Trata-se de um juízo relativo 
à necessidade de aplicação da sanção penal. Na Culpabilidade, questiona-se se o agente poderá 
ser responsabilizado penalmente. 
Esse conceito teve modificações no decorrer do tempo. Conforme diz Cirino (2017, p. 
276), 
O conceito normativo de culpabilidade é produto de mais de um século de 
controvérsia sobre sua estrutura, que começa com o conceito psicológico de 
culpabilidade no século 19, evolui para o conceito psicológico-normativo no início do 
século 20, transforma-se em conceito exclusivamente normativo durante o século 20 
– e hoje, no início do século 21, parece imerso em profunda crise. 
 
1.1. CONCEITO PSICOLÓGICO 
Essa teoria desenvolveu-se segundo a concepção clássica (positivista-naturalista) do 
delito. Para a concepção clássica, o delito constitui-se de elementos objetivos (fato típico e 
ilicitude) e subjetivos (culpabilidade). A ação humana é tida como um movimento corporal 
voluntário que produz uma modificação no mundo exterior. Integram a ação: a vontade, o 
movimento corporal e o resultado. A vontade é despida de conteúdo (finalidade/querer-interno). 
Esse conteúdo (finalidade visada pela ação), figura na culpabilidade. O conteúdo da vontade, 
ou seja, o dolo e a culpa, situam-se na culpabilidade. A culpabilidade é vista como um nexo 
psíquico entre o agente e o fato criminoso. 
Para Cirino (2017), o abandono por tal conceito ocorreu devido aos defeitos que 
apresentava, pois é incapaz de abranger a imprudência inconsciente, em que inexiste relação 
psicológica do agente com o fato. De igual sorte, o conceito psicológico de culpabilidade não é 
suficiente para aferir situações de anormalidade. 
 
1.2. CONCEITO PSICOLÓGICO-NORMATIVO 
Neste conceito, introduz-se à culpabilidade um elemento normativo, ou seja, um juízo 
de censura que se faz ao autor do fato, e, como pressuposto deste, a exigibilidade de conduta 
conforme a norma. Segundo Cirino (2017, p. 278), “a introdução do componente normativo no 
conceito de culpabilidade produziu o conceito psicológico-normativo de culpabilidade, 
dominante na primeira metade do século 20”. No campo jurídico, afirma-se que o direito como 
realidade cultural é valorativo. A noção de valor, portanto, marca a diferença entre as ciências 
naturais (método ontológico) e as ciências jurídicas (método axiológico). 
6 
 
 
1.3.CONCEITO NORMATIVO 
É o conceito adotado atualmente pelo direito penal brasileiro. Tem como fundamento a 
teoria finalista da ação desenvolvida pelo jurista alemão Hans Welzel. Conforme Cirino (2017, 
p. 279), 
Na segunda metade do século 20, a teoria finalista e o conceito pessoal de injusto de 
Welzel revolucionariam, simultaneamente, a teoria do tipo e a teoria da culpabilidade, 
mediante deslocação do dolo (consciência e vontade do fato) e da imprudência (lesão 
do cuidado objetivo exigido), da categoria da culpabilidade para a categoria do tipo 
de injusto (subjetivo), excluindo os componentes psicológicos da culpabilidade, 
reduzida aos componentes normativos dos juízos de reprovação e de exculpação. 
 
Segundo Welzel, a ação humana não pode ser considerada de forma dividida (aspecto 
objetivo e subjetivo), considerando que toda ação voluntária é finalista, ou seja, traz consigo o 
querer-interno. O processo causal é dirigido pela vontade finalista. Desse modo, a ação típica 
deve ser concebida como um ato de vontade com conteúdo (finalidade/querer interno). O dolo 
e a culpa são retirados da culpabilidade e passam a integrar o fato típico.Com isso, a conduta 
típica passa a ser dolosa ou culposa. No entanto, retira-se do dolo seu aspecto normativo 
(consciência da ilicitude). A consciência da ilicitude, passa a figurar como elemento da 
culpabilidade, ao lado da imputabilidade e da exigibilidade de conduta diversa. 
Segundo Roxin (1997 apud Cirino, 2017, p. 280), atualmente, “[...] a tese da 
culpabilidade como fundamento da pena foi substituída pela tese da culpabilidade como 
limitação do poder de punir, com a troca de uma função metafísica de legitimação da punição 
por uma função política de garantia da liberdade individual.” 
Com isso, a culpabilidade passa a ser puramente normativa, abarcando elementos que 
“condicionam a reprovabilidade da conduta contrária ao Direito”(BITTENCOURT, 2012, 
p.169). 
 
2. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE 
 Segundo Cirino (2017), esta estrutura é formada por um conjunto de elementos a fim de 
explicar o porquê o agente é reprovado. Há, portanto, três elementos nesta estrutura, que são: 
imputabilidade, conhecimento do injusto e exigibilidade de conduta diversa. 
 
2.1. IMPUTABILIDADE 
Imputabilidade é o conjunto de condições pessoais mínimos que capacitam o sujeito a 
saber e controlar o que faz. Consiste na atribuição de capacidade para o agente ser 
7 
 
responsabilizado criminalmente. O agente é considerado imputável quando, ao tempo da 
conduta, for capaz de entender o caráter ilícito do fato. Conforme Cirino (2017), será excluída 
ou reduzida nas hipóteses de (i) menoridade – ressaltando que a inimputabilidade penal pelo 
critério biológico tem previsão constitucional, portanto só pode ser alterada por Emenda 
Constitucional, e há limitação material ao poder de emenda, podendo ser considerada como 
cláusula pétrea – ou de (ii)doenças e anomalias mentais incapacitantes, conforme previsto nos 
artigos 26, caput; 27; e 28, §1° do Código Penal e artigo 45 da Lei 11343/2006, que considera 
o efeito fortuito ou de força maior e a dependência de droga como situações patológicas agudas 
ou crônicas excludentes da capacidade de culpabilidade. 
Imputável, portanto, é o agente capaz de responder penalmente por uma ação delitiva 
praticada, e inimputável é o agente que não é capaz. 
 
2.1.1 EMBRIAGUEZ COMPLETA E TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA 
É evidente que a embriaguez completa coloca o sujeito em estado de inimputabilidade, 
mas a possibilidade de um indivíduo se utilizar de bebidas alcoólicas ou quaisquer outras drogas 
para colocar-se proposital ou culposamente em situação de inimputabilidade constitui sério 
problema a ser enfrentado pela política criminal e pela doutrina (informação verbal1). 
Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou substância de efeitos 
análogos. Em virtude da embriaguez, para que haja exclusão da imputabilidade, deve faltar ao 
agente capacidade de entendimento do caráter ilícito do fato ou capacidade de determinação de 
acordo com esse entendimento. 
Diz o art. 28, § 1°, do Código Penal: 
"É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito 
ou força maior, era ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. 
A teoria da Actio Libera in Causa foi elaborada para responsabilizar o agente que 
livremente decidiu-se pelo consumo de bebida ou entorpecente e, depois de alcançada a situação 
de inimputabilidade, cometeu um crime. 
 
A) EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA 
A embriaguez voluntária se verifica quando o agente consome bebidas alcoólicas agindo 
livre, voluntária e conscientemente, ou seja, o agente escolheu beber e ficar bêbado. Neste caso, 
 
1 Informações obtidas na aula de Direito Penal I, e fornecidas pelo professor Thiago Celli Moreira de Araujo, no 
dia 20/06/2018. 
8 
 
não se exclui a culpabilidade, podendo, dependendo do caso, ser utilizado para agravar ou 
atenuar a pena (informação verbal2). 
 
B) EMBRIAGUEZ CULPOSA 
Segundo Cirino (2017), a embriaguez culposa ocorre quando o agente não quer se 
embriagar, o agente não tem dolo de embriagar-se, mas tal fato acaba acontecendo devido ao 
seu comportamento descuidado. Pode ser que o agente não saiba beber, acha que está no limite, 
e somente depois que passou do limite ele percebe foi além do que deveria. Ressalta-se que este 
somente é relevante enquanto há prática do crime. Neste caso, não é excluída a culpabilidade, 
mas pode servir como agravante ou atenuante da pena. 
 
C) EMBRIAGUEZ FORTUITA 
A embriaguez fortuita, segundo Cirino (2017), é verificada quando o agente não quer se 
embriagar, mas, por acidente atribuível ao acaso, ocorre a embriaguez. Ocorre quando o agente 
desconhece o efeito da substância que ingere ou desconhece alguma condição particular de 
suscetibilidade a ela, ou seja, o agente bebe sem saber que está bebendo. Neste caso, é excluída 
a culpabilidade e, portanto, é excluída a pena. 
 
D) EMBRIAGUEZ POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR 
A embriaguez por motivo de força maior decorre da situação de fato que obriga, em 
razão da superioridade de forças, que o agente se embriague. Quando o agente não é responsável 
pela ingestão da substância alcoólica ou de efeitos análogos, como nos casos de ser forçado a 
dela fazer uso. Neste caso, ocorre a ingestão forçada por meio de coação física, sendo excluída, 
portanto, a culpabilidade e, consequentemente, a pena (informação verbal3). 
 
2.1.2. DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO OU IMCOMPLETO 
As doenças mentais são muito numerosas, sendo certo que não há concordância na 
doutrina para uma classificação. De forma genérica, pode-se considerar doenças mentais as 
psicoses causadas por traumas e por tumores ou inflamações no órgão cerebral, neuroses, 
epilepsias, esquizofrenias, paranoia, etc. (informação verbal4) 
 
2 Informações obtidas na aula de Direito Penal I, e fornecidas pelo professor Thiago Celli Moreira de Araujo, no 
dia 20/06/2018. 
3 Idem. 
4 Idem. 
9 
 
Sobre doenças mentais, é importante esclarecer que são considerados como 
desenvolvimento mental retardado ou incompleto: (i) debilidades mentais que admitem 
frequência a escolas especiais ou realização de atividades práticas, mas não o exercício de 
profissões; (ii) As imbecilidades com exigência de cuidados especiais da família ou de 
instituições, mas sem possibilidade de vida independente; e (iii) As idiotias marcadas pela 
necessidade de custódia e, frequentemente, pela incapacidade de falar (informação verbal5). 
 
2.2.CONHECIMENTO DO INJUSTO OU DA ILICITUDE 
Segundo Cirino (2017), conhecimento do injusto é o conhecimento concreto do valor 
que permite ao autor imputável saber realmente o que faz. É excluído ou reduzido em casos de 
erro de proibição. Para que haja o juízo de reprovação é necessário que o agente possua a 
consciência da ilicitude do fato ou que ao menos tenha a possibilidade de conhecê-la. 
 
2.2.1. ERRO DE PROIBIÇÃO 
O erro de proibição é instituto que produz efeitos na potencial consciência da ilicitude 
do fato, que é elemento do juízo de reprovação da culpabilidade. Na lição de Welzel: “um 
agente sabe o que faz, porém supõe erroneamente que estava permitido; não conhece a norma 
jurídica ou não a conhece bem (interpreta-a mal) ou supõe erroneamente que concorre em causa 
de justificação. Ou seja, o autor sabe o que faz tipicamente, mas supõe de modo errôneo que 
isto era permitido (informação verbal6) 
Na culpabilidade, o agente, quando em erro de proibição, sabe o que está fazendo, mas 
acha que está amparado pela letra da lei. O agente sabia o que estava fazendo, mas nãosabia 
que estava indo contra o ordenamento. 
Assim como no erro de tipo, o erro de proibição pode ser evitável ou inevitável. É 
inevitável quando o agente, na época da realização dos fatos, não tinha consciência da 
ilegalidade dos fatos, nem potencial da ilicitude, ou seja, nas circunstâncias em que se 
encontrava, não tinha como saber se o ato era ilícito – neste caso, haverá isenção de pena, ou 
seja, exclusão de culpabilidade. Por fim, considera-se evitável no erro de proibição se o agente 
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato quando lhe era possível nas 
circunstâncias ter ou atingir essa consciência – neste caso a pena será diminuída de 1/6 a 1/3. 
 
 
5 Informações obtidas na aula de Direito Penal I, e fornecidas pelo professor Thiago Celli Moreira de Araujo, no 
dia 20/06/2018. 
6 Idem. 
10 
 
A) ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO 
Verifica-se quando o agente desconhece a norma proibitiva ou não conhece 
adequadamente seu âmbito de incidência. Nesses casos, o erro incide sobre a fonte direta de 
conhecimento da ilicitude que é a norma proibitiva. 
Para Cirino (2017), o erro de proibição direto pode existir de duas formas, podendo ser 
de forma positiva, ou seja, de representação da juridicidade, e de forma negativa, no qual não 
há representação da antijuridicidade no comportamento. Sempre terá como objetivo a lei penal. 
 
B) ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO 
Também conhecido como erro de permissão, de acordo com Cirino (2017), ocorre 
quando o sujeito supõe a existência de causa de justificação inexistente ou percebe com 
imperfeição os limites da causa de justificação existentes. 
 
C) DESCONHECIMENTO DA LEI 
A questão não é simples e deve ser considerada com cautela. Com a Reforma de 1984, 
criminalistas passaram a questionar a máxima sobre a irrelevância do desconhecimento da Lei, 
uma vez que perceberam que o Direito não se reduz à Lei formal, e, de igual sorte, passou-se a 
admitir a possibilidade de exclusão ou de atenuação do juízo de censura da culpabilidade diante 
do erro da ilicitude do fato (informação verbal7). 
 
2.3. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
A exigibilidade de conduta diversa é a expressão da normalidade das circunstâncias do 
fato e concreta indicação do poder de não fazer o que faz, ou seja, qualquer pessoa em seu lugar 
faria o mesmo. Neste contexto, portanto, segundo Cirino (2017), não é razoável, exigir que o 
agente agisse de maneira diferente naquelas circunstâncias. 
 
2.3.1. INEXIGIBILIDADE NA COLISÃO DE DEVERES 
Em inexigibilidade na colisão de deveres o agente percebe claramente a finalidade 
protetiva da norma jurídica, mas não se orienta por ela porque lhe sobrepõe um imperativo de 
ética superior. A convicção funciona assim como legitimação pessoal para a prática do ato 
proibido. (informação verbal) 
 
7 Informações obtidas na aula de Direito Penal I, e fornecidas pelo professor Thiago Celli Moreira de Araujo, no 
dia 20/06/2018. 
11 
 
2.3.2. INEXIGIBILIDADE POR COAÇÃO IRRESISTÍVEL 
A coação moral, prevista na primeira parte do artigo 22, do Código Penal, poderá ocorrer 
mediante violência que maltrata o indivíduo e o obriga para a resolução delitiva viciada pela 
coação. Se a coação moral for física e irresistível, não haverá ação teleológica, portanto, será 
considerado fato atípico. A responsabilidade desloca-se do coagido para o co-autor. A coação 
irresistível será verificada a partir das características do coagido. 
Já na obediência hierárquica, disposta na segunda parte do artigo 22, há relação de 
hierarquia sendo que o sujeito subalterno comete conduta típica em razão da ordem 
aparentemente legal emanada por superior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
CONCLUSÃO 
 
A partir do presente trabalho, pode-se aferir que a Culpabilidade teve seu conceito 
modificado ao longo do tempo, sendo atualmente compreendida como princípio limitador ao 
direito punitivo do Estado. E que é importantíssimo e necessário que o juiz analise 
criteriosamente os três elementos essenciais da Culpabilidade ao julgar o caso. Pois, quando os 
operadores do direito não levam em conta a Imputabilidade, o Conhecimento do Injusto e a 
Exigibilidade de Conduta Diversa, implicarão na inexistência da própria Culpabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
REFERÊNCIAS 
 
BITTENCOURT, C. R. Tratado de direito penal: parte geral, I. 17. Ed. São Paulo: Saraiva, 
2012. 
 
BRASIL. Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dez. de 1940. Institui o Código Penal. Disponível em: 
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529748/codigo_penal_1ed.pdf.> Acesso 
em: 03 de jul. 2018. 
 
BRASIL. Lei n. 11.343, de 23 de ago. de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas 
sobre Drogas – Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção 
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não 
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Disponível em: 
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/154489/000154489.pdf?sequence=2>. 
Acesso em: 03/07/2018. 
 
CIRINO, J. Direito Penal: Parte Geral. 7. ed. Florianópolis: Empório do Direito, 2017. 
	INTRODUÇÃO
	1. CONCEITO
	1.1. CONCEITO PSICOLÓGICO
	1.2. CONCEITO PSICOLÓGICO-NORMATIVO
	1.3. CONCEITO NORMATIVO
	2. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE
	2.1. IMPUTABILIDADE
	2.1.1 EMBRIAGUEZ COMPLETA E TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA
	A) EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA
	B) EMBRIAGUEZ CULPOSA
	C) EMBRIAGUEZ FORTUITA
	D) EMBRIAGUEZ POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR
	2.1.2. DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO OU IMCOMPLETO
	2.2. CONHECIMENTO DO INJUSTO OU DA ILICITUDE
	2.2.1. ERRO DE PROIBIÇÃO
	A) ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO
	B) ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO
	C) DESCONHECIMENTO DA LEI
	2.3. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
	2.3.1. INEXIGIBILIDADE NA COLISÃO DE DEVERES
	2.3.2. INEXIGIBILIDADE POR COAÇÃO IRRESISTÍVEL
	CONCLUSÃO
	REFERÊNCIAS

Continue navegando