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1 Ciência, Inovação e Tecnologia Coletânea de Publicações 2017 2 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG C569 Ciência, inovação e tecnologia: coletânea de publicações 2017/Organizadores: Paulo Roberto Megna Francisco...[et al.] - Campina Grande: EPGRAF, 2017. 176 f. ISBN: 978-85-60307-24-1 1. Engenharias. 2. Desenvolvimento Tecnológico. 3. Ideias Inovadoras. 4. Difusão. I. Francisco, Paulo Roberto Megna. II. Baracuhy, José Geraldo de Vasconcelos. III. Furtado, Dermeval Araújo. IV. Título CDU 62 3 Organizadores Paulo Roberto Megna Francisco José Geraldo de Vasconcelos Baracuhy Dermeval Araújo Furtado Ciência, Inovação e Tecnologia Coletânea de Publicações 2017 EPGRAF 1.a Edição Campina Grande-PB 2017 4 Realização Revisão, Editoração e Arte da Capa Paulo Roberto Megna Francisco Créditos de Imagens da Capa Freepick.com 1.a Edição 5 Comissão Científica do Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia - CONTECC Raimundo Cosme de Oliveira Doutor em Agronomia - ULBRA/EMBRAPA Jose Wallace Barbosa Nascimento Doutor em Engenharia Civil – CCTA/UFCG Vera Lúcia Antunes de Lima Doutora Eng. Agrícola – UAEA/UFCG Valdez Aragão de Almeida Filho Doutor em Engenharia Elétrica e da Computação - UNIFESSPA Newton Sure Soeiro Doutor em Engenharia Mecânica – UFPA Júlio Cesar de Pontes Doutor em Recursos Naturais - IFRN Paulo Sérgio da Silva Pantoja Mestre em Engenharia do Ambiente - IFPA Josivanda Palmeira Gomes Doutora em Engenharia de Alimentos – CCTA/UFCG Paulo Roberto Megna Francisco Doutor em Eng. Agrícola – UFPB Aline Costa Ferreira Doutora em Eng. Agrícola – CCTA/UFCG José Geraldo de Vasconcelos Baracuhy Doutor em Recursos Naturais – UAEA/UFCG Dermeval Araújo Furtado Doutor em Recursos Naturais – UAEA/UFCG Homero Catão Maribondo da Trindade Doutor em Engenharia de Produção - UFPB Vitor William Batista Martins Mestre em Engenharia Civil – UEPA 6 SUMÁRIO SUMÁRIO .................................................................................................................................... 6 Comentários dos Organizadores ...................................................................................... 8 APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 10 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11 Capítulo 1 ................................................................................................................................ 12 Acessibilidade no transporte público por ônibus à escola superior de tecnologia, localizada na cidade de Manaus-AM ............................................. 12 Capítulo 2 ................................................................................................................................ 19 Análise da cadeia produtiva do caranguejo-uçá (ucides cordatus linnaeus, 1763) na vila do Treme, Bragança, Pará ......................................... 20 Capítulo 3 ................................................................................................................................ 27 Análise da implementação de um sistema de microgeração de energia utilizando microinversor e inversor multi-string............................................. 27 Capítulo 4 ................................................................................................................................ 34 Análise de consolo curto como solução empregada para apoio de laje pré-moldada ..................................................................................................................... 34 Capítulo 5 ................................................................................................................................ 41 Avaliação da viabilidade ambiental na agrovila Calúcia município de Castanhal, Pará ............................................................................................................... 41 Capítulo 6 ................................................................................................................................ 46 Avaliação de estresse em discentes de engenharia da Universidade Federal do Ceará ............................................................................................................ 46 Capítulo 7 ................................................................................................................................ 52 Características agronômicas da cultura do milho em diferentes espaçamentos e densidades populacionais ......................................................... 52 Capítulo 8 ................................................................................................................................ 58 Caracterização físico hídrica de três solos representativos do município de Medicilândia, Estado do Pará ............................................................................. 58 Capítulo 9 ................................................................................................................................ 64 Comportamento da distribuição pluviométrica e suas consequências na cobertura vegetação no município de Sumé ...................................................... 64 Capítulo 10 ............................................................................................................................. 71 Conversor CC/CA com 3 estágios utilizando painéis fotovoltaicos para controlar um sistema autônomo de irrigação................................................... 71 Capítulo 11 ............................................................................................................................. 79 Estudo numérico do escoamento e das características aerodinâmicas em aerofólios com FLAP ..................................................................................................... 79 Capítulo 12 ............................................................................................................................. 86 7 Fertilización orgánica y mineral en el desarrollo vegetativo y productivo de camu-camu en condiciones de tierra firme .................................................. 86 Capítulo 13 ............................................................................................................................. 93 Impacto de itens omissos em orçamentos de obras públicas: estudo de caso de creche/escola de educação infantil padrão FNDE .......................... 93 Capítulo 14 ........................................................................................................................... 100 Índice SPAD em diferentes genótipos de feijão-caupi submetidos à salinidade na água de irrigação ............................................................................ 100 Capítulo 15 ...........................................................................................................................106 Influência da irrigação com água salina sobre o crescimento de diferentes cultivares de crisântemo ..................................................................... 106 Capítulo 16 ........................................................................................................................... 113 Integração entre arte e tecnologia para o desenvolvimento de ambientes interativos ....................................................................................................................... 113 Capítulo 17 ........................................................................................................................... 120 Medição da poluição sonora no restaurante universitário da UFCG ..... 120 Capítulo 18 ........................................................................................................................... 126 Monitoramento da poluição atmosférica por meio da análise de metais em água das chuvas .................................................................................................... 126 Capítulo 19 ........................................................................................................................... 133 Os aspectos geoespaciais da densidade de arborização urbana em estudos de avaliação de imóveis ............................................................................ 133 Capítulo 20 ........................................................................................................................... 140 Parâmetros das superfícies de controle para estabilidade longitudinal estática de um protótipo de aero design rádio controlado ....................... 140 Capítulo 21 ........................................................................................................................... 148 Projeto e construção de um forno para tratamento térmico de aços ... 148 Capítulo 22 ........................................................................................................................... 155 Relação entre área impermeável e densidade demográfica com a aplicação de geoprocessamento de dados ........................................................ 155 Capítulo 23 ........................................................................................................................... 162 Variação mensal das concentrações de nutrientes da serapilheira em área de floresta na Amazônia Oriental .............................................................. 162 Capítulo 24 ........................................................................................................................... 169 Variação radial das propriedades físicas e anatômicas da madeira de sterculia apetala (xixá) ............................................................................................. 169 Curriculum dos Organizadores .................................................................................... 176 8 Comentários dos Organizadores O que se quer nas próximas edições do CONTECC é o compartilhamento e disseminação de experiências relevantes para o avanço de temas relevantes para o Brasil, principalmente voltados para a inovação, empreendedorismo e sustentabilidade; Ampliar a quantidade e aprimorar a qualidade dos trabalhos técnico-científicos, com ênfase aos profissionais integrantes do sistema CONFEA/CREA; Expandir parcerias para maior participação de empresas e lideranças empresariais; Estimular a cultura e a oferta de espaços qualificados para as empresas realizarem rodadas de negócios, apresentando produtos, tecnologias e serviços inovadores; Lançar cursos e workshops para formação e aperfeiçoamento de competências e lideranças em Inovação e Empreendedorismo; Internacionalizar uma rede em inovação e empreendedorismo em temas de Engenharia e Agronomia; Consolidar um ecossistema moderno e colaborativo de boas práticas em Inovação e Empreendedorismo na formação de estudantes na Engenharia e Agronomia (técnicos, graduação, pós-graduação, pesquisa e desenvolvimento), atualização e exercício profissional; Aperfeiçoar habilidades e competências dos profissionais da Engenharia e Agronomia com os rápidos avanços da tecnologia e os imperativos da produtividade, competitividade, inovação e empreendedorismo. O desafio permanente seria aprimorar o processo de planejamento e gestão rumo ao futuro, assegurando continuidade sem interrupções ou atrasos; Facilitar a comunicação de ideias, propostas e iniciativas entre as sucessivas administrações e lideranças do Sistema CONFEA-CREA-MUTUA, Universidades, Empresas, sem limitar "a priori" as escolhas e ações; e, Tratar as propostas de forma articulada, meritocrática e estruturada, com envolvimento das forças "vivas e legítimas" do Sistema, cujas soluções demandam vontade política, esforço executivo, acertos e erros. As estratégias seriam expandir o acesso a EaD profissional, conforme demandas econômicas locais; Articular, incentivar, consórcios públicos-privados com atores relevantes do ecossistema de inovação e empreendedorismo; Criar parcerias com empresas locais compartilhando as melhores práticas, tecnologias, e inovações para os negócios, trabalho e empreendedorismo; Valorizar mudanças contínuas de paradigmas de inovação institucional. Desde a concepção e realização do CONTECC, onde uma das opções para que este fosse um Congresso diferenciado, foi a introdução 9 da publicação de trabalhos técnicos e científicos em todas as áreas da Engenharia e Agronomia, propiciando, também, uma oportunidade aos estudantes, professores, pesquisadores e, especialmente aos profissionais do sistema Confea/Crea, divulgar seus trabalhos, notas técnicas, experiências profissionais, etc., e a ao longo das quatro edições do CONTECC nota-se uma melhora acentuada nos trabalhos publicados, com uma ampliação nos trabalhos sobre Educação, Gestão e Experiência profissional, salientando que o congresso já deixa um legado de mais de 1500 artigos, disponíveis para consultas publicas no site do Confea, artigos que podem contribuir no desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, contribuindo para o desenvolvimento cientifico e tecnológico do Brasil. Os organizadores Campina Grande, agosto de 2017 10 APRESENTAÇÃO Educação, Ciência, Tecnologia, Inovação e a Cultura Empreendedora tornaram-se forças econômicas, sociais e políticas essenciais para acelerar o desenvolvimento e transformação nas sociedades humanas. Deles dependem a eficiência produtiva, competitividade, renda, trabalho, qualidade de vida e bem-estar social. Mais que uma acumulação quantitativa de riqueza, o uso do conhecimento tecnológico, científico e das habilidades, instrumentos e competências produtivas transformam qualitativamente as sociedades e nações. As relações econômicas, sociais e políticas modernas ocorrem em ambientes de crescente complexidade e mudança gerando novas exigências de flexibilidade e agilidade, interdisciplinaridade e inter institucionalidade, ética e qualidade. A organização eficaz desses paradigmas exige novos padrões de governança e inovação das instituições e indivíduos, em particular, na formação e capacitação continuada de alto nível do capital humano e cidadão. Iniciado com a Decisão Plenária nº PL-2104/2013 do CONFEA, que aprova a inclusão do CONTECC na Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA), visando a apresentação de trabalhos técnicos e científicos, de estudantes de graduação, pós-graduação bem como de profissionais das diversas áreas de atuação da engenharia e da agronomia. O CONTECC possibilita a divulgação de trabalhos multidisciplinares das áreas das profissões do Sistema CONFEA/CREA, promovendo a expansãodo conhecimento e o desenvolvimento nacional. A motivação e filosofia da plataforma CONTECC é criar e manter um ambiente dinâmico, colaborativo e multidisciplinar em temas da Engenharia e Agronomia de estímulo à troca de ideias, avaliação de propostas e aperfeiçoamento da prática da inovação e do empreendedorismo e arranjos de governança. O CONTECC possibilitou a conexão de profissionais da Engenharia e Agronomia, estudantes, agentes públicos e empresários do Brasil e exterior, inspirando-os a contribuir em uma agenda moderna de favor da tecnologia e inovação, para geração de riqueza, bem-estar social e desenvolvimento nacional. Portanto esperamos que esta obra venha a colaborar com o objetivo do CONTECC de promover o conhecimento e o desenvolvimento nacional. Lúcio Antônio Ivar do Sul Professor e Cons. Federal do CONFEA 11 INTRODUÇÃO Na sua quarta edição, o CONTECC, vinculado à SOEA é um dos mais bem-sucedido e importantes eventos organizados pelo sistema Confea/Crea, não apenas pelo seu caráter difuso, a cada ano é sediado por um estado do Brasil, como por sua abrangência por se tratar de uma plataforma de grande relevância para a discussão de ideias, mostra de inovações, intercâmbio de experiências e apresentação de trabalhos técnicos e científicos inéditos. A participação é aberta a professores, pesquisadores, estudantes, técnicos, empreendedores e profissionais do sistema Confea/Crea. Em 2017, o evento aconteceu no Estado do Pará, na cidade de Belém, capital do estado. Com o tema “A Responsabilidade da Engenharia e Agronomia para o Desenvolvimento do País” atraiu mais de três mil inscritos e convidados, recebeu cerca de seiscentos (600) trabalhos que são lidos, analisados, selecionados e classificados por uma comissão científica e publicados posteriormente. A premência de uma revolução técnico - cientifica que responda às exigências da sociedade pressiona todos os ramos da engenharia e ressalta a importância de atuação conjunta da Engenharia e Agronomia, em âmbito mundial, na busca de novas tecnologias de desenvolvimento. O êxito e a dimensão desse evento levou os organizadores a documentar a história do Contecc desde a sua concepção, desenvolvimento, implantação, receptividade e percepção do verdadeiro papel da engenharia na total integração entre a ciência, a tecnologia e a produção. Este livro reúne os trabalhos selecionados e apresentados em Belém -PA. Daniel Antonio Salati Marcondes Presidente em Exercício do CONFEA 12 Capítulo 1 Acessibilidade no transporte público por ônibus à escola superior de tecnologia, localizada na cidade de Manaus-AM Jackson Cascaes Duarte Tayná Shadia Neves de Souza Matheus Fonseca Ferreira Kattyline de Melo Barbosa INTRODUÇÃO Ainda hoje, ascender econômica e socialmente é um dos desejos mais comuns do homem, que vê em adquirir um diploma uma oportunidade para alcançar esse objetivo. Para tanto, fazer vestibular e consequentemente, ingressar em uma universidade são os próximos passos a serem dados por ele. Entretanto, não somente o engrandecimento acadêmico pessoal, o homem também possui outras necessidades, sendo elas: trabalho, lazer, compras, etc. Pelo fato destas atividades não serem realizadas todas num mesmo local, surge uma necessidade indispensável de se transporter (Kawamoto, 1994). Devido a essa necessidade de locomoção, o transporte público coletivo se mostra como uma excelente alternativa segura e acessível à população de baixa renda e também para aqueles que não possuem automóvel, não podem ou não querem dirigir. (Ferraz e Torres, 2004). Universidades, que costumam atrair diariamente um grande volume de pessoas, geram uma significativa demanda por transporte. Sendo assim, seus frequentadores usuais, os alunos, precisam de meios de fácil deslocamento de suas residências até a faculdade e vice-versa, o que vai garantir uma melhor qualidade de vida para os estudantes, uma vez que necessitam de tempo e disposição para se dedicar aos estudos, trabalho e outras ocupações. Nos grandes centros urbanos, o sistema de transporte público é responsável por grande parte dos deslocamentos. Na capital do Estado do Amazonas, Manaus, o transporte coletivo é operado predominantemente pela modalidade convencional, constituída por uma rede que conta com 220 linhas de ônibus distribuídas por toda a cidade. (PlanMob - Manaus, 2015; SMTU, 2016). 13 A Escola Superior de Tecnologia (EST), cuja localização é mostrada na Figura 1, situa-se na Av. Darcy Vargas, 1200, Bairro Parque 10 de Novembro. Trata-se de uma das cinco unidades acadêmicas, na capital do estado, Manaus, vinculadas à Universidade do Estado do Amazonas (UEA). No ano de 2012, foi registrada uma média de 2787 alunos matriculados, já em 2013, esse número aumentou para 2928 alunos efetivamente distribuídos entre os mais de 20 cursos ofertados pela instituição, cujo foco são engenharias e outros cursos afins. (UEA em Números, 2012; UEA em Números, 2013). Por atrair uma notável quantidade de alunos anualmente, tal universidade foi escolhida como local de estudo para verificar as linhas de ônibus que a atendem. Para tanto, foi realizada uma pesquisa junto à plataforma INFOBUS, através da qual foi possível averiguar os trajetos de origem e destino de cada linha, ao mesmo tempo, analisando por quais zonas da cidade trafegam. É de suma importância o conhecimento das zonas de origem, destino e intermediárias das linhas que atendem aos grandes polos geradores de passageiros, uma vez que permite a otimização do sistema, ao melhor planejar a frota criando linhas que atendam a todas as regiões da cidade e evitando linhas que se sobreponham, a fim de melhor atender a população. Figura 1. Localização da Escola Superior de Tecnologia (EST). 14 MATERIAIS E MÉTODOS Os objetos de estudo definidos para este trabalho foram os pontos de ônibus compreendidos no trecho da Av. Darcy Vargas que atendem a EST em ambos os sentidos, apresentados na Figura 2. Figura 2. Localização dos pontos de parada de ônibus próximos à EST. Para efeito de simplificação, considerou-se para este trabalho os pontos de parada como P1 e P2, mostrados nas Figuras 3 e 4, respectivamente. Figura 3. Ponto P1 situado na calçada da EST. 15 Figura 4. Ponto P2, situado em frente à EST. A metodologia adotada consistiu na utilização do programa INFOBUS, desenvolvido pela empresa mineira LOGANN Soluções Especiais, que se destina a proporcionar informações a respeito do transporte público coletivo dos grandes centros urbanos. Por meio do INFOBUS, é possível visualizar os pontos de ônibus da cidade de Manaus, bem como verificar quais linhas passam por cada parada, como demonstram as Figuras 5 e 6. Além disso, é possível pesquisar linhas e visualizar seus trajetos. Figura 5. Linhas de ônibus que atendem ao ponto P1. 16 Figura 6. Linhas de ônibus que atendem ao ponto P2. Inclusive, para garantir a confiabilidade do estudo em questão, foi examinado in loco o trânsito dessas linhas de ônibus nos períodos da manhã, tarde e noite no ponto de parada P1. Foi constatado que das dez linhas listadas na Figura 5, nove encontram-se operando no momento e apenas a linha 675 está inativa. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com o INFOBUS, pelos pontos de parada P1 e P2, trafegam um total de dez linhas de ônibus, sendo elas: 008; 118; 213; 502; 540; 671; 652; 672; 675 e 678, conforme indicado na Tabela 1. Analisando ambos os pontos, observou-se que na parada P1, operam todas as dez linhas, enquanto na parada P2 operam somente sete dessas linhas, sendo elas: 118; 213; 540;652; 672; 675 e 678. As outras três linhas restantes (008; 502 e 671) possuem um trajeto diferente nas suas viagens de ida e volta, transitando em somente um sentido da Av. Darcy Vargas, passando pela parada P1 apenas. A Tabela 1 também mostra qual o sentido de trajeto de cada linha ao passar pelo trecho estudado, indicando ida ou volta, bem como o tipo de linha, seus respectivos itinerários e se passam por P1 e P2. Observando-se in loco a movimentação dos pontos P1 e P2, constatou-se que somente sete dessas linhas: 008, 118, 213, 540, 652, 671 e 678, trafegam por ali todos os dias. Isso porque as linhas 672 e 675, que possuem trajetos semelhantes às linhas 652 e 678, respectivamente, foram criadas para reforçarem o atendimento de passageiros destas duas, operando apenas em dias úteis e em horários de picos. Vale lembrar que a linha 675 encontra-se inativa. Já a linha 502, se 17 trata de uma linha especial, cujo público alvo são frequentadores do Parque Municipal do Idoso - Fundação Dr. Thomas, operando apenas de segunda a sexta, com baixa frequência. Tabela 1. Linhas de ônibus que atendem à EST Linha Itinerário Ida Volta Pontos Tipo 008 Compensa/E. Salles/T5 X P1 Diametral 118 Sto. Agostinho/T2/Cachoeirinha X X P1 e P2 Alimentadora 213 Augusto Monte Negro/Ceasa X X P1 e P2 Diametral 502 Pq. do Idoso/T1/T2/Centro X P1 Radial 540 Ouro Verde/T1/Centro X X P1 e P2 Radial 652 T4/ T5/V-8/T1/Centro X X P1 e P2 Troncal 671 T5/T2/Cachoeirinha X P1 Alimentadora 672 T5/V-8/T1/Centro X X P1 e P2 Troncal 675 T5/V-8/Ponta Negra X X P1 e P2 Diametral 678 T4/T5/V-8/Ponta Negra X X P1 e P2 Diametral Em relação às rotas de cada linha estudada, a Tabela 2 exibe de que zonas da cidade elas partem e quais suas zonas de destino. Além de mostrar quais as zonas intermediárias pelas quais trafegam para finalizarem as suas rotas. Tabela 2. Zonas de origem, destinos e intermediárias das linhas que atendem à EST Linha Zona de origem Zona de destino Zonas intermediárias 008 OESTE LESTE SUL E CENTRO-SUL 118 OESTE SUL CENTRO-SUL 213 OESTE SUL CENTRO-OESTE E CENTRO-SUL 502 CENTRO-SUL SUL OESTE 540 LESTE SUL CENTRO-SUL 652 LESTE SUL CENTRO-SUL 671 LESTE SUL CENTRO-SUL 672 LESTE SUL CENTRO-SUL 675 LESTE OESTE CENTRO-OESTE 678 LESTE OESTE CENTRO-OESTE Sabe-se que a EST atrai anualmente alunos de todas as regiões do município de Manaus, no entanto os resultados demonstram que o transporte público coletivo ofertado para a mesma não atende a toda essa demanda. Analisando a Tabela 2, observou-se que somente existem 18 linhas com origem nas zonas Oeste, Centro-Sul e Leste e destinos nas zonas Leste, Sul e Oeste, que passam pela EST. Enquanto as zonas Norte e Centro-Oeste não possuem nenhuma linha de origem ou destino que trafegue no trecho estudado. Além disso, também foi constatado que algumas linhas passam por uma intermediária diferente das quatro principais (Oeste, Centro-Sul, Leste e Sul), como é o caso das linhas 213, 675 e 678, que transitam por parte da zona Centro-Oeste. Percebe-se que a carência das linhas que percorrem a Av. Darcy Vargas e que abrangem à todas as zonas da capital amazonense, faz com que os estudantes da EST tenham que se deslocar a terminais de ônibus ou outros pontos de parada para utilizar os coletivos que passam em frente à universidade, ou então, boa parte dos estudantes da instituição caminham até a parada em frente ao Manaus Plaza Shopping situado na Av. Djalma Batista, onde há uma oferta de linhas muito maior e que atendem a praticamente todas as zonas da cidade, porém o caminho é considerável, conforme mostrado na Figura 7, por volta de 1,4 km de extensão, que se torna cansativo, principalmente em horários de forte incidência solar, o que traz desconforto ao usuário, além de não ser um caminho seguro, devido a crescente quantidade de assaltos ocorridos à alunos desta unidade que fazem esse caminho diariamente. Figura 7. Trajeto da EST ao Manaus Plaza Shopping. CONCLUSÕES Conforme as informações levantadas neste estudo, as observações comprovam que alunos da EST que moram nas zonas Norte 19 e em parte da zona Centro-Oeste e fazem uso do sistema de transporte público por ônibus tem sua mobilidade afetada. Para chegar à universidade, muitas vezes, necessitam pegar mais de uma linha e realizar transbordos ou pegam somente uma linha, porém tem que desembarcar em pontos de avenidas adjacentes à Av. Darcy Vargas, tendo que fazer longas caminhadas. Pelo porte dessa Universidade Estadual que atrai muitos passageiros anualmente, faz-se necessário um estudo técnico mais aprofundado junto ao órgão competente: Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) que inclua a demanda, a frequência, os itinerários e a frota de veículos, visando realizar ajustes no planejamento do sistema de transporte coletivo que a atendem. REFERÊNCIAS Ferraz, A. C. P.; Torres, I. G. E. Transporte Público Urbano. 2. ed. São Carlos: Rima, 2004. Google Maps. Disponível em: <https://maps.google.com>. Acesso em: 01 mai. 2017. INFOBUS. Disponível em: <http://server1.infobus.engdb.com.br/manaus/>. Acesso em: 01 mai. 2017. Kawamoto, E. Análise de Sistemas de Transportes. 2. ed. EESC, São Carlos, 1994. PlanMob-Manaus. Plano de Mobilidade de Manaus. Disponível em: <http://www2.manaus.am.gov.br/docs/portal/secretarias/smtu/PlanM obManaus.pdf>. Acesso em: 01 mai. 2017. SMTU. Superintendência Municipal de Transportes Urbanos. Disponível em: <http://www.manaus.am.gov.br/wp- content/uploads/2017/03/Resumo-Novembro-2016.pdf>. Acesso em: 01 mai. 2017. UEA em Números 2012. 1. ed. UEA, Manaus, 2013. Disponível em: <http://data.uea.edu.br/sportal/1/institucional/UEA_NUMERO_2012.pd f> . Acesso em: 04 mai. 2017. UEA em Números 2013. 1. ed. UEA, Manaus, 2014. Disponível em: <http://data.uea.edu.br/sportal/1/institucional/UEA_NUMERO_2013.pd f>. Acesso em: 04 mai. 2017. 20 Capítulo 2 Análise da cadeia produtiva do caranguejo-uçá (ucides cordatus linnaeus, 1763) na vila do Treme, Bragança, Pará Leonnan Carlos Carvalho de Oliveira Bianca Gomes da Silveira Joás Martins dos Santos Carlos Alberto Martins Cordeiro INTRODUÇÃO Os manguezais podem ser entendidos como ecossistemas estuarinos que possuem uma extensa complexidade de fatores bióticos e abióticos que os formam e os conduzem (Duran, 2011). Em se tratando de extensão, eles ocupam cerca de 172.000 km2 das costas tropicais. O Brasil tem um quarto desse total, tendo uma representação de 26.000 km2, o que representa mais de 15% dos manguezais do mundo (Reis, 2007). No Estado do Pará, a área de manguezal corresponde a 2.176,78 km². O Maranhão possui uma área maior, com 5.414,31km² (Nascimento Júnior et al., 2013). O manguezal apresenta importante papel ecológico, por sua alta produtividade primária. É caracterizado pela ocorrência de espécies vegetais lenhosas, adaptadas aos ambientes salinos, periodicamente inundados pelas marés (Menezes, 2008; Schaeffer-Novelli, 1995). Exerce ainda funções relevantes para o desenvolvimento da fauna aquática, funcionando como um berçário natural, local de refúgio, forrageio e de reprodução para diversas espécies de animais, além de ser fonte de recursos naturais para as comunidades humanas que habitam suas adjacências (Glaser, 2003; Domingues, 2008). Estima-se que cada hectare de floresta de mangue pode abrigar em um período de um ano, cerca de 750 Kg de peixe, camarão e outros mariscos (Canestri, 1973). O caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), é reconhecido por ser uma espécie semi-terrestre que vive nas porções mais altas do ecossistema dos manguezais; podem ser facilmente capturados nas zonas entre -marés, vivendo em tocas escavadas no substrato lamoso, 21 com profundidade de 0,6 a 1,6 m. Estes crustáceos permanecem no interior das galerias na maré alta, saindo em busca de alimentação somente na maré baixa, é neste momento que eles realizam a limpeza das tocas, extraindo de dentro dela o excesso de lama introduzido neste local durante a maré enchente (Pinheiro e Fiscarelli, 2001). No município de Bragança, nordeste do Estado do Pará, cerca de 83% dos moradores das comunidades pesqueiras localizadas nas proximidades do ecossistema manguezal retiram o seu sustento dos recursos naturais procedentes do manguezal. Destes, 64% estão envolvidos na cadeia produtiva do caranguejo, considerada principal atividade econômica e de subsistência na região (Glaser, 2005). A captura de caranguejo nos mangues de Bragança intensificou-se de maneira notória nos últimos anos (Araújo, 2006), impulsionada por fatores de natureza organizacional do processo de comercialização e de oportunidade de trabalho (Maneschy, 2005). Outros autores apontam como alguns desses fatores, os baixos investimentos iniciais, o elevado crescimento demográfico, a carência de emprego e fonte de renda, a alta demanda do produto no mercado e o sistema de livre acesso ao recurso (Glaser, 2005). Consequentemente, neste cenário a captura do caranguejo evoluiu de uma atividade outrora meramente esporádica e de subsistência para uma atividade de importância notória na economia local, aumentando a complexidade de sua cadeia produtiva (Magalhães, 2007; Domingues, 2008). Entre essas mudanças, o beneficiamento da carne do caranguejo tornou-se elemento chave para agregação de valor, bem como para inserção das mulheres no processo produtivo (Magalhães, 2007). A natureza é um aspecto marcante na Vila do Treme, cercada por um vasto estuário formado por mangue e rios que levam até o mar. Ela obedece a uma característica dessa região, conhecida como região do salgado, que se estende por todo nordeste paraense, banhada pelo oceano atlântico. Essa característica natural torna-se o pilar da economia da vila, já que a mesma sobrevive basicamente da extração do caranguejo e da pesca artesanal. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi analisar a cadeia produtiva do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) (LINNAEUS, 1763), na Vila do Treme, Bragança, PA. Além de caracterizar os aspectos financeiros que são alcançados pelas famílias que dependem diretamente da exploração desse crustáceo. 22 MATERIAL E MÉTODOS A Vila do Treme como é conhecida está localizada (posição geográfica), no meio rural, distante a 18 km da sede do município, Bragança, sendo este um município do Estado do Pará, onde se localiza a uma latitude 01º03'13" sul e a uma longitude 46º45'56" oeste, estando a uma altitude de 19 metros. E encontra-se a 210 quilômetros de Belém, capital do Pará, no nordeste paraense. A população da Vila do Treme é de aproximadamente 7.000 (sete mil) habitantes, o que faz dela uma das vilas mais populosas deste município. O trabalho foi realizado durante o período de março a abril de 2017, sendo iniciado com visitas na indústria de processamento da massa do caranguejo, onde entrevistas foram direcionadas aos catadores e a gerente que coordena todo o processo produtivo. Foram visitadas todas as repartições da empresa para ter uma maior riqueza de informações. Posteriormente, foram realizadas entrevistas com tiradores de Caranguejo que realizam o processo de catação em suas próprias residências. Os dados obtidos foram transcritos em uma folha de papel A4, para melhor organização das ideias, e em ultimo instante, digitados para a elaboração do trabalho. A coleta de dados foi realizada em um segundo momento, realizando levantamentos relativos à literatura referente a estudos que indiquem a cadeia produtiva do caranguejo-uça, analisando descritivamente aspectos e percepções da atividade, referentes a estes organismos aquáticos no Brasil, bem como publicações de pesquisas alusivas à análise do perfil dos catadores, e o quanto dependem dessa atividade. As informações obtidas foram tabuladas no software Microsoft® Excel 2016 e submetidas à análise baseada em estatística descritiva de distribuição de frequência. RESULTADOS E DISCUSSÃO Aspectos produtivos na indústria de processamento O caranguejo utilizado na indústria de processamento é de origem do município de Viseu, município este localizado a poucos quilômetros da Vila do Treme, o motivo da compra desse produto oriundo de outra localidade, se deve principalmente aos “conflitos” relacionados à exploração desse crustáceo, entre os moradores da Vila do Treme e o proprietário do estabelecimento de processamento. Segundo informações, os moradores se negaram a destinar sua produção para 23 indústria de processamento, pois futuramente correriam o risco de ter uma decaída na sua produção, devido a grande exploração desses estoques. Os caranguejos chegam por via rodoviária, de 8 em 8 dias, geralmente nos dias de terça-feira e quinta-feira. A indústria de processamento possui aproximadamente 22 catadores, esses catadores possuem uma flexibilidade de horários, essa flexibilidade lhes permite, chegar cedo ao trabalho coletar a meta pré- estabelecidas por eles mesmos, e ir embora assim que alcançar a meta. Diariamente são catados aproximadamente de 4 a 7 kg de massa e pata do caranguejo, e os catadores recebem R$ 8,00/kg de massa catada, o valor proveniente da catação pago aos catadores é realizado de 15 em 15 dias. Vale ressaltar, a preocupação com a higiene que é realizada em todas as repartições da empresa, logo na entrada a empresa possui tanques para a lavagem dos caranguejos, passando posteriormente para o seu cozimento e esquartejamento, os caranguejos já preparados são levados para a sala da coleta, onde são colocados sobre bandejas de alumínio, e após ser retirada a massa com auxilio de pinças e o “toc-toc”, a massa é armazenada em caixas térmicas com constante refrigeração, o próximo passo é colocar as massas sobre uma superfície luminosa, para a retirada de pequenos ossos que vieram acompanhados da massa, após todos esses processos é realizado a pesagem e o congelamento, e levado para o freezer para a sua conservação, todo o processo realizado mostra um comprometimento com a qualidade do produto. Outros pontos importantes são referentes ao processo de comercialização e distribuição do produto, o mesmo é distribuído para todo o Brasil, e principalmente para a região metropolitana de Belém, e são comercializados com preços relativamente altos, podendo chegar até R$ 80,00, já que são vendidos geralmente em grandes supermercados localizados na capital. Além da massa, outro produto é extraído dos caranguejos, através da queima da carapaça, sendo possível fazer adubo, o qual é vendido para o estado do Maranhão. No período de defeso, a indústria de processamento tem licença para adquirir de 8 a 10 mil caranguejos, que são armazenados dentro do estoque da empresa, sendo que a catação é realizada até acabar o estoque. Aspectos produtivos nas residências dos catadores Nas casas das catadoras autônomas, para se chegar ao produto final, que é, à massa de caranguejo, são necessárias três etapas: 24 1° Etapa: Está relacionada à coleta dos animais, considerada uma atividade exclusiva de homens, onde o mesmo se dirige para o manguezal e passa a maior parte do dia para capturar os indivíduos. 2° Etapa: Consiste nos primeiros tratamentos dos animais, o qual acontece sua morte a partir de esquartejamento, lavagens e cozimento. É considerado um trabalho de homens, na fabrica, e acontece logo após a chegada dos indivíduos, pela parte da noite. Já em relação às casas de catadoras, esse trabalho éda mulher. 3° Etapa: É a retirada da carne do caranguejo, que é ensacada em embalagens de 0,5 ou 1 kg. A catação é considerada um trabalho de mulheres, embora se notasse nas fábricas presença de homens catando o crustáceo. Essa atividade para as catadoras autônomas é realizada no “puxadinho” de suas casas, uma semi-cozinha, onde se tem uma mesa coberta de sacas, uma pedra grande, um “toc-toc” e uma pinça ou faca para retirada da carne presa nas carapaças. Após beneficiamento e a pesagem do produto, o mesmo é passado para um patrão ou marreteiro que encaminha a mercadoria para Bragança e Belém, sendo comercializados com preço de até R$20,00/kg de massa. Divisão sexual de trabalho A divisão sexual do trabalho é relativamente presente, visto que em entrevista com algumas catadoras autônomas, foi abordado que o trabalho de tirar caranguejo no mangue fica sob responsabilidade do homem, ele é quem deve trazer o sustento para casa, as mulheres podem até acompanhar a ida ao mangue, mas vão para realizar outras atividades (retirada de sururu e turu). A justificativa é que o trabalho no manguezal é muito pesado e cansativo para mulheres. Segundo uma das catadoras, “o trabalho de mulher é em casa, cuidando dos filhos, catação e outras atividades”. Isso mostra o quanto à mulher é submissa nessas comunidades. Na fábrica se observou também a divisão sexual do trabalho, os trabalhos pesados como esquartejamento, lavagens e cozimento são destinados aos homens que após isso, ainda espera o caranguejo esfriar para ensacar e armazenar nos frízeres. As mulheres ficam com a parte de supervisionamento e catação. Mas foi observada a presença de homens também na catação, em entrevista um deles disse que nunca foi ao mangue tirar caranguejo, mas já havia trabalhado com pesca. Técnicas de captura Segundo os dados obtidos em entrevista, os tiradores de caranguejo têm conhecimento do seu local de trabalho (mangue). 25 Aprenderam a domesticar esse ambiente, reconhecendo caminhos e trilhas, que facilitam seu deslocamento entre as raízes aéreas, conhecem também a biologia dos caranguejos (como o sexo) e os fatores sazonais do meio (marés, luas). Suas principais técnicas de captura são: o braço e o gancho. No primeiro, o tirador coloca o braço dentro da galeria (toca do caranguejo) até alcança-lo e pega-lo, trazendo para a superfície. Já o gancho consiste na utilização de uma vara de madeira, onde se coloca em sua extremidade um pedaço de ferro em formato de “J”, é usado quando o tirador não consegue alcançar o caranguejo com o braço, então precisa enfiar o gancho na galeria e puxar o indivíduo. Na fabrica não souberam dizer como ocorre essas técnicas, pois os catadores não têm contato direto com os tiradores de caranguejo. CONCLUSÕES A exploração dos manguezais pelas comunidades tradicionais com baixa renda vem se destacando como principal fator para o crescimento da atividade, a economia da Vila do Treme depende diretamente da comercialização desse crustáceo. Após a chegada da indústria de processamento da massa do caranguejo, agregou-se valor ao produto, além de que várias pessoas da localidade conseguiram empregos e se sentem estabilizadas economicamente. Contudo, as pessoas que preferem catar a massa do caranguejo na própria casa, se mostraram contentes em relação aos lucros que recebem pelo seu trabalho. Porém, as dificuldades foram encontradas em problemas de saúde, que foram relatados pelos moradores daquela localidade. Diante desse contexto, é necessário novas pesquisas e atividades, para que seja possível fazer um balanço correto da economia na Vila do Treme, influenciada pela atividade da exploração do caranguejo. A fim de entender todos os elos que compõem a cadeia produtiva da atividade, bem como as dificuldades encontradas para o desenvolvimento da mesma. REFERÊNCIAS Araújo, A. R. R. Fishery statistics and commercialization of the mangrove crab, Ucides cordatus (LINNAEUS), in Bragança – Pará – Brazil. [Tese]. Centre for Tropical Marine Ecology (ZMT). Bremen, 2006. 26 Canestri, V.; Ruiz, O. The destruction of mangroves. Marine Pollution Bulletin, v.4, n.12, p.183-185, 1973. Duran, R. S. Caranguejeiros e Caranguejos: A Captura do Caranguejo-Uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Ucididae), no Município de Cananéia (SP). 35p. Trabalho de conclusão de Curso. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2011. Glaser M.; Cabral N.; Ribeiro A. L. Gente, ambiente e pesquisa: manejo transdisciplinar no manguezal. Belém. UFPA/NUMA; 2005. Glaser M.; Diele K. Resultados assimétricos: avaliando aspectos centrais da sustentabilidade biológica, econômica e social da pesca de caranguejo, Ucides cordatus (Ocypodidae). In: Glaser M.; Cabral N.; Ribeiro A. L. Gente, ambiente e pesquisa: manejo transdisciplinar no manguezal. Belém-PA. UFPA/NUMA. 2005. p.51-68. Magalhães, A.; Costa, R. M; Silva, R.; Pereira, L. C. C.The role of women in the mangrove crab (Ucides cordatus, Ocypodidae) production process in North Brazil (Amazon region, Pará). Ecological Economics, v.61, p.559- 565, 2007. Maneschy, M. C. Sócio-Economia: trabalhadores e trabalhadoras nos manguezais. In: Fernandes MEB, Editor. Os manguezais da costa norte brasileira. São Luís: Fundação rio Bacanga, 2005. p.135-164. Menezes, M. P. M.; Berger, U.; Mehlig, U. Mangrove vegetation in Amazonia: a review of studies from the coast of Pará and Maranhão States, north Brazil. Acta Amazonica, v.38, n.3, p.403-420, 2008. Nascimento Júnior, W. R.; Souza Filho, P. W. M.; Proisy, C.; Lucas, R. M.; Rosenqvist, A. Mapping changes in the largest continuous Amazonian mangrove beltusing object-based classification of multisensor satellite imagery. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v.11, p.83-93, 2013. Pinheiro, M. A.; Fiscarelli, A. G. Manual de Apoio á Fiscalização do Caranguejo- uçá (Ucides cordatus). CEPSUL. Itajaí (Santa Catarina), 2001. 43p. Reis, M. R. R. Na Friadagem do Mangal: organizar e tirar caranguejos nos fins de semana em Bragança (Vila do Acarajó). 87p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Pará, 2007. Schaeffer-Novelli Y. Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. São Paulo: Caribbean Ecological Research, 1995. 27 Capítulo 3 Análise da implementação de um sistema de microgeração de energia utilizando microinversor e inversor multi-string Anselmo Fhellipe Souza Maia Mateus de Aquino Moreira Edvaldo Francisco Freitas Lima Naji Rajai Nasri Ama INTRODUÇÃO As contas de energia elétrica sofreram nas últimas décadas um aumento significativo enquanto, felizmente, o custo para instalar sistemas fotovoltaicos faz uma trajetória contrária, diminuindo anualmente devido a fortes contribuições de incentivos fiscais e tendência mundial. Com a atualização da normativa Nº 482/2012 da ANAEEL, a geração descentralizada de energia fotovoltaica tornou-se uma opção interessante e viável não só para consumidores de grande porte como grandes industrias, mas agora também para pequenas empresas, prédios e até casas. Em regiões favorecidas pelo clima e geografia, o investimento neste sistema de geração tem se tornado cada vez mais atrativo. Esta atualização nº 482/2012 permite que qualquer fonte renovável seja instalada em estabelecimentos consumidores, classificando-os assim em: unidade de micro geração produzindo até 75 kW e unidade de mini geração distribuída aquela com potência acima de 75kW e menor ou igual a 5 MW (ANAEEL, 2015). De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica, em setembro de 2016 o Brasil chegou na marca de 5.525 unidades consumidoras com produção da sua própria energia classificados em micro geração distribuída. No mesmo mês de2015, eram apenas 1.155 unidades demonstrando que houve um crescimento de 400% neste período. A ANAEEL estima que o mercado continuará em expansão até 2024, onde o Brasil deverá ter 1,2 milhão de unidades produzindo eletricidade em diferentes modalidades de produção de energia limpa (ANAEEL, 2016). 28 Esse sistema permite além da possibilidade do consumidor produzir energia para seu consumo, se houver excedentes nesta produção, a energia pode ser introduzida na rede elétrica da concessionária gerando créditos que o consumidor terá até 60 meses para “gastar”. Inclusive, é permitido descontar este excedente produzido em outro imóvel, desde que esteja no nome da mesma pessoa. No Mato Grosso do Sul e em outros 20 estados, este excedente produzido tem isenção do imposto ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o que torna a micro geração de energia mais barata (CONFAZ, 2016). A Geração solar é a mais utilizada entre as unidades consumidoras que produzem sua própria energia. Esta geração é oriunda da transformação direta de radiação solar em energia elétrica. As células fotovoltaicas “entregam” a energia em corrente contínua, isto ocasiona a necessidade de um equipamento para realização da conversão e sincronização para conectar à rede elétrica. A conversão mais utilizada é a transformação da energia de corrente contínua (CC) para corrente alternada (CA), visto que a grande maioria dos equipamentos elétricos e eletrônicos trabalham em corrente alternada (CEPEL, 2014). Atualmente o inversor solar mais utilizado para sistemas fotovoltaicos é o Grid-Tie, expressão em inglês que significa conectado à rede. Este tipo de inversor tem como característica uma função para desligar rapidamente caso a rede elétrica venha cair, e a possibilidade de utilizar o sistema sem um banco de baterias para armazenamento da energia, isto é, toda energia produzida “escoa” diretamente para rede elétrica. Também existe os inversores solar para sistemas sem conexão à rede elétrica (off-grid) objeto que não será foco neste estudo. Através da tabela 1 é possível verificar a classificação de inversores conectados à rede elétrica. Tabela 1. Classificação de inversores conectados à rede elétrica Inversor Grid-Tie Potência Descrição Microinversor 50 W – 500 W Potência Baixa, utilizado com 1 ou 2 painéis solar. Inversor string 500 W – 2.000 W Painéis conectados em série. Inversor multi-string 1.500 W – 6.000W Painéis conectados em série e paralelo. Mini Inversor Central 6.000W – 100.000 W Alta potência, utilizado em pequenas indústrias. Inversor Central 100.000 – 1.000 KW Alta potência, utilizado em industrias e usinas. Fonte: Teodorescu (2011). Outro aspecto dos inversores grid-tie com exceção do micro inversor é que trabalham com a conversão de toda energia produzida pelos painéis solares de uma vez para depois ser inserida na rede 29 elétrica. Já o micro inversor trabalha com a capacidade de realizar a conversão da energia separadamente de cada painel solar criando uma independência de conversão. Esses dois tipos de inversores apresentam vantagens e desvantagens. Neste contexto, este trabalho apresenta uma comparação de preços para implementação de um sistema fotovoltaico de classificação on grid, utilizando inversor multi-string e micro inversor, para duas unidades residencial consumidoras diferentes. Desta forma será possível verificar a viabilidade da utilização dos sistemas conectados à rede elétrica utilizando estes inversores solar. MATERIAIS E MÉTODOS O objeto deste estudo abordará a comparação de preços para instalação de um sistema fotovoltaico de característica conectado à rede elétrica (on grid) por meio da comparação dos custos de implementação de cada uma dessas tecnologias de inversores em duas residências diferentes. Logo para o estudo e entendimento do funcionamento dos sistemas utilizando micro inversor e inversor multi-string construiu-se a figura1. Figura 1. Sistema utilizando micro inversor (A) e inversor multi-string (B). Constatou-se que o micro inversor é posicionado diretamente na placa fotovoltaica realizando a conversão da corrente contínua (CC) para corrente alternada (CA) exclusivamente daquele painel solar. No inversor multi-string destaca-se que ao contrário do sistema com micro inversor, este não realiza a conversão exclusiva de um painel fotovoltaico, mais sim de todos os painéis fotovoltaicos do sistema. Para realização da comparação de viabilidade de investimento, incialmente foi feita uma identificação das unidades consumidoras para 30 facilitação do entendimento quando os mesmos fossem citados. A residência com menor consumo de energia tem seu valor igual a 256 kWh mês denominada casa 01. A unidade consumidora com maior consumo de energia elétrica tem seu valor igual 2.233 kWh mês e denominada casa 02. O processo de escolha dessas unidades consumidoras foi realizado de forma optar por uma unidade com consumo médio de uma residência pequena, e a outra o consumo médio de uma residência grande. O processo de seleção das empresas para realização dos orçamentos de instalação dos sistemas fotovoltaicos, foi definido conforme a especialidade de trabalho com os inversores. Visando a integridade de imagem das empresas, as com especialidades na implementação do projeto utilizando micro inversor foram denominadas de MA e MB, sendo diferente empresas respectivamente. As empresas com especialidade em inversores comuns foram denominadas IA e IB. Para determinar um critério de igualdade para realização dos orçamentos foi apenas disponibilizado a conta de energia elétrica para as empresas. Sendo que neste documento, contém todas as informações necessárias para confecção de um orçamento algumas características necessárias são: endereço da unidade consumidora, histórico dos últimos 12 meses do consumo de energia elétrica, valor médio de consumo dos últimos 12 meses e valor médio total pago para concessionária de energia dos últimos 12 meses. Para apresentação dos valores dos orçamentos fornecidos, será considerado também os custos das estruturas de fixação, cabos, suportes, placas de sinalização, disjuntores, e outros componentes elétricos necessários para a instalação do sistema. Assim elimina-se uma possível diferença significativa de valor quanto a fixação dos inversores, pois o inversor multi-string tem sua instalação próxima ao quadro de carga, e os micros inversores ficam posicionados normalmente em baixo das placas fotovoltaicas no telhado. Por fim, quando se obteve os orçamentos, realizou-se um processo de avaliação para verificar possíveis erros de dados como utilização de informações incorretas por parte das empresas e com intuito de facilitar a compreensão comparativa dos dados obtidos, apresenta-se uma tabela para a entendimento da viabilidade dos sistemas utilizando micro inversores e inversor multi-string. RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando o processo de validação dos orçamentos recebidos, apresenta-se abaixo a tabela comparativa com os dados 31 referente a implementação de um sistema fotovoltaico em duas unidades consumidoras diferentes, utilizando micro inversor e inversor comum. Tabela 2. Apresentação dos dados EMPRESA CASA 01 (256kWh) CASA 02 (2.233kWh) MA (Microinversor) R$ 20.540,96 R$ 151.628,66 MB (Microinversor) R$ 23.310,70 R$ 155.053,18 IA (Inversor multi-string) R$ 17.860,50 R$ 142.884,00 IB (Inversor multi-string) R$ 18.328,99 R$ 141.547,45 Nota-se que houve uma variação de preços do micro inversor quando comparado a orçamentos recebidos do inversor multi-string. Realizando uma conta simples para conseguir a média de cada residência, temos que para o investimento na casa 01 utilizando microinversor necessita-se de cerca de R$ 21.925,83, e com inversor comum cerca de R$ 18.094,74, e para o investimento na casa dois R$ 153.340.92 com micro inversor e R$ 142.214,40 com inversor multi-string. Contudo antes de realizar o parecer da viabilidade, devemos analisar as principais vantagens e desvantagens destes inversores, conforme apresentado na tabela 2. Tabela 3. Vantagens e Desvantagens do inversor versus o micro inversor Tipo Vantagens Desvantagens Inversor multi-string Opera com alta voltagem; Sombreamento de um único painel afeta o sistema Baixo Custo de Investimento Monitora o sistema como um todo Vasta quantidade de fabricantes no mercado Limitado as opções de expansão Micro inversor Cada painel pode ser monitorado de forma individual Se o micro inversor apresentar falha, será necessário subir no telhado Possibilidade de expansão do sistema Exposição ao clima Cada painel tem seu próprio MPPT Alto custo de investimento Observa-se que utilizando o micro inversor cada painel terá seu próprio MPPT (Maximum Power Point Tracking), podendo assim explorar com muito mais eficiência toda capacidade de geração de energia de cada placa fotovoltaica, característica que o inversor Grid-Tie realiza considerando o sistema como um todo, isso ocasionará em uma perda de eficiência. Este aproveitamento melhor da eficiência pode 32 maximizar a geração de energia de cada módulo, cerca de 5%, e até 25% dependendo das condições individuais (APSYSTEMS, 2017). Também observando que na utilização do inversor multi-string, o consumidor não terá a opção de expansão do sistema, caso seu consumo aumente, devido seu inversor ter uma potência limitada máxima de operação. Enquanto o micro inversor apresenta a vantagem do sistema poder ser expandido da forma e quantidade que o cliente necessitar. Por outro lado, o inversor multi-string apresenta um valor de investimento menor para o consumidor, e também elimina a necessidade de subir ao telhado para realizar algum tipo de manutenção se por ventura ocorrer. Bem como nota-se a possibilidade de fabricantes disponíveis no mercado, que é significa mente maior do que do microinversor. CONCLUSÕES Através da análise dos resultados, observou-se que a diferença de preço para o investimento do micro inversor em comparação ao inversor multi-string na casa 01 foi cerca de 17,5%, e para a casa 02 foi certa de 7,3%, sendo assim constatou-se que o investimento com inversor multi- string é menor para ambas residências. Contudo esta diferença de preço tenderá a cair devido o micro inversor ainda ser uma tecnologia de recente utilização no Brasil. De acordo com Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial existe apenas um micro inversor homologado (INMETRO, 2016). Em relação a viabilidade, esta diferença apresentada pode ser equalizada, considerando as vantagens do micro inversor quanto ao monitoramento individual das placas fotovoltaicas, melhor eficiência de produção das placas devido ao MPPT e possibilidade de expansão do sistema, sendo assim apresentando uma viabilidade de investimento igual ou até em alguns casos melhor do que inversor multi-string. AGRADECIMENTOS A Universidade Católica Dom Bosco pelo incentivo de bolsa na participação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), CNPq pelo apoio financeiro e concessão de bolsa, ao orientador desta pesquisa e de PIBIC Dr. Naji Rajai Nasri Ama pela oportunidade e contribuição quanto aos assuntos técnicos. 33 REFERÊNCIAS ANAEEL. Agencia Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa 687 de 24 de novembro de 2015. Brasília-DF, 2015. ANAEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. 2016. Disponível em: http://www.anaeel.gov.br. Acesso em: 01 de maio de 2017. ANAEEL. Geração de Energia por Consumidores cresce 400% em 1 ano. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/11/geracao-de-energia- por-consumidores-cresce-400-em-1-ano.html>. Acesso em: 29 de abril de 2017. CONFAZ. Conselho Nacional De Política Fazendária. Convênio ICMS 15. Brasília-DF, 2016. Teodorescu, R.; Liserre, M.; Rodiguez, P. Grid Converters For Photovoltaic and Wind Power Systems. 2011 CEPEL. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro, 2014. Davinson, J. The New Solar Electric Home: The Fotovoltaic How-to Handbook. AATEC Publications, 1995. APSYSTEMS. Altenergy Power – The APsystems Microinverter Models. Disponível em: http://usa.apsystems.com/solar-microinverters/. Acesso em: 01 de maio de 2017. INMETRO. Instituto Nacional De Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Tabela de Componentes Fotovoltaicos – Inversores conectado à Rede Elétrica (On Grid). Brasília-DF, 2016. 34 Capítulo 4 Análise de consolo curto como solução empregada para apoio de laje pré-moldada Thaynná Costa Teixeira Elaine Cristina Rodrigues Ponte Eduardo Cesar Cordeiro Leite INTRODUÇÃO Segundo Naegeli (1997) consolos são elementos estruturais prismáticos utilizados frequentemente em estruturas de concreto armado, servindo de apoio para outros elementos estruturais ou para equipamentos pesados. Para Souza e Bittercourt (2003), consolos são estruturas que apresentam descontinuidade em suas tensões de deformações internas, logo não podem ser dimensionadas usando a “Hipótese de Bernoulli”. Souza (2004) salienta que essas estruturas que apresentam descontinuidades são dimensionadas usando métodos empíricos, baseados na experiência, logo surge uma necessidade de dimensionamento dessas regiões de maneira sistemática. Silva e Giongo (2000) admite que o uso do modelo de bielas e tirantes permite esse dimensionamento, a modelagem possibilita o entendimento da estrutura por meio de um fluxo de tensões. No modelo de Bielas e Tirantes vão estar representados (Figura 1) por linhas retas, as bielas (zonas de compressão) de traço interrompido e os tirantes (representação de zonas tracionadas) de traço contínuo (Silva & Giongo, 2000). Souza (2004) cita que a curvatura das tensões é representada pelos nós, que têm capacidade de absorver e transmitir com segurança as forças que nelas chegam, Meirinhos (2008) explica que esse passo pode ser feito automaticamente usando um software adequado, como o CAST. O referente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise estrutural de um consolo curto de apoio duplo de concreto armado, utilizando no software CAST parâmetros que foram apresentados na NBR 6118:2014. 35 Figura 1. Superposição de dois modelos para consolos com ação aplicada ao longo da altura. Fonte: Silva e Giongo (2000). MATERIAIS E MÉTODOS Foi modelado um consolo curto, considerando as ações das forças cortantes que os apoios recebiam. O modelo escolhido foi estudado pelo CAST, que é capaz de realizar uma análise e dimensionamento de uma estrutura de concreto armado ou protendido, com base no modelo de bielas e tirantes. O consolo foi calculado para uma faixa de 1 metro, com forças concentradas de 80 kN proveniente da reação das lajes pré-moldadas nos apoios, a uma distância de 7,5 cm da borda da estrutura, os restantes de suas dimensões estão detalhados na Figura 1. O elemento estrutural em questão é de concreto de 30 MPa, com barras de aço CA 50. Figura 1. Detalhamento do consolo curto (a em metros, b em centímetros) a) b) Fonte: Autor (2017). 36 Para as análises no software CAST, o programa foi adaptado para utilizar os parâmetros da NBR 6118:2014, entrando com a tensão de ruptura a aderência do concreto de 21,4 MPa, fator de eficiência de 0,88, bem como as características das bielas,nós e tirantes. Após adaptação do programa foram definidas as características geométricas e materiais do consolo em questão. Como proposto pela NBR 6118:2014 tiveram ângulos de inclinação, entre as bielas e a armadura vertical, cuja tangente estava entre 0,57 e 2 (23,68° a 63,43°), logo o modelo foi considerado consistente. A região descontínua foi desenhada no CAST, definindo o caminho de carga, ao estudo realizado na estrutura, as forças concentradas de 80 kN (carga de cálculo) nos apoios, reagem na peça fazendo uma compressão no apoio do consolo, sendo necessário então a presença de bielas inclinadas abaixo desses apoios, indo em direção ao centro inferior da peça. Essa força de compressão solicita bastante a peça, podendo tornar o apoio do consolo instável, para isso não acontecer, essas tensões devem ser atirantadas de forma que se estabilizem, por isso a colocação de tirantes que “levantam” essas forças que antes estavam concentradas na parte inferior da peça. Coloca-se também um tirante entre os apoios para estabilizar esse modelo de Bielas e Tirantes, e por fim, para transformar a armadura em treliças isostáticas, colocam-se elementos estabilizadores que para as determinadas condições de apoio, não estão solicitados. Após a análise inicial que permitiu a visualização dos elementos da treliça, foram atribuídos os tipos de bielas e nós, bem como a quantidade e espessura do aço nos tirantes. Feito isso, foi gerada outra análise, onde o programa forneceu os valores de tensões e a capacidade de resistência alcançada nas barras. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 2 representa a envoltória resistência a que está submetida o consolo. Os valores entre parênteses representam a razão entre a solicitação no elemento e a resistência no mesmo, que podem ser vistas mais detalhadas na Tabela 1. Quanto mais quente a cor, mais solicitado está o elemento, valores positivos indicam tração, e valores negativos indicam compressão. 37 Figura 2. Detalhamento dos elementos solicitados Fonte: Autor a partir da visualização do CAST (2017). Tabela 1. Fatores de utilização dos elementos do modelo de Bielas e Tirantes Classes de Potencial Pedológico Elemen to Proprieda de Esfor ço Comprime nto Tens ão Proporção das tensões kN Mm MPa E1 Steel 93,3 105 0,675 0,756 E2 Steel 93,3 240 0,675 0,756 E3 Steel 93,3 138,29 0,675 0,756 E4 Bielas -122,9 490 2,049 0,151 E5 Steel 80 400 0,563 0,648 E7 Steel 80 90 0,563 0,648 E8 Steel 80 138,29 0,563 0,648 E9 Bielas -122,9 240 2,049 0,151 E10 Bielas -93,3 30 1,556 0,115 Fonte: Autor (2017). A tabela 2 apresenta a armadura necessária para o consolo calculado, segundo as forças de atuação de cada tirante, determinado pelo CAST (2000). Devido ao fato do software não dispor em seu acervo bitola de 20 mm, para efeitos de cálculo foi usado bitola de diâmetro de 19 mm. 38 Tabela 2. Armaduras necessárias para o consolo determinado pelo CAST ARMADURA TRANSVERSAL 𝐹𝑑 (kN) 𝑓𝑦𝑑 (kN/cm²) 𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐 (cm²) 𝐴𝑠,𝑒𝑓 𝐴𝑠,𝑒𝑓 (cm²) Stress Ratio E 1 93.3 43.5 21.5 10 φ20 31.4 0.756 E 2 93.3 43.5 21.5 10 φ20 31.4 0.756 E 3 93.3 43.5 21.5 10 φ20 31.4 0.756 ARMADURA LONGITUDINAL 𝐹𝑑 (kN) 𝑓𝑦𝑑 (kN/cm²) 𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐 (cm²) 𝐴𝑠,𝑒𝑓 𝐴𝑠,𝑒𝑓 (cm²) Stress Ratio E 5 80 43.5 20.2 10 φ20 31.4 0.648 E 7 80 43.5 20.2 10 φ20 31.4 0.648 E 8 80 43.5 20.2 10 φ20 31.4 0.648 Fonte: Autor (2017). Na Figura 3, segue o detalhamento da armadura, que são barras do tirante dobradas para baixo, junto à face frontal do consolo. No total de 10 barras de 20 mm, distribuídas ao longo de 1 metro, correspondente ao comprimento do consolo. Figura 3. Detalhamento da armadura do tirante (unidades em centímetro). Fonte: Autor (2017). 39 CONCLUSÕES O modelo escolhido pelo processo do caminho de cargas, estava correto de acordo com a NBR 6118:2014, pois o programa CAST verificou que a razão entre a solicitação do elemento e sua resistência foi menor que 1, logo a estrutura estava segura. Por fim, a partir dos resultados gerados no programa, foi possível detalhar a armadura do consolo, de forma simples. REFERÊNCIAS American Concrete Institute ACI 318/95 - Building code requeriments for structural concrete. Detroit, Michigan. 1995. Associação Brasileira De Normas Técnicas NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro. 2004. Associação Brasileira De Normas Técnicas (2006). NBR 9062:2006 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldadas. Rio de Janeiro. El Debs; Mouni, K. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações. 1. ed. São Carlos: EESCUSP, 2000. Fusco, P. B. Técnica de armar as estruturas de concreto. 2. ed. Pini, 2013. 405p. Leonhardt, F.; Mönnig, E. Construções de concreto: Casos especiais de dimensionamento de estruturas de concreto armado. v. 1, 2 e 3. 1. Rio de Janeiro: Interciência, 1978. Meirinhos, G. F. Projecto de betão armado com Modelos de escoras e tirantes Assistido por computador. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Engenharia, Universidade de Porto, 2006. Naegeli, C. H. Estudos de consolos de concreto armado. 1997. 284 f. Tese (Doutorado em ciência em Engenharia civil). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997. Santos, D. dos; Giongo, J. S. Análise de vigas de concreto armado utilizando modelos de bielas e tirantes. Cadernos de Engenharia de Estruturas, v.10, n.46, p.61-90, 2008. Schäfer, K.; Schlaich, J. Consistent design of structural concrete using strut-andtie models. In: Colóquio sobre Comportamento e Projeto de Estruturas, 5. Rio de Janeiro, 1988. Schäfer, K.; Schlaich, J. Design and detailing of structural concrete using strut-andtie models. The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991. 40 Souza, R. A. Concreto estrutural: análise e dimensionamento de elementos com descontinuidades. Tese (Doutorado). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. Souza, R. A. Análise e dimensionamento de estruturas de concreto utilizando o método dos elementos finitos e modelos de escoras e tirantes. Estágio de Doutoramento, Universidade do Porto, Portugal, 2003. Souza, R. A.; Bittencourt, N. Parâmetros de resistência efetiva do concreto estrutural para a análise e dimensionamento utilizando modelos de escoras e tirantes. In: V Simpósio EPUSP Sobre Estruturas De Concreto”, São Paulo, 2003a. Souza, R. A.; Bittencourt, T. N. Modelos escoras-tirantes: exemplo de dimensionamento de viga-parede utilizando as recomendações do aci- 318. In: 450 Congresso Brasileiro do Concreto, Vitória, 2003b. Tjhin, T. N.; Kuchma, D. A. Computer-based tools by design by strut-and- tie method: advances and challenges. ACI Structural Journal, v.99, n.5, p.586-594, 2002. 41 Capítulo 5 Avaliação da viabilidade ambiental na agrovila Calúcia município de Castanhal, Pará Amanda de Paula Viana Souza Maria Alessandra Gusmão da Rosa Priscila Santos da Conceição Oliveira Camila Suely Leite do Vale Célia Maria Costa Guimarães INTRODUÇÃO A agropecuária brasileira apresenta posição de destaque na cadeia produtiva do leite, pois possui alta produtividade e grande valor agregado. Além de apresentar papel fundamental na produção de alimentos, gerando emprego e renda para os pequenos produtores. Entretanto, a pecuária leiteira ao longo do tempo vem mostrando que a exploração desenfreada pode causar danos ao meio ambiente. Dessa forma, a atividade vem se modificando, se tornando maissustentável e diminuído os impactos ambientais deixados pela mesma (Botega; Braga Junior; Lopes; Rabelo, 2008). Nos últimos anos o desenvolvimento sustentável ganha espaço nas discussões sobre o agroecossistema. E o termo sustentabilidade surgiu na década de 80, onde conceitua a capacidade de desenvolvimento no presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Para a analise do desenvolvimento sustentável é posto em consideração os quesitos econômicos, sociais e ambientais, afim de que haja interação entre os mesmos (Bortoli; Rempel; Bica, 2014). Para avaliação do índice de sustentabilidade na propriedade rural em especial, são utilizados indicadores de sustentabilidade ambiental, onde parâmetros são utilizados para determinar as condições do ambiente/local. Com intuito, de encontrar medidas que possibilitem definir resultados, além de gerar dados e apontar a direção favorecendo o desenvolvimento sustentável. (Verona, 2008). Com isso, surge o imperativo de avaliar a sustentabilidade em uma propriedade de leiteira, localizada no município de Castanhal, Pará, através de indicadores ambientais. 42 MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi realizada em uma propriedade familiar, localizada no município de Castanhal, na Agrovila Calúcia, Nordeste Paraense, produtora de iogurte artesanal, no período de dezembro de 2016. A fazenda visitada possui 33 animais, onde 25 estão em lactação. A metodologia adotada para avaliação da sustentabilidade foi com base no estudo de Rempel et al. (2012). Os critérios adotados para a avaliação da sustentabilidade ambiental na propriedade foram com base em nove parâmetros: Dejeto, Água, Área de Preservação Permanente (APP), Reserva Legal, Agrotóxicos e Fertilizantes, Declividade do Terreno, Erosão, Queimadas e Diversidade de Usos da Terra, conforme proposto por Rempel et al. (2012). Alguns desses noves parâmetros estão subdivididos em subparâmetros, totalizando 13 subparâmetros, como mostra a tabela 1. Onde a pontuação máxima para uma propriedade com sustentabilidade ambiental equivale a 100 pontos, sendo a produção de dejetos o indicante com maior influência. Na etapa seguinte houve a tabulação dos resultados de acordo com os dados gerados com base na entrevista e através do que foi observado na propriedade leiteira. Os dados foram tabulados através do software Excel, podendo-se obter a nota de cada parâmetro propriedade. Tabela 1. Parâmetros de avaliação da sustentabilidade ambiental Indicadores Pontuação Sub-Indicadores Pontuação Dejeto 30 Armazenamento de dejeto sólido 10 Armazenamento de dejeto líquido 10 Destinação do dejeto animal 10 APP 15 Percentual de utilização das APPs 10 Uso predominante na APP 5 Agrotóxicos e fertilizantes 15 Utilização de fertilizantes químicos e agrotóxicos 10 Armazenamento de embalagens de agrotóxicos 5 Reserva legal 10 Percentual de vegetação nativa para averbação em reserva legal 10 Água 10 Fonte de água 10 Declividade 10 Declividade do terreno 10 Erosão 4 Evidências de solo erodido 4 Queimadas 4 Evidências de queimadas 4 Usos a terra 2 Diversidade de cobertura 2 Totais 100 Fonte: Rempel et al. (2012). 43 A atribuição da pontuação de cada subparâmetro é realizada considerando a melhor situação (maior pontuação) reduzindo na direção da pior situação (menor pontuação), com valores intermediários de acordo com o risco ou exposição ao impacto ambiental. Deste modo, o somatório de todos os subparâmetros consistirá na pontuação alcançada pela propriedade. O conhecimento da pontuação total alcançada indicará o índice, o qual permite a identificação do conceito de qualidade da sustentabilidade ambiental. Os conceitos estão divididos em excelente (Pontuação igual a ou maior que 0,8), Bom (Pontuação igual a ou maior que 0,6), Regular (Pontuação igual a ou maior que 0,4), Ruim (Pontuação igual a ou maior que 0,2) e Inadequado (Pontuação menor que 0,2). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 2 são apresentados os resultados obtidos para cada parâmetro analisado na propriedade. Podemos observar que o parâmetro dejeto apresentou uma das menores notas quando comparada com a nota esperada, tendo em vista sua grande importância para análise do índice de sustentabilidade da propriedade. Tabela 2: Avaliação dos parâmetros analisados na propriedade Parâmetros Nota máxima Propriedade Dejetos 30 5,5 APP 15 10 Agrotóxicos e Fertilizantes 15 15 Reserva legal 10 10 Água 10 5 Declividade 10 10 Erosão 4 4 Queimadas 4 4 Usos de terra 2 2 Total 100 65,5 Índice 1 0,655 Conceito Excelente Bom Fonte: Adaptado de Rempel et al. (2012). De acordo com as notas obtidas a propriedade em estudo sobre análise qualitativa dos dados, adquiriu conceito bom na avaliação do índice de sustentabilidade ambiental. Tal conceito foi obtido devido à baixa pontuação no parâmetro dejetos (5,5) em comparação a nota ideal (30), pelo fato da falta de local adequado para destinação dos dejetos animais, fezes e água. A grande produção de dejetos, aliada a práticas 44 como lançamento direto, sem nenhum tipo de tratamento nos mananciais de água, passou a gerar desequilíbrios ecológicos (KONZEN, 2003). Os parâmetros APP e água obtiveram pontuação mediana em comparação a pontuação máxima estabelecida em estudo por Rempel et al., (2012), pois a propriedade se encontra com apenas 40% da sua reserva legal original e a água provindo de poço próprio é utilizada para as atividades de casa e para consumo dos animais. Com relação aos demais parâmetros todos obtiveram pontuação máxima, visto que não há utilização de defensivos agrícolas, tão pouco a prática de queimadas. O uso da terra é bastante diversificado com a produção de capim elefante (Pennisetum purpureum) e cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) que é fornecido aos animais, além de outros cultivos existentes na propriedade. CONCLUSÕES O conceito qualitativo para encontrar o índice de sustentabilidade ambiental para classificar a propriedade de estudo foi Bom, com pontuação de 65,5. Os indicadores de sustentabilidade encontrados foram próximos aos máximos, mostrando assim que a propriedade está entre as condições boas e excelentes, indicando que o agroecossistema é sustentável, podendo ter os níveis de sustentabilidade melhorados com o decorrer do tempo, caso sejam adotadas medidas eficazes no armazenamento e tratamento dos dejetos. AGRADECIMENTOS Ao CNPq pela concessão de bolsa de pesquisa ao primeiro autor. REFERÊNCIAS Botega, J. V. L., Braga Júnior, R. A., Lopes, M. A., Rabelo, G. F. Diagnóstico da automação na produção leiteira. Ciência e Agrotecnologia, v.32, n.2, p.635-639, 2008. Bortoli, J. de, Rempel, C., Bica, J. B. Sustentabilidade ambiental de propriedades leiteiras localizadas em floresta ombrófila mista e em floresta estacional decidual, no vale do Taquari/RS. Resista de Gestão, Sustentabilidade e Negócios, v.2, n.1, 2014. 45 Rempel, C. et al. Proposta metodológica de avaliação da sustentabilidade ambiental de propriedades produtoras de leite. Tecno-Lógica, v.16, n.1, p.48-55, 2012. Verona, L. A. F. Avaliação de sustentabilidade em agroecossistemas de base familiar e em transição agroecológica na região sul do Rio Grande do Sul. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, 2008. Konzen, E. A. Fertilização de lavoura e pastagem com dejetos suínos e cama deaves. V Seminário Técnico da Cultura Do Milho, 5, 2003, Videira. Anais, Videira, 2003. 46 Capítulo 6 Avaliação de estresse em discentes de engenharia
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