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Ciência Inovação e Tecnologia Coletânea de Publicações 2017

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Ciência, Inovação e Tecnologia 
 
Coletânea de Publicações 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG 
 
 C569 Ciência, inovação e tecnologia: coletânea de publicações 
2017/Organizadores: Paulo Roberto Megna 
Francisco...[et al.] - Campina Grande: EPGRAF, 
2017. 
 176 f. 
 
 ISBN: 978-85-60307-24-1 
 
1. Engenharias. 2. Desenvolvimento Tecnológico. 3. 
Ideias Inovadoras. 4. Difusão. I. Francisco, Paulo 
Roberto Megna. II. Baracuhy, José Geraldo de 
Vasconcelos. III. Furtado, Dermeval Araújo. IV. Título 
 
 CDU 62 
 
 
3 
 
 
Organizadores 
 
Paulo Roberto Megna Francisco 
José Geraldo de Vasconcelos Baracuhy 
Dermeval Araújo Furtado 
 
 
 
 
 
Ciência, Inovação e Tecnologia 
 
Coletânea de Publicações 
2017 
 
 
 
 
 
 
EPGRAF 
1.a Edição 
Campina Grande-PB 
2017 
 
 
4 
Realização 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Revisão, Editoração e Arte da Capa 
Paulo Roberto Megna Francisco 
 
Créditos de Imagens da Capa 
Freepick.com 
 
1.a Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Comissão Científica do Congresso Técnico Científico da 
Engenharia e da Agronomia - CONTECC 
 
Raimundo Cosme de Oliveira 
Doutor em Agronomia - ULBRA/EMBRAPA 
 
Jose Wallace Barbosa Nascimento 
Doutor em Engenharia Civil – CCTA/UFCG 
 
Vera Lúcia Antunes de Lima 
Doutora Eng. Agrícola – UAEA/UFCG 
 
Valdez Aragão de Almeida Filho 
Doutor em Engenharia Elétrica e da Computação - UNIFESSPA 
 
Newton Sure Soeiro 
Doutor em Engenharia Mecânica – UFPA 
 
Júlio Cesar de Pontes 
Doutor em Recursos Naturais - IFRN 
 
Paulo Sérgio da Silva Pantoja 
Mestre em Engenharia do Ambiente - IFPA 
 
Josivanda Palmeira Gomes 
Doutora em Engenharia de Alimentos – CCTA/UFCG 
 
Paulo Roberto Megna Francisco 
Doutor em Eng. Agrícola – UFPB 
 
Aline Costa Ferreira 
Doutora em Eng. Agrícola – CCTA/UFCG 
 
José Geraldo de Vasconcelos Baracuhy 
Doutor em Recursos Naturais – UAEA/UFCG 
 
Dermeval Araújo Furtado 
Doutor em Recursos Naturais – UAEA/UFCG 
 
Homero Catão Maribondo da Trindade 
Doutor em Engenharia de Produção - UFPB 
 
Vitor William Batista Martins 
Mestre em Engenharia Civil – UEPA 
 
 
6 
SUMÁRIO 
 
SUMÁRIO .................................................................................................................................... 6 
Comentários dos Organizadores ...................................................................................... 8 
APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 10 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11 
Capítulo 1 ................................................................................................................................ 12 
Acessibilidade no transporte público por ônibus à escola superior de 
tecnologia, localizada na cidade de Manaus-AM ............................................. 12 
Capítulo 2 ................................................................................................................................ 19 
Análise da cadeia produtiva do caranguejo-uçá (ucides cordatus 
linnaeus, 1763) na vila do Treme, Bragança, Pará ......................................... 20 
Capítulo 3 ................................................................................................................................ 27 
Análise da implementação de um sistema de microgeração de energia 
utilizando microinversor e inversor multi-string............................................. 27 
Capítulo 4 ................................................................................................................................ 34 
Análise de consolo curto como solução empregada para apoio de laje 
pré-moldada ..................................................................................................................... 34 
Capítulo 5 ................................................................................................................................ 41 
Avaliação da viabilidade ambiental na agrovila Calúcia município de 
Castanhal, Pará ............................................................................................................... 41 
Capítulo 6 ................................................................................................................................ 46 
Avaliação de estresse em discentes de engenharia da Universidade 
Federal do Ceará ............................................................................................................ 46 
Capítulo 7 ................................................................................................................................ 52 
Características agronômicas da cultura do milho em diferentes 
espaçamentos e densidades populacionais ......................................................... 52 
Capítulo 8 ................................................................................................................................ 58 
Caracterização físico hídrica de três solos representativos do município 
de Medicilândia, Estado do Pará ............................................................................. 58 
Capítulo 9 ................................................................................................................................ 64 
Comportamento da distribuição pluviométrica e suas consequências na 
cobertura vegetação no município de Sumé ...................................................... 64 
Capítulo 10 ............................................................................................................................. 71 
Conversor CC/CA com 3 estágios utilizando painéis fotovoltaicos para 
controlar um sistema autônomo de irrigação................................................... 71 
Capítulo 11 ............................................................................................................................. 79 
Estudo numérico do escoamento e das características aerodinâmicas em 
aerofólios com FLAP ..................................................................................................... 79 
Capítulo 12 ............................................................................................................................. 86 
7 
Fertilización orgánica y mineral en el desarrollo vegetativo y productivo 
de camu-camu en condiciones de tierra firme .................................................. 86 
Capítulo 13 ............................................................................................................................. 93 
Impacto de itens omissos em orçamentos de obras públicas: estudo de 
caso de creche/escola de educação infantil padrão FNDE .......................... 93 
Capítulo 14 ........................................................................................................................... 100 
Índice SPAD em diferentes genótipos de feijão-caupi submetidos à 
salinidade na água de irrigação ............................................................................ 100 
Capítulo 15 ...........................................................................................................................106 
Influência da irrigação com água salina sobre o crescimento de 
diferentes cultivares de crisântemo ..................................................................... 106 
Capítulo 16 ........................................................................................................................... 113 
Integração entre arte e tecnologia para o desenvolvimento de ambientes 
interativos ....................................................................................................................... 113 
Capítulo 17 ........................................................................................................................... 120 
Medição da poluição sonora no restaurante universitário da UFCG ..... 120 
Capítulo 18 ........................................................................................................................... 126 
Monitoramento da poluição atmosférica por meio da análise de metais 
em água das chuvas .................................................................................................... 126 
Capítulo 19 ........................................................................................................................... 133 
Os aspectos geoespaciais da densidade de arborização urbana em 
estudos de avaliação de imóveis ............................................................................ 133 
Capítulo 20 ........................................................................................................................... 140 
Parâmetros das superfícies de controle para estabilidade longitudinal 
estática de um protótipo de aero design rádio controlado ....................... 140 
Capítulo 21 ........................................................................................................................... 148 
Projeto e construção de um forno para tratamento térmico de aços ... 148 
Capítulo 22 ........................................................................................................................... 155 
Relação entre área impermeável e densidade demográfica com a 
aplicação de geoprocessamento de dados ........................................................ 155 
Capítulo 23 ........................................................................................................................... 162 
Variação mensal das concentrações de nutrientes da serapilheira em 
área de floresta na Amazônia Oriental .............................................................. 162 
Capítulo 24 ........................................................................................................................... 169 
Variação radial das propriedades físicas e anatômicas da madeira de 
sterculia apetala (xixá) ............................................................................................. 169 
Curriculum dos Organizadores .................................................................................... 176 
 
 
 
8 
Comentários dos Organizadores 
 
O que se quer nas próximas edições do CONTECC é o 
compartilhamento e disseminação de experiências relevantes para o 
avanço de temas relevantes para o Brasil, principalmente voltados para a 
inovação, empreendedorismo e sustentabilidade; Ampliar a quantidade e 
aprimorar a qualidade dos trabalhos técnico-científicos, com ênfase aos 
profissionais integrantes do sistema CONFEA/CREA; Expandir parcerias 
para maior participação de empresas e lideranças empresariais; 
Estimular a cultura e a oferta de espaços qualificados para as empresas 
realizarem rodadas de negócios, apresentando produtos, tecnologias e 
serviços inovadores; Lançar cursos e workshops para formação e 
aperfeiçoamento de competências e lideranças em Inovação e 
Empreendedorismo; Internacionalizar uma rede em inovação e 
empreendedorismo em temas de Engenharia e Agronomia; Consolidar 
um ecossistema moderno e colaborativo de boas práticas em Inovação e 
Empreendedorismo na formação de estudantes na Engenharia e 
Agronomia (técnicos, graduação, pós-graduação, pesquisa e 
desenvolvimento), atualização e exercício profissional; Aperfeiçoar 
habilidades e competências dos profissionais da Engenharia e 
Agronomia com os rápidos avanços da tecnologia e os imperativos da 
produtividade, competitividade, inovação e empreendedorismo. 
O desafio permanente seria aprimorar o processo de 
planejamento e gestão rumo ao futuro, assegurando continuidade sem 
interrupções ou atrasos; Facilitar a comunicação de ideias, propostas e 
iniciativas entre as sucessivas administrações e lideranças do Sistema 
CONFEA-CREA-MUTUA, Universidades, Empresas, sem limitar "a priori" 
as escolhas e ações; e, Tratar as propostas de forma articulada, 
meritocrática e estruturada, com envolvimento das forças "vivas e 
legítimas" do Sistema, cujas soluções demandam vontade política, 
esforço executivo, acertos e erros. 
As estratégias seriam expandir o acesso a EaD profissional, 
conforme demandas econômicas locais; Articular, incentivar, consórcios 
públicos-privados com atores relevantes do ecossistema de inovação e 
empreendedorismo; Criar parcerias com empresas locais 
compartilhando as melhores práticas, tecnologias, e inovações para os 
negócios, trabalho e empreendedorismo; Valorizar mudanças contínuas 
de paradigmas de inovação institucional. 
Desde a concepção e realização do CONTECC, onde uma das 
opções para que este fosse um Congresso diferenciado, foi a introdução 
9 
da publicação de trabalhos técnicos e científicos em todas as áreas da 
Engenharia e Agronomia, propiciando, também, uma oportunidade aos 
estudantes, professores, pesquisadores e, especialmente aos 
profissionais do sistema Confea/Crea, divulgar seus trabalhos, notas 
técnicas, experiências profissionais, etc., e a ao longo das quatro edições 
do CONTECC nota-se uma melhora acentuada nos trabalhos publicados, 
com uma ampliação nos trabalhos sobre Educação, Gestão e Experiência 
profissional, salientando que o congresso já deixa um legado de mais de 
1500 artigos, disponíveis para consultas publicas no site do Confea, 
artigos que podem contribuir no desenvolvimento de novos produtos, 
processos e serviços, contribuindo para o desenvolvimento cientifico e 
tecnológico do Brasil. 
 
Os organizadores 
Campina Grande, agosto de 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
APRESENTAÇÃO 
 
Educação, Ciência, Tecnologia, Inovação e a Cultura 
Empreendedora tornaram-se forças econômicas, sociais e políticas 
essenciais para acelerar o desenvolvimento e transformação nas 
sociedades humanas. Deles dependem a eficiência produtiva, 
competitividade, renda, trabalho, qualidade de vida e bem-estar social. 
 Mais que uma acumulação quantitativa de riqueza, o uso do 
conhecimento tecnológico, científico e das habilidades, instrumentos e 
competências produtivas transformam qualitativamente as sociedades e 
nações. As relações econômicas, sociais e políticas modernas ocorrem 
em ambientes de crescente complexidade e mudança gerando novas 
exigências de flexibilidade e agilidade, interdisciplinaridade e inter 
institucionalidade, ética e qualidade. A organização eficaz desses 
paradigmas exige novos padrões de governança e inovação das 
instituições e indivíduos, em particular, na formação e capacitação 
continuada de alto nível do capital humano e cidadão. 
Iniciado com a Decisão Plenária nº PL-2104/2013 do CONFEA, 
que aprova a inclusão do CONTECC na Semana Oficial da Engenharia e da 
Agronomia (SOEA), visando a apresentação de trabalhos técnicos e 
científicos, de estudantes de graduação, pós-graduação bem como de 
profissionais das diversas áreas de atuação da engenharia e da 
agronomia. O CONTECC possibilita a divulgação de trabalhos 
multidisciplinares das áreas das profissões do Sistema CONFEA/CREA, 
promovendo a expansãodo conhecimento e o desenvolvimento nacional. 
A motivação e filosofia da plataforma CONTECC é criar e manter 
um ambiente dinâmico, colaborativo e multidisciplinar em temas da 
Engenharia e Agronomia de estímulo à troca de ideias, avaliação de 
propostas e aperfeiçoamento da prática da inovação e do 
empreendedorismo e arranjos de governança. 
O CONTECC possibilitou a conexão de profissionais da Engenharia 
e Agronomia, estudantes, agentes públicos e empresários do Brasil e 
exterior, inspirando-os a contribuir em uma agenda moderna de favor da 
tecnologia e inovação, para geração de riqueza, bem-estar social e 
desenvolvimento nacional. 
Portanto esperamos que esta obra venha a colaborar com o 
objetivo do CONTECC de promover o conhecimento e o desenvolvimento 
nacional. 
 Lúcio Antônio Ivar do Sul 
Professor e Cons. Federal do CONFEA 
11 
INTRODUÇÃO 
 
Na sua quarta edição, o CONTECC, vinculado à SOEA é um dos 
mais bem-sucedido e importantes eventos organizados pelo sistema 
Confea/Crea, não apenas pelo seu caráter difuso, a cada ano é sediado 
por um estado do Brasil, como por sua abrangência por se tratar de uma 
plataforma de grande relevância para a discussão de ideias, mostra de 
inovações, intercâmbio de experiências e apresentação de trabalhos 
técnicos e científicos inéditos. A participação é aberta a professores, 
pesquisadores, estudantes, técnicos, empreendedores e profissionais do 
sistema Confea/Crea. Em 2017, o evento aconteceu no Estado do Pará, na 
cidade de Belém, capital do estado. 
Com o tema “A Responsabilidade da Engenharia e Agronomia para 
o Desenvolvimento do País” atraiu mais de três mil inscritos e 
convidados, recebeu cerca de seiscentos (600) trabalhos que são lidos, 
analisados, selecionados e classificados por uma comissão científica e 
publicados posteriormente. 
A premência de uma revolução técnico - cientifica que responda às 
exigências da sociedade pressiona todos os ramos da engenharia e 
ressalta a importância de atuação conjunta da Engenharia e Agronomia, 
em âmbito mundial, na busca de novas tecnologias de desenvolvimento. 
O êxito e a dimensão desse evento levou os organizadores a 
documentar a história do Contecc desde a sua concepção, 
desenvolvimento, implantação, receptividade e percepção do verdadeiro 
papel da engenharia na total integração entre a ciência, a tecnologia e a 
produção. Este livro reúne os trabalhos selecionados e apresentados em 
Belém -PA. 
 
 
Daniel Antonio Salati Marcondes 
Presidente em Exercício do CONFEA 
 
 
 
 
 
12 
Capítulo 1 
 
Acessibilidade no transporte público por ônibus à 
escola superior de tecnologia, localizada na 
cidade de Manaus-AM 
 
Jackson Cascaes Duarte 
Tayná Shadia Neves de Souza 
Matheus Fonseca Ferreira 
Kattyline de Melo Barbosa 
 
INTRODUÇÃO 
Ainda hoje, ascender econômica e socialmente é um dos desejos 
mais comuns do homem, que vê em adquirir um diploma uma 
oportunidade para alcançar esse objetivo. Para tanto, fazer vestibular e 
consequentemente, ingressar em uma universidade são os próximos 
passos a serem dados por ele. Entretanto, não somente o 
engrandecimento acadêmico pessoal, o homem também possui outras 
necessidades, sendo elas: trabalho, lazer, compras, etc. Pelo fato destas 
atividades não serem realizadas todas num mesmo local, surge uma 
necessidade indispensável de se transporter (Kawamoto, 1994). 
Devido a essa necessidade de locomoção, o transporte público 
coletivo se mostra como uma excelente alternativa segura e acessível à 
população de baixa renda e também para aqueles que não possuem 
automóvel, não podem ou não querem dirigir. (Ferraz e Torres, 2004). 
Universidades, que costumam atrair diariamente um grande 
volume de pessoas, geram uma significativa demanda por transporte. 
Sendo assim, seus frequentadores usuais, os alunos, precisam de meios 
de fácil deslocamento de suas residências até a faculdade e vice-versa, o 
que vai garantir uma melhor qualidade de vida para os estudantes, uma 
vez que necessitam de tempo e disposição para se dedicar aos estudos, 
trabalho e outras ocupações. Nos grandes centros urbanos, o sistema de 
transporte público é responsável por grande parte dos deslocamentos. 
Na capital do Estado do Amazonas, Manaus, o transporte coletivo é 
operado predominantemente pela modalidade convencional, constituída 
por uma rede que conta com 220 linhas de ônibus distribuídas por toda a 
cidade. (PlanMob - Manaus, 2015; SMTU, 2016). 
13 
A Escola Superior de Tecnologia (EST), cuja localização é 
mostrada na Figura 1, situa-se na Av. Darcy Vargas, 1200, Bairro Parque 
10 de Novembro. Trata-se de uma das cinco unidades acadêmicas, na 
capital do estado, Manaus, vinculadas à Universidade do Estado do 
Amazonas (UEA). No ano de 2012, foi registrada uma média de 2787 
alunos matriculados, já em 2013, esse número aumentou para 2928 
alunos efetivamente distribuídos entre os mais de 20 cursos ofertados 
pela instituição, cujo foco são engenharias e outros cursos afins. (UEA em 
Números, 2012; UEA em Números, 2013). 
Por atrair uma notável quantidade de alunos anualmente, tal 
universidade foi escolhida como local de estudo para verificar as linhas 
de ônibus que a atendem. Para tanto, foi realizada uma pesquisa junto à 
plataforma INFOBUS, através da qual foi possível averiguar os trajetos de 
origem e destino de cada linha, ao mesmo tempo, analisando por quais 
zonas da cidade trafegam. 
É de suma importância o conhecimento das zonas de origem, 
destino e intermediárias das linhas que atendem aos grandes polos 
geradores de passageiros, uma vez que permite a otimização do sistema, 
ao melhor planejar a frota criando linhas que atendam a todas as regiões 
da cidade e evitando linhas que se sobreponham, a fim de melhor 
atender a população. 
 
Figura 1. Localização da Escola Superior de Tecnologia (EST). 
 
 
14 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Os objetos de estudo definidos para este trabalho foram os pontos 
de ônibus compreendidos no trecho da Av. Darcy Vargas que atendem a 
EST em ambos os sentidos, apresentados na Figura 2. 
 
Figura 2. Localização dos pontos de parada de ônibus próximos à EST. 
 
 
Para efeito de simplificação, considerou-se para este trabalho os 
pontos de parada como P1 e P2, mostrados nas Figuras 3 e 4, 
respectivamente. 
 
Figura 3. Ponto P1 situado na calçada da EST. 
 
 
 
15 
Figura 4. Ponto P2, situado em frente à EST. 
 
 
A metodologia adotada consistiu na utilização do programa 
INFOBUS, desenvolvido pela empresa mineira LOGANN Soluções 
Especiais, que se destina a proporcionar informações a respeito do 
transporte público coletivo dos grandes centros urbanos. Por meio do 
INFOBUS, é possível visualizar os pontos de ônibus da cidade de Manaus, 
bem como verificar quais linhas passam por cada parada, como 
demonstram as Figuras 5 e 6. Além disso, é possível pesquisar linhas e 
visualizar seus trajetos. 
 
Figura 5. Linhas de ônibus que atendem ao ponto P1. 
 
 
 
 
16 
Figura 6. Linhas de ônibus que atendem ao ponto P2. 
 
 
Inclusive, para garantir a confiabilidade do estudo em questão, foi 
examinado in loco o trânsito dessas linhas de ônibus nos períodos da 
manhã, tarde e noite no ponto de parada P1. Foi constatado que das dez 
linhas listadas na Figura 5, nove encontram-se operando no momento e 
apenas a linha 675 está inativa. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
De acordo com o INFOBUS, pelos pontos de parada P1 e P2, 
trafegam um total de dez linhas de ônibus, sendo elas: 008; 118; 213; 
502; 540; 671; 652; 672; 675 e 678, conforme indicado na Tabela 1. 
Analisando ambos os pontos, observou-se que na parada P1, operam 
todas as dez linhas, enquanto na parada P2 operam somente sete dessas 
linhas, sendo elas: 118; 213; 540;652; 672; 675 e 678. As outras três 
linhas restantes (008; 502 e 671) possuem um trajeto diferente nas suas 
viagens de ida e volta, transitando em somente um sentido da Av. Darcy 
Vargas, passando pela parada P1 apenas. A Tabela 1 também mostra qual 
o sentido de trajeto de cada linha ao passar pelo trecho estudado, 
indicando ida ou volta, bem como o tipo de linha, seus respectivos 
itinerários e se passam por P1 e P2. 
Observando-se in loco a movimentação dos pontos P1 e P2, 
constatou-se que somente sete dessas linhas: 008, 118, 213, 540, 652, 
671 e 678, trafegam por ali todos os dias. Isso porque as linhas 672 e 
675, que possuem trajetos semelhantes às linhas 652 e 678, 
respectivamente, foram criadas para reforçarem o atendimento de 
passageiros destas duas, operando apenas em dias úteis e em horários de 
picos. Vale lembrar que a linha 675 encontra-se inativa. Já a linha 502, se 
17 
trata de uma linha especial, cujo público alvo são frequentadores do 
Parque Municipal do Idoso - Fundação Dr. Thomas, operando apenas de 
segunda a sexta, com baixa frequência. 
 
Tabela 1. Linhas de ônibus que atendem à EST 
Linha Itinerário Ida Volta Pontos Tipo 
008 Compensa/E. Salles/T5 X P1 Diametral 
118 
Sto. 
Agostinho/T2/Cachoeirinha 
X X P1 e P2 Alimentadora 
213 
Augusto Monte 
Negro/Ceasa 
X X P1 e P2 Diametral 
502 Pq. do Idoso/T1/T2/Centro X P1 Radial 
540 Ouro Verde/T1/Centro X X P1 e P2 Radial 
652 T4/ T5/V-8/T1/Centro X X P1 e P2 Troncal 
671 T5/T2/Cachoeirinha X P1 Alimentadora 
672 T5/V-8/T1/Centro X X P1 e P2 Troncal 
675 T5/V-8/Ponta Negra X X P1 e P2 Diametral 
678 T4/T5/V-8/Ponta Negra X X P1 e P2 Diametral 
 
Em relação às rotas de cada linha estudada, a Tabela 2 exibe de 
que zonas da cidade elas partem e quais suas zonas de destino. Além de 
mostrar quais as zonas intermediárias pelas quais trafegam para 
finalizarem as suas rotas. 
 
Tabela 2. Zonas de origem, destinos e intermediárias das linhas que 
atendem à EST 
Linha 
Zona de 
origem 
Zona de 
destino 
Zonas intermediárias 
008 OESTE LESTE SUL E CENTRO-SUL 
118 OESTE SUL CENTRO-SUL 
213 OESTE SUL CENTRO-OESTE E CENTRO-SUL 
502 CENTRO-SUL SUL OESTE 
540 LESTE SUL CENTRO-SUL 
652 LESTE SUL CENTRO-SUL 
671 LESTE SUL CENTRO-SUL 
672 LESTE SUL CENTRO-SUL 
675 LESTE OESTE CENTRO-OESTE 
678 LESTE OESTE CENTRO-OESTE 
 
Sabe-se que a EST atrai anualmente alunos de todas as regiões 
do município de Manaus, no entanto os resultados demonstram que o 
transporte público coletivo ofertado para a mesma não atende a toda 
essa demanda. Analisando a Tabela 2, observou-se que somente existem 
18 
linhas com origem nas zonas Oeste, Centro-Sul e Leste e destinos nas 
zonas Leste, Sul e Oeste, que passam pela EST. Enquanto as zonas Norte e 
Centro-Oeste não possuem nenhuma linha de origem ou destino que 
trafegue no trecho estudado. Além disso, também foi constatado que 
algumas linhas passam por uma intermediária diferente das quatro 
principais (Oeste, Centro-Sul, Leste e Sul), como é o caso das linhas 213, 
675 e 678, que transitam por parte da zona Centro-Oeste. 
Percebe-se que a carência das linhas que percorrem a Av. Darcy 
Vargas e que abrangem à todas as zonas da capital amazonense, faz com 
que os estudantes da EST tenham que se deslocar a terminais de ônibus 
ou outros pontos de parada para utilizar os coletivos que passam em 
frente à universidade, ou então, boa parte dos estudantes da instituição 
caminham até a parada em frente ao Manaus Plaza Shopping situado na 
Av. Djalma Batista, onde há uma oferta de linhas muito maior e que 
atendem a praticamente todas as zonas da cidade, porém o caminho é 
considerável, conforme mostrado na Figura 7, por volta de 1,4 km de 
extensão, que se torna cansativo, principalmente em horários de forte 
incidência solar, o que traz desconforto ao usuário, além de não ser um 
caminho seguro, devido a crescente quantidade de assaltos ocorridos à 
alunos desta unidade que fazem esse caminho diariamente. 
 
Figura 7. Trajeto da EST ao Manaus Plaza Shopping. 
 
CONCLUSÕES 
 
Conforme as informações levantadas neste estudo, as 
observações comprovam que alunos da EST que moram nas zonas Norte 
19 
e em parte da zona Centro-Oeste e fazem uso do sistema de transporte 
público por ônibus tem sua mobilidade afetada. Para chegar à 
universidade, muitas vezes, necessitam pegar mais de uma linha e 
realizar transbordos ou pegam somente uma linha, porém tem que 
desembarcar em pontos de avenidas adjacentes à Av. Darcy Vargas, 
tendo que fazer longas caminhadas. Pelo porte dessa Universidade 
Estadual que atrai muitos passageiros anualmente, faz-se necessário um 
estudo técnico mais aprofundado junto ao órgão competente: 
Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) que inclua 
a demanda, a frequência, os itinerários e a frota de veículos, visando 
realizar ajustes no planejamento do sistema de transporte coletivo que a 
atendem. 
 
REFERÊNCIAS 
Ferraz, A. C. P.; Torres, I. G. E. Transporte Público Urbano. 2. ed. São 
Carlos: Rima, 2004. 
Google Maps. Disponível em: <https://maps.google.com>. Acesso em: 01 
mai. 2017. 
INFOBUS. Disponível em: 
<http://server1.infobus.engdb.com.br/manaus/>. Acesso em: 01 mai. 
2017. 
Kawamoto, E. Análise de Sistemas de Transportes. 2. ed. EESC, São 
Carlos, 1994. 
PlanMob-Manaus. Plano de Mobilidade de Manaus. Disponível em: 
<http://www2.manaus.am.gov.br/docs/portal/secretarias/smtu/PlanM
obManaus.pdf>. Acesso em: 01 mai. 2017. 
SMTU. Superintendência Municipal de Transportes Urbanos. Disponível 
em: <http://www.manaus.am.gov.br/wp-
content/uploads/2017/03/Resumo-Novembro-2016.pdf>. Acesso em: 
01 mai. 2017. 
UEA em Números 2012. 1. ed. UEA, Manaus, 2013. Disponível em: 
<http://data.uea.edu.br/sportal/1/institucional/UEA_NUMERO_2012.pd
f> . Acesso em: 04 mai. 2017. 
UEA em Números 2013. 1. ed. UEA, Manaus, 2014. Disponível em: 
<http://data.uea.edu.br/sportal/1/institucional/UEA_NUMERO_2013.pd
f>. Acesso em: 04 mai. 2017. 
 
 
 
 
 
20 
Capítulo 2 
 
Análise da cadeia produtiva do caranguejo-uçá 
(ucides cordatus linnaeus, 1763) na vila do 
Treme, Bragança, Pará 
 
Leonnan Carlos Carvalho de Oliveira 
Bianca Gomes da Silveira 
Joás Martins dos Santos 
Carlos Alberto Martins Cordeiro 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os manguezais podem ser entendidos como ecossistemas 
estuarinos que possuem uma extensa complexidade de fatores bióticos e 
abióticos que os formam e os conduzem (Duran, 2011). Em se tratando 
de extensão, eles ocupam cerca de 172.000 km2 das costas tropicais. O 
Brasil tem um quarto desse total, tendo uma representação de 26.000 
km2, o que representa mais de 15% dos manguezais do mundo (Reis, 
2007). No Estado do Pará, a área de manguezal corresponde a 2.176,78 
km². O Maranhão possui uma área maior, com 5.414,31km² (Nascimento 
Júnior et al., 2013). 
O manguezal apresenta importante papel ecológico, por sua alta 
produtividade primária. É caracterizado pela ocorrência de espécies 
vegetais lenhosas, adaptadas aos ambientes salinos, periodicamente 
inundados pelas marés (Menezes, 2008; Schaeffer-Novelli, 1995). Exerce 
ainda funções relevantes para o desenvolvimento da fauna aquática, 
funcionando como um berçário natural, local de refúgio, forrageio e de 
reprodução para diversas espécies de animais, além de ser fonte de 
recursos naturais para as comunidades humanas que habitam suas 
adjacências (Glaser, 2003; Domingues, 2008). Estima-se que cada 
hectare de floresta de mangue pode abrigar em um período de um ano, 
cerca de 750 Kg de peixe, camarão e outros mariscos (Canestri, 1973). 
O caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), é reconhecido 
por ser uma espécie semi-terrestre que vive nas porções mais altas do 
ecossistema dos manguezais; podem ser facilmente capturados nas 
zonas entre -marés, vivendo em tocas escavadas no substrato lamoso, 
21 
com profundidade de 0,6 a 1,6 m. Estes crustáceos permanecem no 
interior das galerias na maré alta, saindo em busca de alimentação 
somente na maré baixa, é neste momento que eles realizam a limpeza 
das tocas, extraindo de dentro dela o excesso de lama introduzido neste 
local durante a maré enchente (Pinheiro e Fiscarelli, 2001). 
No município de Bragança, nordeste do Estado do Pará, cerca de 
83% dos moradores das comunidades pesqueiras localizadas nas 
proximidades do ecossistema manguezal retiram o seu sustento dos 
recursos naturais procedentes do manguezal. Destes, 64% estão 
envolvidos na cadeia produtiva do caranguejo, considerada principal 
atividade econômica e de subsistência na região (Glaser, 2005). A 
captura de caranguejo nos mangues de Bragança intensificou-se de 
maneira notória nos últimos anos (Araújo, 2006), impulsionada por 
fatores de natureza organizacional do processo de comercialização e de 
oportunidade de trabalho (Maneschy, 2005). Outros autores apontam 
como alguns desses fatores, os baixos investimentos iniciais, o elevado 
crescimento demográfico, a carência de emprego e fonte de renda, a alta 
demanda do produto no mercado e o sistema de livre acesso ao recurso 
(Glaser, 2005). 
Consequentemente, neste cenário a captura do caranguejo evoluiu 
de uma atividade outrora meramente esporádica e de subsistência para 
uma atividade de importância notória na economia local, aumentando a 
complexidade de sua cadeia produtiva (Magalhães, 2007; Domingues, 
2008). Entre essas mudanças, o beneficiamento da carne do caranguejo 
tornou-se elemento chave para agregação de valor, bem como para 
inserção das mulheres no processo produtivo (Magalhães, 2007). 
A natureza é um aspecto marcante na Vila do Treme, cercada por 
um vasto estuário formado por mangue e rios que levam até o mar. Ela 
obedece a uma característica dessa região, conhecida como região do 
salgado, que se estende por todo nordeste paraense, banhada pelo 
oceano atlântico. Essa característica natural torna-se o pilar da economia 
da vila, já que a mesma sobrevive basicamente da extração do 
caranguejo e da pesca artesanal. 
Neste contexto, o objetivo deste estudo foi analisar a cadeia 
produtiva do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) (LINNAEUS, 1763), na 
Vila do Treme, Bragança, PA. Além de caracterizar os aspectos 
financeiros que são alcançados pelas famílias que dependem 
diretamente da exploração desse crustáceo. 
 
 
 
22 
MATERIAL E MÉTODOS 
 
A Vila do Treme como é conhecida está localizada (posição 
geográfica), no meio rural, distante a 18 km da sede do município, 
Bragança, sendo este um município do Estado do Pará, onde se localiza a 
uma latitude 01º03'13" sul e a uma longitude 46º45'56" oeste, estando a 
uma altitude de 19 metros. E encontra-se a 210 quilômetros de Belém, 
capital do Pará, no nordeste paraense. A população da Vila do Treme é de 
aproximadamente 7.000 (sete mil) habitantes, o que faz dela uma das 
vilas mais populosas deste município. 
 O trabalho foi realizado durante o período de março a abril de 
2017, sendo iniciado com visitas na indústria de processamento da 
massa do caranguejo, onde entrevistas foram direcionadas aos catadores 
e a gerente que coordena todo o processo produtivo. Foram visitadas 
todas as repartições da empresa para ter uma maior riqueza de 
informações. Posteriormente, foram realizadas entrevistas com tiradores 
de Caranguejo que realizam o processo de catação em suas próprias 
residências. Os dados obtidos foram transcritos em uma folha de papel 
A4, para melhor organização das ideias, e em ultimo instante, digitados 
para a elaboração do trabalho. 
A coleta de dados foi realizada em um segundo momento, 
realizando levantamentos relativos à literatura referente a estudos que 
indiquem a cadeia produtiva do caranguejo-uça, analisando 
descritivamente aspectos e percepções da atividade, referentes a estes 
organismos aquáticos no Brasil, bem como publicações de pesquisas 
alusivas à análise do perfil dos catadores, e o quanto dependem dessa 
atividade. 
As informações obtidas foram tabuladas no software Microsoft® 
Excel 2016 e submetidas à análise baseada em estatística descritiva de 
distribuição de frequência. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Aspectos produtivos na indústria de processamento 
O caranguejo utilizado na indústria de processamento é de origem 
do município de Viseu, município este localizado a poucos quilômetros 
da Vila do Treme, o motivo da compra desse produto oriundo de outra 
localidade, se deve principalmente aos “conflitos” relacionados à 
exploração desse crustáceo, entre os moradores da Vila do Treme e o 
proprietário do estabelecimento de processamento. Segundo 
informações, os moradores se negaram a destinar sua produção para 
23 
indústria de processamento, pois futuramente correriam o risco de ter 
uma decaída na sua produção, devido a grande exploração desses 
estoques. Os caranguejos chegam por via rodoviária, de 8 em 8 dias, 
geralmente nos dias de terça-feira e quinta-feira. 
A indústria de processamento possui aproximadamente 22 
catadores, esses catadores possuem uma flexibilidade de horários, essa 
flexibilidade lhes permite, chegar cedo ao trabalho coletar a meta pré-
estabelecidas por eles mesmos, e ir embora assim que alcançar a meta. 
Diariamente são catados aproximadamente de 4 a 7 kg de massa e pata 
do caranguejo, e os catadores recebem R$ 8,00/kg de massa catada, o 
valor proveniente da catação pago aos catadores é realizado de 15 em 15 
dias. 
Vale ressaltar, a preocupação com a higiene que é realizada em 
todas as repartições da empresa, logo na entrada a empresa possui 
tanques para a lavagem dos caranguejos, passando posteriormente para 
o seu cozimento e esquartejamento, os caranguejos já preparados são 
levados para a sala da coleta, onde são colocados sobre bandejas de 
alumínio, e após ser retirada a massa com auxilio de pinças e o “toc-toc”, 
a massa é armazenada em caixas térmicas com constante refrigeração, o 
próximo passo é colocar as massas sobre uma superfície luminosa, para 
a retirada de pequenos ossos que vieram acompanhados da massa, após 
todos esses processos é realizado a pesagem e o congelamento, e levado 
para o freezer para a sua conservação, todo o processo realizado mostra 
um comprometimento com a qualidade do produto. 
Outros pontos importantes são referentes ao processo de 
comercialização e distribuição do produto, o mesmo é distribuído para 
todo o Brasil, e principalmente para a região metropolitana de Belém, e 
são comercializados com preços relativamente altos, podendo chegar até 
R$ 80,00, já que são vendidos geralmente em grandes supermercados 
localizados na capital. Além da massa, outro produto é extraído dos 
caranguejos, através da queima da carapaça, sendo possível fazer adubo, 
o qual é vendido para o estado do Maranhão. 
No período de defeso, a indústria de processamento tem licença 
para adquirir de 8 a 10 mil caranguejos, que são armazenados dentro do 
estoque da empresa, sendo que a catação é realizada até acabar o 
estoque. 
 
Aspectos produtivos nas residências dos catadores 
Nas casas das catadoras autônomas, para se chegar ao produto 
final, que é, à massa de caranguejo, são necessárias três etapas: 
24 
1° Etapa: Está relacionada à coleta dos animais, considerada uma 
atividade exclusiva de homens, onde o mesmo se dirige para o 
manguezal e passa a maior parte do dia para capturar os indivíduos. 
2° Etapa: Consiste nos primeiros tratamentos dos animais, o qual 
acontece sua morte a partir de esquartejamento, lavagens e cozimento. É 
considerado um trabalho de homens, na fabrica, e acontece logo após a 
chegada dos indivíduos, pela parte da noite. Já em relação às casas de 
catadoras, esse trabalho éda mulher. 
3° Etapa: É a retirada da carne do caranguejo, que é ensacada em 
embalagens de 0,5 ou 1 kg. A catação é considerada um trabalho de 
mulheres, embora se notasse nas fábricas presença de homens catando o 
crustáceo. Essa atividade para as catadoras autônomas é realizada no 
“puxadinho” de suas casas, uma semi-cozinha, onde se tem uma mesa 
coberta de sacas, uma pedra grande, um “toc-toc” e uma pinça ou faca 
para retirada da carne presa nas carapaças. Após beneficiamento e a 
pesagem do produto, o mesmo é passado para um patrão ou marreteiro 
que encaminha a mercadoria para Bragança e Belém, sendo 
comercializados com preço de até R$20,00/kg de massa. 
 
Divisão sexual de trabalho 
A divisão sexual do trabalho é relativamente presente, visto que 
em entrevista com algumas catadoras autônomas, foi abordado que o 
trabalho de tirar caranguejo no mangue fica sob responsabilidade do 
homem, ele é quem deve trazer o sustento para casa, as mulheres podem 
até acompanhar a ida ao mangue, mas vão para realizar outras 
atividades (retirada de sururu e turu). A justificativa é que o trabalho no 
manguezal é muito pesado e cansativo para mulheres. Segundo uma das 
catadoras, “o trabalho de mulher é em casa, cuidando dos filhos, catação 
e outras atividades”. Isso mostra o quanto à mulher é submissa nessas 
comunidades. 
Na fábrica se observou também a divisão sexual do trabalho, os 
trabalhos pesados como esquartejamento, lavagens e cozimento são 
destinados aos homens que após isso, ainda espera o caranguejo esfriar 
para ensacar e armazenar nos frízeres. As mulheres ficam com a parte de 
supervisionamento e catação. Mas foi observada a presença de homens 
também na catação, em entrevista um deles disse que nunca foi ao 
mangue tirar caranguejo, mas já havia trabalhado com pesca. 
 
Técnicas de captura 
Segundo os dados obtidos em entrevista, os tiradores de 
caranguejo têm conhecimento do seu local de trabalho (mangue). 
25 
Aprenderam a domesticar esse ambiente, reconhecendo caminhos e 
trilhas, que facilitam seu deslocamento entre as raízes aéreas, conhecem 
também a biologia dos caranguejos (como o sexo) e os fatores sazonais 
do meio (marés, luas). 
Suas principais técnicas de captura são: o braço e o gancho. No 
primeiro, o tirador coloca o braço dentro da galeria (toca do caranguejo) 
até alcança-lo e pega-lo, trazendo para a superfície. Já o gancho consiste 
na utilização de uma vara de madeira, onde se coloca em sua 
extremidade um pedaço de ferro em formato de “J”, é usado quando o 
tirador não consegue alcançar o caranguejo com o braço, então precisa 
enfiar o gancho na galeria e puxar o indivíduo. Na fabrica não souberam 
dizer como ocorre essas técnicas, pois os catadores não têm contato 
direto com os tiradores de caranguejo. 
 
CONCLUSÕES 
 
A exploração dos manguezais pelas comunidades tradicionais com 
baixa renda vem se destacando como principal fator para o crescimento 
da atividade, a economia da Vila do Treme depende diretamente da 
comercialização desse crustáceo. Após a chegada da indústria de 
processamento da massa do caranguejo, agregou-se valor ao produto, 
além de que várias pessoas da localidade conseguiram empregos e se 
sentem estabilizadas economicamente. 
Contudo, as pessoas que preferem catar a massa do caranguejo na 
própria casa, se mostraram contentes em relação aos lucros que recebem 
pelo seu trabalho. Porém, as dificuldades foram encontradas em 
problemas de saúde, que foram relatados pelos moradores daquela 
localidade. 
Diante desse contexto, é necessário novas pesquisas e atividades, 
para que seja possível fazer um balanço correto da economia na Vila do 
Treme, influenciada pela atividade da exploração do caranguejo. A fim de 
entender todos os elos que compõem a cadeia produtiva da atividade, 
bem como as dificuldades encontradas para o desenvolvimento da 
mesma. 
 
REFERÊNCIAS 
 
Araújo, A. R. R. Fishery statistics and commercialization of the mangrove 
crab, Ucides cordatus (LINNAEUS), in Bragança – Pará – Brazil. [Tese]. 
Centre for Tropical Marine Ecology (ZMT). Bremen, 2006. 
26 
Canestri, V.; Ruiz, O. The destruction of mangroves. Marine Pollution 
Bulletin, v.4, n.12, p.183-185, 1973. 
Duran, R. S. Caranguejeiros e Caranguejos: A Captura do Caranguejo-Uçá, 
Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Ucididae), no Município de 
Cananéia (SP). 35p. Trabalho de conclusão de Curso. Universidade 
Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2011. 
Glaser M.; Cabral N.; Ribeiro A. L. Gente, ambiente e pesquisa: manejo 
transdisciplinar no manguezal. Belém. UFPA/NUMA; 2005. 
Glaser M.; Diele K. Resultados assimétricos: avaliando aspectos centrais 
da sustentabilidade biológica, econômica e social da pesca de caranguejo, 
Ucides cordatus (Ocypodidae). In: Glaser M.; Cabral N.; Ribeiro A. L. 
Gente, ambiente e pesquisa: manejo transdisciplinar no manguezal. 
Belém-PA. UFPA/NUMA. 2005. p.51-68. 
Magalhães, A.; Costa, R. M; Silva, R.; Pereira, L. C. C.The role of women in 
the mangrove crab (Ucides cordatus, Ocypodidae) production process in 
North Brazil (Amazon region, Pará). Ecological Economics, v.61, p.559-
565, 2007. 
Maneschy, M. C. Sócio-Economia: trabalhadores e trabalhadoras nos 
manguezais. In: Fernandes MEB, Editor. Os manguezais da costa norte 
brasileira. São Luís: Fundação rio Bacanga, 2005. p.135-164. 
Menezes, M. P. M.; Berger, U.; Mehlig, U. Mangrove vegetation in 
Amazonia: a review of studies from the coast of Pará and Maranhão 
States, north Brazil. Acta Amazonica, v.38, n.3, p.403-420, 2008. 
Nascimento Júnior, W. R.; Souza Filho, P. W. M.; Proisy, C.; Lucas, R. M.; 
Rosenqvist, A. Mapping changes in the largest continuous Amazonian 
mangrove beltusing object-based classification of multisensor satellite 
imagery. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v.11, p.83-93, 2013. 
Pinheiro, M. A.; Fiscarelli, A. G. Manual de Apoio á Fiscalização do 
Caranguejo- uçá (Ucides cordatus). CEPSUL. Itajaí (Santa Catarina), 2001. 
43p. 
Reis, M. R. R. Na Friadagem do Mangal: organizar e tirar caranguejos nos 
fins de semana em Bragança (Vila do Acarajó). 87p. Dissertação de 
Mestrado. Universidade Federal do Pará, 2007. 
Schaeffer-Novelli Y. Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. São 
Paulo: Caribbean Ecological Research, 1995. 
 
 
 
 
 
 
27 
Capítulo 3 
 
Análise da implementação de um sistema de 
microgeração de energia utilizando 
microinversor e inversor multi-string 
 
Anselmo Fhellipe Souza Maia 
Mateus de Aquino Moreira 
Edvaldo Francisco Freitas Lima 
Naji Rajai Nasri Ama 
 
INTRODUÇÃO 
 
As contas de energia elétrica sofreram nas últimas décadas um 
aumento significativo enquanto, felizmente, o custo para instalar 
sistemas fotovoltaicos faz uma trajetória contrária, diminuindo 
anualmente devido a fortes contribuições de incentivos fiscais e 
tendência mundial. Com a atualização da normativa Nº 482/2012 da 
ANAEEL, a geração descentralizada de energia fotovoltaica tornou-se 
uma opção interessante e viável não só para consumidores de grande 
porte como grandes industrias, mas agora também para pequenas 
empresas, prédios e até casas. Em regiões favorecidas pelo clima e 
geografia, o investimento neste sistema de geração tem se tornado cada 
vez mais atrativo. Esta atualização nº 482/2012 permite que qualquer 
fonte renovável seja instalada em estabelecimentos consumidores, 
classificando-os assim em: unidade de micro geração produzindo até 75 
kW e unidade de mini geração distribuída aquela com potência acima de 
75kW e menor ou igual a 5 MW (ANAEEL, 2015). 
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica, em 
setembro de 2016 o Brasil chegou na marca de 5.525 unidades 
consumidoras com produção da sua própria energia classificados em 
micro geração distribuída. No mesmo mês de2015, eram apenas 1.155 
unidades demonstrando que houve um crescimento de 400% neste 
período. A ANAEEL estima que o mercado continuará em expansão até 
2024, onde o Brasil deverá ter 1,2 milhão de unidades produzindo 
eletricidade em diferentes modalidades de produção de energia limpa 
(ANAEEL, 2016). 
28 
Esse sistema permite além da possibilidade do consumidor 
produzir energia para seu consumo, se houver excedentes nesta 
produção, a energia pode ser introduzida na rede elétrica da 
concessionária gerando créditos que o consumidor terá até 60 meses 
para “gastar”. Inclusive, é permitido descontar este excedente produzido 
em outro imóvel, desde que esteja no nome da mesma pessoa. 
No Mato Grosso do Sul e em outros 20 estados, este excedente 
produzido tem isenção do imposto ICMS (Imposto Sobre Circulação de 
Mercadorias e Serviços), o que torna a micro geração de energia mais 
barata (CONFAZ, 2016). 
A Geração solar é a mais utilizada entre as unidades 
consumidoras que produzem sua própria energia. Esta geração é oriunda 
da transformação direta de radiação solar em energia elétrica. As células 
fotovoltaicas “entregam” a energia em corrente contínua, isto ocasiona a 
necessidade de um equipamento para realização da conversão e 
sincronização para conectar à rede elétrica. A conversão mais utilizada é 
a transformação da energia de corrente contínua (CC) para corrente 
alternada (CA), visto que a grande maioria dos equipamentos elétricos e 
eletrônicos trabalham em corrente alternada (CEPEL, 2014). 
Atualmente o inversor solar mais utilizado para sistemas 
fotovoltaicos é o Grid-Tie, expressão em inglês que significa conectado à 
rede. Este tipo de inversor tem como característica uma função para 
desligar rapidamente caso a rede elétrica venha cair, e a possibilidade de 
utilizar o sistema sem um banco de baterias para armazenamento da 
energia, isto é, toda energia produzida “escoa” diretamente para rede 
elétrica. Também existe os inversores solar para sistemas sem conexão à 
rede elétrica (off-grid) objeto que não será foco neste estudo. Através da 
tabela 1 é possível verificar a classificação de inversores conectados à 
rede elétrica. 
 
Tabela 1. Classificação de inversores conectados à rede elétrica 
Inversor Grid-Tie Potência Descrição 
Microinversor 50 W – 500 W 
Potência Baixa, utilizado com 1 ou 2 painéis 
solar. 
Inversor string 500 W – 2.000 W Painéis conectados em série. 
Inversor multi-string 1.500 W – 6.000W Painéis conectados em série e paralelo. 
Mini Inversor Central 6.000W – 100.000 W Alta potência, utilizado em pequenas indústrias. 
Inversor Central 100.000 – 1.000 KW Alta potência, utilizado em industrias e usinas. 
Fonte: Teodorescu (2011). 
 
Outro aspecto dos inversores grid-tie com exceção do micro 
inversor é que trabalham com a conversão de toda energia produzida 
pelos painéis solares de uma vez para depois ser inserida na rede 
29 
elétrica. Já o micro inversor trabalha com a capacidade de realizar a 
conversão da energia separadamente de cada painel solar criando uma 
independência de conversão. 
Esses dois tipos de inversores apresentam vantagens e 
desvantagens. Neste contexto, este trabalho apresenta uma comparação 
de preços para implementação de um sistema fotovoltaico de 
classificação on grid, utilizando inversor multi-string e micro inversor, 
para duas unidades residencial consumidoras diferentes. Desta forma 
será possível verificar a viabilidade da utilização dos sistemas 
conectados à rede elétrica utilizando estes inversores solar. 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
O objeto deste estudo abordará a comparação de preços para 
instalação de um sistema fotovoltaico de característica conectado à rede 
elétrica (on grid) por meio da comparação dos custos de implementação 
de cada uma dessas tecnologias de inversores em duas residências 
diferentes. Logo para o estudo e entendimento do funcionamento dos 
sistemas utilizando micro inversor e inversor multi-string construiu-se a 
figura1. 
 
Figura 1. Sistema utilizando micro inversor (A) e inversor multi-string 
(B). 
 
 
Constatou-se que o micro inversor é posicionado diretamente na 
placa fotovoltaica realizando a conversão da corrente contínua (CC) para 
corrente alternada (CA) exclusivamente daquele painel solar. No 
inversor multi-string destaca-se que ao contrário do sistema com micro 
inversor, este não realiza a conversão exclusiva de um painel 
fotovoltaico, mais sim de todos os painéis fotovoltaicos do sistema. 
Para realização da comparação de viabilidade de investimento, 
incialmente foi feita uma identificação das unidades consumidoras para 
30 
facilitação do entendimento quando os mesmos fossem citados. A 
residência com menor consumo de energia tem seu valor igual a 256 
kWh mês denominada casa 01. A unidade consumidora com maior 
consumo de energia elétrica tem seu valor igual 2.233 kWh mês e 
denominada casa 02. O processo de escolha dessas unidades 
consumidoras foi realizado de forma optar por uma unidade com 
consumo médio de uma residência pequena, e a outra o consumo médio 
de uma residência grande. 
O processo de seleção das empresas para realização dos 
orçamentos de instalação dos sistemas fotovoltaicos, foi definido 
conforme a especialidade de trabalho com os inversores. Visando a 
integridade de imagem das empresas, as com especialidades na 
implementação do projeto utilizando micro inversor foram denominadas 
de MA e MB, sendo diferente empresas respectivamente. As empresas 
com especialidade em inversores comuns foram denominadas IA e IB. 
Para determinar um critério de igualdade para realização dos 
orçamentos foi apenas disponibilizado a conta de energia elétrica para as 
empresas. Sendo que neste documento, contém todas as informações 
necessárias para confecção de um orçamento algumas características 
necessárias são: endereço da unidade consumidora, histórico dos 
últimos 12 meses do consumo de energia elétrica, valor médio de 
consumo dos últimos 12 meses e valor médio total pago para 
concessionária de energia dos últimos 12 meses. 
Para apresentação dos valores dos orçamentos fornecidos, será 
considerado também os custos das estruturas de fixação, cabos, 
suportes, placas de sinalização, disjuntores, e outros componentes 
elétricos necessários para a instalação do sistema. Assim elimina-se uma 
possível diferença significativa de valor quanto a fixação dos inversores, 
pois o inversor multi-string tem sua instalação próxima ao quadro de 
carga, e os micros inversores ficam posicionados normalmente em baixo 
das placas fotovoltaicas no telhado. 
Por fim, quando se obteve os orçamentos, realizou-se um 
processo de avaliação para verificar possíveis erros de dados como 
utilização de informações incorretas por parte das empresas e com 
intuito de facilitar a compreensão comparativa dos dados obtidos, 
apresenta-se uma tabela para a entendimento da viabilidade dos 
sistemas utilizando micro inversores e inversor multi-string. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Considerando o processo de validação dos orçamentos 
recebidos, apresenta-se abaixo a tabela comparativa com os dados 
31 
referente a implementação de um sistema fotovoltaico em duas unidades 
consumidoras diferentes, utilizando micro inversor e inversor comum. 
 
Tabela 2. Apresentação dos dados 
EMPRESA CASA 01 (256kWh) CASA 02 (2.233kWh) 
MA (Microinversor) R$ 20.540,96 R$ 151.628,66 
MB (Microinversor) R$ 23.310,70 R$ 155.053,18 
IA (Inversor multi-string) R$ 17.860,50 R$ 142.884,00 
IB (Inversor multi-string) R$ 18.328,99 R$ 141.547,45 
 
Nota-se que houve uma variação de preços do micro inversor 
quando comparado a orçamentos recebidos do inversor multi-string. 
Realizando uma conta simples para conseguir a média de cada 
residência, temos que para o investimento na casa 01 utilizando microinversor necessita-se de cerca de R$ 21.925,83, e com inversor comum 
cerca de R$ 18.094,74, e para o investimento na casa dois R$ 153.340.92 
com micro inversor e R$ 142.214,40 com inversor multi-string. Contudo 
antes de realizar o parecer da viabilidade, devemos analisar as principais 
vantagens e desvantagens destes inversores, conforme apresentado na 
tabela 2. 
 
Tabela 3. Vantagens e Desvantagens do inversor versus o micro inversor 
Tipo Vantagens Desvantagens 
Inversor 
multi-string 
Opera com alta voltagem; 
Sombreamento de um único painel 
afeta o sistema 
Baixo Custo de Investimento Monitora o sistema como um todo 
Vasta quantidade de 
fabricantes no mercado 
Limitado as opções de expansão 
Micro inversor 
Cada painel pode ser 
monitorado de forma 
individual 
Se o micro inversor apresentar 
falha, será necessário subir no 
telhado 
Possibilidade de expansão do 
sistema 
Exposição ao clima 
Cada painel tem seu próprio 
MPPT 
Alto custo de investimento 
 
Observa-se que utilizando o micro inversor cada painel terá seu 
próprio MPPT (Maximum Power Point Tracking), podendo assim 
explorar com muito mais eficiência toda capacidade de geração de 
energia de cada placa fotovoltaica, característica que o inversor Grid-Tie 
realiza considerando o sistema como um todo, isso ocasionará em uma 
perda de eficiência. Este aproveitamento melhor da eficiência pode 
32 
maximizar a geração de energia de cada módulo, cerca de 5%, e até 25% 
dependendo das condições individuais (APSYSTEMS, 2017). 
 Também observando que na utilização do inversor multi-string, o 
consumidor não terá a opção de expansão do sistema, caso seu consumo 
aumente, devido seu inversor ter uma potência limitada máxima de 
operação. Enquanto o micro inversor apresenta a vantagem do sistema 
poder ser expandido da forma e quantidade que o cliente necessitar. 
 Por outro lado, o inversor multi-string apresenta um valor de 
investimento menor para o consumidor, e também elimina a necessidade 
de subir ao telhado para realizar algum tipo de manutenção se por 
ventura ocorrer. Bem como nota-se a possibilidade de fabricantes 
disponíveis no mercado, que é significa mente maior do que do 
microinversor. 
 
CONCLUSÕES 
 
Através da análise dos resultados, observou-se que a diferença de 
preço para o investimento do micro inversor em comparação ao inversor 
multi-string na casa 01 foi cerca de 17,5%, e para a casa 02 foi certa de 
7,3%, sendo assim constatou-se que o investimento com inversor multi-
string é menor para ambas residências. Contudo esta diferença de preço 
tenderá a cair devido o micro inversor ainda ser uma tecnologia de 
recente utilização no Brasil. De acordo com Instituto Nacional de 
Metrologia Normalização e Qualidade Industrial existe apenas um micro 
inversor homologado (INMETRO, 2016). 
Em relação a viabilidade, esta diferença apresentada pode ser 
equalizada, considerando as vantagens do micro inversor quanto ao 
monitoramento individual das placas fotovoltaicas, melhor eficiência de 
produção das placas devido ao MPPT e possibilidade de expansão do 
sistema, sendo assim apresentando uma viabilidade de investimento 
igual ou até em alguns casos melhor do que inversor multi-string. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Universidade Católica Dom Bosco pelo incentivo de bolsa na 
participação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica 
(PIBIC), CNPq pelo apoio financeiro e concessão de bolsa, ao orientador 
desta pesquisa e de PIBIC Dr. Naji Rajai Nasri Ama pela oportunidade e 
contribuição quanto aos assuntos técnicos. 
 
 
33 
REFERÊNCIAS 
ANAEEL. Agencia Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa 687 
de 24 de novembro de 2015. Brasília-DF, 2015. 
ANAEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. 2016. Disponível em: 
http://www.anaeel.gov.br. Acesso em: 01 de maio de 2017. 
ANAEEL. Geração de Energia por Consumidores cresce 400% em 1 ano. 
Disponível em: 
<http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/11/geracao-de-energia-
por-consumidores-cresce-400-em-1-ano.html>. Acesso em: 29 de abril 
de 2017. 
CONFAZ. Conselho Nacional De Política Fazendária. Convênio ICMS 15. 
Brasília-DF, 2016. 
Teodorescu, R.; Liserre, M.; Rodiguez, P. Grid Converters For 
Photovoltaic and Wind Power Systems. 2011 
CEPEL. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de 
Janeiro, 2014. 
Davinson, J. The New Solar Electric Home: The Fotovoltaic How-to 
Handbook. AATEC Publications, 1995. 
APSYSTEMS. Altenergy Power – The APsystems Microinverter Models. 
Disponível em: http://usa.apsystems.com/solar-microinverters/. Acesso 
em: 01 de maio de 2017. 
INMETRO. Instituto Nacional De Metrologia, Qualidade e Tecnologia. 
Tabela de Componentes Fotovoltaicos – Inversores conectado à Rede 
Elétrica (On Grid). Brasília-DF, 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
Capítulo 4 
 
Análise de consolo curto como solução 
empregada para apoio de laje pré-moldada 
 
Thaynná Costa Teixeira 
Elaine Cristina Rodrigues Ponte 
Eduardo Cesar Cordeiro Leite 
 
INTRODUÇÃO 
 
Segundo Naegeli (1997) consolos são elementos estruturais 
prismáticos utilizados frequentemente em estruturas de concreto 
armado, servindo de apoio para outros elementos estruturais ou para 
equipamentos pesados. Para Souza e Bittercourt (2003), consolos são 
estruturas que apresentam descontinuidade em suas tensões de 
deformações internas, logo não podem ser dimensionadas usando a 
“Hipótese de Bernoulli”. Souza (2004) salienta que essas estruturas que 
apresentam descontinuidades são dimensionadas usando métodos 
empíricos, baseados na experiência, logo surge uma necessidade de 
dimensionamento dessas regiões de maneira sistemática. Silva e Giongo 
(2000) admite que o uso do modelo de bielas e tirantes permite esse 
dimensionamento, a modelagem possibilita o entendimento da estrutura 
por meio de um fluxo de tensões. 
No modelo de Bielas e Tirantes vão estar representados (Figura 
1) por linhas retas, as bielas (zonas de compressão) de traço 
interrompido e os tirantes (representação de zonas tracionadas) de 
traço contínuo (Silva & Giongo, 2000). 
Souza (2004) cita que a curvatura das tensões é representada 
pelos nós, que têm capacidade de absorver e transmitir com segurança 
as forças que nelas chegam, Meirinhos (2008) explica que esse passo 
pode ser feito automaticamente usando um software adequado, como o 
CAST. O referente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise 
estrutural de um consolo curto de apoio duplo de concreto armado, 
utilizando no software CAST parâmetros que foram apresentados na 
NBR 6118:2014. 
 
 
35 
Figura 1. Superposição de dois modelos para consolos com ação aplicada 
ao longo da altura. 
 
Fonte: Silva e Giongo (2000). 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Foi modelado um consolo curto, considerando as ações das 
forças cortantes que os apoios recebiam. O modelo escolhido foi 
estudado pelo CAST, que é capaz de realizar uma análise e 
dimensionamento de uma estrutura de concreto armado ou protendido, 
com base no modelo de bielas e tirantes. O consolo foi calculado para 
uma faixa de 1 metro, com forças concentradas de 80 kN proveniente da 
reação das lajes pré-moldadas nos apoios, a uma distância de 7,5 cm da 
borda da estrutura, os restantes de suas dimensões estão detalhados na 
Figura 1. O elemento estrutural em questão é de concreto de 30 MPa, 
com barras de aço CA 50. 
 
Figura 1. Detalhamento do consolo curto (a em metros, b em 
centímetros) 
a) b) 
Fonte: Autor (2017). 
 
36 
Para as análises no software CAST, o programa foi adaptado 
para utilizar os parâmetros da NBR 6118:2014, entrando com a tensão 
de ruptura a aderência do concreto de 21,4 MPa, fator de eficiência de 
0,88, bem como as características das bielas,nós e tirantes. Após 
adaptação do programa foram definidas as características geométricas e 
materiais do consolo em questão. Como proposto pela NBR 6118:2014 
tiveram ângulos de inclinação, entre as bielas e a armadura vertical, cuja 
tangente estava entre 0,57 e 2 (23,68° a 63,43°), logo o modelo foi 
considerado consistente. 
A região descontínua foi desenhada no CAST, definindo o 
caminho de carga, ao estudo realizado na estrutura, as forças 
concentradas de 80 kN (carga de cálculo) nos apoios, reagem na peça 
fazendo uma compressão no apoio do consolo, sendo necessário então a 
presença de bielas inclinadas abaixo desses apoios, indo em direção ao 
centro inferior da peça. Essa força de compressão solicita bastante a 
peça, podendo tornar o apoio do consolo instável, para isso não 
acontecer, essas tensões devem ser atirantadas de forma que se 
estabilizem, por isso a colocação de tirantes que “levantam” essas forças 
que antes estavam concentradas na parte inferior da peça. Coloca-se 
também um tirante entre os apoios para estabilizar esse modelo de 
Bielas e Tirantes, e por fim, para transformar a armadura em treliças 
isostáticas, colocam-se elementos estabilizadores que para as 
determinadas condições de apoio, não estão solicitados. Após a análise 
inicial que permitiu a visualização dos elementos da treliça, foram 
atribuídos os tipos de bielas e nós, bem como a quantidade e espessura 
do aço nos tirantes. Feito isso, foi gerada outra análise, onde o programa 
forneceu os valores de tensões e a capacidade de resistência alcançada 
nas barras. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
A Figura 2 representa a envoltória resistência a que está 
submetida o consolo. Os valores entre parênteses representam a razão 
entre a solicitação no elemento e a resistência no mesmo, que podem ser 
vistas mais detalhadas na Tabela 1. Quanto mais quente a cor, mais 
solicitado está o elemento, valores positivos indicam tração, e valores 
negativos indicam compressão. 
 
 
 
37 
Figura 2. Detalhamento dos elementos solicitados 
 
Fonte: Autor a partir da visualização do CAST (2017). 
Tabela 1. Fatores de utilização dos elementos do modelo de Bielas e 
Tirantes 
Classes de Potencial Pedológico 
Elemen
to 
Proprieda
de 
Esfor
ço 
Comprime
nto 
Tens
ão 
Proporção das 
tensões 
 
kN Mm MPa 
 
E1 Steel 93,3 105 0,675 0,756 
E2 Steel 93,3 240 0,675 0,756 
E3 Steel 93,3 138,29 0,675 0,756 
E4 Bielas -122,9 490 2,049 0,151 
E5 Steel 80 400 0,563 0,648 
E7 Steel 80 90 0,563 0,648 
E8 Steel 80 138,29 0,563 0,648 
E9 Bielas -122,9 240 2,049 0,151 
E10 Bielas -93,3 30 1,556 0,115 
Fonte: Autor (2017). 
 
A tabela 2 apresenta a armadura necessária para o consolo 
calculado, segundo as forças de atuação de cada tirante, determinado 
pelo CAST (2000). Devido ao fato do software não dispor em seu acervo 
bitola de 20 mm, para efeitos de cálculo foi usado bitola de diâmetro de 
19 mm. 
 
 
38 
Tabela 2. Armaduras necessárias para o consolo determinado pelo CAST 
ARMADURA TRANSVERSAL 
 𝐹𝑑 
(kN) 
𝑓𝑦𝑑 
(kN/cm²) 
𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐 
(cm²) 
𝐴𝑠,𝑒𝑓 𝐴𝑠,𝑒𝑓 
(cm²) 
Stress 
Ratio 
E
1 
93.3 43.5 21.5 10 
φ20 
31.4 0.756 
E
2 
93.3 43.5 21.5 10 
φ20 
31.4 0.756 
E
3 
93.3 43.5 21.5 10 
φ20 
31.4 0.756 
ARMADURA LONGITUDINAL 
 𝐹𝑑 
(kN) 
𝑓𝑦𝑑 
(kN/cm²) 
𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐 
(cm²) 
𝐴𝑠,𝑒𝑓 𝐴𝑠,𝑒𝑓 
(cm²) 
Stress 
Ratio 
E
5 
80 43.5 20.2 10 
φ20 
31.4 0.648 
E
7 
80 43.5 20.2 10 
φ20 
31.4 0.648 
E
8 
80 43.5 20.2 10 
φ20 
31.4 0.648 
Fonte: Autor (2017). 
 
Na Figura 3, segue o detalhamento da armadura, que são barras 
do tirante dobradas para baixo, junto à face frontal do consolo. No total 
de 10 barras de 20 mm, distribuídas ao longo de 1 metro, 
correspondente ao comprimento do consolo. 
 
Figura 3. Detalhamento da armadura do tirante (unidades em 
centímetro). 
 
Fonte: Autor (2017). 
39 
CONCLUSÕES 
 
 O modelo escolhido pelo processo do caminho de cargas, estava 
correto de acordo com a NBR 6118:2014, pois o programa CAST 
verificou que a razão entre a solicitação do elemento e sua resistência foi 
menor que 1, logo a estrutura estava segura. Por fim, a partir dos 
resultados gerados no programa, foi possível detalhar a armadura do 
consolo, de forma simples. 
 
REFERÊNCIAS 
 
American Concrete Institute ACI 318/95 - Building code requeriments 
for structural concrete. Detroit, Michigan. 1995. 
Associação Brasileira De Normas Técnicas NBR 6118:2014 – Projeto de 
estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro. 2004. 
Associação Brasileira De Normas Técnicas (2006). NBR 9062:2006 – 
Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldadas. Rio de 
Janeiro. 
El Debs; Mouni, K. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações. 1. 
ed. São Carlos: EESCUSP, 2000. 
Fusco, P. B. Técnica de armar as estruturas de concreto. 2. ed. Pini, 2013. 
405p. 
Leonhardt, F.; Mönnig, E. Construções de concreto: Casos especiais de 
dimensionamento de estruturas de concreto armado. v. 1, 2 e 3. 1. Rio de 
Janeiro: Interciência, 1978. 
Meirinhos, G. F. Projecto de betão armado com Modelos de escoras e 
tirantes Assistido por computador. Dissertação (Mestrado). Faculdade de 
Engenharia, Universidade de Porto, 2006. 
Naegeli, C. H. Estudos de consolos de concreto armado. 1997. 284 f. Tese 
(Doutorado em ciência em Engenharia civil). Universidade Federal do 
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997. 
Santos, D. dos; Giongo, J. S. Análise de vigas de concreto armado 
utilizando modelos de bielas e tirantes. Cadernos de Engenharia de 
Estruturas, v.10, n.46, p.61-90, 2008. 
Schäfer, K.; Schlaich, J. Consistent design of structural concrete using 
strut-andtie models. In: Colóquio sobre Comportamento e Projeto de 
Estruturas, 5. Rio de Janeiro, 1988. 
Schäfer, K.; Schlaich, J. Design and detailing of structural concrete using 
strut-andtie models. The Structural Engineer, v.69, n.6, 1991. 
40 
Souza, R. A. Concreto estrutural: análise e dimensionamento de 
elementos com descontinuidades. Tese (Doutorado). Escola Politécnica 
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. 
Souza, R. A. Análise e dimensionamento de estruturas de concreto 
utilizando o método dos elementos finitos e modelos de escoras e 
tirantes. Estágio de Doutoramento, Universidade do Porto, Portugal, 
2003. 
Souza, R. A.; Bittencourt, N. Parâmetros de resistência efetiva do 
concreto estrutural para a análise e dimensionamento utilizando 
modelos de escoras e tirantes. In: V Simpósio EPUSP Sobre Estruturas De 
Concreto”, São Paulo, 2003a. 
Souza, R. A.; Bittencourt, T. N. Modelos escoras-tirantes: exemplo de 
dimensionamento de viga-parede utilizando as recomendações do aci-
318. In: 450 Congresso Brasileiro do Concreto, Vitória, 2003b. 
Tjhin, T. N.; Kuchma, D. A. Computer-based tools by design by strut-and-
tie method: advances and challenges. ACI Structural Journal, v.99, n.5, 
p.586-594, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
Capítulo 5 
 
Avaliação da viabilidade ambiental na agrovila 
Calúcia município de Castanhal, Pará 
 
Amanda de Paula Viana Souza 
Maria Alessandra Gusmão da Rosa 
Priscila Santos da Conceição Oliveira 
Camila Suely Leite do Vale 
Célia Maria Costa Guimarães 
 
INTRODUÇÃO 
 
A agropecuária brasileira apresenta posição de destaque na cadeia 
produtiva do leite, pois possui alta produtividade e grande valor 
agregado. Além de apresentar papel fundamental na produção de 
alimentos, gerando emprego e renda para os pequenos produtores. 
Entretanto, a pecuária leiteira ao longo do tempo vem mostrando que a 
exploração desenfreada pode causar danos ao meio ambiente. Dessa 
forma, a atividade vem se modificando, se tornando maissustentável e 
diminuído os impactos ambientais deixados pela mesma (Botega; Braga 
Junior; Lopes; Rabelo, 2008). 
Nos últimos anos o desenvolvimento sustentável ganha espaço 
nas discussões sobre o agroecossistema. E o termo sustentabilidade 
surgiu na década de 80, onde conceitua a capacidade de 
desenvolvimento no presente sem comprometer as necessidades das 
gerações futuras. Para a analise do desenvolvimento sustentável é posto 
em consideração os quesitos econômicos, sociais e ambientais, afim de 
que haja interação entre os mesmos (Bortoli; Rempel; Bica, 2014). 
Para avaliação do índice de sustentabilidade na propriedade rural 
em especial, são utilizados indicadores de sustentabilidade ambiental, 
onde parâmetros são utilizados para determinar as condições do 
ambiente/local. Com intuito, de encontrar medidas que possibilitem 
definir resultados, além de gerar dados e apontar a direção favorecendo 
o desenvolvimento sustentável. (Verona, 2008). Com isso, surge o 
imperativo de avaliar a sustentabilidade em uma propriedade de leiteira, 
localizada no município de Castanhal, Pará, através de indicadores 
ambientais. 
42 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 A pesquisa foi realizada em uma propriedade familiar, localizada 
no município de Castanhal, na Agrovila Calúcia, Nordeste Paraense, 
produtora de iogurte artesanal, no período de dezembro de 2016. A 
fazenda visitada possui 33 animais, onde 25 estão em lactação. A 
metodologia adotada para avaliação da sustentabilidade foi com base no 
estudo de Rempel et al. (2012). Os critérios adotados para a avaliação da 
sustentabilidade ambiental na propriedade foram com base em nove 
parâmetros: Dejeto, Água, Área de Preservação Permanente (APP), 
Reserva Legal, Agrotóxicos e Fertilizantes, Declividade do Terreno, 
Erosão, Queimadas e Diversidade de Usos da Terra, conforme proposto 
por Rempel et al. (2012). Alguns desses noves parâmetros estão 
subdivididos em subparâmetros, totalizando 13 subparâmetros, como 
mostra a tabela 1. Onde a pontuação máxima para uma propriedade com 
sustentabilidade ambiental equivale a 100 pontos, sendo a produção de 
dejetos o indicante com maior influência. Na etapa seguinte houve a 
tabulação dos resultados de acordo com os dados gerados com base na 
entrevista e através do que foi observado na propriedade leiteira. Os 
dados foram tabulados através do software Excel, podendo-se obter a 
nota de cada parâmetro propriedade. 
 
Tabela 1. Parâmetros de avaliação da sustentabilidade ambiental 
Indicadores Pontuação Sub-Indicadores Pontuação 
Dejeto 30 
Armazenamento de dejeto sólido 10 
Armazenamento de dejeto líquido 10 
Destinação do dejeto animal 10 
APP 15 
Percentual de utilização das APPs 10 
Uso predominante na APP 5 
Agrotóxicos e fertilizantes 15 
Utilização de fertilizantes 
químicos e agrotóxicos 
10 
Armazenamento de embalagens 
de agrotóxicos 
5 
Reserva legal 10 
Percentual de vegetação nativa 
para averbação em reserva legal 
10 
Água 10 Fonte de água 10 
Declividade 10 Declividade do terreno 10 
Erosão 4 Evidências de solo erodido 4 
Queimadas 4 Evidências de queimadas 4 
Usos a terra 2 Diversidade de cobertura 2 
Totais 100 
Fonte: Rempel et al. (2012). 
 
43 
A atribuição da pontuação de cada subparâmetro é realizada 
considerando a melhor situação (maior pontuação) reduzindo na direção 
da pior situação (menor pontuação), com valores intermediários de 
acordo com o risco ou exposição ao impacto ambiental. Deste modo, o 
somatório de todos os subparâmetros consistirá na pontuação alcançada 
pela propriedade. O conhecimento da pontuação total alcançada indicará 
o índice, o qual permite a identificação do conceito de qualidade da 
sustentabilidade ambiental. Os conceitos estão divididos em excelente 
(Pontuação igual a ou maior que 0,8), Bom (Pontuação igual a ou maior 
que 0,6), Regular (Pontuação igual a ou maior que 0,4), Ruim (Pontuação 
igual a ou maior que 0,2) e Inadequado (Pontuação menor que 0,2). 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Na tabela 2 são apresentados os resultados obtidos para cada 
parâmetro analisado na propriedade. Podemos observar que o 
parâmetro dejeto apresentou uma das menores notas quando 
comparada com a nota esperada, tendo em vista sua grande importância 
para análise do índice de sustentabilidade da propriedade. 
 
Tabela 2: Avaliação dos parâmetros analisados na propriedade 
Parâmetros Nota máxima Propriedade 
Dejetos 30 5,5 
APP 15 10 
Agrotóxicos e Fertilizantes 15 15 
Reserva legal 10 10 
Água 10 5 
Declividade 10 10 
Erosão 4 4 
Queimadas 4 4 
Usos de terra 2 2 
Total 100 65,5 
Índice 1 0,655 
Conceito Excelente Bom 
Fonte: Adaptado de Rempel et al. (2012). 
 
De acordo com as notas obtidas a propriedade em estudo sobre 
análise qualitativa dos dados, adquiriu conceito bom na avaliação do 
índice de sustentabilidade ambiental. Tal conceito foi obtido devido à 
baixa pontuação no parâmetro dejetos (5,5) em comparação a nota ideal 
(30), pelo fato da falta de local adequado para destinação dos dejetos 
animais, fezes e água. A grande produção de dejetos, aliada a práticas 
44 
como lançamento direto, sem nenhum tipo de tratamento nos 
mananciais de água, passou a gerar desequilíbrios ecológicos (KONZEN, 
2003). 
Os parâmetros APP e água obtiveram pontuação mediana em 
comparação a pontuação máxima estabelecida em estudo por Rempel et 
al., (2012), pois a propriedade se encontra com apenas 40% da sua 
reserva legal original e a água provindo de poço próprio é utilizada para 
as atividades de casa e para consumo dos animais. 
Com relação aos demais parâmetros todos obtiveram pontuação 
máxima, visto que não há utilização de defensivos agrícolas, tão pouco a 
prática de queimadas. O uso da terra é bastante diversificado com a 
produção de capim elefante (Pennisetum purpureum) e cana-de-açúcar 
(Saccharum officinarum) que é fornecido aos animais, além de outros 
cultivos existentes na propriedade. 
 
CONCLUSÕES 
 
O conceito qualitativo para encontrar o índice de sustentabilidade 
ambiental para classificar a propriedade de estudo foi Bom, com 
pontuação de 65,5. Os indicadores de sustentabilidade encontrados 
foram próximos aos máximos, mostrando assim que a propriedade está 
entre as condições boas e excelentes, indicando que o agroecossistema é 
sustentável, podendo ter os níveis de sustentabilidade melhorados com o 
decorrer do tempo, caso sejam adotadas medidas eficazes no 
armazenamento e tratamento dos dejetos. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao CNPq pela concessão de bolsa de pesquisa ao primeiro autor. 
 
REFERÊNCIAS 
 
Botega, J. V. L., Braga Júnior, R. A., Lopes, M. A., Rabelo, G. F. Diagnóstico 
da automação na produção leiteira. Ciência e Agrotecnologia, v.32, n.2, 
p.635-639, 2008. 
Bortoli, J. de, Rempel, C., Bica, J. B. Sustentabilidade ambiental de 
propriedades leiteiras localizadas em floresta ombrófila mista e em 
floresta estacional decidual, no vale do Taquari/RS. Resista de Gestão, 
Sustentabilidade e Negócios, v.2, n.1, 2014. 
45 
Rempel, C. et al. Proposta metodológica de avaliação da sustentabilidade 
ambiental de propriedades produtoras de leite. Tecno-Lógica, v.16, n.1, 
p.48-55, 2012. 
Verona, L. A. F. Avaliação de sustentabilidade em agroecossistemas de 
base familiar e em transição agroecológica na região sul do Rio Grande 
do Sul. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em 
Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, 2008. 
Konzen, E. A. Fertilização de lavoura e pastagem com dejetos suínos e 
cama deaves. V Seminário Técnico da Cultura Do Milho, 5, 2003, Videira. 
Anais, Videira, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
Capítulo 6 
 
Avaliação de estresse em discentes de engenharia

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