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Aula 2 – Teoria Geral do Processo. DEFINIÇÃO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO. Teoria, qual o seu significado? É um corpo de conceitos sistematizados que nos permite conhecer determinado domínio da realidade. Segundo Fábio Alexandre Coelho1: Teoria corresponde às noções gerais de uma arte ou ciência, cuja compreensão é baseada no estudo do conjunto de elementos essenciais, que estão organizados de forma racional, sendo, por isso, necessário e indispensável reconhecê-los. Teoria Geral do Processo: Conceito. É um conjunto de conceitos sistematizados (organizados) que serve ao jurista como instrumento para conhecer os diferentes ramos do direito processual. A TGP (Teoria Geral do Processo) como chamaremos a partir de agora, não dá um conhecimento imediato e direto de determinado ramo do direito processual, mas nos fornece instrumental necessário para conhecermos qualquer disciplina particular do direito processual. 1 COELHO, Fábio Alexandre. Teoria geral do processo. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004, p. 2. O estudo dos problemas concretos de cada área processual faz parte de sua própria disciplina, nos cabendo aqui, somente, servir-se de uma disciplina instrumental. Em princípio, a TGP como estudaremos seria destinada a apenas três searas processais (o processo civil, o processo penal e o processo do trabalho), mas também não há como negar o fato de que irradia também efeitos as demais áreas hoje conhecidas do processo, como o processo tributário, administrativo, constitucional, embora este último seja, muitas vezes, aquele ponto mais íntimo entre todas as áreas processuais. O OBJETO DO ESTUDO DA TGP. São os conceitos mais gerais do direito processual. Conceitos esses que servem de fio condutor para explicar o direito processual em geral. FUNÇÃO DA TEORIA GERAL DO PROCESSO. Serve para preparar os alunos para o estudo dos diversos ramos do direito processual, mediante o conceito de seus conceitos mais básicos. MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA TEORIA GERAL DO PROCESSO. Para tanto, necessita-se saber sobre o processo de elaboração do conhecimento, tendo este três principais correntes. A corrente empírica: sustenta a tese de que os conceitos são elaborados a partir da própria realidade. No caso da TGP isso significa dizer que seus conceitos são elaborados a partir da observação dos diferentes direitos processuais, ou seja, analisa-se todos estes e vê-se o que todos têm em comum. Deste comum, forma-se a TGP. A corrente racionalista defende o ponto de vista de que a fonte de conhecimento é a razão. Assim, os conceitos da TGP seriam elaborados a partir de idéias e princípios fundamentais que são os instrumentos teóricos que serão utilizados para a interpretação da realidade. Retira-se que é a razão que dá explicação aos fatos. O conceito sai do abstrato (teoria) para o concreto (realidade). A terceira é chamada de paradigma linguístico-pragmático. Põe em evidência o fato de o conhecimento da realidade é linguisticamente mediado, pois a linguagem é o único canal de acesso do ser humano à realidade. Assim, somente através do diálogo chegamos à verdade. Tem o filósofo alemão Habermas como um dos seus expoentes maiores. Pode-se dizer que a construção da TGP é o resultado de um diálogo entre a comunidade jurídica sobre as realidade processuais (normas, valores, práticas judiciais, interpretações, doutrinas, contexto social, econômico e político). Argumentação é racional. Principal força: evita-se o risco de que o conhecimento deslize para o subjetivismo decisionista, para o dogmatismo, como acontece no Brasil, onde a doutrina processual é ditada por um pequeno grupo e aceita pelos ‘discípulos’ sem questionamentos. Ninguém tem a verdade absoluta. Temos pretensões à verdade que, dialogadas, podem chegar a ela. CONTEÚDO DA TEORIA GERAL DO PROCESSO: DOUTRINA TRADICIONAL. CRÍTICA. A TGP não poderia mais apenas cingir-se ao processo judiciário, devendo hoje abarcar o processo legislativo, administrativo, negocial etc... Contudo, ainda o estudo da TGP, hoje, é circunscrito ao processo judiciário, em especial ao penal, civil e trabalhista. Apesar de tudo isso, é bom ressaltar que grande parte da doutrina admite que existe uma teoria geral do processo e outra que entende não existir a mesma. Valdir Ferreira de Oliveira Junior2 assim expõe o assunto: A teoria geral do processo é admitida por grande parte dos processualistas, dentre os quais podemos citar: Liebman, Dante Angelotti, Ada Pellegrini Grinover, Cândido Rangel Dinamarco, Antônio Carlos de Araújo Cintra, Calmon de Passos, Fredie Didier Jr., José de Albuquerque Rocha, J. E. Carreira Alvim, Daniel Francisco Mitidiero, Fernando de La Rua, dentre outros. Dentre os autores que não admitem a exist~encia de uma Teoria Geral do Processo estão: Luis Eulálio Bueno de Vidigal, José Rogério Lauria Tucci e Manoel Arruda Alvim. 2 OLIVEIRA JUNIOR, Valdir Ferreira de. Existe uma teoria geral do processo. In DIDIER JR, Fredie; JORDÃO, Eduardo Ferreira. Teoria geral do processo: panorama doutrinário mundial. Salvador: JusPodivm, 2007, p. 963. Ainda, poderia se juntar a lista daqueles que admitem a teoria Luiz Guilherme Marinoni, Rosemiro Pereira Leal, Jônatas Luiz Moreira de Paula e Fabio Alexandre Coelho, e na linha que quem não admite, mas acaba por admitir uma teoria geral da jurisdição, José Maria Rosa Tesheiner. Aula retirada da obra: Teoria geral do processo de José de Albuquerque Rocha. 10. ed. São Paulo: editora Atlas, 2009.
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