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RESENHA ESTAMIRA CONCLUIDA

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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA E REABILITAÇÃO
CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR 
CURSO DE PSICOLOGIA – CAMPUS BARRA
ISABELA TEIXEIRA DE SOUZA
RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO ESTAMIRA
Estamira, a voz silenciada!
 Professor: Carlos Linhares
RIO DE JANEIRO
2018
RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO ESTAMIRA
ESTAMIRA. Direção: Marcos Prado. Produção: Marcos Padro e José Padilha. Rio de Janeiro: RioFilme, 2005.
Estamira, a voz silenciada!
A primeira vez que assisti o documentário Estamira, produzido por Marcos Padro, me senti afetada, pois este trás uma reflexão sobre a “loucura” já estudada em sala de aula e a realidade vivida por algumas pessoas que não possuem voz. Estamira, além de um ser humano sábio, assim considero, conduz a sua eloquência e seu discurso poético, expressivo, para tratar as questões de caráter social, religioso, moral, e revela a forma a qual vê o mundo, com seu modo crítico, porém verdadeira para ela. 
Nas esquizofrenias e em outras psicoses a inteligência está essencialmente preservada, ainda que não esteja sendo usada em todo o seu potencial, a inteligência dos pacientes permanece preservada. (MINAS GERAIS, 2006). Como vemos em Estamira, ela possui suas opiniões fortes, sua posição quanto ao que acreditava de maneira denunciadora, considerando que a sua inteligência não aparentava estar corrompida. 
Esse discurso denunciador que deseja traduzir alguns pedidos que não são ouvidos, ou que são ouvidos como “loucura”, me chamou atenção para a ideia de quererem calar a voz dos que ouvem e não dizem o que eles querem e silenciar também a voz dos que falam e criticam o sistema, de alguém que se encontra estigmatizada, alguém que é visto pela sociedade, no caso da Estamira, como “louca”.
Ligando com a psicanálise, vemos em aula, trazendo a posição de um doente mental e seu lugar em uma sociedade marcada pela exclusão. E devido a esta exclusão, este documentário mostra como a nossa sociedade é feroz a ponto de fazer com que os indivíduos sejam riscados como indivíduos e inclusos numa minoria, sendo assim vetados da sua participação na sociedade, onde têm direitos e deveres e devem responder como qualquer outro indivíduo, colocando esse sujeito em uma posição de loucura e miséria.
A exclusão demonstrada de forma clara no documentário, também gera estigmas, como vimos nos casos dos apontamentos de sua “loucura”. A relação da exclusão acaba sendo tratadas como forma de normalidade, pessoas que não possuem capacidade de encontrar-se em um lugar melhor, vivem realmente nesses estados alarmantes, pois “não procuram” algo melhor. As idéias acabam girando em torno de culpar o outro pelos problemas os quais passam, sem saber o processo pelo qual aquela pessoa passou para estar onde está.
Estes indivíduos não possuem a sua capacidade que é silenciada, de mostrar suas habilidades ou o melhor de si, e este documentário apresenta esse processo que a Estamira passa, onde é diagnosticada como esquizofrênica e tachada como louca, mas tem em sua cabeça a realidade plena, conhecendo bem esta. E como trouxe a ideia da sociedade marcada pela exclusão, essa personagem, por exemplo, vive em mazelas que foram impostas por um sistema totalmente capitalista, essa construção e posição social feita e imposta pelo próprio homem. 
Uma mulher se 60 anos, que passou a vida sobrevivendo a situações adversas, sofrendo abusos, podendo também ter uma predisposição a insanidade diagnosticada, tornou-se portadora de esquizofrenia crônica, doença mental de frequência de 1 a cada 100 pessoas, a qual fazia com que ela tivesse delírios, as ideias falsas, onde a paciente têm convicção absoluta, perturbação na capacidade mental e quando não tratada, pode ser muito perigosa, além de alucinações auditivas, que envolve uma apreensão de sons que exista um estímulo auditivo. (NETO, 2010). 
Seu discurso aparentemente estranho Estamira mostra que possui capacidade para pensar sobre as situações da vida, expressando suas revoltas. Sua primeira revolta é por ter sido silenciada, o papel da sociedade e do contexto nesse momento era o de silenciamento e isso fazia com que a mesma sentisse isso. 
A mesma fala em um discurso convicto: “A minha missão, além d’eu ser Estamira, é revelar a verdade, somente a verdade. Seja mentira, seja capturar a mentira e tacar na cara, ou então ensinar a mostrar o que eles não sabem, os inocentes...”. (PRADO, 2005). Além de afirmar em seu discurso que não se considerado uma pessoa perversa, apenas uma pessoa ruim e que a cada vez que ela via algumas coisas, ela ficava pior, em relação a sua ruindade. Entendo sua posição em relação a não ser uma pessoa perversa, a sua intenção não era prejudicar outras pessoas, mas alertá-las. 
Esses transtornos relatados fazem com que a mesma desenvolvesse esses delírios, e com essas alucinações busca talvez uma fuga de tudo o que viveu pensando no novo. Querendo colaborar com uma sociedade que a exclui, inclusive, lutando contra a alienação do homem em suas críticas, essa mesma sociedade que como já foi dito e repito a silenciou e deseja silenciar quem tem voz.
Estamira diz se identificar com o lixo, seu ego é visivelmente fragilizado, podendo perceber também questões de melancolia, ainda mais quando a mesma trás a fala de que “a minha depressão é imensa”. Sendo uma pessoa questionadora, a falta de esperança com tudo o que passou produziu nesta a descrença, esta que a faz renegar a Deus por razões, devido talvez a sua forma de sobrevivência, as mazelas em que vivia, os maus tratos os quais sofreu, em partes diz ser até superior a esse Deus. Tudo isso produziu em Estamira um efeito avassalador em sua saúde mental, nota-se essa necessidade de falar e de se posicionar como uma pessoa boa além de tudo esta interligado, buscando um equilíbrio em seus discursos, a mesma tenta ordenar toda bagunça em sua mente, tudo o que encontra-se desconexo. 
Poder assistir este documentário possibilita a capacidade de escuta da protagonista a partir de diversos lugares e olhares. Podendo escutá-la no olhar de pessoas que não compreendem o assunto, do olhar da psiquiatria, refletindo sobre o diagnóstico deste, podendo ter uma visão também pelo lado da psicologia social, observando como esta é parte do seu meio e como esse contexto se desenvolve, pensa e se relaciona. 
Devemos lembrar que as psicoses são um importante campo de interlocução interdisciplinar entre a psiquiatria e a psicanálise: a psiquiatria contribui com uma caracterização cuidadosa dos sintomas, e a psicanálise procura situar estes fenômenos no campo da chamada estrutura ou posição subjetiva psicótica (MINAS GERAIS, 2006), sendo estas no final complemento da outra para um uma investigação completa. 
O interessante para compreensão para elaboração de uma resenha crítica é necessariamente observação a ligação desse processo passado pela mesma com as matérias propostas em sala de aula, como as aulas sobre “esquizofrenia”, de sua conceituação atual, onde a “esquizofrenia é de origem multifatorial, onde os fatores genéticos e ambientais parecem estar associados a um aumento no risco de desenvolver a doença”. (SILVA, 2006)
O outro lado do documentário produzido por Marcos Prado, de acordo com a minha perspectiva, foi à capacidade do autor de “ouvir”. Quando trago a ideia da voz silenciada, trago também a ideia de que uma pessoa divulgar toda uma vida de alguém que é estigmatizada é porque está pessoa teve empatia com essa história, e sabemos que essa capacidade de ouvir não é fácil. 
Poder ouvir o que o outro diz independente da sua posição, não estigmatizando e não desvalidando o que a pessoa diz, é um ponto forte nesse documentário. A voz que sempre foi silenciada, a voz que não podia ser ouvida foi ouvida, e fez diferença. A psicologia busca essa idéia de conhecer os acontecimentos que de alguma forma também estamos inseridos e fazer com que analisemos e passemos afrente de forma a reflexão. 
Necessário nesse caso abrirmos mão do que temos como certo e errado, ou como objetivo, pois, quando estigmatizamos algo ou temos preconceito com aquilo, acabamos nos distanciando. O desafio atual do momento talvez seria, até concordando com todas as aulas em que o professor Carlos trás essa idéia do “O que é loucura?”, é fazer com que essa dita loucura seja ouvida. Fácil hoje é ouvir o outro e desconsiderar o que este diz, assim estamos afirmando que não os vemos como meros seres humanos, criando assim a distância citada e uma visão distorcida do outro. 
Conclui-se que o documentário trás a toma essa espaço silenciado, espaço de escuta à essa personagem que tem muitas críticas, como por exemplo consumismo exacerbado da cultura brasileira. Ela não mede as suas palavras e fica indignada, faz suas denúncias através da sua própria voz, verdades delas misturadas com seus delírios. Estamira participou de uma coletividade tachada como perturbados e pobres. Assim também trás como é importante o poder do ouvir, o olhar empático sobre o outro, dar a liberdade de fazer com o outro abra o coração para confessar suas fraquezas e fazer destas a fortaleza para outros. 
Aproveitando essa oportunidade para falar sobre tudo o que se encontra agarrado em sua garganta, ela consegue passar por cima das adversidades e interagir fazendo com que o ambiente em que vive seja aceitável, no ambiente em que vive ela consegue deixar de lado os estigmas, consegue se livrar dos preconceitos impostos por uma sociedade doente. 
Quando vemos dentro de sala de aula pessoas que são consideradas “normais”, com a capacidade de pensar tão afetada pelo preconceito, pelo estigma, vemos que Estamira é “lúcida”. Somos meros mortais, que necessitamos olhar para o outro com empatia, olhar para o outro e compreender, como estudamos todo esse período, o biopsicossocial, olhando também para si percebendo que estamos passíveis a qualquer “problema” e que nossa visão na maior parte é fechada. Estamira, como muitas pessoas, foi mais uma vítima por sua invisibilidade social, morreu pelo descaso, sem ser percebida, a sociedade não a silenciou, pois sua voz ecoa. 
A voz silenciada hoje ecoa em nossos corações, clareia as nossas mentes e nos faz perceber que somos verdadeiros loucos em um mundo que nos molda, verdadeiros loucos em um mundo que quer nos calar. Ser uma pessoa que pode com tanto descaso disseminar suas angústias, suas necessidades e trazer consigo a ‘certeza’, é ser um ser humano lúcido, que reconhece que o mundo encontra-se diluído e corrompido e a sociedade desfalecida. Ser Estamira é sinônimo de força e garra, sinônimo de luta, mas não é de uma luta qualquer, é sinônimo de lutar contra a maré do preconceito, sinônimo de voz que ecoa e não será calada se aprendermos de fato e passarmos para frente quem foi ESTAMIRA. (Isabela Teixeira). 
REFERÊNCIAS
MINAS GERAIS. Secretaria de Educação de Saúde. Atenção em Saúde Mental. Marta Elizabeth de Souza. Belo Horizonte, 2006.
NETO, Maria Rodrigues Louzã. Doenças Esquizofrenia. Saúde Mental, 2010. Disponível em <http://www.saudemental.net/o_que_e_esquizofrenia.htm> . Acessado em: 05 de Maio de 2018. 
PRADO, Marcos. Filme Documentário de Estamira, 2005.
SILVA, Regina Cláudia Barbosa da. Esquizofrenia: uma revisão. Psicol. USP [online]. 2006, vol.17, n.4 [cited  2018-06-23], pp.263-285. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642006000400014&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0103-6564.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65642006000400014.

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