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Material de Apoio ECA João Aguirre Aula 01

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EXTENSIVO OAB SEMANAL 
Disciplina: ECA 
Prof.: João Aguirre 
Aula: 01 
Monitora: Klariene 
 
 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
I. Anotações 
II. Lousas 
III. Exercícios 
 
 
I. ANOTAÇÕES 
 
Criança e Adolescente 
 
I – Tutela Constitucional da Criança e do Adolescente 
 
Art. 227 � Prioridade absoluta � Criança e Adolescente 
 
- Estado 
- Família 
- Sociedade 
 
Doutrina da situação irregular Doutrina da proteção integral 
O “menor” não era considerado como 
um sujeito de direitos na sua plenitude, 
mas era um “objeto de proteção” 
 
� “menor” em situação irregular 
Criança e adolescente são sujeitos de 
direito na sua plenitude, que merecem 
proteção integral e prioridade absoluta 
da família, da sociedade e do Estado 
* Superior interesse da criança e do 
adolescente 
 
 
Criança e adolescente: são sujeitos na condição peculiar de pessoa em desenvolvimento � Superior 
interesse, proteção integral e prioridade absoluta. 
 
Conforme o art. 227 da CF: 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a 
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade 
e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
 
CF/88 
 
 
 
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Nos termos do ECA: 
 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. 
 
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de 
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. 
 
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este 
Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. 
 
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes 
à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, 
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e 
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual 
e social, em condições de liberdade e de dignidade. 
 
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e 
adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, 
etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e 
aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou 
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que 
vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
 
II – Criança, Adolescente e Jovem 
 
Art. 2º, caput, ECA: 
 
A) Criança: 0 a 12 anos incompletos 
B) Adolescente: 12 anos a 18 anos 
 
Parágrafo único: aplicam-se, excepcionalmente, as normas do ECA às pessoas entre 18 e 21 anos � Para 
a OAB só vale para o âmbito penal. 
 
Dica: As normas do ECA devem ser aplicadas ao menor emancipado! � Normas de proteção 
 
Vale mencionar que, segundo o art. 40 do ECA: 
 
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, 
salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. 
 
Por outro lado, consta no CC que: 
 
Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista 
pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do 
Adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
 
Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência 
efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as 
regras gerais da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do 
Adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
 
Ato infracional: é a conduta definida como crime ou contravenção penal praticada por criança ou 
adolescente. 
 
 
 
 
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Art. 228, CF: princípio da imputabilidade penal da criança e do adolescente. 
 
Criança e adolescente � Não cometem crime e nem agem em contração penal, mas praticam ato 
infracional. 
 
Segundo o ECA: 
Título III: Da Prática de Ato Infracional 
 
Capítulo I: Disposições Gerais 
 
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção 
penal. 
 
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às 
medidas previstas nesta Lei. 
 
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do 
adolescente à data do fato. 
 
 
 
Pergunta: Quem é o jovem trazido para o texto do art. 227 da CF pela EC 65/2010? 
 
A pessoa entre 18 e 21 anos 
 
 
Jovem é a pessoa entre 15 e 29 anos � Estatuto da Juventude – Lei 12.852/13. 
 
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, 
os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de 
Juventude - SINAJUVE. 
 
§ 1º Para os efeitos desta Lei, são consideradas jovens as pessoas com idade entre 
15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade. 
 
§ 2º Aos adolescentes com idade entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se a 
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, e, 
excepcionalmente, este Estatuto, quando não conflitar com as normas de proteção 
integral do adolescente. 
 
 
 
 
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ECA: 
 
a) Criança: 0 a 12 anos 
b) Adolescente: 12 a 18 anos 
 
Estatuto da Juventude: 
 
� Jovem: 15 a 29 anos. 
a) Jovem adolescente: 15 a 18 anos 
b) Jovem adulto: 18 a 29 anos. 
 
 
III – Direitos Fundamentais no ECA 
 
1. Direito à Vida e à saúde (arts. 7 a 14) 
 
Mediante a efetivação de políticas públicas que permitam: 
 
- O Nascimento 
- O desenvolvimento 
 
- Sadio e harmonioso 
- Condições dignas 
 
1º) Antes do nascimento 
 
- Assegura-se às mulheres: o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento 
reprodutivo. 
 
- Assegura-se às gestantes: nutrição adequada, atenção humanizada ao parto e ao puerpério, e 
atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal no âmbito do SUS. 
 
2º) Após o nascimento 
 
- O Poder Público, as instituições e os empregadores devem propiciar condições adequadas ao aceitamento 
materno � Inclusive para mães submetidas à medida privativa de liberdade. 
 
- Assegura-se à criança e ao adolescente acesso integral às linhas de cuidado, por meio do SUS, 
 
Linhas de cuidado � atendimento médico e hospitalar 
 
Incumbe ao Poder Público fornecer gratuitamente àqueles que necessitam: 
 
- Medicamentos 
- Órteses 
- Próteses 
- E outras tecnologias assistidas 
 
Para tratamento e recuperação da criança e do adolescente. 
 
Criança e adolescente com deficiência 
 
- Devem ser atendidos sem segregação ou discriminação � Visando-se atender às suas necessidades, gerais 
e específicas, de habilitação e de reabilitação. 
 
 
 
 
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2. Direito à liberdade, ao respeito e a dignidade (arts. 15 a 18) 
 
A) Direito à liberdade: 
 
Regra: Não privar a criança e nem o adolescente de sua liberdade. 
 
Exceção: só se deve privar o adolescente de sua liberdade em situações excepcionais (princípio da 
excepcionalidade) e da forma mais breve possível (princípio da brevidade), em respeito à sua condição 
peculiar de pessoa em desenvolvimento � art. 227, §3º, V, CF. 
 
� A criança não pode ser privada de sua liberdade 
 
Súmula nº 492 STJ 
O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente 
à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente. 
 
 
B) Direito ao respeito: 
 
Inviolabilidade: 
- Física 
- Psíquica 
-Moral 
 
* Respeito e preservação: 
- Da imagem 
- Da identidade 
- Da autonomia 
- Dos valores 
- Das ideias e crenças 
- Dos espaços e dos objetos pessoais 
 
 
C) Direito à dignidade (art. 18) 
 
É dever dos pais zelar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os à salvo de qualquer: tratamento 
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constranger. 
 
A Lei 13.010/14 (“Lei da Palmada”) incluiu os arts. 18-A e 18-B no ECA, proibindo o castigo físico e o 
tratamento degradante. 
 
Castigo físico Tratamento cruel ou degradante 
� Ação de natureza disciplinar ou 
punitiva aplicada com o uso da força 
física que cause: 
a) Sofrimento físico 
 ou 
b) Lesão 
� Forma ou conduta cruel de tratamento 
que: 
a) Humilhe 
b) Ameace gravemente 
c) Ridicularize 
 
 
 
 
 
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II. LOUSAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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III. EXERCÍCIOS 
 
 
VIII Exame Unificado 
 
Questão 01 - Com forte inspiração constitucional, a Lei n°. 8.069, de 13 de julho de 1990, consagra a 
doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, assegurando-lhes direitos fundamentais, entre 
os quais o direito à educação. Igualmente, é-lhes franqueado o acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, 
preparando-os para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, fornecendo-lhes elementos para 
seu pleno desenvolvimento e realização como pessoa humana. De acordo com as disposições expressas no 
Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que: 
 
A) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores, mas não poderão 
contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos pelas instâncias educacionais 
superiores, norteados por diretrizes fiscalizadas pelo MEC. 
B) é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, 
mas sem a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio. 
C) não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino àqueles genitores ou responsáveis 
pela criança ou adolescente que, por convicções ideológicas, políticas ou religiosas, discordem dos métodos 
de educação escolástica tradicional para seus filhos ou pupilos. 
D) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de 
maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas injustificadas e a evasão escolar, esgotados os 
recursos escolares, assim como os elevados níveis de repetência. 
 
 
 
XVI EXAME 
 
Questão 02 - O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que pessoas com até doze anos de idade 
incompletos são consideradas crianças e aquelas entre doze e dezoito anos incompletos, adolescentes. 
Estabelece, ainda, o Art. 2º, parágrafo único, que “Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente 
este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade”. 
 
Partindo da análise do caráter etário descrito no enunciado, assinale a afirmativa correta. 
 
A) O texto foi derrogado, não tendo qualquer aplicabilidade no aspecto penal, que considera a maioridade 
penal aos dezoito anos, não podendo, portanto, ser aplicada qualquer medida socioeducativa a pessoas 
entre dezoito e vinte e um anos incompletos, pois o critério utilizado para a incidência é a idade na data do 
julgamento e não a idade na data do fato. 
B) A proteção integral às crianças e adolescentes, primado do ECA, estendeu a proteção da norma c0 
especial aos que ainda não tenham completado a maioridade civil, nisso havendo a proteção especialmente 
destinada aos menores de vinte e um anos, nos âmbitos do Direito Civil e do Direito Penal. 
C) O texto destacado no parágrafo único desarmoniza-se da regra do Código Civil d e 2002 que estabelece 
que a maioridade civil dá-se aos dezoito anos; por esse motivo, a regra indicada no enunciado não tem 
mais aplicabilidade no âmbito civil. 
D) Ao menor emancipado não se aplicam os princípios e as normas previstas no ECA; por isso, o estabelecido 
no texto transcrito, desde a entrada a em vigor da norma especial em 1990, não era aplicada a os menores 
emancipados, exceto para fins de Direito Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
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IX Exame Unificado (Ipatinga-MG) 
 
Questão 03 - Assegurar o direito fundamental à vida e à saúde da criança e do adolescente é dever da 
família, da sociedade e do Poder Público. Acerca da regulamentação desses direitos pelo Estatuto da Criança 
e do Adolescente, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são 
obrigados 
a manter os prontuários individuais, pelo prazo de dez anos, assim como fornecer declaração de nascimento. 
B) Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-
natal, salvo se a mesma manifestar interesse em entregar seus filhos para adoção, quando será assegurada 
assistência psicológica pré-natal apenas. 
C) A gestante tem direito ao acompanhamento pré-natal, sendo-lhe assegurado o direito de ser atendida 
no parto pelo mesmo médico que a acompanhou, assim como de optar pelo tipo de parto a que será 
submetida. 
D) O atendimento pré-natal à gestante inclui o dever do poder público de propiciar apoio alimentar à 
gestante, como forma de assegurar o direito à vida e à saúde do nascituro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito 
 
1. D 
2. C 
3. D

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