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DEFININDO EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDOR Empreendedor Conforme Dornelas (2005, p. 29), “a palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo”. Ou seja, o termo está ligado diretamente a alguém que realiza coisas diferentes, intermediando o produto/serviço com os clientes, por isso corre riscos nesse processo. O empreendedor é aquele que possui uma ideia e a coloca em prática, seja sozinho ou com um conjunto de pessoas. Essa definição pode ser complementada conforme Lacombe e Heilborn (2008, p. 128): “pessoa que percebe oportunidades de oferecer no mercado novos produtos, serviços e processos e tem coragem para assumir riscos e habilidades”. O empreendedor é aquele que assume responsabilidade e tem iniciativa para buscar algo diferente, seja uma invenção ou aperfeiçoamento de um produto. Um conceito clássico que foi bastante utilizado é o de Schumpeter (1949 apud DORNELAS, 2005, p. 39), ao definir o empreendedor como “aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”. Porém esse conceito tem sido deixado de lado e outros autores apresentam distintas formas de compreender o empreendedorismo. Outro ponto que vale a pena destacar é que o foco do empreendedorismo foi, durante muitos anos, para o empreendedor, por isso, os estudos existiam para mapear um conjunto de características ideais para um empreendedor. Considerava-se que o empreendedor tinha que ter um conjunto de atributos e que, possuindo isso, teria sucesso. No entanto não se levava em consideração o ambiente em que o empreendedor vive, bem como as mudanças inesperadas que poderiam acontecer no cotidiano. Empreendedorismo Um conceito clássico dessa abordagem apresentada por Baron e Shane (2010, p. 6), com base em um artigo de Shane e Venkataraman (2000): Empreendedorismo, como uma área de negócios, busca entender como surgem as oportunidades para criar algo novo (produtos ou serviços, mercados, processos de produção ou matérias-primas, formas de organizar as tecnologias); como são descobertas ou criadas por indivíduos específicos que, a seguir, usam meios diversos para explorar ou desenvolver coisas novas. Alguns pontos interessantes que podemos analisar desse conceito é que não menciona características do empreendedor. Depois trata a área como negócio e isso se justifica porque o empreendedor tem que propor iniciativas que tenham viabilidade comercial, principalmente em um sistema de mercado em que o retorno financeiro é importante. Na área social, somente o lucro não é levado em consideração, mas fundações e associações também funcionam como negócios. Segundo esse conceito apresentado pelos autores, envolvem-se diferentes formas de empreender, como produtos, serviços, mercados, processos de produção ou matérias-primas e formas de organizar a tecnologia. Isso representa as possibilidades que os empreendedores podem ter quando empreendem, seja nos negócios próprios ou de terceiros. Outro ponto relevante é apresentar que os indivíduos descobrem ou criam oportunidades de negócio e isso é importante porque nem todos compreendem o ambiente da mesma forma. Para exemplificar, em um cenário de crise econômica, determinada pessoa considera como improvável empreender e outra pessoa abre um negócio e obtém sucesso ao explorar uma possibilidade que ninguém considerou no momento. O último ponto é que, a partir da descoberta de uma ideia que possa ser transformada em coisas concretas de sucesso, os empreendedores utilizam meios diversos como os recursos, a rede de contatos, o conhecimento que possuem e que vão buscar para explorar novas atividades que não fizeram até o momento. Como o empreendedorismo estuda fenômenos sociais que constantemente se modificam, uma abordagem única não seria suficiente para considerar todos os elementos. Vamos partir do pressuposto de que o empreendedorismo só é possível por meio de oportunidades, como consideram Shane e Venkataraman (2000). Isso porque é mediante uma oportunidade que o empreendedor coloca em prática uma novidade. Para sintetizar essa perspectiva, uma citação de Read et al. (2011, p. 17-18) é bastante pertinente para compreendermos uma oportunidade. Ideia = alguma coisa + você Oportunidade = ideia + ação Ação = função (interação) do dinheiro, produto e parceiros Viabilidade = oportunidade + comprometimento Uma ideia precisa de viabilidade comercial para ser transformada em oportunidade. Nos negócios, um ou mais indivíduos com uma ideia agem para combinar recursos e gerar uma oportunidade lucrativa. CAMPOS DE ESTUDO DO EMPREENDEDORISMO ■ Jovens – de acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o maior número de empreendedores está na faixa de 25 a 44 anos, ou seja, pessoas mais jovens e isso representa um motivo para aprofundar os estudos. ■ Mulheres – é notável o aumento da participação tanto em cargos administrativos como gerenciais. No Brasil, temos o exemplo da Isabel Pesce, que escreveu recentemente dois livros, A Menina do Vale e Procuram-se Super-Heróis, que valem a pena serem lidos, além de terem recebido vários prêmios nacionais. ■ Mortalidade de empresas – esses estudos são importantes para verificar o sucesso dos negócios criados pelos empreendedores. Por exemplo, estudo recente do Sebrae mostrou que o índice de negócios brasileiros que sobrevivem até os dois primeiros anos de vida é, em média, de 76%, ou seja, a cada 100 novos negócios, 76 sobrevivem até o segundo ano de vida. ■ Empreendedorismo social – nem todos os negócios são empresariais e visam ao lucro. Existem aqueles que possuem missão social e atendimento de necessidades sociais, por isso, utilizar o termo organizações é adequado, pois podem envolver clubes, entidades e, até mesmo, empresas. BREVE HISTÓRICO DO EMPREENDEDORISMO A partir da leitura da Tabela, você pode compreender que houve mudanças na forma de considerar empreendedorismo. No início, era atribuído o fator risco para quem estivesse envolvido. Posteriormente, o foco foi direcionado para indivíduo inovador e que tem iniciativa. Anos mais tarde, também se admitiu como empreendedor aquele que trabalha nas organizações. Ou seja, podemos notar Breve Histórico do Empreendedorismo que a abordagem foi mudando conforme as situações que ocorriam. Apesar de sua longa história anterior, é nesse cenário que o empreendedorismo passa a se destacar e a ser tão necessário. Conforme Filion (2012), a tendência do empreendedorismo surgiu nos anos 70, porém vem se afirmando nas últimas duas décadas, e esse fenômeno vem se dando, no Brasil e no mundo, em função do aumento do número de pequenas empresas e de trabalhadores autônomos. Para o autor, o fenômeno empresarial mais marcante da década de 1990 foi o crescimento do trabalho autônomo, que dos anos 1989 a 1998 aumentou em 74%. Outro fator muito importante é a evolução da participação das mulheres, que dos anos 1976 a 1996 aumentou de 19,6% para 31,2% nessa categoria de trabalho. No Brasil, o movimento do empreendedorismo começou a tomar forma em 1990, quando foram criadas entidades como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas) e a SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de Softwares) As incubadoras de empresas e as universidades/cursos de Ciências da Computação e Informática também foram responsáveis pelo grande avanço do empreendedorismo no Brasil nesse período. Foi então que a sociedade brasileira começou a se despertarpara a realização de planos de negócios (até então não valorizados pelos pequenos empresários), a formação para o empreendedorismo e para programas públicos de incentivo. Conforme Dornelas (2005), apresentamos um resumo das ações históricas desenvolvidas no Brasil que permitiram esse avanço no país: ■ 1990 – Criação de programas SOFTEX e GENESIS (Geração de Novas Empresas de Software, Informação e Serviços) que apoiavam atividades empreendedoras em softwares. O ensino da disciplina em universidades e a geração de novas empresas de softwares (start-ups). ■ 1999 a 2002 - O Programa Brasil Empreendedor do Governo Federal, dirigido a mais de 6 milhões de empreendedores e destinando recursos financeiros e operações de créditos para estímulo ao empreendedorismo. ■ Programas do SEBRAE, como o EMPRETEC (curso de imersão) e o Jovem Empreendedor, voltados à capacitação do empreendedor. ■ Criação de vários cursos e programas universitários para o ensino do empreendedorismo. ■ 1999 a 2000: houve o movimento de criação das empresas ponto com do país que, apesar de ter sido pontual, trouxe grande contribuição para disseminação do empreendedorismo local. ■ Crescimento das incubadoras de empresas no país: em 2004, a ANPROTEC (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançadas) já apontava a existência de 280 incubadoras, com mais de 1700 empresas incubadas, gerando mais 28 mil postos de trabalho. Na unidade 5, vamos tratar com mais detalhes as incubadoras. TIPOS DE EMPREENDEDORISMO ■ Empreendedor nato (mitológico) – em sua maioria, são imigrantes ou filhos destes, são visionários, 100% comprometidos com seu sonho, otimistas, normalmente começaram do nada e cedo adquiriram habilidade de negociação e venda. ■ Empreendedor que aprende (inesperado) – é uma pessoa que, quando menos esperava, descobriu uma oportunidade, então, ele mudou a vida e resolveu abrir o próprio negócio. Normalmente, demora a tomar a decisão de empreender e a se acostumar com ela. ■ Empreendedor serial (criar novos negócios) – é uma pessoa apaixonada por empreender, assim, não consegue estar à frente de seu negócio até que se torne uma grande corporação, por isso está sempre interessado em novos negócios. Sua maior habilidade é identificar oportunidades e não descansar enquanto não conseguir viabilizar sua implementação. ■ Empreendedor corporativo – são, geralmente, grandes executivos, assumem riscos e possuem grande habilidade de comunicação e negociação, já que quase sempre não possuem 100% de autonomia para a ação. Também chamado de intraempreendedor, será abordado com mais detalhes a seguir. ■ Empreendedor social – tem como missão de vida a construção de um mundo melhor para as pessoas. É um empreendedor como os outros, com a diferença de não buscar construir um patrimônio próprio, mas prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o desenvolvimento humano. ■ Empreendedor por necessidade – cria seu próprio negócio, porque não tem outra alternativa, está fora do mercado de trabalho e não resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Praticamente não tem acesso à formação, recursos e a uma maneira estruturada de empreender, por isso, normalmente, trabalha na informalidade e de maneira pouco planejada, o que favorece o não sucesso do empreendimento. ■ Empreendedor por herdeiro (sucessão familiar) – herdam o negócio da família e, normalmente, aprendem cedo a ter responsabilidades e como o negócio funciona. Atualmente, a família tem se preocupado com a preparação do sucessor familiar e com a profissionalização da gestão. ■ Empreendedor “normal” (planejado) – esse é o empreendedor que faz a lição de casa, buscando minimizar os riscos do negócio por meio do planejamento de suas ações. Como o planejamento tem sido um pré- requisito para os empreendedores com história de sucesso, acredita-se ser normal a sua utilização, embora não seja o caso da maioria Degen (2009) também considera que as franquias representam outra forma de empreender, pois ocorre a abertura de negócio, com auxílio e conhecimento de um franqueador que já possui uma marca conhecida no mercado. INTRAEMPREENDEDORISMO Hisrish e Peters (2004) consideram que o intraempreendedor também é conhecido como empreendedor corporativo e pode ser considerado o empreendedorismo dentro de uma estrutura organizacional. São indivíduos em uma organização que consideram que algo pode ser feito de modo diferente e melhor. Cabe às organizações criarem uma estrutura e um clima organizacional que explorem essas potencialidades. Todos os colaboradores podem fazer a diferença. Entretanto é necessário, por parte da organização, proporcionar condições para que isso ocorra. Uma organização com indivíduos intraempreendores estimula a cooperação, proporciona liberdade e autonomia para estimular a criatividade. Para Montenegro (2012), o intraempreendedorismo é um processo que ocorre dentro de uma empresa existente, independente de seu porte, e a leva não somente a novos negócios, mas também a outras atividades e orientações inovadoras, como o desenvolvimento de novos produtos, serviços, tecnologias, técnicas administrativas, estratégias e posturas competitivas. Isso implica dizer que o intraempreendedor está continuamente desenvolvendo novos processos, produtos e serviços nas organizações em que atua. Já é evidente, nas discussões sobre gestão de pessoas, que são as pessoas que levam as organizações ao alcance dos objetivos, por isso, cada dia mais, busca-se compor equipes de sucesso para a atuação organizacional mais eficiente e eficaz. Como a inovação é um aspecto muito importante para a organização, ela também precisa incorporar como um valor a ser gerenciado internamente. Por isso, conforme Fumagalli et al. (2012), o ambiente da organização deve ser capaz de: ■ Encorajar colaboradores a desenvolver e expor ideias. ■ Permitir que essas ideias sejam levadas adiante, em níveis controlados de risco e custo, de maneira incremental. ■ Facilitar os recursos e a liberdade necessários para avaliar, modificar e testar ideias várias vezes. ■ Aceitar pequenas falhas como elemento essencial do aprendizado para se atingir o sucesso. ■ Oferecer aperfeiçoamento e qualificação especiais para os colaboradores que revelarem comprometimento. Mais uma vez, enfatizamos a utilização da cultura empreendedora como promotora do intraempreendedorismo. Para Hisrich e Peters (2004), o líder possui um papel muito importante na construção de um ambiente organizacional que estimule o intraempreendedorismo. Para os autores, o líder com esse perfil costuma: ■ Entender o ambiente: conhecer todos os aspectos que compõem o ambiente organizacional. ■ Ser visionário e flexível: ser uma pessoa que sonha grande e supera os obstáculos para sua implementação. ■ Criar opções administrativas: não ser estático, mostrando-se aberto e incentivando mudanças. ■ Estimular o trabalho em equipe: usar suas habilidades para amenizar as diferenças e os embates, de preferência, de forma multidisciplinar ■ Incentivar a discussão aberta: de maneira a desenvolver um processo de criação de inovações. ■ Construir uma coalizão de defensores: estimular e ratificar todos os membros da equipe, inclusive nos momentos mais difíceis. ■ Persistir: buscar energia para vencer as frustrações e obstáculos. Para compreendermos a diferença que uma cultura intraempreendedora pode representar para uma organização, leia o Quadro 1, que apresenta as diferenças de perspectivas com a cultura tradicional.Hisrich e Peters (2004) apontam nove passos para a implementação dessa estrutura de gestão: 1. Assegurar o comprometimento da alta administração para com o intraempreendedorismo. Nessa etapa, trabalha-se a conscientização da alta administração, a identificação e formação dos líderes intraempreendedores e a transformação da cultura organizacional em uma cultura intraempreendedora. O processo de treinamento precisa concentrar-se em obter os recursos dentro da organização, identificar as oportunidades de negócio e o desenvolvimento do plano de negócios. 2. Detectar as ideias e áreas gerais de interesse da alta administração, juntamente com o capital de risco necessário para o lançamento do conceito. Estabelecer uma estrutura mentor/patrocinador para garantir a transformação da cultura empreendedora. 3. Usar a tecnologia para se tornar mais flexível e se comportar como as grandes corporações, no que se refere à capacidade de atuação tecnológica. 4. Estabelecer firmemente uma cultura empreendedora, utilizando gerentes realmente interessados em treinar os funcionários e compartilhar experiências. 5. Desenvolver maneiras de se aproximar de seus clientes. Pode ser por meio de aquisição de banco de dados, da utilização de estratégias de empresas menores e, ainda, fazendo parceria com fornecedores e distribuidores. 6. Ser mais produtiva utilizando menos recursos. 7. Estabelecer uma forte estrutura de sustentação para o intraempreendedorismo, até mesmo nas estruturas menores da organização, que acabam, muitas vezes, sendo esquecidas. 8. Envolver a ligação das compensações de desempenho, de maneira a valorizar e estimular as unidades intraempreendedoras. 9. Implementar um sistema de controle de maneira que as unidades intraempreendedoras bem-sucedidas se expandam e as fracassadas sejam eliminadas. FRANQUIA COMO FORMA DE EMPREENDEDORISMO O sistema de franquia tem sido importante alternativa ao empreendedorismo. Conforme Ferreira et al. (2010), franchising é uma palavra de origem francesa que significa: fran – concessão de um privilégio ou de uma autorização. Atualmente, franchising refere-se à filiação a uma empresa líder mediante um contrato de prestação de serviços. Ou, ainda, caracteriza-se como um modo de organização em que uma empresa que já tem um produto/serviço bem estabelecido no mercado (franqueador) licencia sua marca, sua tecnologia e sua forma de fazer negócios a outras empresas ou indivíduos (franqueados), em troca de um direito de entrada e do recebimento de royalties. Outra explicação que é bastante consistente é a de Stanworth (2004 apud GIGLIOTTI, 2012, p. 5) e que optamos por fazer a citação na íntegra: Franchising é um negócio que essencialmente consiste de uma organização (o franqueador) com um pacote de negócio testado em mercado, centrado num produto ou serviço, entrando em um relacionamento contratual com franqueados, tipicamente pequenas firmas autofinanciadas e autogeridas, operando sob a marca registrada do franqueador para produzir e/ou comercializar bens e serviços de acordo com um formato especificado pelo franqueador. A legislação brasileira, que se pauta na lei 8995 de 1994, no artigo segundo, define da seguinte forma: Franquia como Forma de Empreendedorismo Reprodução proibida. Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócios ou sistema operacional, desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta; sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício (BRASIL, 1994, on-line)1 . Como se nota no Quadro 2, as franquias exigem responsabilidades de ambas as partes. Não é fácil franquear e nem ser franqueado. Por isso, enfatizamos a necessidade de parceria e transparência no relacionamento. Esse formato de negociação também prevê algumas vantagens e desvantagens tanto para o franqueado como para o franqueador. Primeiro, vamos abordar o lado do franqueador, conforme Quadro 3. Os candidatos ou aqueles que são franqueados possuem responsabilidades e precisam estar cientes. Ao assistir depoimentos de franqueadores de sucesso, eles sempre comentam que o sucesso do negócio está na mão do franqueado em mais de 70%. Isso porque precisa assegurar que todos os processos pré, durante e pós-funcionamento da franquia funcionem diretamente, envolvendo processos logísticos, de recursos humanos, marketing e financeiros. Segundo Ferreira et al (2010), o perfil do franqueado envolve os seguintes aspectos: ■ Aceitar que há um risco: a franquia não evita o risco, ainda que este possa ser menor do que em um negócio independente. ■ Incentivar os colaboradores: cabe ao empreendedor estimular, liderar, criar ambiente de trabalho agradável. ■ Trabalhar com menos autonomia: característica mais marcante que diferencia o empreendedor independente do franqueado. Para ajudá-lo(a) a refletir sobre os principais pontos a serem avaliados por quem deseja ser um franqueado, apresentamos a Tabela 2 ■ Capacidade de iniciativa: a franquia não é uma fórmula que funciona sozinha, uma vez que as decisões do dia a dia determinam o sucesso ou fracasso do franqueado. O PAPEL SOCIAL E ECONÔMICO DO EMPREENDEDORISMO ■ Contribui para o crescimento econômico. ■ Promove ganhos com a produtividade, utilizando melhor os recursos produtivos. ■ Realiza investimentos em pesquisas e desenvolvimento, gerando novas tecnologias, produtos e serviços. Também é importante destacar que os estudos sobre a evolução do empreendedorismo mostram grandes possibilidades de se transformarem na mola propulsora da integração do desenvolvimento regional e mundial, como possível solução para os problemas econômicos, políticos e sociais (BARBOSA; BARBOSA, 2009). Para isso, a gestão dos negócios precisa se pautar sob uma conduta ética que se preocupa com seu entorno, formando redes e parcerias em prol das sociedades em que atuam as organizações criadas. Preocupando-se com todos os grupos que se relacionam e têm interesse no negócio em andamento (stakeholders). Para Mello Neto e Froes (2002), existe uma corrente que apresenta o empreendedorismo como estratégia de desenvolvimento local, pois tem as seguintes características: ■ O objetivo de difundir as políticas de desenvolvimento local por meio do empreendedorismo. ■ O foco no maior desenvolvimento econômico e social em nível local, cujo lócus são as agências e fóruns de desenvolvimento local. CARACTERÍSTICAS E PERFIL DO EMPREENDEDOR ”. De acordo com os autores, uma pesquisa realizada por Begley e Boyd identificou cinco dimensões psicológicas dos empreendedores: ■ Necessidade de realização: os empreendedores possuem um estímulo social para se superar, que algumas vezes é reforçado por fatores culturais. ■ Localização do controle: é a ideia de estar no controle da própria vida. ■ Tolerância ao risco: os empreendedores que correm riscos moderados aparecem no topo das listas de sucesso, mais do que os que não correm risco ou correm riscos extravagantes. ■ Tolerância à ambiguidade: em função da busca por inovação, os empreendedores acabam vivendo determinadas situações pela primeira vez e, por isso, enfrentam mais ambiguidades. ■ Comportamento do tipo A: refere-se à tendência de fazer mais coisas em menos tempo e, se necessário, enfrentar as objeções alheias. Encontramos entre os pesquisadores em empreendedorismo uma série de característicasatribuídas ao empreendedor. Vamos apresentar dois tipos de trabalho. O primeiro é de Dornelas (2005), que lista 16 características ao empreendedor: ■ Visionários: possuem visão de futuro sobre seu negócio e sua vida e habilidade para implementar sonhos. ■ Sabem tomar decisões: não se sentem inseguros, tomam decisões mais acertadas e implementam rapidamente suas ações. ■ Indivíduos que fazem a diferença: conseguem transformar uma ideia abstrata em negócio concreto e, ainda, sabem agregar valor aos serviços e produtos que colocam no mercado. ■ Exploram ao máximo as oportunidades: curiosos e atentos às informações e ao mercado, identificando janelas estratégicas de equilíbrio entre uma necessidade e uma oferta de bens e serviços. Sabem que as chances melhoram quando se detém conhecimento. ■ Determinados e dinâmicos: implementam suas ações com total comprometimento, superando os obstáculos encontrados. Costumam ser dinâmicos e mantêm um pouco de inconformidade com a vida. ■ Dedicados: comprometidos com o negócio e encontram energia para continuar mesmo quando encontram problemas. ■ Otimistas e apaixonados pelo que fazem: a paixão pelo que fazem é o combustível que os mantêm animados, determinados e os melhores vendedores dos seus produtos e serviços, pois os conhecem melhor do que ninguém. ■ Independentes e constroem o próprio destino: gostam de estar à frente das mudanças e de serem donos do próprio destino, por isso gostam de criar algo novo e de traçar os próprios caminhos. ■ Ficam ricos: esse não é o objetivo essencial, pois o dinheiro é consequência do sucesso que fazem. ■ Líderes e formadores de equipes: normalmente, possuem um bom senso de liderança e conseguem formar e conduzir bem equipes, pois sabem valorizar, estimular e recompensar seus colaboradores. Sabem que o sucesso depende da formação de uma boa equipe, por isso conseguem recrutar as melhores cabeças para assessorá-las. ■ Bem relacionados (networking): sabem construir uma rede de contatos no ambiente externo da organização, junto a clientes, fornecedores, entidades de classe e outros possíveis parceiros. ■ Organizados: sabem alocar racionalmente seus recursos, buscando o melhor desempenho do negócio. ■ Planejam, planejam e planejam: os empreendedores de sucesso costumam planejar suas ações sempre, desde os primeiros rascunhos do plano de negócios, que trataremos nas Unidades III e IV. ■ Conhecimento: reconhecem que domínio sobre o ramo do negócio depende do conhecimento que detêm sobre ele, por isso buscam informações por meio de experiências vividas, em publicações especializadas, em cursos. ■ Assumem riscos calculados: o empreendedor sabe avaliar os riscos do seu negócio, assumindo-os e gerenciando- -os, avaliando suas reais chances de sucesso. ■ Criam valor para a sociedade: utilizam o capital intelectual para criar valor à sociedade por meio de geração de empregos, da contribuição para o crescimento econômico local e para a qualidade de vida da população. O segundo trabalho que também trata das características empreendedoras é de Ferreira et al. (2010). Os autores retratam dez aspectos ao empreendedor: ■ Necessidade de ser independente e realizar: necessidade de ser o próprio patrão e atingir os objetivos planejados. ■ Correm riscos moderados: aceitam bem correr riscos (financeiros, emocionais ou sociais), não demasiadamente altos e nem desnecessários. ■ Autoconfiança: acreditam em si próprios e na capacidade para atingir os objetivos que se propõem. ■ Assumem responsabilidades: aceitam assumir os riscos do sucesso e do insucesso dos seus negócios, não atribuindo culpas aos outros e aprendendo com os erros. ■ Capacidade de trabalho e energia: apresentam grande energia, vigor e persistência para o trabalho. ■ Competências em relações humanas: normalmente, os empreendedores são indivíduos sociáveis e capazes de desenvolver relacionamentos mesmo com desconhecidos. ■ Criatividade e inovação: em geral, os empreendedores são criativos e inovadores. Desenvolvem novas abordagens, produtos e processos. ■ Dedicação ao negócio: possuem paixão pelo negócio e trabalham arduamente. ■ Persistência apesar do fracasso: mesmo no insucesso, os empreendedores demonstram um bom nível de otimismo. ■ Inteligência na execução: habilidade de tornar a ideia em negócio concreto. Como é possível notar nos dois trabalhos, existe uma série de características dadas ao empreendedor, entretanto é importante ressaltar que, para um empreendedor ter sucesso, não precisa ter todas. Se verificarmos as pessoas que são bem-sucedidas, elas possuem perfis e maneiras completamente diferentes. Esses empreendedores possuem alguns aspectos em comum. Dornelas (2005) diz que algumas características estão implícitas a qualquer definição de empreendedor: ■ Ter iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz. ■ Transformar o ambiente, utilizando recursos disponíveis de forma criativa. ■ Aceitar correr riscos calculados ■ A postura de correr riscos, realizando planejamentos a partir de uma visão de futuro, a fim de que as oportunidades possam ser aproveitadas e os riscos possam ser calculados. ■ Iniciativa e criatividade para desenvolver um novo negócio Outro aspecto importante a ser retratado, ao falarmos sobre o empreendedor, são as motivações pessoais. Segundo Ferreira et al. (2010), a decisão de empreender, normalmente, surge de duas inspirações: ■ Mudança no estilo de vida atual – por situação de desemprego, aposentadoria, formação recente, descontentamento com relação ao empregador atual. ■ Opção de carreira – preparam-se efetivamente para serem empreendedores. É importante que seja considerada a história do empreendedor. Para Ferreira et al. (2010), alguns aspectos da história do empreendedor parecem fazer grande diferença na decisão de empreender. São eles: I. Ambiente familiar na infância: alguns estudos mostram que há propensão em ser um empreendedor se o pai ou outro familiar também o for. Isso porque, além da fonte de inspiração, costuma haver maior incentivo de valores como independência, conquista e realização. II.A educação: a formação é importante para ajudar o empreendedor a gerenciar os problemas que enfrentará e para adquirir conhecimentos específicos de sua área de atuação. III. Os valores pessoais: indivíduos bem-sucedidos costumam ter valores, como liderança, criatividade, sucesso, trabalho, ética, objetivos e outros. IV. A experiência profissional prévia: o histórico profissional tem demonstrado forte impacto positivo (quando há experiência profissional prévia sobre a área de atuação do negócio) e negativo (quando da ausência de conhecimentos prévios) sobre as carreiras empreendedoras. DIFERENCIANDO EMPREENDEDOR DE GESTOR Nos séculos XVIII, XIX e XX, o empreendedor foi confundido com os gerentes e administradores e essa situação ocorre até os dias atuais. No Quadro 5, podemos notar algumas diferenças entre eles MITOS SOBRE EMPREENDEDORES E EMPREENDEDORISMO 1. “Empreendedores são natos, nascem para o sucesso”: embora alguns empreendedores nasçam com certo nível de inteligência, para obter sucesso é necessário estar preparado. Eles acumulam habilidades, experiências e contatos com o tempo. E a capacidade de ter visão e perseguir oportunidades pode ser desenvolvida e aprimorada. 2. “Empreendedores são jogadores que assumem riscos muito altos”: os empreendedores de sucesso só assumem riscos calculados, evitam riscos desnecessários, compartilham os riscos e desmembram em partes menores. Oplanejamento é um importante instrumento. 3. “Os empreendedores são ‘lobos solitários’ e não conseguem trabalhar em equipe”: normalmente, os empreendedores são ótimos líderes, criam equipes competentes e desenvolvem um excelente relacionamento interpessoal. Ferreira et al. (2010), além desses mitos sobre os empreendedores já descritos, apontam mais 12 aspectos: 1. Qualquer um pode iniciar um negócio: na realidade, é preciso ter conhecimento sobre o negócio, para que ele tenha chance de sucesso, apenas boa vontade não é suficiente. 2. Há a necessidade de protagonismo: o empreendedor de sucesso sabe valorizar sua equipe, reconhecendo o trabalho de cada um. 3. Trabalham muito: o empreendedor normalmente dedica muita energia à realização do seu negócio, mas isso não significa que ele não tenha tempo para a família, o lazer e a busca por formação. 4. Iniciam negócios de risco: só iniciam negócios com riscos calculados, conhecem a viabilidade do negócio para fazer o investimento. 5. O empreendimento é apenas para os ricos: os empreendedores costumam ter boas ideias e viabilizar a sua implementação, para isso, acabam por buscar várias formas de financiamento. 6. Idade é uma barreira – não há idade para ser empreendedor. Os estudos apontam que a maioria dos empreendedores são jovens entre 18 e 35 anos. 7. São motivados pelo dinheiro: outras motivações como realização pessoal, independência e liberdade também fazem parte do interesse do empreendedor. A realização de um sonho pode ser a maior delas. 8. Procuram o poder e o controle sobre os outros: o empreendedor de sucesso tem se mostrado um bom líder, que envolve sua equipe e não tem energias para gastar com disputa de poder e controle sobre os outros. 9. Se tiverem talento, o sucesso chega em um ou dois anos: não há medida de tempo para o sucesso. E, ainda, não é apenas a falta de talento que faz um negócio não ter sucesso, obstáculos de mercado também podem provocar o insucesso de um negócio. 10.Qualquer pessoa com uma boa ideia pode enriquecer: apenas uma boa ideia não é suficiente para o sucesso do negócio, pois também é preciso que exista uma oportunidade de mercado. 11.Tendo dinheiro é fácil falhar: o capital não é suficiente para suportar falhas contínuas em um negócio, por isso, o planejamento, mais uma vez, aparece como ferramenta para evitar a falha. 12.Os empreendedores sofrem de estresse: o empreendedor precisa ter cautela e energia para fazer seu negócio dar certo, por isso, também precisa se reequilibrar com atividades de lazer e descanso. O estresse só atrapalha o negócio. Aprender a ser empreendedor está ligado a desenvolver as competências específicas a cada ramo de atuação, pois os conhecimentos, as habilidades e as atitudes necessárias a cada negócio dependem de sua realidade. No entanto, segundo Dornelas (2012), existem alguns aspectos que devem ser focados, como: ■ Identificação e análise de oportunidades. ■ Estudo do processo de produção de inovações. ■ Estímulo de uma cultura criativa. ■ Estudo do processo empreendedor. ■ Elaboração e aplicação de um plano de negócios. ■ Identificação de fontes de financiamento. ■ Capacidade de gerenciamento organizacional. Ainda segundo o autor, existem algumas habilidades que são requeridas ao empreendedor e que merecem ser trabalhadas para sua formação. Elas são divididas em técnicas, gerenciais e características pessoais. ■ Habilidades técnicas - saber escrever, ouvir pessoas e captar informações, ser bom orador, organizado, saber liderar e trabalhar em equipe e possuir conhecimento técnico da área de atuação. ■ Habilidades gerenciais - envolvem as áreas de criação, de desenvolvimento e de gerenciamento de uma organização, como: marketing, finanças, produção, tomada de decisão, controle e negociação. ■ Características pessoais - cabe a cada empreendedor conhecer suas principais potencialidades, bem como suas principais limitações para, então, reforçar os aspectos em que é melhor e, ainda, buscar minimizar as limitações possíveis de mudanças. OPORTUNIDADE EMPREENDEDORA Uma oportunidade, como vimos na Unidade I, é a forma de realização do empreendedorismo, ou seja, o empreendedorismo ocorre quando há uma oportunidade. O empreendedorismo torna-se possível em função das possibilidades para fazer algo diferente. Por isso, é importante estudar e compreender o que há em volta do contexto em que vivemos. Como também pudemos conhecer na Unidade anterior, as oportunidades podem ser caracterizadas por novos produtos, serviços, matérias-primas, métodos de produção e formas de organização, e surge da interação de diferentes fatores, conforme podemos ver na Figura 1 Uma oportunidade caracteriza-se por um conjunto de circunstâncias favoráveis, que cria o desejo de um novo produto ou serviço. Segundo Ferreira et al. (2010), uma boa oportunidade deve conter quatro qualidades essenciais: 1. Ser atrativa. 2. Durável. 3. Estar disponível no momento e local certos. 4. Possibilidade de ser transformada em um produto ou serviço que agregue valor ao cliente. FONTES DE OPORTUNIDADES EMPREENDEDORAS Segundo Ferreira et al. (2010, p. 52-54), o processo de geração de novas ideias pode ser explorado por meio das seguintes fontes: ■ Identificação de necessidades: a razão de existir de um negócio é o atendimento das necessidades do consumidor, assim, é preciso buscar uma ainda não atendida. ■ Observação das deficiências: procurar produtos ou serviços que precisem de melhorias. ■ Observação das tendências: procurar as tendências locais, regionais, nacionais e mundiais de mercado para aproveitar oportunidades emergentes. ■ Derivação da ocupação atual: ter ideias de inovações para empreender no ramo em que já atua como empregado. ■ Procura por novas aplicações: buscar novos usos para bens já existentes. ■ Hobbies: buscar oportunidades de atender necessidades ainda não satisfeitas em atividades de lazer, esporte e entretenimento. ■ Imitação do sucesso do outro (benchmarking): copiar estratégias de sucessos em outras organizações, do mesmo ramo ou não, adaptando-as a sua realidade. ■ Canais de distribuição: os parceiros são fontes de ideias, pois conhecem bem o mercado. ■ Adaptação a respostas de regulamentações governamentais, por meio da invenção de um novo produto, serviço ou processo. ■ Pesquisa e Desenvolvimento: realizados pelo próprio empreendedor ou pela equipe para desenvolver e ampliar seu negócio. Outros autores que também tratam as fontes de oportunidades são Read et al. (2011). Eles apresentam uma série de fontes, como: ■ Satisfação e insatisfação pessoal – quando uma pessoa está insatisfeita, ela buscará por algo que possa satisfazer essa necessidade. Um exemplo é a empresa 3M. Foi a partir de uma insatisfação de um colaborador que surgiu o bloco de recados Post It. O criador procurava um objeto que pudesse colar nas partituras e que não riscasse ou estragasse, por isso buscou algo que atendesse a essa insatisfação. ■ Conhecimento de mercado – as pessoas que conhecem o mercado sabem as particularidades e tendências. Por isso, é sempre recomendado estudar o segmento que pretende empreender, pois minimiza os riscos. ■ Hobby – já foi citado anteriormente. Se o indivíduo gosta de esportes, pode empreender naquilo que gosta e também conhece. ■ Ideias confiáveis – consultores e pesquisadores especializados em determinado assunto podem fornecer ideias confiáveis pelo nível de conhecimento que possuem. ■ Brainstorming – a técnica de estimular ideias é bastanteinteressante para gerá-las. A seguir, abordaremos melhor essa técnica. ■ Novidades e notícias – jornais, revistas e sites podem ser fontes incentivadoras para os empreendedores. ■ Começo pequeno que cresce – negócio estabelecido que vai crescendo ao longo dos anos. ■ Exposições de invenções – eventos que contenham invenções são sempre boas oportunidades para os empreendedores pensarem em ideias de negócios. ■ Patentes – a observação de patentes contribui para o surgimento de novas ideias pela exposição a diferentes invenções. ■ Agências de governo – podem incentivar ideias empreendedoras, quando possibilitam e incentivam a inovação. ■ Transferência tecnológica – uma tecnologia transferida permite, a quem recebe a tecnologia, criar novas oportunidades de negócio. ■ Feiras – participar de feiras ou mesmo eventos é uma ótima possibilidade de conhecer e pensar em novas oportunidades. ■ Ideias de clientes – ouvir os clientes é sempre importante, porque eles podem sugerir ideias ao aperfeiçoamento dos produtos ou mesmo criar outros. Assim como destacamos nas características empreendedoras, para as fontes de oportunidades, precisamos levar em consideração aspectos considerados por Hisrich e Peters (2004), como: experiência educacional, situações familiares e vivências profissionais. Para estimular a geração de ideias, podemos utilizar alguns métodos que são apresentados por Ferreira et al. (2010): ■ Brainstorming – uma tempestade de ideias em que um grande número de profissionais sugere soluções a um problema previamente estabelecido. Em geral, uma sessão de brainstorming é organizada em círculo de maneira a permitir que todos participem, um após o outro, com total liberdade e criatividade de pensamento, sem o julgamento uns dos outros. Ao final, espera-se que as ideias possam ser lapidadas, a fim de criar inovações consistentes e possíveis de implementação. ■ Grupos de discussões (focus group): elaboração de grupos de discussão sobre as propriedades de um produto ou serviço, a fim de buscar possibilidades de melhorias e inovações deste. Essa técnica busca captar a percepção das pessoas sobre o produto ou serviço. Para o autor, a decisão de empreender não pode acontecer por acaso, por isso precisa estar organizada em um processo que se inicia com um evento gerador que possibilita o início de um novo negócio. A Figura 2 ilustra alguns fatores que influenciam cada fase do processo. ■ Questionários: os questionários permitem a avaliação direta de um produto ou serviço, sendo utilizados para obter respostas direcionadas. Precisam ser bem elaborados, de maneira a obter as informações realmente necessárias, e a seleção da amostra da população a exponde-los precisa, realmente, representar o público-alvo. ■ Observação direta: observando diretamente a utilização do produto ou serviço, permite levantar informações importantes sobre possibilidades de inovações e melhorias. ■ Análise de inventário de problemas: é um processo de discussão parecido com os grupos de discussão, com a diferença de que os participantes recebem uma folha com uma lista de problemas que precisam de solução. ■ Método check list: elabora-se um conjunto de questões que se precisa resolver para discutir em grupo um determinado assunto. ■ Método de livre associação: escrever ideias relacionadas com o problema, sucessivamente, complementando umas as outras. ■ Método de associações coletivas: com um bloco de notas, cada participante pensa em possíveis soluções para a utilização do bem ou serviço em seu dia a dia. O PROCESSO EMPREENDEDOR Dornelas (2012) diz que, apesar de o tema empreendedorismo ser tão amplo, ele apresenta os principais pontos que são requisitos para ser um empreendedor de sucesso, tanto como um trabalhador em uma organização, como criador do próprio negócio. Os passos são apresentados como: 1. Assumir riscos calculados: uma das primeiras qualidades do empreendedor é arriscar-se na busca de melhores caminhos, mas com moderação e equilíbrio, de maneira calculada. 2. Identificar oportunidades: ser curioso e atento a informações, buscar conhecimento e reunir condições para realizar um bom negócio. 3. Conhecimento, organização e independência: ter domínio sobre o negócio, manter a organização e determinar seus próprios passos aumentarão as chances de êxito. 4. Tomar decisões: o sucesso está, muitas vezes, ligado à capacidade de tomar decisões corretamente, por meio do levantamento de informações, análise da situação, avaliação de alternativas e escolha da mais adequada. 5. Liderança, dinamismo e otimismo: trabalhar em equipe, envolvendo e estimulando as pessoas a participarem no processo de decisão e buscando um espírito de equipe com entusiasmo e otimismo. 6. Planejamento e plano de negócios: definir objetivos, orientar tarefas, combinar métodos e procedimentos, fazer contatos e desenvolver um plano de negócios, a fim de poder calcular seus riscos e chances de sucessos, transformando o sonho em realidade. 7. Tino empresarial: estar atento, despertar a intuição e ter sensibilidade para entender a situação real da organização, do ambiente em que ela está inserida e das possíveis tendências em andamento. Para o autor, a decisão de empreender não pode acontecer por acaso, por isso precisa estar organizada em um processo que se inicia com um evento gerador que possibilita o início de um novo negócio. A Figura 2 ilustra alguns fatores que influenciam cada fase do processo. Para o autor, o processo de empreendedor se dá em quatro fases 1. Identificar e avaliar a oportunidade: é a parte mais difícil, pois compreende o talento, o conhecimento, a percepção e o feeling do empreendedor para visualizar a oportunidade na hora certa. 2. Desenvolver o plano de negócios: essa é a fase mais trabalhosa para os empreendedores de primeira viagem. Consiste na elaboração de um documento que sintetiza a essência do negócio, sua estratégia, seu mercado e competidores, forma de gerar receitas e crescer. 3. Determinar e captar os recursos necessários para o negócio: a determinação dos recursos necessários para o negócio é fruto do plano de negócios. A captação dos recursos pode ser feita de várias formas: recursos próprios, financiamento de familiares e amigos, buscar recursos no mercado financeiro, subsidiados pelo poder público, por meio dos investidores anjos, entre outros. 4. Gerenciar a empresa criada: na hora de colocar as ações planejadas em prática é que costumam surgir os problemas. Assim, é preciso adotar um estilo de gestão apropriado para cada situação, de maneira que melhor resolva os problemas de implementação, e atender ao público- -alvo do negócio. Optamos em apresentar também o modelo de Baron e Shane (2010), pois destacam o processo empreendedor em mais etapas e demonstram que as fases são influenciadas por diferentes variáveis, conforme a figura DEFININDO PLANO DE NEGÓCIOS Um conceito abrangente e que explica de forma ampla um PN é o considerado por Dolabela (2006, p. 77): “É uma forma de pensar sobre o futuro do negócio: para onde ir, como ir mais rapidamente, o que fazer durante o caminho de forma a diminuir incertezas e riscos” Outra maneira de considerar um PN é apresentada por Degen (2009, p. 208): O plano do negócio é a descrição, em um documento, da oportunidade de negócio que o candidato a empreendedor pretende desenvolver, como a descrição do conceito do negócio, dos atributos de valor da oferta, dos riscos, da forma como administrar esses riscos, do potencial de lucro e crescimentodo negócio, da estratégia competitiva, bem como o plano de marketing e vendas, o plano de operação e o plano financeiro do novo negócio, com a projeção do fluxo de caixa e o cálculo da remuneração esperada, além da avaliação dos riscos e o plano para superá-los. *Um Plano de Negócios é uma ferramenta que permite ao empreendedor pensar no futuro* IMPORTÂNCIA DO PLANO DE NEGÓCIOS Uma pergunta importante: que tipo de empreendimento deve elaborar um Plano de Negócios? A resposta é: qualquer tipo de negócio, independente do porte ou ramo de atividade 10 benefícios de elaborar um Plano de Negócios: ■ “Reunir ordenadamente todas as informações e ideias sobre o novo negócio” – deixar somente na memória não é aconselhado. Ao escrever, temos que pensar em diferentes variáveis, diminuindo o risco de esquecer algo. ■ “Escrever o plano do negócio – força o candidato a empreendedor a analisar, formalizar e justificar todos os aspectos críticos do novo negócio” – isso faz o indivíduo sair da chamada zona de conforto, ou seja, obrigará a pensar em várias análises e fazer cálculos para realmente saber se o negócio tem viabilidade. ■ “Vender o negócio para si mesmo” – com o Plano, o empreendedor realmente saberá se o negócio tem viabilidade e se está preparado para encarar as dificuldades e fazer os sacrifícios necessários. ■ “Simular as consequências de diferentes estratégias competitivas, ofertas de valor, de planos financeiros etc.” – o PN permite pensar diferentes maneiras de atuação e os resultados dessas projeções. Isso é importante para analisar diferentes cenários, tanto positivos quanto negativos. As simulações podem ser feitas com clientes, fornecedores, parceiros e consultores. ■ “Apresentar o plano do negócio a pessoas experientes e de confiança para validá-lo, ouvir sugestões, críticas etc.” – não adianta querer manter tudo em sigilo. É importante buscar apoio de pessoas que possam dar conselhos e sugestões. Com isso, aperfeiçoamos o que estamos pensando e ampliaremos a nossa visão do negócio. ■ “Motivar e focalizar a atenção do candidato a empreendedor e dos possíveis sócios e colaboradores nos riscos do negócio e como superá-los, além de focar nos aspectos críticos para o sucesso deste negócio” – o foco permite direcionar as atenções e reduzir riscos. ■ “Testar a oportunidade de negócio, o conhecimento, a motivação e a dedicação do candidato a empreendedor e dos possíveis sócios e colaboradores do novo negócio” – permite saber o grau de comprometimento e conhecimento de todos na oportunidade de negócio que quer ser implementada. ■ “Convencer possíveis sócios, investidores, financiadores, fornecedores e futuros clientes do sucesso do novo negócio e, assim, obter os recursos necessários para realizá-lo” – importante para dar credibilidade ao negócio. ■ “Orientar a montagem e a operação do novo negócio no primeiro ano” – os primeiros passos no negócio são sempre difíceis. Por mais que tenhamos planejado, quando enfrentamos a rotina do empreendimento é sempre complicado. Executar a contratação de funcionários, o plano de marketing e vendas e controlar as operações são tarefas sempre complicadas. ■ “Controlar o investimento da montagem e os custos da operação por meio da projeção do fluxo de caixa do novo negócio no primeiro ano” – é muito importante para diminuirmos os riscos de problemas com dinheiro. Com o fluxo de caixa bem elaborado, poderemos saber o orçamento à disposição e planejar como investir É importante ressaltar que o Plano de Negócios tem diversas utilidades, não só para quem pensa em empreender, mas para aquele que possui algo e pretende expandir. Elencamos seis utilidades do PN para uma organização: 1. Abertura de novo negócio – quando o negócio está sendo estruturado, o Plano ajuda a traçar os primeiros passos do empreendedor. Os dois primeiros anos são muito difíceis para o empreendedor, pois é o período em que está se adaptando ao mercado. 2. Reestruturar empresa existente – em momentos de dificuldades, a utilização do Plano é importante para superar as dificuldades. 3. Projeto para criar novo produto, serviço, método de produção. 4. Pedir financiamento ou empréstimo – isso é importante em momentos de dificuldades financeiras, ou mesmo quando recursos são necessários para a compra de matérias-primas, máquinas ou até um novo espaço. 5. Avaliar oportunidades de negócio – avaliar a possibilidade de investir em novos mercados. 6. Planejar ações futuras – por meio do estudo de mercado se pensa em explorar um novo mercado, abrir novas filiais. PRINCIPAIS INTERESSADOS NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE NEGÓCIOS ■ Mantenedores de incubadoras (tais como o SEBRAE, universidades, prefeituras municipais, órgãos do governo, entre outros): com a finalidade de concessão de financiamento a essas incubadoras. ■ Parceiros: para definição de estratégias e estabelecimento de mecanismos de interação entre as partes. ■ Bancos: para concessão de financiamentos para aquisição de equipamentos, máquinas, capital de giro e projetos de expansão, entre outros. ■ Investidores: empresas de capital de giro, pessoas físicas e jurídicas interessadas em investir no negócio, bancos de desenvolvimento (como BNDES, por exemplo), entre outros. ■ Fornecedores: para concessão de crédito na venda de mercadorias, matéria-prima e insumos. ■ A própria empresa: como instrumento de comunicação dos gerentes com o conselho de administração e com os próprios funcionários. ■ Os clientes: para comercialização dos produtos e/ou serviços da empresa e publicidade da empresa. ■ Sócios: como instrumento de convencimento e participação na sociedade. ■ Governo – se a empresa participa de licitações ou tiver importância econômica ou social, o Governo pode ser interessado em saber a situação financeira da organização. ■ Franqueador e franqueado – a relação que esses agentes mantêm de parceria faz a necessidade de ambos estarem interessados que um bom plano de negócios seja elaborado e executado. ■ Sociedade em geral – uma empresa pública e também mista (empresa pública e privada ao mesmo tempo) pode despertar o interesse da sociedade em geral, devido à importância que possui para a região e o país. SETE PECADOS CAPITAIS DURANTE A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PLANO DE NEGÓCIOS 1. O Plano é muito pretensioso – durante a elaboração, as análises e as projeções estão muito acima das expectativas de mercado, ou seja, a pretensão do Plano está superior à possibilidade real de aceitação no mercado. 2. As projeções financeiras são imoderadas e irracionalmente otimistas – assim como as projeções de conquistar o mercado são fora da realidade, os cálculos financeiros também são elaborados de forma equivocada. Não é levado em consideração se o produto/serviço terá aceitação de mercado, a reação dos concorrentes, a possibilidade de períodos de sazonalidade do negócio ou mesmo possíveis problemas na empresa. 3. Não está claro como está o produto em termos de produção – durante a escrita do Plano não se explicitou como o produto/serviço vai ser feito e o que é necessário para que seja concluído. 4. O Plano foi preparado de forma deficiente e não tem aparência profissional – a falta de preparação e cuidado do indivíduo pode levar a esse pecado. Não fazer revisão ortográfica e não se preocupar com a norma culta do idioma são problemas graves. Além disso, um documento entregue amassado, molhado, com falha de impressão demonstra descompromisso com quem está recebendo para fazer a leitura e análise das informações.5. Não há definição clara das qualificações da equipe administrativa – a intenção de expor a equipe administrativa é justamente dar credibilidade ao Plano, demonstrando as capacidades e habilidades de cada um. Entretanto é necessário escrever com clareza, inserindo a função que vai exercer e a formação que possui para desempenhar de forma satisfatória a função. 6. Não está claro por que alguém iria querer comprar o produto ou serviço – é necessário deixar claro o(s) motivo(s) das pessoas optarem pela sua empresa. O seu produto deve atender a determinadas necessidades das pessoas, é necessário deixar claro e não implícito. 7. O resumo executivo é muito longo e não vai direto ao ponto – apesar de ser uma das primeiras partes do Plano deve ser o último a ser elaborado, pois deve ressaltar de forma sucinta os principais aspectos do Plano, levando em consideração o motivo pelo qual foi elaborado. MODELOS DE ESTRUTURA DO PLANO DE NEGÓCIOS ■ Entender e estabelecer diretrizes para seu negócio. ■ Gerenciar de forma mais eficaz a empresa e tomar decisões acertadas. ■ Monitorar o dia a dia da empresa e tomar ações corretivas, caso sejam necessárias. ■ Obter financiamentos e empréstimos junto a bancos, governo, investidores, SEBRAE, entre outros. ■ Identificar oportunidades de negócio para transformá-las em vantagem competitiva para a empresa. ■ Estabelecer e consolidar uma comunicação interna eficiente e eficaz na própria empresa, além de convencer o público externo, entre eles fornecedores, parceiros, clientes, investidores, governo etc. INICIANDO A ELABORAÇÃO DO PLANO DE NEGÓCIOS ■ Capa – precisa ser elaborada com cuidado, pois é a primeira parte visualizada. É necessário conter informações essenciais, como nome da empresa, site, e-mail, telefone de contato, ano de elaboração e cidade, ou informações que forem mais pertinentes, de acordo com o objetivo e do indivíduo que irá analisar. ■ Sumário – deve ser elaborado de forma objetiva. Precisa conter os títulos e subtítulos de cada parte do Plano e a respectiva página. Os editores de texto possuem opções para configurar o sumário. ■ Sumário ou Resumo executivo – é a principal parte do Plano de Negócios, isso porque contém as principais partes do Plano. Se a elaboração não estiver boa, o leitor pode nem querer ler o conteúdo, por isso é necessário atenção total. Não há um modelo padrão, porque depende do objetivo e das pessoas que farão a leitura e a avaliação. Rosa (2007, p. 11) apresenta algumas recomendações a serem inseridas: ■ Resumo dos principais pontos do PN. ■ Dados dos empreendedores, experiência profissional e atribuições. ■ Dados do empreendimento. ■ Missão da empresa. ■ Setores de atividades. ■ Forma jurídica. ■ Enquadramento tributário. ■ Capital social e fontes de recursos Porém, novamente, orientamos que faça uma reflexão para verificar quais os pontos mais importantes de acordo com o seu negócio e o objetivo da elaboração. No Quadro 8, colocamos algumas perguntas, segundo Dornelas (2005), que ajudam na elaboração do sumário executivo. ■ Análise Estratégica – nessa etapa, o foco é pensar na organização. Caso ainda não tenha elaborada a missão, a visão e os valores, esse é o momento. É necessário saber o motivo de existência da empresa, o que pretende para os próximos anos e os valores que possui para alcançar a situação desejada. ■ A missão é o principal orientador da empresa. Deve ser construída em forma de afirmação, visando apresentar o motivo da existência do negócio. A existência não é pensar somente no produto, mas no benefício que trará para o público, devendo ser inspiradora, desafiadora e dificilmente alterada. ■ A visão é a situação que o negócio deseja alcançar, também construída em afirmação, pode ser alterada, porque o cenário de mercado também muda. ■ Os valores representam posturas, atitudes e comportamentos necessários na relação com o público e que orientam a execução das atividades. Além disso, é importante pensar nos pontos fortes e fracos da organização, além de ameaças e oportunidades que podem ser vistos mediante a Análise SWOT (Strength, Weakness, Opportunity, Threat) ou também chamada de Análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças). Trata-se de uma ferramenta gerencial para conhecer pontos internos e externos ao negócio. Com isso, conseguimos ter um panorama geral do negócio e isso contribui para diminuirmos as fraquezas e as ameaças e maximizar os pontos fortes e oportunidades. Um breve resumo pode ser feito da seguinte forma: ■ Pontos internos – pontos fortes e fracos – em relação aos concorrentes. Ex.: treinamento, capital disponível. ■ Pontos externos – oportunidades e ameaças – em relação ao ambiente em que está inserido. Ex.: clima, economia. ■ Descrição da Empresa – assim como o próprio nome diz, é necessário descrever a empresa. É necessário colocar os sócios, a equipe administrativa (os principais diretores ou gerentes), a estrutura organizacional (organograma), a localização, o histórico (caso a empresa já esteja no mercado), a razão social, o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), o regime de tributação (estudaremos na próxima Unidade), o endereço, as certificações de qualidade (caso existam) e, também, a situação da organização nos últimos anos (caso já esteja estabelecida no mercado). ■ Análise do Mercado – nessa fase do Plano de Negócios, é necessário pensar sobre o seu mercado e o público-alvo. Por isso, precisa ser feito com cautela e buscar informações que correspondam à realidade do mercado que devem ser qualitativas, que ajudam a compreender particularidades do mercado, e quantitativas, que retratam em números e cifras. É importante buscar informações fidedignas em instituições de pesquisas, órgãos oficiais, SEBRAE, associações de classe, sociedade comercial, em instituições de ensino superior, consultorias ou entidades especializadas. Ainda de acordo com o autor, é necessário pensar nos pontos fortes e fracos entre a concorrência e o seu negócio. Os principais aspectos a serem analisados são, conforme Rosa (2007, p. 25): ■ Qualidade dos materiais empregados – cores, tamanhos, embalagem, variedade etc. ■ Preço cobrado. ■ Localização. ■ Condições de pagamento – prazos concedidos, descontos praticados etc. ■ Atendimento prestado. ■ Serviços disponibilizados – horário de funcionamento, entrega em domicílio, teleatendimento etc. ■ Garantias oferecidas. PLANO DE MARKETING O Plano de Marketing é uma das partes fundamentais do negócio, porque propicia entender as melhores formas de criar estratégias adequadas para o negócio, sendo que pode ser utilizado para diferentes tipos de organizações. Para isso, utilizaremos os conhecidos 4Ps do Marketing, também chamados Mix de Marketing: Produto, Preço, Praça e Promoção. PRAÇA A escolha do ponto é importante para que seja acessível ao público- alvo na própria organização e, também, para a entrega. Em vista desse pensamento, Dornelas (2005, p. 150) apresenta três aspectos importantes a serem pensados para elaboração de estratégias adequadas ao negócio: ■ Usar canais alternativos. ■ Melhorar prazo de entrega. ■ Otimizar logística de distribuição. A escolha do local e dos parceiros é importante, porque existem diversas formas de interação entre uma organização e o cliente. Dolabela (2006) aborda as diferentes formas de distribuir os produtos que se referem à possibilidade de criar canais alternativos: ■ Indústria – Consumidor. ■ Indústria– Varejista – Consumidor. ■ Indústria – Distribuidor – Varejista – Consumidor. ■ Indústria – Atacadista – Distribuidor – Varejista – Consumidor Porém, no caso de serviços, podemos considerar que o prestador de serviço pode oferecer este diretamente ou tenha um intermediário que realiza uma etapa antes de entregar ao cliente, como acontece com os serviços prestados por um contabilista e um advogado, por exemplo. O SEBRAE (2003) dá algumas recomendações a serem pensadas: ■ Comércio – estar junto ao cliente, oferecendo comodidade e segurança. Exemplo: loja de fácil acesso e estacionamento. ■ Indústria – facilidade de distribuir os produtos e acesso para os fornecedores. Exemplo: telefone, água, luz e vias pavimentadas. ■ Serviços – o local nem sempre é o mais importante, mas o contato direto ou utilizando outros meios é fundamental, desde que sejam fáceis e rápidos. PREÇO É o valor do seu produto ou serviço. O preço é determinado por diferentes fatores: a pesquisa de mercado que foi feita para a escolha do público-alvo, os concorrentes, os custos fixos e variáveis, as metas estabelecidas para alcançar os objetivos, por exemplo, a conquista de clientes e o lançamento de produtos. Baixar o preço pode chamar a atenção de alguns consumidores e aumentar as vendas, mas, se o produto pretende atender uma clientela mais diferenciada, com poder aquisitivo alto, essa estratégia pode não ser a mais adequada. O mesmo ocorre em relação à qualidade. Dornelas (2005, p. 150) nos fornece alguns atributos essenciais para a elaboração de estratégias: ■ Definir preços, prazos e formas de pagamentos para produtos ou grupos de produtos específicos, para determinados segmentos de mercado. ■ Definir políticas de atuação em mercados seletivos. ■ Definir políticas de penetração em determinado mercado. ■ Definir políticas de descontos especiais. Outro ponto levantado por Gomes (2005, p. 47) é a prática de descontos e promoções, sendo os mais comuns: ■ Preços promocionais: quando há diminuição de preço por tempo determinado, para incentivar a compra. ■ Preços por segmentos diferentes: é escolhido determinado critério, como faixa etária, por exemplo, para determinar descontos, como ocorre com crianças, estudantes e idosos. ■ Preços por regiões geográficas: os custos de vender na região em que está, já são conhecidos pelo empreendedor, porém, ao vender para outra região, os valores vão variar conforme o transporte, o poder aquisitivo da população, os impostos, a demanda, entre outros fatores. ■ Preços por sazonalidade: existem determinadas épocas favoráveis a um produto. O clima, por exemplo, no caso do sorvete, provoca aumento nas vendas na época de calor. O chocolate, na época da Páscoa, aumenta bastante, entretanto, em outras épocas, o valor e a quantidade vendida diminuem. ■ Preços personalizados: ocorre quando há possibilidade de tornar o produto mais individualizado. Um exemplo são as agências de turismo que fecham o pacote conforme a solicitação do consumidor que reflete o poder aquisitivo e o perfil de consumo. ■ Descontos para pagamentos antecipados ou à vista: se torna interessante porque é dinheiro na mão para fortalecer o fluxo de caixa, assunto que veremos no Plano Financeiro. ■ Descontos por volume de compra: recomendado para diminuir a quantidade de estoque e para aumentar o consumo da população. ■ Concessões para promoções de vendas: descontos ou incentivos dados para colocar os produtos em locais que haja destaque deles ou quando os incentivos são dados para promover, ou seja, divulgar o produto, que geralmente ocorre com varejistas. PRODUTO É importante, quando analisamos possibilidades de estratégias de marketing, conhecer o ciclo de vida do produto. Esse ciclo se refere ao grau de maturação que está no mercado: se o mercado está no início, em crescimento, atingiu a maturidade ou se está em declínio. Isso é importante porque, se o mercado está no início, é necessário um esforço extra para apresentar o produto e pensar nos atributos para chamar a atenção dos possíveis consumidores. Se o mercado está em crescimento, a preocupação será em conquistar clientes. Caso o mercado esteja na maturidade, o foco deve ser apresentar um diferencial em relação aos concorrentes. E, se o mercado estiver em declínio, é importante pensar se uma inovação no produto pode trazer retomada do mercado ou se é necessário repensar em uma nova linha de produtos, abandonando o segmento em que está inserido. Outro aspecto importante, conforme Dolabela (2006), é pensar nas características dos produtos, porque é a partir daí que vamos pensar em estratégias específicas: ■ Bens duráveis (utilidade prolongada, como o carro) e não duráveis (desaparecem ou deixam de ter utilidade rapidamente, como o jornal). ■ Serviços. ■ Bens de conveniência (compra constante e fácil de comprar, como sabonete). ■ Compra comparada (comparar atributos para escolher um móvel). ■ Uso especial (tem características únicas, como joias) PROMOÇÃO A forma de divulgar o produto é essencial. A tendência é pensar que nosso produto sempre é diferenciado em relação à concorrência. Será mesmo? E caso seja, será que o seu público sabe disso? Conforme Rosa (2005, p. 52), a Promoção tem 3 objetivos: ■ Informar aos clientes potenciais a existência dos produtos e serviços e de suas vantagens. ■ Informar aos clientes potenciais onde e como obter esses serviços. ■ Lembrar aos clientes a existência dos produtos e serviços oferecidos. Para Dornelas (2005, p. 151), o que pode ser feito na escolha de estratégias mais adequadas é, levando em consideração negócios existentes: ■ Definir novas formas de vendas; mudar equipe e canais de vendas ■ Mudar política de relações públicas. ■ Mudar agência de publicidade e definir novas mídias prioritárias. ■ Definir feiras/exposições que serão priorizadas. Para negócios que estejam sendo criados, é necessário elaborar as formas de vendas, escolher e capacitar a equipe e os canais de vendas, estabelecer políticas de relações públicas, caso seja possível, contratar agência de publicidade e definir mídias prioritárias e pensar se é importante e conveniente escolher feiras/ exposições para divulgar o produto. Criatividade é uma palavra importante, mas é essencial a inteligência e o bom senso, porque uma propaganda mal elaborada na escrita, na fala ou nas imagens pode causar duplo sentido, ofendendo a determinado grupo ou enganando o consumidor e trazendo prejuízos para a imagem da organização. Atualmente, existem diferentes veículos de comunicação com o cliente, como: redes sociais, e-mail, banner online, banner impresso, panfleto, faixa, brindes, televisão, rádio, jornal, revista, mala direta, busdoor, carro e moto de som, eventos, outdoor, venda por meio de displays no próprio ponto de venda, lista telefônica, dentre outros. Cinco aspectos fundamentais que devem ser levados em consideração: 1. Ações (o que) – identifique as atividades específicas a serem desempenhadas. 2. Período (quando) – determine o prazo de execução de cada atividade. 3. Como – defina a forma como as atividades deverão ser executadas na sequência apropriada e por ordem de prioridade. 4. Responsável (quem) – atribua responsabilidade pela execução e conclusão de cada atividade às pessoas mais indicadas. 5. Custo estimado (quanto) – levante todos os custos incluídos nas ações propostas, tais como custos de criação, confecção e envio dos materiais promocionais, custos de pessoal, entre outros. A verba de marketing varia deacordo com a realidade de cada negócio e deve ser contemplada a partir do faturamento da empresa. Não se esqueça de contemplar esses gastos nas suas despesas operacionais, como despesas de marketing. principais aspectos a serem desenvolvidos no Plano de Marketing: PLANO OPERACIONAL Depois que a análise estratégica foi elaborada, a pesquisa e a análise de mercado foram feitas e as estratégias de marketing foram estruturadas, precisamos também direcionar atenção ao funcionamento do negócio, afinal, se esse setor não funcionar, a organização não terá receita, ou seja, é essencial planejar formas de maximizar o processo de transformação, que consiste na entrada de matéria-prima ou informações que geram os bens e serviços dos empreendimentos. Cada tipo de negócio tem características próprias, ou seja, indústrias, comércios e prestadores de serviços e, também, em negócios físicos e virtuais que funcionam de maneira diferenciada. O processo operacional deve funcionar conforme o que for decidido em nível estratégico e o setor de operações vai executar. Nessa parte do Plano, inúmeros aspectos são abordados: ■ Espaço físico – para abrigar atividades de atendimento ao público, recebimento, armazenagem, escritório e outras necessidades conforme a organização necessitar para desempenhar as atividades. ■ Layout – também conhecido como arranjo físico. Refere-se à disposição das máquinas e equipamentos, de modo a aproveitar os espaços e otimizar a capacidade produtiva. Em comércios, consiste em aproveitar o espaço para apresentar os produtos na vitrine, alocar o escritório, espaço para os consumidores degustarem o produto, o caixa, dentre outras particularidades. Na prestação de serviços, é importante que o ponto seja adequado para a instalação dos equipamentos e materiais administrativos para atender os consumidores. ■ Necessidades para funcionamento – se for uma indústria, devem existir as máquinas, funcionários devidamente qualificados, os EPIs (Equipamentos de Proteção individual), controle de qualidade. Em comércios, há a necessidade da força de vendas, dos produtos, dos materiais administrativos, entre outros. Nas prestações de serviço, há necessidade de computadores, de softwares gerenciais, de internet e outras necessidades conforme o negócio. Possivelmente, será necessário fazer adequações nas instalações para abrigar a atividade da organização. ■ Exigências legais – para negócios que lidam com alimentos, é exigido o curso de boas práticas, autorizações de segurança para operar o negócio. É importante buscar por certificações de qualidade que, nos dias atuais, não é diferencial, mas uma exigência do mercado. Com o passar do tempo, normas de várias séries foram editadas, como as focadas no meio ambiente (série 14000), segurança e saúde ocupacional (série 18000), produtos alimentícios (série 22000), responsabilidade social (série 26000), segurança da informação (série 27000), gestão de risco (série 31000), gestão de energia (série 50000). ■ Descrição técnica do produto/serviço – é importante saber os atributos e os processos para fabricar o produto e serviço. Você pode optar por não inserir no plano, mas é algo que precisa saber muito bem como ocorre, até porque precisa saber a necessidade de mão de obra, de matéria-prima, de recursos financeiros e do tempo para ficar pronto. ■ Fluxograma das atividades – tem como objetivo planejar desde a entrada até a saída do produto e/ou serviço e o que pode ser feito no caso de uma atividade não ser cumprida satisfatoriamente. A importância do fluxograma é orientar a todos de todas as etapas existentes e o que deve ser feito no caso de problemas. O fluxograma também pode ser utilizado para organizar os processos de compra, armazenamento e vendas. ■ Tipo de produção – é elaborada a forma de produção, se será personalizado, produzido em pequenos lotes, de forma contínua, como no caso de energia, petróleo, água. Outro tipo de produção é feito em massa, ou seja, em grandes quantidades sem a necessidade de mudança, just in time, é orientado para ter o mínimo de estoque possível. O tipo de produção influenciará na quantidade de espaço necessária, no volume de matéria-prima, no investimento necessário em matéria-prima. ■ Planejamento da capacidade de produção – é estruturada a capacidade da produção durante o turno de funcionamento. Cabe ressaltar que as máquinas não produzem durante todo o turno, pois é necessário esperar que o maquinário seja ligado até estar à disposição para a produção e ser acionado pelos trabalhadores e, depois, o período necessário para que a máquina seja desligada. Em uma fábrica que o funcionamento seja de oito horas, é necessário descontar esse período que pode ser acrescido se, para o mesmo maquinário, for feito outro produto, pois será preciso terminar um processo e começar outro, isso se não for necessário limpar ou fazer uma adequação antes que comece a produção de outro produto. Também, é importante dimensionar o período de tempo para percorrer as etapas do processo produtivo. Em comércios e serviços, é importante dimensionar a capacidade de atendimento e venda, bem como etapas de compra, recebimento e armazenagem, para evitar a falta dos bens e serviços. ■ Pesquisa e desenvolvimento (P&D) – existem organizações que possuem um setor ligado ao desenvolvimento de produtos, como verificamos em montadoras de veículos, empresas de tecnologia e laboratórios. ■ Formas de controle para o negócio – é exemplificado por softwares gerenciais, programas de qualidade, treinamento para assegurar a diminuição do desperdício, aumentar a produtividade e diminuir os gargalos na produção. ■ Empregados necessários e possibilidade de turnos de trabalho – é necessário dimensionar a quantidade de pessoas necessárias para executar a produção. Caso a produção em um turno não seja suficiente, é necessário programar um ou até dois turnos de trabalho, levando em consideração o período de oito horas cada turno para atender à produção. ■ Terceirização de processos – alguns negócios optam por terceirizar parte do processo de fabricação, no caso de indústrias, por exemplo, para atender uma demanda extra ou mesmo para diminuição de custos, como ocorre no ramo vestuário. Na prestação de serviços, também ocorre com outros agentes realizando processos ou mesmo quando existe necessidade de solicitação de serviços para o Poder Público, para, depois disso, entregar o serviço finalizado. ■ Transporte – a entrega dos produtos e serviços. Essa atividade é importante e exige planejamento e dinheiro, pois é necessário dimensionar a forma de distribuir (entrega terceirizada ou própria) e também o meio de entrega (moto, carro, van, caminhão, barco, navio, trem, avião). Também, o tempo necessário para entregar, o possível seguro da carga no caso de acidente, por isso algumas empresas utilizam rastreadores. No caso de frota própria, é preciso fazer a manutenção dos meios utilizados. Parece uma atividade simples, entregar um produto/serviço, mas é bastante difícil, pois envolve recursos e tempo de entrega e locomoção. ■ Logística reversa – hoje, não devemos nos preocupar somente em entregar os produtos, mas também com o descarte, reciclagem ou a reutilização. A preocupação com o meio ambiente é uma realidade, pois cada vez consumimos mais, explorando os recursos naturais e poluindo o ambiente. A elaboração do plano operacional contribui para eliminar gargalos na produção/ prestação do serviço, otimizar processos, aumentando a eficiência da organização. Nem todo negócio tem necessidade
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