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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Anexo 2 Tema 2: Ligas Ferrosas De acordo com a quantidade de carbono presente nas ligas ferrosas, estas se dividem em aços e ferros fundidos, que veremos agora. Figura 1 – Produtos oriundos de ligas ferrosas – Ciência dos Materiais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Aços Aços são ligas ferrosas com carbono ligado ao ferro, que se dividem conforme a composição química ou aplicação. Com relação à composição química, se dividem em aços carbono e aços liga. Aços carbono são ligas ferro-carbono com porcentagem de carbono variando nos intervalos de aproximadamente 0,005%C até aproximadamente 2,1%. Quando apresentam, além do carbono, outros elementos ligados para conferir propriedades especiais, são chamados de aços liga. Os aços carbono ainda podem se subdividir em aços de baixo carbono (0,005% ≤ C ≤ 0,3%), médio carbono (0,3% < C ≤ 0,5%) e alto carbono (0,5% < C ≤ 2,1%). Os aços liga se dividem em aços de baixa liga (elemento de liga ≤ 5%) e aços de alta liga (5% < elemento de liga). Tanto os aços carbono como os aços liga apresentarão em suas composições outros elementos metálicos e não metálicos oriundos ou do processo de fundição ou por adição intencional, visando a melhoria de alguma propriedade. As Tabelas a seguir apresentam a interferência dos elementos de liga nas propriedades referentes a processos de fabricação e a propriedades mecânicas e químicas dos aços. A principal função dessas tabelas é fornecer informações que permitam estabelecer uma pré-seleção dos elementos que deverão estar presentes na composição dos aços, visando atender a necessidades de projetos. Após isso, designaremos os aços que contenham esses elementos de liga para uma pré-seleção, que, posteriormente, deve ser melhorada em função de custo, disponibilidade de fornecedores e outros fatores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Tabela 1 – Influência dos elementos de liga nos processos de fabricação dos aços. Tabela 2 – Influência dos elementos de liga nas propriedades químicas dos aços. Elemento de liga Resistência a Corrosão Nitretabilidade Oxidação Superficial Formação de Carbeto Al Inerte Aumenta Diminui Inerte Co Inerte Inerte Diminui Inerte Cr Aumenta Aumenta Diminui Aumenta Cu Aumenta Inerte Inerte Inerte Mn Inerte Inerte Diminui Inerte Ni Aumenta Inerte Diminui Inerte S Diminui Inerte Inerte Inerte Si Inerte Diminui Diminui Diminui V Aumenta Aumenta Diminui Aumenta W Inerte Aumenta Diminui Aumenta Elemento de liga Usinabilidade Forjabilidade Soldabilidade Al Inerte Diminui Diminui Co Inerte Diminui Inerte Cr Inerte Diminui Diminui Cu Inerte Diminui Diminui Mn Diminui Diminui Aumenta Ni Diminui Diminui Diminui S Aumenta Diminui Diminui Si Diminui Diminui Diminui V Inerte Aumenta Diminui W Diminui Diminui Diminui CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Tabela 3 – Influência dos elementos de liga nas propriedades mecânicas dos aços. Elemento de liga Resistência Mecânica Limite de Elasticidade Resistência ao Impacto Limite de Ruptura Dureza Al Diminui Aumenta Aumenta Diminui Diminui Co Aumenta Diminui Diminui Aumenta Aumenta Cr Aumenta Diminui Diminui Aumenta Aumenta Cu Diminui Aumenta Aumenta Diminui Diminui Mn Diminui Aumenta Aumenta Diminui Diminui Ni Aumenta Diminui Diminui Aumenta Aumenta S Diminui Aumenta Aumenta Diminui Diminui Si Aumenta Diminui Diminui Aumenta Aumenta V Aumenta Diminui Diminui Aumenta Aumenta W Aumenta Diminui Diminui Aumenta Aumenta Por exemplo, um projeto cujas especificações seriam resistência mecânica, resistência a corrosão e usinabilidade, demandaria um aço em cuja composição precisaria ter Cr e V, uma vez que esses dois elementos de liga aumentam a resistência mecânica e a resistência à corrosão, sendo inertes quanto à usinabilidade, ou seja, melhoram a resistência mecânica e a corrosão sem interferir na usinabilidade do aço. Também, por exemplo, um aço contendo em sua composição Cr e Ni terá aumentada sua resistência mecânica, limite de ruptura e dureza, bem como sua resistência à corrosão, nitretabilidade e formação de carbeto, mas terá diminuída sua Forjabilidade e Soldabilidade. Caberá uma análise mais aprofundada sobre as principais necessidades do projeto para selecionar aço com esses elementos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Mas como especificar o aço selecionado para o setor de compras ou de logística? É necessário converter a informação da composição da liga em uma denominação normatizada. Essa denominação segue normas estabelecidas por instituições nacionais e internacionais. As normas de denominação mais usadas na seleção de aços para projetos de engenharia são as da SAE (Society of Automotive Engineers), da AISI (American Iron and Steel Institute) e da ASTM (American Society for Testing and Materials), sendo também usadas as normas DIN (Deutsches Institut für Normung) e a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Seguem tabelas de denominação para os aços carbono e aços liga segundo a AISI e a SAE, sendo que devem observar que seguem como critério de denominação a composição da liga. Assim, por exemplo, aços do tipo SAE 10XX são comuns com no máximo 1% de Mn que tem em XX a fração percentual de carbono na liga (aço SAE 1020 é um aço comum com 0,20% de carbono). Tabela 4 – Nomenclatura Aços de Baixo Carbono e Aços Liga. Ciência dos Materiais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Não obstante essas normas, os aços também podem ser classificados por categorias em função de seu uso, como: Aços de usinagem: são aços de boas propriedades mecânicas e fácil usinagem. Para isso, devem ter alto teor de S, Mn ou Pb. Aços para cementação: são aços cujo núcleo deve apresentar tenacidade, flexibilidade e resistência ao choque, mas que precisam ter boa resistência ao desgaste superficial. Para isso, devem ter baixo teor de carbono, sendo os mais comumente usados dos tipos ASTM 10XX e 86XX. Aços para têmpera e revestimento: são aços que podem ser endurecidos superficialmente por choque térmico, sem que sejam geradas trincas ou abaulamentos. São aços de médio teor de carbono, normalmente dos tipos ASTM 43XX e 86XX. Aços mola: são aços usados para feixes de molas, devendo ter alto limite de elasticidade, elevada resistência mecânica e elevado limite de fadiga. São normalmente aços liga com presença de Ni, Cr e Mo. Aços ferramenta: são aços usados para produzir ferramentas e matrizes de estampagem, devendo ter elevada dureza, alta resistência ao desgaste e boa usinabilidade. Apresentam elevado teor de carbono, mais Mn, Cr e W. Esses aços possuem tanta importância que há uma classificação específica para eles, de acordo não só com a composição da liga, como também os processos de fabricação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Tabela 5 – Nomenclatura Aços Ferramenta. Ciência dos Materiais. Aços inoxidáveis: são aços que possuem uma resistência a corrosão mais elevada, embora o conceito inoxidável não seja o mais correto, pois formam uma camada de passivação com óxidos, que atua como uma barreira que dificulta a corrosão. Para tanto, devem possuir um teor mínimo de Cr de 12%. Se subdividem em três tipos: o Aços inoxidáveis ferríticos: apresentam estrutura ferrítica, sendoferromagnéticos. O aço inox mais comum é o do tipo ASTM 430. o Aços inoxidáveis martensíticos: apresentam estrutura martensítica por têmpera, sendo ferromagnéticos. Os mais comuns são os dos tipos ASTM 410 e 420. o Aços inoxidáveis austeníticos: apresentam estrutura austenítica, sendo paramagnéticos. São endurecíveis por deformação a frio. Os mais comuns são os dos tipos ASTM 302, 303, 304 e 316. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Tabela 6 – Nomenclatura Aços Inoxidáveis. Ciência dos Materiais. Aços para uso elétrico e magnético: São aços usados em geradores e motores elétricos, principalmente nos núcleos de equipamentos eletromagnéticos. Para tanto, devem ser ferromagnéticos e apresentarem elevado teor de Si, para ter elevada resistência ao desgaste. Os mais comuns são os dos tipos ASTM A677M e A568M. Aços refratários: são aços resistentes ao calor normalmente usados nas estruturas externas de fornos, também sendo usados na fabricação de turbinas de termoelétricas e equipamentos das indústrias químicas e petroquímicas. Devem ter teores de C, Cr e Mo baixos. Os mais comumente usados são os dos tipos ASTM A297, ASTM A351 e ASTM A743. Complementando o exemplo do projeto cujas especificações seriam resistência mecânica, resistência à corrosão e usinabilidade, que demandaria um aço em cuja composição precisaria ter Cr e V, aços do tipo SAE 43BVXX, 61XX, bem como os aços ferramenta fariam parte da pré-seleção. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Também, no outro exemplo, aços inox austeníticos, aços ferramenta com exceção dos do tipo L, aços de níquel-cromo e aços de níquel-cromo-molibdênio terão elevada resistência mecânica, alto limite de ruptura e dureza, bem como sua maior resistência à corrosão, nitretabilidade e formação de carbeto, mas baixa forjabilidade e soldabilidade. Ferros Fundidos O ferro fundido é uma liga ferro carbono, com silício, cujo teor de carbono varia de 2,1% até 6,8% e a estrutura apresenta, caracteristicamente, carbono na forma de Cementita (Fe3C) ou de Grafite. Os Ferros fundidos se dividem em: Ferro Fundido Branco, com teor de carbono entre 2,1% a 3,6%, teor de silício entre 0,5% e 1,9%; Ferro Fundido Maleável, com o mesmo teor de carbono e silício do Ferro Fundido Branco, porém com cementita na forma de nódulos; Ferro Fundido Cinzento, com teor de carbono entre 4,0% e 6,8% e teor de silício entre 1,0% e 3,0%, com estrutura contendo Carbono Grafite. Ferro Fundido Nodular, com o mesmo teor de carbono e de silício do Ferro Fundido Cinzento, mas com grafite na forma de nódulos. As principais aplicações do Ferro Fundido Branco são em implementos para tratores, engrenagens para moagem e equipamentos para mineração, podendo também serem usados para rodas de vagões. O Ferro Fundido Maleável é usado na indústria de materiais de construção, automotiva, de tratores e de materiais elétricos. O Ferro fundido cinzento é usado na fabricação de utensílios domésticos, na fabricação de componentes de motores à combustão, tambores de freio, placas de embreagem, blocos de motor, buchas, bombas, compressores, tubos, conexões, barramentos elétricos, bigornas, pistões hidráulicos, cilindros e anéis de locomotivas, dentre outros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 O Ferro fundido nodular é usado na fabricação de válvulas e carcaças de bombas de pressão, de componentes de equipamentos a vapor, virabrequins, rolamentos e de freios a disco, por exemplo. Tabela 7 – Nomenclatura Ferros Fundidos. Ciência dos Materiais. Tabela 8 – Composição dos ferros fundidos. Willian F. Smith. Princípios de Ciência e Engenharia dos Materiais.
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