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1 QUÍMICA DE COORDENAÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA PROFA. VALESKA S. AGUIAR QUÍMICA DOS METAIS DE TRANSIÇÃO Os elementos de transição são aqueles que pertencem aos períodos em que os orbitais d e f são progressivamente preenchidos. Caracterizam-se por possuírem camadas d incompletas ou por darem origem a íons com camadas d incompletamente preenchidas. Esta característica é responsável pelas propriedades peculiares destes metais, nomeadamente a grande tendência para formar complexos. METAIS DE TRANSIÇÃO METAIS DE TRANSIÇÃO Considere, por exemplo, o período do escândio ao cobre: Sc → Ti → V → Cr → Mn → Fe → Co → Ni → Cu Verifica-se que o aumento da carga nuclear é compensado pelo efeito de blindagem, o que faz com que o raio não diminua muito e que as eletronegatividades e as energias de ionização sejam aproximadamente constantes. Estes elementos possuem ligação metálica forte (densidade elevada, e temperaturas de fusão e vaporização elevadas, bem como calores de transição de fase igualmente elevados) METAIS DE TRANSIÇÃO: CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA Sc: [Ar] 4s2 3d1 Ti: [Ar] 4s2 3d2 . . . Cu: [Ar] 4s1 3d10 Quando formam íons, os e- são removidos primeiro dos orbitais 4s e só depois dos orbitais d. Fe2+ : [Ar] 3d6 METAIS DE TRANSIÇÃO: NÚMERO DE OXIDAÇÃO Os números de oxidação são muito variados, entre +1 e +7 Os valores mais elevados correspondem aos óxidos: V2O5, Mn2O7, .... Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu +7 +6 +6 +6 +5 +5 +5 +5 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +3 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +2 +1 2 COMPLEXOS Os metais de transição apresentam uma tendência muito forte para formar complexos. Complexo consiste em um composto químico, cuja estrutura química é constituída por um METAL coordenado por ÂNIONS ou MOLÉCULAS. Complexos São compostos formados pela interação de cátion metálico com ligante Reações envolvendo um íon metálico M e um ligante (agente complexante) L, com formação de um composto ESTÁVEL (complexo) Metal M: átomo central, recebe elétrons na ligação química Ligante L: íon ou molécula doadora de elétrons Interação ácido-base de Lewis COMPLEXOS Co2+(aq) + 4 Cl-(aq) = [CoCl4]2-(aq) FORMAÇÃO DE UM COMPLEXO Um íon metálico (cátion) central é rodeado por íons de carga oposta ou moléculas de água, por exemplo. Tais íons coordenantes são chamados de ligantes. As moléculas de água se orientam de acordo com a atração eletrostática entre a carga do cátion e os pares de elétrons não compartilhados das moléculas de água. COMPLEXOS A ligação entre um ligante e um íon metálico é um exemplo de interação entre uma base de Lewis e um ácido de Lewis. A formação das ligações metal-ligante pode alterar profundamente as propriedades que observamos para o íon metálico como, por exemplo, seu potencial de redução. M L L L L m Diferentes números de coordenação COMPLEXOS COMPLEXOS 3 COMPLEXOS Carga: a carga de um complexo é a soma das cargas do metal central e de seus ligantes circundantes. Número de coordenação: é o número de átomos diretamente ligados ao átomo metálico em um complexo. [Fe(CN)6]3- : nº de coordenação = 6 [Ag(NH3)2]+ : nº de coordenação = 2 REPRESENTAÇÃO DE UM COMPLEXO Cu ( H2O )42+ Íon central Ligante Nº de coordenação REPRESENTAÇÃO DE UM COMPLEXO Co Cl ( NH3 )52+ Íon central Ligantes Nº de coordenação ( 1+5 = 6) REPRESENTAÇÃO DE UM COMPLEXO Resultado da manifestação das forças de atração eletrostática entre M e L Repulsão presente entre ligantes L de mesma carga intensifica a carga positiva do íon metálico central É um equilíbrio M + L ⇄ ML Constante de equilíbrio de estabilidade ou formação de complexo: Kest FORMAÇÃO DE UM COMPLEXO 4 FORMAÇÃO DE UM COMPLEXO A tendência da formação de um complexo é medida pela respectiva constante de formação, Kf, ou constante de estabilidade, que não é mais do que a constante de equilíbrio para a reação de complexação. Reacção Kf 1.5×107 5 ×1013 2.5 ×1041 FORMAÇÃO DE UM COMPLEXO IMPORTÂNCIA COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO Os complexos podem, por sua vez, combinar-se com íons simples ou complexos para formar compostos de coordenação. Um composto de coordenação é uma espécie neutra que contém pelo menos um íon complexo. O que conhecemos sobre ligação química nestes compostos é devido a Alfred Werner (prêmio Nobel da Química). Este postulou que os elementos possuem dois tipos de valência: primária e secundária. Isto equivale ao nº de oxidação e ao nº de coordenação do elemento. [Co(NH3)6]Cl3 Valência primária: 3 Valência secundária: 6 COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO Nº DE OXIDAÇÃO O número de oxidação do íon metálico central é importante e pode ser calculado tendo em conta a carga global do íon complexo. [Ru(NH3)5H2O]Cl2: nº de oxidação do Ru = +2 K4[Fe(CN)6] : nº de oxidação do Fe = +2 2 4)1(6 += −=−×+ x x Contra-íon é o K+! 5 COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO Nº DE OXIDAÇÃO LIGANTES Chamam-se ligantes às moléculas ou íons que rodeiam o metal num íon complexo. Os ligantes possuem pelo menos um par de elétrons de valência não partilhados – funcionam como bases de Lewis. TIPOS DE LIGANTES Ligante monodentado: doador de 1 par de elétrons; formação de uma ligação por molécula de ligante (NH3, H2O, CN-) e ocupação de apenas um sítio na esfera de coordenação Ligante bidentado: doador de 2 pares de elétrons; formação de duas ligações por molécula de ligante (oxalato) e ocupação de dois sítios na esfera de coordenação Ligante multidentado ou agente quelante: vários pontos da molécula possíveis de doação de pares de elétrons, coordenação (e ocupação) simultânea em vários sítios da esfera de coordenação TIPOS DE LIGANTES O complexo formado entre um metal e um agente quelante chama-se QUELATO TIPOS DE LIGANTES TIPOS DE LIGANTES 6 TIPOS DE LIGANTES TIPOS DE LIGANTES TIPOS DE LIGANTES e A molécula 1,2-diaminoetano liga-se ao metal central por dois pares de elétrons (um de cada átomo de azoto) N desta molécula TIPOS DE LIGANTES TIPOS DE LIGANTES TIPOS DE LIGANTES 7 TIPOS DE LIGANTES TIPOS DE LIGANTES Complexo ferro-oxalato Complexo cálcio-citrato LIGANTE QUELATO Complexo M-EDTA LIGANTE QUELATO EDTA é o acrônimo em inglês: EthyleneDiamineTetrAcetic acid. (ácido etilenodiamino tetra-acético). É um composto orgânico que age como ligante polidentado, formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos. EFEITO QUELATO Efeito Quelato: as constantes de formação geralmente maiores para os ligantes polidentados em comparação com os monodentados é conhecida como efeito quelato. Os agentes quelantes são geralmente usados para prevenir uma ou mais reações possíveis de um íon metálico sem removê-lo da solução. Ou seja, tem- se uma aplicação dos complexos quelatos, como a função do EDTA na maionese ou no xampu. TIPOS DE LIGANTES: BASES DE LEWIS Ligantes podem ser classificados de acordo com suas características eletrônicas e da interação com o íon metálico central. Classificação: Ligantes 𝜎-doadores Ligantes 𝜋-doadores Ligantes 𝜋-receptores 8 TIPOS DE LIGANTES: LIGANTES 𝜎-DOADORES Todos os ligantes são 𝜎-doadores, pois doam um ou mais pares de elétrons ao íon metálico central para formar ligação sigma (𝜎) :NH3, OH2, etilenodiamina (en) TIPOS DE LIGANTES: LIGANTES 𝜋-DOADORES Se o ligante tem mais pares de elétrons, ele pode doá- los também através de uma ligação 𝜋. O íon metálico possui número de oxidação elevado e orbitais d𝜋 vaziospara acomodar esses elétrons. TIPOS DE LIGANTES: LIGANTES 𝜋-RECEPTORES São ligantes que doam par de elétron através de ligação 𝜎 e recebem pares de elétrons através de uma ligação 𝜋. NOMENCLATURA DE COMPLEXOS A designação sistemática dos compostos de coordenação obedece às seguintes regras: >>> O nome do ânion surge antes do cátion (tal como nos compostos iônicos). >>> Dentro do íon complexo, o nome dos ligantes surge em primeiro lugar, por ordem alfabética, e no final o nome do metal. >>> Os nomes dos ligantes têm terminação o se forem ânions ou não têm designação especial se forem neutros ou cátions, exceto H2O (aqua), CO (carbonil) e NH3 (amino). >>> Quando os compostos contêm vários ligantes iguais, utilizamos os prefixos di, tri, tetra, penta e hexa. >>>Se o ligante possuir um prefixo grego, utilizamos os prefixos bis, tris e tetraquis. >>> O número de oxidação é indicado em numeração romana a seguir ao nome do metal. Se o complexo é ânion, a terminação do nome é o nome do metal seguido de ato. NOMENCLATURA DE COMPLEXOS NOMENCLATURA DE COMPLEXOS Metal Nome do metal no complexo aniônico Alumínio Aluminato Cobalto Cobaltato Cobre Cuprato Crómio Cromato Chumbo Plumbato Estanho Estanato Ferro Ferrato Manganês Manganato Molibdénio Molibdato Níquel Niquelato Ouro Aurato Prata Argentato Tungsténio Tungstato Zinco Zincato 9 NOMENCLATURA DE COMPLEXOS Se o complexo for um ânion, seu nome termina em –ato. O composto recebe o nome hexacianoferrato(II) de potássio, por exemplo, e o íon recebe o nome de íon tetraclorocobaltato(II). NOMENCLATURA – EXEMPLOS K4[Fe(CN)6] : hexacianoferrato(II) de potássio [Co(NH3)4Cl2]Cl : cloreto de tetraaminodiclorocobalto(III) [Cr(en)3]Cl3 : cloreto de tris(etilenodiamina)crómio(III) [Cr(H2O)4Cl2]Cl : cloreto de tetraaquodiclorocrómio(III) Hexanitrocobaltato(III) de sódio? (nitro = NO2-) Nitrato de diclorobis(etilenodiamina)platina(IV)? APLICAÇÕES DOS COMPLEXOS Os complexos derivados da porfirina são chamados de porfirínicos e contêm diferentes íons metálicos; e têm diferentes grupos substituintes ligados aos átomos de carbono na periferia dos ligantes. As clorofilas são porfirinas que contêm Mg(II) e são componentes-chave na conversão de energia solar em formas que podem ser usadas pelos organismos vivos. APLICAÇÕES DOS COMPLEXOS Produtos de limpeza – O EDTA é um agente complexante capaz de formar quelatos com metais como Ca2+ e Mg2+, criando um complexo iônico solúvel evitando a fixação de cálcio em tubulações e materiais Química Limpar ferrugem – O óxido de ferro é insolúvel em água, mas dissolve-se na presença de ácido oxálico dando origem ao íon complexo trioxalato de ferrato (III) [ Fe (C2O4)3 ]3 – solúvel Metalurgia Processos de extração de metais nobres, prata e ouro, a partir do minério 4 Au(s) + 8 CN – (aq) + O2 (g) ⇄ 4 [ Au(CN)2 ]– (aq) + 4 OH– (aq) Zn(s) + 2 [ Au(CN)2 ]– (aq) ⇄ [ Zn(CN)4 ]2 – (aq) + Au(s) APLICAÇÕES DOS COMPLEXOS Medicina Um dos complexos de maior sucesso na área da terapêutica é a cisplatina [Pt(NH3)2Cl2] Este complexo tem a capacidade de se introduzir nas cadeias de DNA do núcleo das células. É injetada nas células tumorais o que as impede de se replicarem. Possui no entanto grandes efeitos secundários a nível renal cisplatina [Pt(NH3)2Cl2] APLICAÇÕES DOS COMPLEXOS 10 EDTA é um composto orgânico que age como ligante polidentado, formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos. Devido a isso, é usado como conservante do sangue, pois "inativa" os íons de cálcio, que promovem a coagulação sanguínea. Medicina Esta habilidade de complexar e assim "inativar" íons metálicos é também usada como antídoto para envenenamento por chumbo. Depois, o quelato formado é eliminado por meio da urina. APLICAÇÕES DOS COMPLEXOS Medicina Complexos de gadolínio utilizam-se na Imagiologia Médica formando o complexo DOTA DOTA – ácido 1,4,7,10 –tetraazaciclododecano-1,4,7,10-teraacético – gadolínio , que atua como agente de contraste em ressonância magnética nuclear - RMN APLICAÇÕES DOS COMPLEXOS Indústria Complexos de európio podem ser usados em sistemas luminescentes Complexos de európio e térbio são usados em pigmentos para tintas APLICAÇÕES DOS COMPLEXOS Bioquímica A molécula de hemoglobina (C2952H4664O832N812S8Fe4) é um complexo de ferro, podendo ser dividida em mais de 500 aminoácidos. A parte principal da molécula é um anel heterocíclico contendo um átomo de ferro. Este átomo de ferro é o responsável por manter o oxigênio ligado à molécula e assegurar o transporte de oxigênio no sangue. APLICAÇÕES DOS COMPLEXOS GEOMETRIA DOS COMPLEXOS A geometria de compostos de coordenação depende do número de ligantes em torno do átomo central. • Linear: corresponde ao número de coordenação 2 • Tetraédrica: corresponde ao número de coordenação 4 • Quadrada: corresponde ao número de coordenação 4 • Octaédrica: corresponde ao número de coordenação 6 GEOMETRIA DOS COMPLEXOS Ag(NH3)2+ Zn(NH3)42+ Ni(NH3)62+ Pt(NH3)42+ 11 GEOMETRIA DOS COMPLEXOS GEOMETRIA DOS COMPLEXOS GEOMETRIA DOS COMPLEXOS GEOMETRIA DOS COMPLEXOS CONCEITO ÁCIDO-BASE DE ARRHENIUS Associação da ideia de ácido com a presença de íons H3O+ e de base com a presença de íons OH- ÁCIDO: substância capaz de liberar íons hidroxônios (“prótons”) BASE: substância capaz de liberar íons hidroxilas A teoria restringe-se a soluções aquosas A teoria não enquadra substâncias que não apresentam H ou OH em sua estrutura 12 CONCEITO ÁCIDO-BASE DE BRØNSTED-LOWRY (1923) Introdução da ideia de ácidos e bases conjugados ÁCIDO: espécie doadora de prótons BASE: espécie receptora de prótons A teoria não se restringe a soluções aquosas BASE 1 ÁCIDO 2 ÁCIDO 1 BASE 2 CONCEITO ÁCIDO-BASE DE BRØNSTED-LOWRY Autoionização da amônia NH3: substância anfifílica Equilíbrio mais provável de acontecer CONCEITO ÁCIDO-BASE DE LEWIS Ampliação das ideias anteriores sobre conceito de ácidos e bases FORMAÇÃO DE ADUTOS ÁCIDO-BASE ÁCIDO: Substância que pode aceitar um par de elétrons em uma reação química BASE: Substância que pode doar um par de elétrons em uma reação química Aduto ácido-base ou complexo CONCEITO ÁCIDO-BASE DE LEWIS: COMPLEXOS 1. Um cátion metálico pode ligar-se a um par eletrônico fornecido por uma base em um composto de coordenação. Mn+ + xH2O ⇄ [M(H2O)x]n+ 2. Uma molécula com um octeto incompleto pode completar seu octeto aceitando um par eletrônico (no caso do B, orbital p perpendicular ao orbital híbrido sp2): CONCEITO ÁCIDO-BASE DE LEWIS: COMPLEXOS 3. Uma molécula ou um íon com o octeto completo pode ser capaz de rearranjar seus elétrons de valência e aceitar um par de elétrons adicional. Por exemplo, CO2 atua como um ácido de Lewis quando ele forma HCO3- aceitando um par eletrônico de um átomo de O no íon OH-. CO2 + OH- → HCO3- CONCEITO ÁCIDO-BASE DE LEWIS: COMPLEXOS 4. Uma molécula ou um íon pode ser capaz de expandir sua camada de valência (ou simplesmente ser grande o suficiente) para aceitar um outro par eletrônico. Esse tipo de acidez de Lewis é comum para os haletos dos elementos mais pesados do bloco p, tais como SiX4, AsX3 e PX5, sendo X um halogênio. 13 CONCEITO ÁCIDO-BASE DE LEWIS: COMPLEXOS 5. Uma molécula de camada completa pode ser capaz de usar um dos orbitais moleculares antiligantes não ocupado para acomodar um par de elétrons que entra. Um exemplo desse comportamento é a capacidadedo tetracianoeteno de aceitar um par solitário em seu orbital antiligante 𝜋*, e consequentemente atuar como um ácido. IDENTIFICANDO ÁCIDOS E BASES DE LEWIS (a) BrF3 + F- → [BrF4]- (b) KH + H2O → KOH + H2 Resposta: (a) O ácido BF3 adiciona a base F-. (b) O complexo hidreto iônico KH fornece a base H- para deslocar o ácido H+ da água e originar H2 e KOH, onde a base OH- está combinada com um ácido muito fraco K+. IDENTIFICANDO ÁCIDOS E BASES DE LEWIS (a) FeCl3 + Cl- → [FeCl4]- (b) I- + I2 → I3- (c) [:SnCl3]- + (CO)5MnCl → (CO)5Mn—SnCl3 + Cl- SÉRIE DE ESTABILIDADE DE IRVING-WILLIAMS Esta série surgiu da preocupação de alguns químicos de coordenação em relação à estabilidade de compostos complexos. Assim, para um dado ligante, a estabilidade dos complexos com metais di-positivos segue a ordem: Ba2+ < Sr2+ < Ca2+ < Mg2+ < Mn2+ < Fe2+ < Co2+ < Ni2+ < Cu2+ > Zn2+ Talvez por efeito do campo ligante, notava-se que determinados íons metálicos preferiam fazer ligações com certos ligantes em detrimento de outros. E, com tais observações, classificaram-se os íons em duas classes: (a) e (b). 14 CLASSIFICAÇÃO DOS ÍONS METÁLICOS Íons metálicos da classe (a) incluem os íons: - Metais alcalinos; - Metais alcalinos terrosos; - Metais de transição mais leves em seus estados de oxidação mais altos como Ti4+, Cr3+, Fe3+, Co3+ e o íon H+. Íons metálicos da classe (b) incluem os íons: - Metais de transição mais pesados; - Metais de estados de oxidação mais baixos, como Cu+, Ag+, Hg+, Hg2+, Pd2+ e Pt2+. CLASSIFICAÇÃO DOS LIGANTES De acordo com suas preferências de ligação, os ligantes também podem ser classificados nos dois tipos (a) e (b). A estabilidade desses complexos pode ser classificada da seguinte forma: Por exemplo, fosfinas (R3P) e tioéteres (R2S) têm tendência muito maior a se coordenarem com Hg2+, Pd2+ e Pt2+ enquanto que amônia, aminas (R3N), água e íon fluoreto preferem Be2+, Ti4+ e Co3+. Esta classificação mostrou ser útil na avaliação e previsão das estabilidades de compostos de coordenação. Tendência a complexar com íons metálicos da classe (a) Tendência a complexar com íons metálicos da classe (b) N >> P > As > Sb O >> S > Se > Te F > Cl > Br > I N << P > As > Sb O << S < Se ~ Te F < Cl < Br < I ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON Nos anos 1960, Ralph Pearson introduziu o conceito ácido-base duros (ácidos/íons metálicos da classe a) e moles (ácidos/íons metálicos da classe b) para esclarecer tendências de reações de compostos de coordenação, segundo o conceito de Lewis. Não apenas dessas duas classes (a e b), mas é possível classificar qualquer ácido e base em duro ou mole pela sua aparente preferência por reagentes duros ou moles. ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON duro ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON Ácido de Lewis + Base de Lewis → aduto ácido-base de Lewis Pearson classificou ácidos e bases de Lewis como: Hard (duro); Borderline (intermediário); Soft (mole) Ácidos duros tendem a ter uma interação preferencial por bases duras. Bases moles interagem preferencialmente com ácidos moles. Pearson analisou uma grande variedade de átomos, íons e moléculas em sua classificação: Ácidos duros ligam-se na ordem: I- < Br- < Cl- < F- Ácidos moles ligam-se na ordem: F- < Cl- < Br- < I- 15 ÁCIDOS E BASES DE ONDE VEM O CONCEITO DE DUREZA E MOLEZA? ÁCIDOS E BASES: REGRAS DE FAJANS O cátion usualmente deforma a nuvem eletrônica do ânion, atraindo para si os elétrons. Isso traz um certo caráter covalente à ligação iônica, uma vez que a densidade eletrônica entre os dois íons aumenta. Um grande caráter covalente resultante de uma interação mole- mole produz compostos de baixas solubilidades, coloridos e com distâncias interiônicas pequenas. Interações duro-duro resultam em compostos iônicos incolores e muito solúveis. 1. Para um dado cátion, o caráter covalente aumenta com o aumento do tamanho do ânion. (F<Cl<Br<I) 2. Para um dado ânion, o caráter covalente aumenta com a diminuição do tamanho do cátion. (K<Na<Li) 3. O caráter covalente aumenta com o aumento da carga em ambos os íons. 4. O caráter covalente é maior para cátions com configurações de gases nobres. ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON Ácidos e bases duros são pequenos e pouco polarizáveis. Ácidos e bases moles são maiores e mais polarizáveis. Ácidos duros são cátions com altas cargas positivas (3+ ou maior), ou cátions com elétrons d não disponíveis para formar ligações 𝜋. Ácidos moles são cátions com cargas moderadas (2+ ou menor), ou cátions com elétrons d que podem formar ligações 𝜋. ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON Para o Al3+, as constantes de formação aumentam abruptamente do I- para o F-. Para ácidos duros, a força de ligação aumenta à medida que 𝜁 do ânion aumenta, de acordo com o modelo iônico de ligação. Para o Hg2+, a força de ligação aumenta com o aumento da polarizabilidade do ânion (maior importância do caráter covalente da ligação). De modo geral: Ácidos moles são identificados por sua preferência em ligarem-se aos átomos básicos mais pesados dentro de um grupo da TP. Cátions de ácidos moles formam compostos onde a ligação covalente é predominante. Kf: F- << Cl- < Br- < I- R2O: << R2S:, R3N: << R3P: Ácidos duros são identificados por sua preferência em ligarem-se aos átomos básicos mais leves dentro de um grupo da TP. Eles formam compostos onde interações eletrostáticas (iônicas) são dominantes. Kf: I- < Br- < Cl- << F- R3P: << R3N:, R2S: << R2O: 16 ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON 17 ÁCIDOS E BASES TEORIA DE PEARSON ÁCIDOS E BASES TENDÊNCIAS REACIONAIS Dentro de um grupo duro ou mole, nem todos os seus componentes têm dureza ou moleza equivalentes. Assim, embora todos os íons de metais alcalinos sejam duros, o íon césio maior e mais polarizável, é mais mole que o íon lítio. Analogamente, embora o nitrogênio seja normalmente duro devido ao seu tamanho pequeno, a presença de substituintes polarizáveis pode afetar seu comportamento. Piridina, por exemplo, é suficientemente mais mole que a amônia, considerada de caráter intermediário. ÁCIDOS E BASES TENDÊNCIAS REACIONAIS É possível classificar qualquer ácido ou base como duro ou mole pela sua aparente preferência por reagentes duros ou moles. Por exemplo, uma dada base, B, pode ser classificada como dura ou mole de acordo com seu comportamento no seguinte equilíbrio: BH+ + CH3Hg+ ⇄ CH3HgB+ + H+ Nesta competição no equilíbrio entre um ácido duro (H+) e um ácido mole (CH3Hg+), uma base dura fará a reação ir para a esquerda, mas uma base mole fará a reação ir para a direita. ÁCIDOS E BASES TENDÊNCIAS REACIONAIS De modo similar, a molécula dura BF3 vai preferir se ligar a um outro íon fluoreto, mas o ácido mole BH3 (dimerizado) vai preferir o íon hidreto mais mole: BF3 + F- → BF4- B2H6 + 2H- → 2BH4- Em uma reação competitiva, portanto, a seguinte reação vai ocorrer para a direita: BF3H- + BH3F- → BF4- + BH4- Os metanos fluoretados se comportam de maneira similar: CF3H + CH3F → CF4 + CH4 ÁCIDOS E BASES TENDÊNCIAS REACIONAIS Dureza e moleza se referem em especial à estabilidade das interações duro-duro e mole-mole e devem ser cuidadosamente distinguidas da força ácido-base. Por exemplo, OH- e F- são bases duras; já a basicidadedo íon hidróxido é cerca de 1013 vezes maior que a do íon fluoreto. Do mesmo modo, SO32- e Et3P podem ser consideradas bases moles, mas a segunda é 107 vezes mais forte (com relação a CH3Hg+). É possível para um ácido ou base forte deslocar o mais fraco, mesmo que isto pareça violar o princípio de ácidos e bases duros e moles. Por exemplo, o íon sulfito, uma base mais forte e mais mole, pode deslocar o íon fluoreto, uma base dura e fraca, de um ácido duro, o próton: SO32- + HF ⇄ HSO3- + F- Keq = 104 “A base mais forte desloca a base mais fraca” ÁCIDOS E BASES TENDÊNCIAS REACIONAIS Do mesmo modo, o íon hidróxido, uma base dura e muito forte, pode deslocar o íon sulfito, uma base mole e mais fraca, do cátion metilmercúrio, um ácido mole: OH- + CH3HgSO3- ⇄ CH3HgOH + SO32- Keq = 10 Nestes casos, as forças das bases (SO32- > F-; OH- > SO32-) são suficientes para forçarem estas reações para a direita, apesar das considerações acerca de dureza-moleza. Entretanto, se ocorrer uma situação de competitividade, onde as forças são equivalentes, a regra do duro-mole predomina: 18 ÁCIDOS E BASES TENDÊNCIAS REACIONAIS A adição de substituintes moles, polarizáveis, pode amolecer um centro duro e a presença de substituintes “elétron-retirantes” pode reduzir a moleza de um sítio. Por exemplo, o átomo de boro ácido é intermediário entre duro e mole. A adição de três átomos de flúor duros, eletronegativos, “endurece” o boro e o torna um ácido de Lewis duro. E inversamente, a adição de três átomos de hidrogênio, moles, pouco eletronegativo, “amolece” o boro e o torna um ácido de Lewis mole. Exemplos da diferença na dureza entre estes dois ácidos de boro: R2SBF3 + R2O → R2OBF3 + R2S R2OBH3 + R2S → R2SBH3 + R2O TEORIA DA LIGAÇÃO DE VALÊNCIA (TLV) TEORIA DA LIGAÇÃO DE VALÊNCIA (TLV) A geometria dos complexos pode ser explicada pela teoria de ligação de valência Interação entre orbitais de valência das espécies consideradas. Inicialmente era usada para explicar a existência de moléculas simples. Linus Pauling usou para complexos. Interação metal – ligante através de interação ácido – base de Lewis. Esse modelo mostra porque os ligantes se dirigem para posições fixas no espaço A ideia central é que pares de elétrons dos ligantes são doados para orbitais vazios dos íons metálicos. A fim de poder receber esses pares de elétrons, os orbitais atômicos são hibridizados, produzindo um conjunto de orbitais equivalentes, que possuem as propriedades simétricas requeridas para a ligação química. TEORIA DA LIGAÇÃO DE VALÊNCIA (TLV) TLV Orbitais para hibridização: s, 3 orbitais p e orbitais dz2, dx2-y2 19 TLV LIGAÇÃO METAL-LIGANTE TLV CARGAS, NC E GEOMETRIAS Alguns íons metálicos têm NC constante (Ex.: Cr3+ e Co3+ NC:6). O tamanho do ligante afeta o NC (Ex.: [FeF6]3- se forma mas somente o [FeCl4]- é estável). A quantidade de carga transferida do ligante para o metal afeta o NC (Ex.: [Ni(NH3)6]2+ se forma, mas somente o [NiCl4]2- é estável). Complexos tetracoordenados são tetraédricos ou quadráticos (normalmente encontrados para íons metálicos d8). Complexos hexacoordenados são octaédricos. TLV NÚMERO ATÔMICO EFETIVO Para um complexo d6, pode-se esperar tanto um complexo paramagnético como diamagnético • De acordo com a regra de Hund: • Se as energias dos orbitais forem divididas: alto-spin baixo-spin TLV ESTADOS DE SPIN ALTO E BAIXO 20 No de Coord. Arranjo do Átomo Doador Orbitais Hibridizados Tipo de Hibrid. Exemplo 2 Linear s, px sp [Ag(NH3)2]+ 3 Trigonal Planar s, px, py sp2 [HgI3]- 4 Tetraédrica s, px, py, pz sp3 [FeBr4]2- 4 Quadrada s, px, py, dx2-y2 sp2d [Ni(CN)4]2- 5 Bipiramidal Trigonal s, px, py, pz, dz2 sp3d [CuCl5]3- 5 Piramidal Quadrada s, px, py, pz, dx2-y2 sp3d [Ni(CN)5]3- 6 Octaédrico s, px, py, pz, dz2, dx2-y2 sp3d2 [Co(NH3)6]3+ 6 Trigonal Prismático s, dxy, dyz, dxz, dz2, dx2-y2 OU s, px, py, pz, dxz, dyz sd5 sp3d2 [Mo(S2C2Ph2)3] TLV Seja o íon Cr (III) (obs.: Cr: [Ar] 3d54s1) • Um complexo octaédrico d3 • De acordo com o Esquema de Hibridização anterior, os orbitais necessários são: • s, px, py, pz, dz2, dx2-y2 3d 4s 4p Vacant orbitals available to accept ligand electrons APLICANDO A TLV Seja o íon Cr(III) • Com seis pares de elétrons dos ligantes e a hibridização dos orbitais: 3d sp3d2 APLICANDO A TLV Seja o íon Fe (III) (obs.: Fe: [Ar] 3d64s2) • Um complexo octaédrico d5 • baixo-spin 3d 4s 4p Vacant orbitals available to accept ligand electrons 4d 3d sp3d2 APLICANDO A TLV Seja o íon Fe(III) • Um complexo octaédrico d5 • alto-spin 3d 4s 4p Vacant orbitals available to accept ligand electrons 4d 3d sp3d2 4d APLICANDO A TLV Seja o íon Ni (II) (obs.: Ni: [Ar] 3d84s2) • complexo d8 tetraédrico, octaédrico ou quadrado • tetraédrico • octaédrico • quadrado 3d sp3d2 4d APLICANDO A TLV 3d sp3 3d sp2d 4p 21 TLV [CoF6]3- Co3+ d6 TLV [Co(NH3)6]3+ Co3+ d6 TLV [PtCl4]2- Pt2+ d8 TLV [NiCl4]2- Ni2+ d8 Pró: • Racionaliza a estereoquímica Contra: • Distinção entre spin alto e baixo é enganosa • Não pode prever porque certos ligantes são associados com complexos de spin alto ou baixo USO DA TLV: PRÓ E CONTRAS
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