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Resumo História do Direito G2

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Direito Germânico
Quadro Geral
 O Império Romano do Ocidente desmoronou-se, sob os golpes repetidos das invasões germânicas. Os povos germânicos apoderaram-se de quase todo o Império do Ocidente. Cada um dos povos, os Visigodos, os Burgúndios, os Ostrogodos e os Francos dominaram uma parte do antigo império. Cada um desses povos é governado por um rei e dentre de cada reino não vivem só os germanos, mas também os romanos e as populações romanizadas que sobreviveram às invasões.
 A influência romana não deixou de existir. O direito privado romano permanece direito das populações romanizadas enquanto que os invasores germanos mantêm os seus costumes ancestrais, aplicavam então o critério de personalidade do direito.
 Toda a Europa Ocidental e Central se feudaliza a partir do século X. O Costume torna-se a única forma do direito.
Sobrevivência do direito romano
 Quando num mesmo território, coabitam duas populações com sistemas jurídicos diferentes, pode ser aplicado 2 princípios distintos: 
Territorialidade do direito
O vencedor impõe o seu direito aos vencidos
Personalidade do direito
O vencedor deixa que os vencidos vivam segundo o seu próprio direito aplicando, contudo o seu direito aos seus próprios cidadãos originários. Caso houvesse um conflito entre duas pessoas vivendo segundo direitos diferentes, aplicava-se como regra geral a lei do réu (apesar disso haviam diversas exceções).
 A diferença entre o nível de evolução do direito romano e do direito dos povos germânicos era tão grande, que os invasores não puderam impor o seu sistema jurídico a todos. Além disso, os reis germânicos encontravam no direito público romano um reforço considerável à sua autoridade.
 Ainda, a Lex romana Visigothorum (Lei romana dos Visigodos) teve uma influência relativamente duradoura no Ocidente, onde houve uma compilação dos costumes visigóticos + as leis e escritos dos jurisconsultos. 
Fontes do direito nas monarquias germânicas
 O direito dos povos germânicos permanece, sobretudo tendo como base o costume, mas não exclusivamente. A lei já aparece como fonte do direito na época dos primeiros reis instalados no quadro geográfico do antigo Império Romano.
 Nesse contexto então as fontes de direito na Europa Ocidental se dividem em dois grupos:
Legislação real (imperial) – vai surgindo de acordo com a necessidade
Direitos nacionais, isto é, direito consuetudinário, dos diversos povos reunidos sob a autoridade dos reis
Direito dos Lombardos
Direito de origem germânica. O édito de Rotharis é a compilação mais completa de um direito de origem germânica, compreendendo artigos, sobretudo, a respeito do direito penal, mas também da família, ao direito real, às obrigações, ao processo. 
Feudalismo
 O feudalismo é caracterizado por um conjunto de instituições, das quais se destacam a vassalagem e o feudo.
 Vassalo é um homem livre, comprometido com seu senhor por um contrato, pelo qual se submete ao seu poder e se obriga a ser-lhe fiel, enquanto o senhor lhe deve proteção.
 Feudo é o elemento real nas relações feuso-vassálicas, geralmente uma terra, concedida por um senhor ao seu vassalo, que deve ser utilizada para fornecer ao seu senhor o sérico requerido.
 O regime feudal é caracterizado por uma economia fechada, nos sentido que os homens vivem dos produtos do feudo, quase sem troca com outros. O comércio desaparece quase por completo. Toda organização estatal desaparece, os laços existentes são os de dependência de homem para homem. 
 Muito pouco de legislou nessa época, as medidas gerais encontradas visavam apenas manter a paz. Apesar disso, as concessões de privilégios a certos grupos sociais podem ser consideradas como atividade legislativa. 
 O costume é a única fonte do direito laico, o direito canônico permanece, mas rege apenas as relações entre eclesiásticos.
Direito Canônico
 A igreja desempenhou um papel considerável na sociedade medieval. O cristianismo coloca-se como a única religião verdadeira para a universalidade dos homens. O direito canônico foi, durante a maior parte da Idade Média, o único direito escrito. Nesse tempo as compilações de direito conheceram larga difusão. A partir do século XVI, o direito canônico deixa progressivamente de desempenhar o papel que tinha tido na Idade Média. A sua influência limita-se cada vez mais às questões religiosas. Mesmo onde o catolicismo se mantém, o Estado laiciza-se. 
Fontes do Direito
Evangelhos
O direito divino é o conjunto das regras jurídicas que pode ser extraído da Sagrada Escritura
Concílios e Sínodos
A legislação canônica é constituída pelas decisões das autoridades eclesiásticas
- Os decretos são as decisões dos concílios, que possuem maior hierarquia 
- Os estatutos são as decisões dos sínodos, adaptados às necessidades locais de um bispado (menor hierarquia) 
- Os decretais são os escritos dos papas, respondendo a uma consulta ou um pedido de um bispo ou de uma alta personagem, seja eclesiástica ou laica
Costume
O costume foi muitas vezes consagrado como fonte local de direito, mais raramente como fonte do direito canônico, em razão da abundância de regras jurídicas escritas. 
Princípios do Direito Romano
O direito romano constituiu o direito supletivo do direito canônico. Deve ser aplicado na medida em que não for contrário ao evangelho, aos decretos e aos decretais. Fonte que prevalece ma Baixa Idade Média.
Tradição oral
Sermão dos clérigos 
Relação entre a Igreja e os mercadores
 Como a Igreja tolerava o lucro razoável, os mercadores vão financiar as atividades relevantes à Igreja. O investimento nas universidades foi devido a necessidade de mão de obra qualificada, devido ao desenvolvimento das cidades.
Contribuições do Direito Canônico
D. Processual
- Proibição dos ordálios
- Práticas orais substituídas por práticas documentais
Pena de prisão
- Pensar no que fez para no fim se arrepender e regenerar
Intencionalidade do delito
- inimputabilidade aos considerados irracionais
- penas diferentes levando em consideração a intenção do agente (crimes dolosos x culposos)
Decretistas
 São os que tomaram o decreto de Graciano como base dos seus trabalhos. Tal como os glosadores, fazem glosas sobre o Decreto.
Decretalistas
 Consagram, sobretudo, ao comentário das Decretais de Gregório. 
Retomada do Direito Romano
 Contexto de fragilidade do Direito Feudal e crescimento das universidades. 
 O ensino do direito é quase que exclusivamente baseado no estudo do direito romano (Corpos iuris civilis). Para a análise dos textos desta compilação, os professores elaboraram uma ciência do direito. As interpretações dos textos romanos eram influenciadas pelas idéias da época. 
 
Passa-se de um sistema feudal, para um sistema desenvolvido e evoluído, racional e equitativo, de tendência individualista e liberal. A economia fechada é substituída por uma economia de troca. As cidades desempenham um papel considerável nesse desenvolvimento econômico, dando origem a um novo sistema jurídico, o direito urbano, caracterizado pela igualdade jurídica dos membros da comunidade urbana.
Comuna (desde o feudalismo)
Grupo associado, de vínculo pessoal entre os membros e o local onde comercializavam
- justiça e leis próprias
- mercado regular
- autonomia; que poderia ser dada por “cartas de autonomia”, onde o senhor feudal garantiria a manutenção da autonomia da comuna em troca de uma contribuição financeira ou através da luta
Uma vez consolidadas as cidades, nasce uma necessidade de segurança jurídica, para o suprimento das organizações urbanas. Devido ao interesse em um sistema jurídico mais desenvolvido e aperfeiçoado que os costumes então vigentes, volta a ser estudado o Direito Romano.
Escola de Glosadores
 Em Bolonha se desenvolveu o ensino do direito romano, com base no Digesto. Os juristas de Bolonha foram os primeiros, na Idade Média, a estudar o direito como uma ciência. Estudaram o direito romano como um sistema jurídico coerentee completo, independentemente do direito do seu tempo. 
 A glosa é em uma breve explicação de uma palavra difícil. Os juristas de Bolonha/glosadores alargaram este gênero de explicação a toda uma frase, às vezes até a todo um texto jurídico. Estas explicações cada vez mais longas e complexas permaneceram essencialmente interpretações textuais.
 Azo e Acúrsio foram dois principais glosadores, mas o último acabou por causar a decadência da Escola de glosadores, uma vez que ao criar a Glosa ordinária, reunindo as glosas existentes, fez com que seus sucessores passassem a maior parte do tempo a glosar a sua glosa. 
Em quase todas as universidades que se multiplicaram a partir desse período, os primeiros professores de direito foram discípulos da escola de Bolonha
Escola dos Comentadores
 Novos métodos de interpretação dos textos romanos. Inspirada pela dialética escolástica, a nova escola põe em destaque a necessidade de examinar os textos romanos em seu conjunto e retirar deles os princípios gerais, a fim de aplicá-los aos problemas concretos da vida corrente.
 O novo método consiste na discussão e no raciocínio lógico, construído sobre as regras jurídicas romanas consideradas como princípios indiscutíveis. 
O direito e a formação do Estado Moderno (acontece em paralelo com a formação acadêmica)
 O Estado nacional se concretiza a partir da centralização da figura do rei, como autoridade soberana, em um território.
Soberania: monopólio da criação e aplicação do direito
 Durante o período feudal a figura do rei era predominantemente simbólica, não tinha poder de mando. Inexistência de uma esfera política autônoma. Nesse caso, a política está subordinada ao direito. 
 Com as classes mercantis, surge o interesse em investir na autoridade real para garantir homogeneidade/uniformidade do direito, estabilidade econômica. 
 Os estudantes de Bolonha levam seu conhecimento para esses Estados em desenvolvimento, garantindo uma maior solidez, visto o conhecimento jurídico e as funções públicas e administrativas que passavam a desempenhar.
Redução dos costumes a escrito
 Dá-se o nome de coutomiers as compilações de costumes, de uma determinada região, por práticos do direito (particulares). Eles sentem a necessidade de reduzir a escrito os resultados da sua experiência. Baseiam o seu conhecimento do costume nas decisões judiciárias que proferiram, sendo assim a jurisprudência foi muitas vezes a principal fonte que os autores utilizaram. 
 A redação oficial dos costumes acompanha a centralização política. O rei solicita estudos sobre o costume em vigor nas diferentes regiões, identificar eventuais conflitos e produzir a redação oficial de um documento contendo os costumes que passariam a atuar unificadamente em todas as regiões do reino. Aquilo que não constasse no documento estaria revogado. Tal processo de oficialização não é feito por leigos, mas sim por juristas. 
Conseqüências da redação oficial
- O costume é certo e inquestionável. Não precisa ser provado pelas partes.
- Maior unidade. Só o soberano pode completá-lo e interpretá-lo. 
- Estabilidade
- Material de estudo para os juristas
A Lei
 Na época moderna a lei adquire preponderância, eliminando progressivamente o costume. O reforço do poder real vai permitir ao soberano intervir autoritariamente em matérias jurídicas cada vez mais numerosas. Fará leis para organizar e administrar o seu reino, para modificar ou anular certos costumes ou simplesmente para introduzir novas normas de direito.
 As primeiras leis eram emitidas pelo rei a pedido ou de um grupo social que pedia a confirmação ou a extensão dos seus privilégios ou mesmo de uma ou mais pessoas que procurassem uma vantagem particular. Apesar disso, o rei podia também, por iniciativa própria, elaborar normas jurídicas que impunha ao conjunto dos seus súditos. 
 Os reis intervinham, sobretudo, em matéria de direito público, muito menos em matéria de direito privado. 
 A necessidade de uma legislação urbana resulta, por um lado, da quase autonomia de certas cidades, por outro, das necessidades econômicas e sociais da vida urbana. As cidades têm que impor leis determinadas pela autoridade a obrigatória para todos, para garantir a administração da cidade e a organização da economia. 
 A preponderância da lei é conseqüência do reforço do poder dos soberanos, este procura unificar o direito do seu país e suprimir particularismos costumeiros com a ajudade de uma atividade legislativa.
Ascensão do Direito Natural
 Contexto de consolidação dos estados modernos, centralização política. Além disso, a reforma protestante tem uma atuação muito importante na época, questionando os dogmas católicos que até então legitimavam o Estado Absoluto. A igreja começa a perder sua hegemonia.
Lutero: questiona diversos dogmas da igreja (como a venda de indulgências). 
- “Cada um responde pessoalmente perante Deus sobre suas condutas.” Caráter individualista
- Questiona também a interpretação dos textos sagrados. Busca novas interpretações diretas do evangelho.
 A burguesia passa a investir na autoridade do reio ao Inês da do Papa. Ocorre a ascensão da doutrina contratualista, que preza a organização política em conformidade com a vontade dos indivíduos. Defende que os pactos originários é que verdadeiramente legitimam o poder, sendo dispensável a influência da igreja. 
 São Tomás de Aquino abre o campo para a visão racional do pensamento intelectual. 
Lei Natural:
Primária
Divina, inalcançável
Secundária
Humana, derivadas de experiências sociais
A secundária, em tese deveria estar em conforme com a primária, mas por ser decorrente da humanidade, pode ser que não esteja. Desloca o eixo da responsabilidade para os indivíduos.
 Com a razão moderna acaba com a dualidade, só existirá a lei humana que deve estar consonância com um conceito de razão. Os indivíduos são dotados de livre arbítrio. O direito passa então a ser utilizado como instrumento político para legitimar a autoridade do rei.
Revolução Francesa 
 A França vivia uma crise fiscal, dentre outras dificuldades governamentais. Buscando uma solução, o rei convoca os Estados Gerais, colegiado de natureza consultiva convocado em momentos de crise, para legitimar uma reforma fiscal no país. 
 A estrutura era estamentária e o voto se dava por estamento e não individualmente. A nobreza sugeriu o aumento dos impostos, o que obviamente desagradou ao terceiro estado, pois eram eles, os burgueses, que iriam acabar bancando as altas despesas francesas. 
 O 3º Estado deixa então de reconhecer a legitimidade do clero e da nobreza e se declara como assembléia nacional. Produzem então a ‘’Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão’’, que é anterior a constituição.
Emmanuel Sieyès defendia:
Cidadania Civil: reconhecimento por parte do Estado de nacionalidade
Cidadania Política: previsão legal de participação na política. Defendia o voto censitário, ou seja, só poderia ter cidadania política aqueles que contribuírem financeiramente para o Estado
A legalidade deve ser uma expressão legítima, ou seja, resultado da vontade da nação e não um arbítrio do rei
Defendia a propriedade e a liberdade. O mercado deve se auto regular sem a intervenção nos patrimônios particulares
Por meio de representação política é que se obtém a cidadania política
Poder Constituinte – Estruturado por Sieyès
 Poder de fato, com a tarefa de elaborar a constituição, detém legitimidade.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Princípio da isonomia
Soberania da nação
Princípio da legalidade tributária 
Só se pode criar tributo por lei
Princípio da separação de poderes
Quem aplica a lei, não a cria
 O período jacobino (radical) que sucedeu o poder conservador gerou muita instabilidade na França. Napoleão então enxergou a necessidade de um elemento unificador do direito civil, uma lei específica para tratar da vida privada.
 O Código Civil é uma sistematização completa, sem contradição,dotada de generalidade a abstração. (Tentativa de eliminar as fontes históricas: d. romano, canônico, costumes)

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