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Plano De Aula 14 O Estado e suas perspectivas contemporâneas (1ª parte)

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Plano	de	Aula:	O	Estado	e	suas	perspectivas	contemporâneas
(1ª	parte)
CIÊNCIA	POLÍTICA	-	CCJ0216
Título
O	Estado	e	suas	perspectivas	contemporâneas	(1ª	parte)
Número	de	Aulas	por	Semana
Número	de	Semana	de	Aula
14
Tema
O	Estado	e	suas	perspectivas	contemporâneas	(1ª	parte)
Objetivos
Objetivos:
O	aluno	deverá	ser	capaz		de:
1	-	compreender	que	o	chamado	paradigma	neoconstitucionalista	propõe	um
novo	equilíbrio	de	forças	no	processo	de	divisão	de	poderes	no	Estado;
2	-	entender	os	motivos	pelos	quais	o	reconhecimento	da	universalidade	dos
direitos	humanos	contribuem	para	a	relativização	do	conceito	de	soberania
estatal;		
3	-	reconhecer	as	dificuldades	dos	Estados	contemporâneos	em	se
relacionarem	com	as	divergentes	demandas	das	vertentes	pluralistas	e
multiculturalistas.
Estrutura	do	Conteúdo
O	Neoconstitucionalismo	e	a	reconfiguração	da	divisão	de	poderes	-	O
neoconstitucionalismo,	no	sentido	que	queremos	aqui	abordar	(mais	afeito	aos
objetivos	da	nossa	disciplina),	apresenta	uma	característica	fundamental	no
âmbito	do	Estado	contemporâneo:	a	capacidade	de	reconfigurar	a	relação
entre	os	poderes	(principalmente	entre	Judiciário	e	Legislativo),	buscando	um
novo	equilíbrio	em	base	a	um	novo	desenho	institucional.	Nesta	linha,
expressões	como	ativismo	judicial	e	judicialização	da	política	passam	a	fazer
parte	do	natural	vocabulário	das	ciências	políticas.		
Os	direitos	humanos	e	a	relativização	da	soberania	estatal	-	A	teoria	dos
direitos	humanos	possui	o	mérito	de	projetar	no	âmbito	internacional	os	textos
normativos	adotados	na	matéria	nos	ordenamentos	nacionais	de	alguns
países	particularmente	avançados,	alcançando	o	reconhecimento	universal
(sobretudo	por	meio	da	Carta	das	Nações	Unidas	e	da	Declaração	Universal
dos	Direitos	do	Homem	de	1948).	Por	isso,	a	contínua	insistência	sobre	a
necessidade	de	respeitar	os	direitos	humanos	tem,	gradualmente,	produzido
consequências	para	o		comportamento	(ethos)	dos	Estados,	que	se	veem
obrigados	a	abrir	mão	de	sua	soberania	para,	progressivamente,
reconhecerem	que	os	direitos	humanos	transbordam	os	meros	interesses
estatais.	
A	pluralização	do	Estado	contemporâneo	-	Neste	ponto,	duas	visões	se
destacam:	o	pluralismo	e	o	multiculturalismo.	Embora	possam	parecer	linhas
teóricas	próximas,	as	linhas	multiculturalistas	e	pluralistas	se	afastam	em
muitos	pontos	fundamentais.	Enquanto	o	pluralismo,	defendido	pela	tradição
liberal,	entende	ser	a	tolerância	a	categoria	conceitual	por	excelência	da
tradição	ocidental,	pois	ela	permite	a	convivência	respeitosa	entre	os
indivíduos,	o	multiculturalismo	defende	a	concepção	de	que	somente
tolerância	não	é	suficiente,	sendo	necessário	ir	além	quando	se	está	diante	de
diferentes	culturas	num	mesmo	território	ou	nação.	Por	isso	para	seus
defensores,	as	diferenças	entre	culturas	que	habitam	um	mesmo	Estado
nacional	devem	ser	mais	do	que	respeitadas,	devem	ser	encorajadas,	o	que
vem	despertando	a	crise	de	identidades,	com	mitigação	dos	laços	que	ligam	o
cidadão	(identificado	com	outros	vínculos	e,	por	isso,	sem	conceder	monopólio
de	sua	lealdade)	aos	Estados	nacionais.
Aplicação	Prática	Teórica
Leia	a	notícia	abaixo,	divulgada	em
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/11/catalunha-faz-consulta-popular-
sobre-independencia-da-espanha.html
Catalunha	faz	consulta	popular	sobre	independência	da	Espanha	.Votação	foi
considerada	inconstitucial	pela	Justiça	espanhola	e	só	terá	valor	'simbólico'.	Da
BBC
O	povo	da	Catalunha,	região	autônoma	ao	norte	da	Espanha,	está	votando
neste	domingo	(9)	em	uma	polêmica	consulta	popular	sobre	sua
independência.	Os	cidadãos	estão	sendo	questionados	se	querem	a	criação
de	um	Estado	catalão	e	se	este	Estado	deve	ser	independente.	A	Justiça
espanhola	considerou	a	votação	inconstitucional,	mas	o	líder	do	Executivo
catalão,	Artur	Mas,	alertou	que	o	governo	central	não	deveria	interferir	no
processo.	"Não	sei	o	que	eles	(do	governo	central)	farão.	Isso	não	depende	da
gente.	Mas	qualquer	medida	contra	a	votação	seria	um	ataque	direto	contra	a
democracia	e	os	direitos	fundamentais",	disse	Mas	o	Tribunal	Constitucional	da
Espanha	havia	suspendido	a	realização	de	um	referendo	oficial	sobre	o
assunto.	Nesta	semana,	a	mesma	corte	exigiu	que	a	votação	fosse
suspensa.Mas	o	governo	da	Catalunha	decidiu	seguir	em	frente	com	a
"consulta	a	seus	cidadãos".	O	primeiro-ministro	Mariano	Rajoy	disse	que	a
votação	não	terá	efeitos	práticos	e	pediu	que	a	Catalunha	retornasse	à
"sanidade".
a)	Analisando	o	texto	acima,	é	possível	afirmar	que	a	pretensão	do	povo
catalão	encontra	bases	teóricas	em	posições	multiculturalistas?		
b)	No	caso	acima,	observou-se	que	a	disputa	foi	levada	a	Corte	Constitucional
espanhola.	É	possível	afirmar	que	nos	países	em	que	se	reconhece	o
neconstitucionalismo	como	linha	teórico-jurídica	hegemônica,	o	Poder	Judiciário
possui	maior	relevância	em	um	quadro	de	divisão	de	poderes?

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