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Notas Eletromagnetismo – Parte III R. Bufalo ∗ Departamento de Fı´sica, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, 37200-000 Lavras, MG, Brazil 3 de agosto de 2017 Resumo Nesta nota de aula encontra-se um resumo dos to´picos discutidos na aula do curso de Fı´sica C, referente a` terceira avaliac¸a˜o. ∗E-mail: rodrigo.bufalo@dfi.ufla.br 1 Suma´rio I Campo magne´tico 4 1 O campo magne´tico 4 1.1 A forc¸a exercida por um campo magne´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2 A forc¸a magne´tica sobre um fio transportando corrente . . . . . . . . . . 9 1.3 Movimento de uma carga puntiforme em um campo magne´tico . . . . . . 14 1.4 Torques em ane´is de corrente e ı´ma˜s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4.1 O dı´polo magne´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.5 O efeito Hall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2 Fontes de Campo Magne´tico 25 2.1 O campo magne´tico de correntes: a lei de Biot-Savart . . . . . . . . . . . 26 2.1.1 ~B devido a um anel de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.1.2 ~B devido a` corrente em um soleno´ide . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.1.3 ~B devido a` corrente em um fio retilı´neo . . . . . . . . . . . . . . 38 2.1.4 ~B devido a um circuito de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.1.5 ~B no centro de um anel quadrado de corrente . . . . . . . . . . . 41 2.1.6 ~B devido a dois fios paralelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 2.1.7 Forc¸a magne´tica entre fios paralelos . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2.2 A lei de Gauss para o magnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 2.3 A lei de Ampe`re . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 2.3.1 ~B no interior e exterior de um fio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 2.3.2 ~B de um soleno´ide segundo a lei de Ampe`re . . . . . . . . . . . . 51 2.3.3 ~B de um toro´ide segundo a lei de Ampe`re . . . . . . . . . . . . . 53 2.4 Magnetismo em materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 2.4.1 Magnetizac¸a˜o e suscetibilidade magne´tica . . . . . . . . . . . . . 55 3 Induc¸a˜o Magne´tica 59 3.1 Fluxo magne´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 3.1.1 Fluxo atrave´s de um soleno´ide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 3.2 FEM induzida e a lei de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 3.2.1 fem induzida numa bobina circular . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 2 3.2.2 fem induzida numa bobina no interior de um soleno´ide . . . . . . 67 3.2.3 Campo ele´trico na˜o-conservativo induzido . . . . . . . . . . . . . 68 3.3 Lei de Lenz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 3.4 FEM induzida por movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 3.4.1 Basta˜o em movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 3.4.2 Geradores e motores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 3.5 Transformador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 3.6 Indutaˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 3.6.1 Indutaˆncia de um soleno´ide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 3.6.2 Indutaˆncia de um toro´ide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 3.6.3 Auto-indutaˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 3.6.4 Indutaˆncia mu´tua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 3.7 Energia magne´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 3.8 Circuitos RL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 3.9 Oscilac¸o˜es eletromagne´ticas (sec. 29-4) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 3.9.1 Circuitos LC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 3.9.2 Circuitos RLC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 3.10 Correntes alternadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 3 Parte I Campo magne´tico 1 O campo magne´tico • Ha´ mais de 2000 anos, os gregos ja´ sabiam que certo de pedra (magnetita) atraı´a pedac¸os de ferro; • Em 1269, Pierre de Maricourt descobriu que uma agulha disposta em va´rias posic¸o˜es sobre um ı´ma˜ esfe´rico natral orienta-se ao longo das linhas que passam atrave´s de pontos nas extremidades opostas da esfera. • Ele chamou estes pontos de po´los do ı´ma˜; tambe´m foi observado que cada ı´ma˜ de qualquer formato tem dois po´los, chamados de po´lo norte e po´lo sul, onde a forc¸a exercida pelo ı´ma˜ e´ ma´xima; • Tambe´m foi observado que po´los iguais de dois ı´ma˜s se repelem e que po´los opostos se atraem. • Em 1600, W. Gilbert descobriu que a Terra e´ um ı´ma˜ natural que tem po´los magne´ticos pro´ximos aos po´los norte e sul geogra´ficos. • Como o po´lo norte da agulha de uma bu´ssula aponta para o po´lo sul de um dado ima˜, o que chamamos de po´lo norte da Terra e´ de fato um po´lo sul magne´tico. • Apesar de as cargas ele´tricas e dos po´los magne´ticos serem similares em muitos as- pectos, ha´ uma diferenc¸a importante: po´los magne´ticos sempre ocorrem aos pares. • Por exemplo: quando um ı´ma˜ e´ quebrado ao meio, surgem po´los iguais e opostos em cada lado do ponto de quebra; o resultado e´ dois ı´ma˜s, cada um com um po´lo norte e um po´lo sul. 1. Neste capı´tulo consideraremos os efeitos de um dado campo magne´tico em cargas em movimento e em fios que conduzem correntes. As fontes de campos magne´ticos sera˜o discutidas no pro´ximo capı´tulo. 4 Anteriormente representamos a relac¸a˜o entre o campo ele´trico ~E e a carga ele´trica como carga ele´trica↔ ~E↔ carga ele´trica (1.1) i.e., cargas ele´tricas criam um campo ele´trico e este campo por sua vez, exerce uma forc¸a (ele´trica) sobre uma outra carga situada no campo. Podemos imaginar uma relac¸a˜o similar para o magnetismo, carga magne´tica↔ ~B↔ carga magne´tica (1.2) em que ~B e´ o campo magne´tico. • O u´nico problema com esta proposta e´ que ao que tudo indica na˜o existem cargas magne´ticas na Natureza, pois na˜o ha´ objetos puntiformes isolados dos quais emer- gem linhas de campo magne´tico. 1. De onde enta˜o vem o campo magne´tico? A experieˆncia mostra que ele vem de cargas ele´tricas em movimento. 2. Uma carga cria um campo ele´trico quer esteja em repouso, quer em movimento. 3. Entretanto, uma carga cria um campo magne´tico somente se estiver em movimento. 5 Em magnetismo, portanto pensamos em termos de carga ele´trica em movimento↔ ~B↔ carga ele´trica em movimento (1.3) ou ainda, como uma corrente ele´trica num fio e´ um fluxo (lı´quido) de cargas em movi- mento, podemos reescrever corrente ele´trica↔ ~B↔ corrente ele´trica (1.4) Esses resultados nos dizem que i) uma carga em movimento ou corrente cria um campo magne´tico, e ii) se colocarmos uma carga em movimento ou um fio transportando uma corrente num campo magne´tico, uma forc¸a magne´tica atuara´ sobre eles. 1.1 A forc¸a exercida por um campo magne´tico • O campo magne´tico e´ definido de uma maneira similar a` definic¸a˜o do campo ele´trico: uma carga teste q0 em repouso numa regia˜o de campo ~E, e medimos a forc¸a ele´trica sobre ela ~FE = q0~E; • Lanc¸amos uma carga teste atrave´s de uma regia˜o com campo magne´tico; repetimos essa experieˆncia va´rias vezes variando a direc¸a˜o e rapidez da carga teste e determi- nando, em cada caso, a forc¸a (se existir) que atua sobre ela no ponto considerado. • Analisando os resultados encontrados, conclui-se que quando uma partı´cula de carga q e velocidade~v esta´ em uma regia˜o com um campo magne´tico ~B, uma forc¸a e´ exercida sobre ela. • Esta forc¸a e´ proporcional a q, v e B e ao seno do aˆngulo entre as direc¸o˜es de~v e ~B. Surpreendentemente, a forc¸a e´ perpendicular a` velocidade e ao campo magne´tico. 1. Estes resultados experimentaispodem ser resumidos como: quando uma partı´cula de carga q e velocidade ~v esta´ numa regia˜o com um campo magne´tico ~B, a forc¸a magne´tica exercida sobre a partı´cula e´ ~FB = q~v×~B (1.5) 6 aqui q pode ser positiva ou negativa. Ou escrito em mo´dulo FB = qvBsinφ (1.6) Como ~F e´ perpendicular a~v e ~B, ~FB e´ perpendicular ao plano definido por estes dois vetores • A direc¸a˜o de~v×~B e´ dada pela regra da ma˜o direita quando~v e´ girado em direc¸a˜o a ~B. • Se q e´ positivo, enta˜o ~F esta´ no mesmo sentido de~v×~B; e se q e´ negativo, enta˜o ~F esta´ no sentido oposto ao de~v×~B; 1. A equac¸a˜o acima define o campo magne´tico ~B em termos da forc¸a exercida em uma partı´cula carregada em movimento. 2. A unidade do campo magne´tico no SI e´ o tesla 1T = 1 N C ·m/s = 1 N A ·m 7 Exemplo: A intensidade do campo magne´tico da Terra e´ medida em um ponto na su- perfı´cie, tem o valor de aproximadamente 0,6G (unidade CGS gauss, 1G = 10−4T ) e esta´ inclinado para baixo no hemisfe´rio norte, fazendo um aˆngulo de aproximadamente 70◦ com a horizontal. Um pro´ton (q =+e) esta´ se movendo horizontalmente em direc¸a˜o ao norte com rapidez v = 1× 107m/s. Calcule a forc¸a magne´tica no pro´ton a) usando FB = qvBsinφ , b) expressando ~v e ~B em termos dos vetores unita´rios, e enta˜o calcule ~FB = q~v×~B. • Escolhemos as direc¸o˜es x e y sobre o leste e o norte, respectivamente. Tal que o vetor velocidade esta´ na direc¸a˜o +y. a) Vemos primeiramente o aˆngulo entre as direc¸o˜es de ~v e ~B e´ φ = 70◦, logo a forc¸a magne´tica experimentada pelo pro´ton e´ FB = qvBsinφ = ( 1,6×10−19C )( 1×107m/s )( 0,6×10−4T ) sin70◦ = 9×10−17N (1.7) b) Podemos expressar os vetores~v e ~B como ~v = v jˆ, ~B = By jˆ+Bzkˆ (1.8) sendo By = Bcosφ , Bz =−Bsinφ , (1.9) 8 Assim, calculamos ~FB = q~v×~B = q ( v jˆ )× (By jˆ+Bzkˆ) todavia jˆ× jˆ = 0 e jˆ× kˆ = iˆ. Logo ~FB = q~v×~B = qvBziˆ =−qvBsinφ iˆ = ( −9×10−17N ) iˆ (1.10) 1.2 A forc¸a magne´tica sobre um fio transportando corrente • Na figura abaixo, um fio vertical fixado por suas extremidades passa atrave´s da regia˜o entre as faces polares de um eletroı´ma˜. • O campo magne´tico esta´ orientado para dentro da pa´gina. • Quando na˜o ha´ corrente passando pelo fio, verificamos que na˜o ha´ nenhum deflexa˜o no fio. Todavia, assim que uma corrente e´ estabelecida no fio, verificamos uma deflexa˜o. • O sentido da deflexa˜o depende do sentido da corrente; se a corrente esta´ para cima, o fio deflete para a esquerda, enquanto se a corrente esta´ para baixo, o fio deflete para a direita. 9 Vamos entender melhor o que fisicamente esta´ acontecendo nesta situac¸a˜o. • Quando um fio conduzindo corrente esta´ em uma regia˜o onde existe um campo magne´tico, ha´ uma forc¸a no fio que e´ igual a` soma das forc¸as magne´ticas nos por- tadores individuais de carga no fio. • Consideremos um segmento de fio com sec¸a˜o transversal A, comprimento L e cor- rente I. • Se o fio esta´ imerso num campo magne´tico ~B, a forc¸a magne´tica em cada carga e´ q~vd×~B, em que~vd e´ a velocidade de deriva dos portadores de carga. • Uma vez que o nu´mero de portadores de carga no segmento de fio e´ o nu´mero n multiplicado pelo volume AL; temos que a forc¸a total no segumento de fio e´ ~FB = ( q~vd×~B ) nAL→ ~FB = I~L×~B (1.11) que e´ justamente a forc¸a magne´tica de um segmento retilı´neo de um fio condu- zindo corrente. • Sendo a corrente I = nqvdA e o vetor~L cujo mo´dulo e´ o comprimento do segmento e cuja direc¸a˜o e sentido sa˜o os mesmos da corrente. • Na discussa˜o anterior consideramos que o segmento do fio e´ retilı´neo e que o campo magne´tico e´ uniforme ao longo de seu comprimento. 10 • Todavia, em casos mais gerais, podemos reescrever a equac¸a˜o para um fio de for- mato arbitra´rio em qualquer campo magne´tico. • Se escolhemos um segmento diferencial de fio, com comprimento d~`, escrevemos a forc¸a neste segmento como d~FB = Id~`×~B a quantidade Id~` e´ chamada de elemento de corrente. • Encontramos a forc¸a magne´tica total no fio conduzindo corrente somando (inte- grando) as forc¸as magne´ticas devidas a todos os elementos de corrente no fio. 1. Assim como o campo ele´trico ~E, o campo magne´tico ~B pode ser representado por linhas de campo magne´tico. 2. Em ambos os casos, a direc¸a˜o do campo esta´ indicada pela direc¸a˜o das linhas de campo e o mo´dulo e´ indicado pela densidade das linhas. 3. Ha´ entretanto duas diferenc¸as importantes entre linhas de campo ele´trico e linhas de campo magne´tico: 11 • As linhas de campo ele´trico esta˜o na direc¸a˜o da forc¸a ele´trica sob uma carga posi- tiva, mas as linhas de campo magne´tico sa˜o perpendiculares a` forc¸a magne´tica sob uma carga em movimento; • As linhas de campo ele´trico comec¸am nas cargas positivas e terminam nas cargas negativa, as linhas de campo magne´tico nunca comec¸am, nem terminam – mas sim entram em uma das extremidades e saem pela outra. Exemplo 1: Um fio formando um semicı´rculo de raio R esta´ no plano xy. Ele conduz uma corrente I do ponto a ao ponto b, como mostra a figura. Nesta regia˜o ha´ um campo magne´tico uniforme ~B = Bkˆ que e´ perpendicular ao plano do semicı´rculo. Determine a forc¸a magne´tica exercida na sec¸a˜o semicircular do fio. • Determinamos a forc¸a magne´tica total expressando as componentes x e y de d~F em termos de θ e integrando-as 0≤ θ ≤ pi . Primeiramente, o elemento diferencial e´ d~`=−d`sinθ iˆ+d`cosθ jˆ ademais d`= Rdθ ; logo, d~FB = Id~`×~B = I (−d`sinθ iˆ+d`cosθ jˆ)× (Bkˆ)→ d~FB = IBR(dθ sinθ jˆ+dθ cosθ iˆ) 12 assim ~FB = ∫ d~FB = IBR ∫ pi 0 dθ sinθ jˆ+ IBR ∫ pi 0 dθ cosθ iˆ = IBR(−cosθ)pi0 jˆ+ IBR(sinθ)pi0 iˆ =−IBR(−1−1) jˆ+ IBR(0−0) iˆ = 2IBR jˆ (1.12) Exemplo 2: Um fio conduzindo corrente e´ curvado em um semicı´rculo fechado de raio R que esta´ no plano xy. O fio esta´ num campo magne´tico uniforme ~B = Bkˆ (saindo da pa´gina). Calcule a forc¸a exercida no anel. Acabamos de calcular a forc¸a magne´tica que a parte superior do semicı´rulo experi- menta ~F1 = 2IBR jˆ (1.13) Agora, nos falta determinar a forc¸a que a parte retı´linea experimenta. Nesta parte, temos que~L = Liˆ, logo ~F2 = I~L×~B = I ( Liˆ )× (Bkˆ)=−ILB jˆ =−2RIB jˆ (1.14) Logo, a forc¸a magne´tica total experimentada pelo semicı´rculo fechado e´ ~FB = ~F1+~F2 = 2IBR jˆ−2RIB jˆ = 0 (1.15) 13 Este de fato e´ um resultado geral que pode ser enunciado como: • A forc¸a magne´tica resultante atuando em qualquer circuito fechado de cor- rente num campo magne´tico uniforme e´ sempre zero. ~FB = I ∮ d~`︸︷︷︸ =0 ×~B Como ilustrac¸a˜o do resultado acima, considere o seguinte circuito fechado. Podemos calcular a integral para este circuito como∮ C d~`= ∫ C1 d~`+ ∫ C2 d~`+ ∫ C3 d~`+ ∫ C4 d~` (1.16) temos todavia que d~`= dxiˆ+dy jˆ, assim∮ C d~`= ∫ xm 0 dxiˆ+ ∫ ym 0 dy jˆ+ ∫ 0 xm dxiˆ+ ∫ 0 ym dy jˆ = 0 (1.17) 1.3 Movimento de uma carga puntiforme em um campo magne´tico • A forc¸a magne´tica exercida sobre uma partı´cula carregada se movendo atrave´s de uma regia˜o com um campo magne´tico e´ sempre perpendicular a` velocidade da partı´cula. • A forc¸a magne´tica, portanto, varia a direc¸a˜o da velocidade, mas na˜o o mo´dulo da velocidade (rapidez). 14 • Assim, forc¸as magne´ticas na˜o realizam trabalho nas partı´culas e na˜o variam a energia cine´tica delas. 1. No caso especial onde a velocidade de uma partı´cula carregada e´ perpendicular a um campo magne´tico uniforme, i.e. ~v×~B = vB, a partı´cula se move em uma o´rbita circular. 2. A forc¸a magne´tica fornece a forc¸a centrı´peta necessa´ria para o movimento circular. Logo, pela segunda lei de Newton temos ∑F= ma→ FB = mv 2 r → qvB = mv 2 r ou ainda, resolvendo para o raio r do movimento circular r = mv qB (1.18) O perı´odo do movimento circular e´ o tempo que a partı´cula leva para percorrer a circunfereˆncia do cı´rculo uma vez, i.e. T = 2pir v = 2pim qB (1.19) este e´ o perı´odo da o´rbita circular da partı´cula, que e´ chamado de perı´odo de cı´clotron. A frequeˆncia do movimento circular, chamada de frequeˆncia do cı´clotron, e´ f = 1 T = qB 2pim ↔ ω = 2pi f = qB m (1.20) 15 • Observe que T , f e ω na˜o dependem da rapidez da partı´cula. Ou seja, partı´culas que tenham a mesma raza˜o carga-massa q/m levam o mesmo tempo T para dar uma volta completa. • Todavia, partı´culas mais ra´pidas se movem em cı´rculos maiores e as mais lentas em cı´rculos menores. 1. Considere agora uma partı´cula carregada em movimento com uma velocidade que na˜o e´ perpendicular com o campo magne´tico uniforme ~B. 2. Na˜o ha´ componente da forc¸a magne´tica (e acelerac¸a˜o) paralela a ~B, logo a compo- nente da velocidade que e´ paralela a ~B permanece constante. v‖ = vcosφ , v⊥ = vsinφ , (1.21) sendo φ o aˆngulo entre o vetor velocidade~v e ~B. 3. A forc¸a magne´tica na partı´cula e´ perpendicular a ~B, logo a variac¸a˜o no movimento da partı´cula devida a esta forc¸a e´ a mesma discutida anteriormente. 4. A trajeto´ria da partı´cula e´ portanto uma he´lice. Leitura: sec¸o˜es “O seletor de velocidades”, “Medida de Thomson” (descoberta do ele´tron), “O espectroˆmetro de massa” e “o cı´clotron”, pp 198–202. 1.4 Torques em ane´is de corrente e ı´ma˜s • Um anel conduzindo corrente na˜o esta´ submetido a nenhuma forc¸a resultante em um campo magne´tico uniforme, mas ele esta´ sujeito a um torque resultante. • A orientac¸a˜o do anel pode ser convenientemente descrita por um vetor unita´rio nˆ que e´ normal ao plano do anel. • Na situac¸a˜o inicial, colocamos a espira/bobina no campo magne´tico uniforme ~B tal que seus lados maiores (I~L) fiquem sempre perpendiculares a` direc¸a˜o do campo, mas seus lados menores fiquem paralelos. 16 • Logo, as forc¸as nos lados menores sa˜o nulas pois os vetores I~L e ~B sa˜o paralelos. • Todavia, quando a bobina encontra-se inclinada a situac¸a˜o e´ diferente. Pois as forc¸as nos lados menores na˜o sera˜o mais nulas, mas sim teˆm mo´dulos F3 = F4 = IbBsin(90◦−θ) = IbBcosθ , mas elas teˆm a mesma linha de ac¸a˜o (apontando pra fora), assim o torque resultante tambe´m e´ zero. • As forc¸as nos lados maiores possuem mo´dulos iguais, mas apontam em sentidos opostos e teˆm diferentes linhas de ac¸a˜o, o que resulta num torque resultante dife- rente de zero que tende a girar a bobina de modo a alinhar seu vetor normal nˆ com a direc¸a˜o do campo magne´tico ~B. • O mo´dulo dessas forc¸as e´ F1 = F2 = IaB (1.22) Podemos calcular o torque igualmente no ponto central, i.e. na posic¸a˜o do vetor nˆ, dessa forma o brac¸o de alavanca deste torque e´ b2 sinθ ; ou se por simplicidade, escolhemos o ponto P como na figura acima, o torque e´ devido a` forc¸a ~F2 somente 17 e o brac¸o de alavanca e´ bsinθ . Assim a magnitude do torque e´ τ = F2bsinθ = (IaB)bsinθ = IABsinθ (1.23) onde A = ab e´ a a´rea do anel. Para um anel que tem N voltas, o torque tem magni- tude τ = NIABsinθ (1.24) Novamente, este torque tende a girar o anel para que nˆ fique na mesma direc¸a˜o de ~B. 1.4.1 O dı´polo magne´tico O torque pode ser convenientemente escrito em termos do momento de dipolo magne´tico ~µ (momento magne´tico) do anel de corrente, que e´ definido como ~µ = NIAnˆ (1.25) A unidade do momento magne´tico no SI e´ o ampe`re-metro quadrado (A ·m2). Em termos do momento de dipolo magne´tico, o torque no anel de corrente e´ dado numa forma vetorial ~τ =~µ×~B (1.26) que e´ o torque em um anel de corrente. Esta expressa˜o lembra muito a equac¸a˜o cor- respondente para o torque exercido por um campo ele´trico sobre um dipolo ele´trico, ~τ = ~p×~E. • Em cada caso, o torque exercido por um campo externo – seja ele magne´tico ou ele´trico – e´ igual ao produto vetorial do correspondente vetor momento de dipolo e do vetor campo. 1. Enquanto um campo magne´tico externo esta´ exercendo um torque sobre um dipolo magne´tico – tal com uma bobina de corrente – trabalho deve ser realizado para mudar a orientac¸a˜o do dipolo. 2. O dipolo magne´tico deve ter enta˜o uma energia potencial magne´tica que dependa da orientac¸a˜o do dipolo. 18 Quando um dipolo magne´tico e´ girado de um aˆngulo dθ , o trabalho realizado e´ dW =−τdθ =−µBsinθdθ (1.27) em que θ e´ o aˆngulo entre ~µ e ~B. O sinal de menos surge porque o torque magne´tico tende a decrescer θ . Igualando este trabalho ao decre´scimo na energia potencial U , temos dU =−dW = µBsinθdθ (1.28) e integrando U =−~µ ·~B (1.29) uma vez que escolhemos U = 0 quando θ = 90◦. Esta expressa˜o para a energia potencial tambe´m e´ similar a` para dipolos ele´tricos U =−~p ·~E. • Quando um ima˜ permanente, como a agulha de uma bu´ssula ou um ı´ma˜ em barra, e´ colocado numa regia˜o onde ha´ um campo magne´tico ~B, o campo exerce um torque no ı´ma˜ que tende a gira´-lo para que se alinha com o campo. • Este efeito tambe´m ocorre com limalha de ferro na˜o magnetizada, que se torna magnetizada na presenc¸a de um campo ~B. • O ı´ma˜ em barra e´ caracterizado por um momento magne´tico~µ , um vetor que aponta na mesma direc¸a˜o e sentido que de uma flecha do po´lo sul ao po´lo norte do ı´ma˜. 19 Exemplo 1: Um anel circular com raio igual a 2cm, tem 10 voltas de fio e conduz uma corrente igual a 3A. O eixo do anel faz um aˆngulo de 30◦ com um campo magne´tico de 8000G. Determine a magnitude do torque no anel. ~τ =~µ×~B→ τ = ∣∣∣~µ×~B∣∣∣= µBsinθ = NIABsinθ = (10)(3A)pi (0,02m)2 ( 8000×10−4T ) sin30◦ = 0,0151N ·m = 1,51×10−2N ·m (1.30) Exemplo 2: Um anel circular de raio R, massa m e corrente I esta´ numa superfı´cie horizontal. Ha´ um campo magne´tico horizontal ~B. Qual o valor ma´ximo da corrente I antes que um dos lados do anel decole da superfı´cie? • O anel comec¸ara´ a girar quando a magnitude do torque resultante for maior do que zero. • Para eliminar o torque devido a` forc¸a normal, calculamos os torques em torno do ponto de contato entre a superfı´cie e o anel. • O brac¸o de alavanca para o torque gravitacional e´ o raio do anel (o cm do anel e´ o seu centro geome´trico – aplicac¸a˜o da forc¸a). O torque devido a` forc¸a magne´tica e´ τm = µBsin90◦ = IAB = IpiR2B (1.31) enquanto o torque gravitacional e´ τg = PR = mgR (1.32) 20 igualando as magnitudes dos torques τm = τg→ IpiR2B = mgR→ I = mgpiRB (1.33) A corrente e´ proporcional a` massa para B constante; quanto maior a massa, mais corrente sera´ necessa´ria para comec¸ar a fazer o anel girar. Exemplo 3: Uma bobina quadrada de 12 voltas e comprimento lateral de 40cm, conduz uma corrente de 3A. Ela esta´ no plano z = 0, como mostrado em um campo magne´tico uniforme ~B = (0,3T ) iˆ+(0,4T ) kˆ. A corrente esta´ no sentido anti-hora´rio quando vista de um ponto no eixo z positivo. Determine a) o momento magne´tico da bobina, e b) o torque exercido na bobina, c) a energia potencial da bobina. a) O momento magne´tico e´ ~µ = NIAkˆ = (12)(3A)(0,4m)2 kˆ = 5,76A ·m2kˆ (1.34) b) Agora, o torque no anel de corrente e´ ~τ =~µ×~B = ( 5,76A ·m2kˆ ) × ((0,3T ) iˆ+(0,4T ) kˆ)= (1,73N ·m) jˆ (1.35) Veja que o torque e´ perpendicular ao plano em que os vetores ~µ e ~B esta˜o. 21 c) Por fim, a energia potencial e´ U =−~µ ·~B =− ( 5,76A ·m2kˆ ) · ((0,3T ) iˆ+(0,4T ) kˆ)=−2,30J Exemplo 4: Um fino disco na˜o-condutor tem massa m, raio a e densidade superficial uniforme de carga σ , gira com velocidade angular ~ω em torno de um eixo que passa pelo centro do disco e e´ perpendicular ao plano do disco.Determine o momento magne´tico do disco. • Determinamos o diferencial de momento magne´tico de um elemento circular de raio R e espessura dR. • A carga neste elemento e´ dq = σdA = σ (2piRdR). • Se a carga e´ positiva, o momento magne´tico esta´ na direc¸a˜o e sentido de ~ω . Assim, a magnitude do momento magne´tico dµ = AdI = piR2dI (1.36) Todavia, a corrente na faixa e´ a carga dq dividida pelo perı´odo T , dI = dq T = f dq = 2pi f 2pi dq = ω 2pi σ (2piRdR) = (σωR)dR (1.37) desta forma, dµ = piR2dI = piR2 (σωR)dR = piσωR3dR (1.38) 22 Por fim, integrando esta expressa˜o µ = ∫ dµ = ∫ a 0 piσωR3dR = piσωa4 4 Usando o fato de que ~µ e´ paralelo a ~ω (se σ > 0), enta˜o ~µ = σpia4 4 ~ω (1.39) 1.5 O efeito Hall • Um feixe de ele´trons no va´cuo pode ser desviado por um campo magne´tico. Sera´ possı´vel que os ele´trons de conduc¸a˜o se movendo num fio de cobre possam tambe´m ser desviados por um campo magne´tico? • A resposta e´ positiva, quando cargas esta˜o em movimento em um fio condutor, elas sa˜o empurradas para um dos lados do fio. • Isto resulta em uma separac¸a˜o das cargas no fio – um fenoˆmeno chamado de efeito Hall. • Este fenoˆmeno nos permite determinar o sinal da carga nos portadores, e tambe´m o nu´mero de portadores por unidade de volume. 1. Considere duas tiras condutoras, conduzindo uma corrente I para a direita, imersas num campo magne´tico ~B que esta´ entrando no papel. 2. Em me´dia, a forc¸a magne´tica experimentada por essas partı´culas e´ q~vd ×~B. Esta forc¸a e´ dirigida para cima na pa´gina. 3. As partı´culas carregadas positivamente movem-se enta˜o para cima na pa´gina para a borda superior da tira, deixando a borda inferior com um excesso de cargas negati- vas. 4. Esta separac¸a˜o de cargas produz em um campo ele´trico ~E na tira que exerce uma forc¸a nas partı´culas a qual se opo˜e a` forc¸a magne´tica sobre elas. 23 5. Quando as forc¸as ele´trica e magne´tica se equilibram, na˜o ocorre mais a deriva dos portadores de carga para cima na pa´gina. 6. Como o campo ele´trico aponta na direc¸a˜o e sentido do decre´scimo de potencial, a borda superior da tira esta´ em um potencial maior que a borda inferior. 1. Por outra lado, considere que a corrente seja devida a partı´culas carregadas negati- vamente, movendo-se para a esquerda. 2. A forc¸a magne´tica experimentada pelas cargas q~vd×~B e´ novamente para cima na pa´gina, pois o sinal de q e de~vd foram invertidos. 3. Novamente os portadores sa˜o forc¸ados paara a porta superior da tira, mas a borda superior agora conduz uma carga negativa, e a borda inferior possui desta vez uma carga negativa. • Uma medida do sinal da ddp entre as partes superior e inferior da tira informa o sinal dos portadores de carga. • Foi uma medida como estas que conduziu a` descoberta que os portadores de carga em metais sa˜o carregados negativamente. • A ddp entre o topo e a base da tira e´ chmada de tensa˜o Hall. • A forc¸a magne´tica qvdB e´ equilibrada pela forc¸a eletrosta´tica qEh, sendo Eh o campo ele´trico devido a` separac¸a˜o entre as cargas. 24 • Temos portanto Eh = vdB. Se a largura da tira for w, a tensa˜o Hall e´ Vh = Ehw = vdBw (1.40) Como a velocidade de deriva para corrente ordina´rias e´ muito pequena, vemos que a tensa˜o Hall e´ muito pequena para tamanhos de tiras e campos magne´ticos or- dina´rios. • A partir de medidas de tensa˜o Hall para uma tira de um dado tamanho, podemos determinar o nu´mero de portadores de carga por unidade de volume; note que a magnitude da corrente e´ |I|= |q|nvdA = |q|nvdws (1.41) sendo w e s a largura e espessura da tira, respectivamente. Assim n = |I| evdws = |I|B seVh ↔Vh = |I|Bnes (1.42) Podemos usar essa fo´rmula para uma tira calibrada para medida da tensa˜o Hall, tal que ela possa ser utilizada para medir um campo magne´tico desconhecido B medindo a tensa˜o Hall para uma dada corrente. 2 Fontes de Campo Magne´tico Um fato ba´sico da eletrosta´tica e´ a constatac¸a˜o de que duas cargas exercem forc¸as uma sobre a outra carga ele´trica↔ ~E↔ carga ele´trica (2.1) Por analogia, constatamos que dois fios paralelos transportando correntes tambe´m exer- cem forc¸as um sobre o outro corrente ele´trica↔ ~B↔ corrente ele´trica (2.2) esta equac¸a˜o sugere que 1. correntes geram campos magne´ticos, 25 2. campos magne´ticos exercem forc¸as sobre correntes. Tratamos o segundo ponto no capı´tulo anterior, vamos abordar a primeira parte neste capı´tulo. Este ponto pode ser enunciado na forma da seguinte questa˜o • De que modo podemos calcular o campo magne´tico que uma dada distribuic¸a˜o de correntes cria numa regia˜o do espac¸o? 2.1 O campo magne´tico de correntes: a lei de Biot-Savart Fato experimental, a forc¸a magne´tica experimentada por um elemento de carga I1d~`1 devido a` presenc¸a de um segundo elemento de carga I1d~`1 e´ dada por ~F =−µ0 4pi [(∫ I1d~`1 · ∫ I2d~`2 ) 1 |~r2−~r1|2 rˆ21 ] (2.3) mas da relac¸a˜o vetorial~a× ( ~b×~c ) =~b(~a ·~c)−~c ( ~a ·~b ) , e em geral Id~` · rˆ12 = 0, enta˜o ~F = µ0 4pi [∫ I1d~`1× (∫ I2d~`2× 1|~r2−~r1|2 rˆ21 )] = ∫ I1d~`1×~B(~r1) (2.4) 26 de onde observamos que o campo magne´tico produzido por um elemento de corrente Id~` e´ dado por ~B(~r1) = µ0 4pi ∫ (I2d~`2× rˆ21) |~r2−~r1|2 (2.5) Esta equac¸a˜o e´ conhecida como a lei de Biot-Savart. No caso de uma carga puntiforme q que se move com velocidade~v, ela produz um campo magne´tico ~B no espac¸o, dado por ~B = µ0 4pi q~v× rˆ r2 (2.6) O vetor unita´rio rˆ aponta a partir da distribuic¸a˜o de corrente (ou carga puntiforme) ate´ o ponto de campo P. Ademais, µ0 e´ uma constante de proporcionalidade, chamada de constante magne´tica (ou permeabilidade do va´cuo) µ0 = 4pi×10−7T ·m/A = 4pi×10−7N/A2 • Estas duas equac¸o˜es sa˜o ana´logas a` lei de Coulomb para o campo ele´trico de uma carga puntiforme. • A fonte de campo magne´tico e´ uma carga em movimento q~v ou um elemento de corrente Id~`, assim como a carga q e´ a fonte do campo eletrosta´tico. • Assm como o campo ele´trico, o campo magne´tico diminui sua magnitude com o quadrado da distaˆncia. • Entretanto, os aspectos direcionais dos campos ele´trico e magne´tico sa˜o muito di- ferentes. • Enquanto o campo ele´trico aponta na direc¸a˜o radial rˆ a partir da carga puntiforme ate´ o ponto de campo, o campo magne´tico e´ perpendicular a rˆ e a ~v (carga punti- forme), ou rˆ e d~` no caso de um elemento de corrente. • O campo magne´tico pode ser zero se os vetores rˆ e d~` forem paralelos (ou antipa- ralelos). 27 1. O campo magne´tico devido a` corrente total em um circuito pode ser calculado usando a lei de Biot-Savart para determinar o campo devido a cada elemento de corrente, e enta˜o somando (integrando) sobre todos os elementos de corrente no circuito. 2.1.1 ~B devido a um anel de corrente Vamos calcular o campo magne´tico de um ponto no eixo de um anel circular de raio R de corrente a uma distaˆncia z do centro do anel. • Consideremos o elemento de corrente no topo do anel. Aqui, como em todos os pontos no anel, Id~` e´ tangente ao anel e perpendicular ao vetor rˆ que vai do elemento de corrente ao ponto de campo P. • O campo magne´tico d~B devido a este elemento esta´ na direc¸a˜o mostrada na figura, perpendicular ao plano formado por Id~` e rˆ (φ = 90◦). A magnitude de d~B e´ ∣∣∣d~B∣∣∣= µ0 4pi I ∣∣∣d~`× rˆ∣∣∣ r2 = µ0 4pi Id` r2 = µ0 4pi Id` z2+R2 (2.7) onde usamos o fato que r2 = z2+R2. • Quando somamos sobre todos os elementos de corrente no anel, a soma das compo- nentes de d~B perpendiculares ao eixo do anel, tais como dBy, resulta zero; deixando apenas as componentes dBz paralelas ao eixo. 28 • Porexemplo, se dividimos a metade superior como d~B1 enquanto a metade inferior como d~B2, d~B1 =+dBcosθ jˆ+dBsinθ kˆd~B2 =−dBcosθ jˆ+dBsinθ kˆ (2.8) logo d~B = d~B1+d~B2 = 2dBsinθ kˆ = 2 ( µ0 4pi Id` z2+R2 )( R√ z2+R2 ) kˆ = 2 ( µ0 4pi IRd` (z2+R2) 3 2 ) kˆ (2.9) • Logo, a componente z do campo e´ Bz = ∫ dBz = 2 ∫ (µ0 4pi IRd` (z2+R2) 3 2 ) = µ0 4pi ∮ IRd` (z2+R2) 3 2 = µ0 4pi IR (z2+R2) 3 2 ∮ d`= µ0 4pi IR (z2+R2) 3 2 (2piR) = µ0 2 IR2 (z2+R2) 3 2 (2.10) 29 Podemos assim calcular o campo magne´tico no centro do anel (z→ 0) Bz = lim z→0 µ0 2 IR2 (z2+R2) 3 2 = µ0 2 IR2 (R2) 3 2 = µ0I 2R (2.11) Por um outro lado, a grandes distaˆncias z� R, logo Bz = µ0 2 IR2 (z2) 3 2 ( 1+ R 2 z2 )3 2 = µ0 2 IR2 |z|3 ( 1− 3 2 R2 z2 + ... ) = µ0 2 IR2 |z|3 = µ0 2pi µ |z|3 (2.12) onde µ = IpiR2 e´ o mo´dulo do momento magne´tico do anel. • Note a semelhanc¸a entre expressa˜o e o campo ele´trico no eixo de um dipolo ele´trico Ez = 12piε0 p |z|3 . • Apesar de na˜o ter sido demonstrado, o resultado que um anel de corrente produz um campo de dipolo magne´tico a grandes distaˆncias tem validade geral para qualquer ponto quer ele esteja no eixo ou fora do eixo do anel. • Portanto um anel de corrente comporta-se como um dipolo magne´tico porque ele esta´ sujeito a um torque ~µ×~B quando colocado num campo magne´tico externo. 30 Tabela comparativa propriedade tipo de dipolo relac¸a˜o Torque num campo externo Ele´trico Magne´tico ~τ = ~p×~E ~τ =~µ×~B Energia num campo externo Ele´trico Magne´tico U =−~p ·~E U =−~µ ·~B Campo em pontos axiais distantes Ele´trico Magne´tico ~E = 12piε0 ~p |z|3 ~B = µ02pi ~µ |z|3 Exemplo: Uma bobina circular tem raio igual a 5cm, 12 voltas, esta´ no plano z = 0 e centrada na origem. Ela conduz uma corrente de 4A e o momento magne´tico da bobina esta´ na direc¸a˜o+z. Determine o campo magne´tico no eixo z, em a) em z= 0, b) z= 15cm, e c) z= 3m. d) Usando a fo´rmula para o dipolo magne´tico, determine o campo magne´tico no eixo z em z = 3m. a) podemos calcular o campo magne´tico para uma bobina com N voltas multiplicando as expresso˜es para o um anel, por exemplo. Disto segue que para o campo magne´tico em z = 0 temos Bz = N µ0I 2R = 12 ( 4pi×10−7T ·m/A)(4A) 2(0,05m) = 6,03×10−4T (2.13) b) Agora, o campo no eixo da bobina em z = 0,15m e´ Bz = N µ0 2 IR2 (z2+R2) 3 2 = 12 ( 4pi×10−7T ·m/A) 2 (4A)(0,05m)2( (0,15m)2+(0,05m)2 )3 2 = 1,91×10−5T (2.14) c) Usando novamente a equac¸a˜o acima para z = 3m Bz = N µ0 2 IR2 (z2+R2) 3 2 = 12 ( 4pi×10−7T ·m/A) 2 (4A)(0,05m)2( (3m)2+(0,05m)2 )3 2 = 2,79×10−9T (2.15) 31 d) Temos que z = 3m� R = 0,05m (z = 60R), logo Bz = µ0 2pi µ |z|3 (2.16) o dipolo magne´tico e´ µ = NIpiR2 = 12pi (4A)(0,05m)2 = 0,377A ·m2 (2.17) logo Bz = ( 4pi×10−7T ·m/A) 2pi ( 0,377A ·m2) (3m)3 = 0,0279×10−7T = 2,79×10−9T (2.18) Exemplo: Calcule o campo magne´tico no ponto O para um segmento de fio transpor- tando uma corrente I. Sendo que o fio consiste num arco circular, de raio R e aˆngulo central 90◦, e de dois trechos retiı´lineos cujos prolongamentos interceptam o centro O do arco. No primeiro trecho 1 = A′A, o mo´dulo do campo magne´tico em O e´ dB1 = µ0 4pi I ∣∣∣d~`× rˆ∣∣∣ r2 = µ0 4pi Id`sin0 r2 = 0→ B1 = 0 (2.19) 32 a mesma situac¸a˜o acontece no trecho 3 =CC′ B3 = 0 (2.20) Por fim, no trecho curvo 2 = AC, o aˆngulo entre d~` e rˆ e´ 90◦ para qualquer elemento de corrente. Logo, o campo magne´tico para este elemento de corrente e´ dB2 = µ0 4pi I ∣∣∣d~`× rˆ∣∣∣ r2 = µ0 4pi Id`sin90◦ r2 = µ0 4pi Id` R2 (2.21) A fim de integrar sobre o deslocamento atrave´s do arco AC fazemos a substituic¸a˜o d` = Rdθ , sendo 0≤ θ ≤ pi/2, enta˜o B2 = ∫ dB2 = µ0 4pi ∫ Id` R2 = µ0I 4piR ∫ pi 2 0 dθ = µ0I 4piR (pi 2 −0 ) = µ0I 8R (2.22) Portanto, o mo´dulo do campo magne´tico total ~B no ponto O produzido pela corrente no fio e´ B = B1+B2+B3 = µ0I 8R (2.23) A direc¸a˜o e sentido do campo pode ser definida a partir da regra da ma˜o direita Vemos enta˜o que o campo aponta para dentro do plano da pa´gina. 33 2.1.2 ~B devido a` corrente em um soleno´ide • Um soleno´ide e´ um fio condutor enrolado em uma he´lice com as voltas bem pro´ximas entre si. • Um soleno´ide e´ usado para produzir um campo magne´tico intenso e uniforme na regia˜o da vizinhanc¸a de seus ane´is. • O papel do soleno´ide no magnetismo e´ ana´logo ao do capacitor de placas paralelas, que produz um campo ele´trico intenso e uniforme entre suas placas. • O campo magne´tico de um soleno´ide e´ essencialmente o de um conjunto de N ane´is de corrente ideˆnticos colocado lado a lado. • A figura abaixo mostra as linhas de campo magne´tico para dois destes ane´is • Dentro do soleno´ide e distante das bordas, as linhas de campo sa˜o aproximadamente paralelas ao eixo, esta˜o pro´ximas e uniformemente espac¸adas, indicando um campo magne´tico intenso e uniforme. • Do lado de fora do soleno´ide (acima e abaixo dele) a densidade de linhas e´ muito menor. 34 • Ale´m disso, as linhas de campo se separam quando nos afastamos de ambos os lados do soleno´ide. • Podemos todavia comparar o campo magne´tico de um soleno´ide, tanto no interior como no exterior dele, ao campo magne´tico de um ima˜ em barra do mesmo tamanho e formato do soleno´ide. Exemplo: Considere um soleno´ide de comprimento L, com N voltas e que conduz uma corrente I. Escolhemos o eixo do soleno´ide como o eixo z, com a extremidade esquerda em z = z1 e a extremidade direita em z = z2. Calcularemos o campo magne´tico no ponto P no eixo z a uma distaˆncia z da origem. Para isto consideremos um elemento de compri- mento dz′ a uma distaˆncia z′ da origem. Se n = N/L e´ o nu´mero de voltas por unidade de comprimento, ha´ ndz′ voltas do fio neste elemento, com cada volta conduzindo uma corrente I. O elemento e´ portanto equivalente a um u´nico anel conduzindo corrente dI = nIdz′. O campo magne´tico em um ponto no eixo z > z2 > z1 devido ao anel em z = z′ con- duzindo corrente dI e´ dBz = µ0 2 R2dI( (z− z′)2+R2 )3/2 = µ02 R2nIdz′( (z− z′)2+R2 )3/2 (2.24) 35 Determinamos o campo magne´tico em P devido ao soleno´ide inteiro a partir da integrac¸a˜o Bz = ∫ dBz = µ0R2nI 2 ∫ z2 z1 dz′( (z− z′)2+R2 )3/2 (2.25) Essa integral pode ser calcualda usando a substituic¸a˜o trigonome´trica z− z′ = R tanθ , tal que ∫ dz′( (z− z′)2+R2 )3/2 =− 1R2 (z− z′)√ (z− z′)2+R2 (2.26) logo Bz = µ0R2nI 2 1 R2 z− z1√ (z− z1)2+R2 − 1 R2 z− z2√ (z− z2)2+R2 (2.27) = µ0nI 2 z− z1√ (z− z1)2+R2 − z− z2√ (z− z2)2+R2 (2.28) • Um soleno´ide e´ considerado longo se seu comprimento L for muito maior que seu raio R. 36 • No interior de um longo soleno´ide e distante das extremidades, i.e. z1 < z < z2 z− z1√ (z− z1)2+R2 = 1√ 1+ R 2 (z−z1)2 ≈ 1− 1 2 R2 (z− z1)2 + ... z− z2√ (z− z2)2+R2 =− z2− z√ (z2− z)2+R2 =− 1√ 1+ R 2 (z2−z)2 ≈−1+ 1 2 R2 (z2− z)2 + ... logo, o campo magne´tico na regia˜o interna e distante das bordas do soleno´ide Bz = µ0nI 2 z− z1√ (z− z1)2+R2 − z− z2√ (z− z2)2+R2 ≈ µ0nI 2 [( 1− 1 2 R2 (z− z1)2 + ... ) − ( −1+ 1 2 R2 (z2− z)2 + ... )] (2.29) ≈ µ0nI (2.30) • Para calcular o campo na extremidade direita do soleno´ide usamos z = z2. Isto resulta em Bz (z2) = µ0nI 2 z2− z1√ (z2− z1)2+R2 = µ0nI2 L√L2+R2(2.31) em que definimos L = z2− z1. Assim, se L� R, temos que Bz (z2) = µ0nI 2 L√ L2+R2 = µ0nI 2 1√ 1+ R 2 L2 ≈ µ0nI 2 ( 1− 1 2 R2 L2 + ... ) = µ0nI 2 (2.32) • Portanto, o campo Bz nas extremidades de um longo soleno´ide e´ metade do valor de B em pontos no interior do soleno´ide. 37 2.1.3 ~B devido a` corrente em um fio retilı´neo A figura abaixo mostra a geometria para calcular o campo magne´tico ~B em um ponto P devido a` corrente no segmento retilı´neo de fio mostrado. • Escolhemos R perpendicular a` distaˆncia do fio ao ponto P, e escolhemos o eixo x ao longo do fio com x = 0 na extremidade esquerda do fio. • Um elemento tı´pido de corrente Id~` a uma distaˆncia x da origem e´ mostrado. • Observe que em P os campos magne´ticos devidos a todos os elementos de corrente do fio esta˜o na mesma direc¸a˜o e sentido. Assim, precisamos calcular apenas a magnitude do campo. A magnitude do campo devido ao elemento de corrente e´ dB = µ0 4pi I ∣∣∣d~`× rˆ∣∣∣ r2 = µ0 4pi Idxsinθ r2 (2.33) da geometria do problema temos que r2 = x2+R2, e que sinθ = sin(pi−θ) = R√ x2+R2 Dessa forma dB = µ0 4pi RIdx (x2+R2) 3 2 (2.34) Obtemos a magnitude de B ao integrarmos B = ∫ dB = µ0 4pi RI ∫ L 0 dx (x2+R2) 3 2 (2.35) 38 ∫ dx (x2+R2)3/2 = 1 R2 x√ x2+R2 logo B = µ0 4pi RI ( 1 R2 x√ x2+R2 )L 0 = µ0I 4piR L√ L2+R2 (2.36) Em particular, se L� R, temos que B = µ0I 4piR L√ L2+R2 = µ0I 4piR 1√ 1+ R 2 L2 ≈ µ0I 4piR ( 1− 1 2 R2 L2 + ... ) = µ0I 4piR (2.37) E deste resultado podemos calcular o campo magne´tico B devido a um fio retilı´neo infinitamente longo Bin f = 2B = µ0I 2piR • Multiplicamos o resultado acima por 2 pois ele nos da´ somente a contribuic¸a˜o (in- finita) a` direita do ponto P; • Mas como a distribuic¸a˜o e´ sime´trica, multiplicamos por 2 a fim de levar em conta a contribuic¸a˜o a` esquerda. E esta distribuic¸a˜o de fato consiste no campo magne´tico de um fio infinitamente longo. 2.1.4 ~B devido a um circuito de corrente A figura abaixo mostar um circuito de corrente, queremos determinar o campo magne´tico resultante no ponto P devido a essa distribuic¸a˜o de corrente. • E´ preciso notar que ha´ dois tipos de configurac¸o˜es de corrente contribuindo, basi- camente sendo que somente as distaˆncias em relac¸a˜o ao ponto de interesse que mudam. • Note que a primeira contribuic¸a˜o e´ nula, uma vez que os vetores sa˜o paralelos: d~`× rˆ = d`sinθ = d`sin0 = 0 39 • Por um outro lado, a segunda contribuic¸a˜o e´ diferente de zero, e em particular, podemos fazer uso do resultado calculado no exemplo anterior. • Dessa forma, tomando a notac¸a˜o de que o campo entrando esta´ no sentido positivo e o campo saindo no sentido negativo, temos B = µ0I 4pia a√ a2+a2︸ ︷︷ ︸ campo entrando + µ0I 4pia a√ a2+a2︸ ︷︷ ︸ campo entrando − µ0I 4pi (2a) (2a)√ (2a)2+(2a)2︸ ︷︷ ︸ campo saindo − µ0I 4pi (2a) (2a)√ (2a)2+(2a)2︸ ︷︷ ︸ campo saindo = 2 ( µ0I 4pi 1√ 2a2 ) −2 ( µ0I 4pi 1√ 8a2 ) = µ0I 2pi 1√ 2a − µ0I 4pi 1√ 2a = √ 2µ0I 8pia 40 2.1.5 ~B no centro de um anel quadrado de corrente Podemos calcular o campo magne´tico no cnentro de um anel quadrado de corrente que tem lados de comprimento L = 50cm e que conduz uma corrente de 1,5A. Podemos considerar sec¸o˜es de comprimento L/2 tal que o resultado acima para o campo magne´tico B = µ0I 4piR L√ L2+R2 (2.38) possa ser utilizado. Vemos assim que Bres = 8B = 8 ( µ0I 4piR L′√ L′2+R2 ) (2.39) em particular, vemos que L′ = R = L/2. Assim Bres = 2 µ0I pi 1√ L2 4 + L2 4 = 2 √ 2µ0I piL (2.40) = 2 √ 2 ( 4pi×10−7T ·m/A)(1,5A) pi (0,5m) (2.41) = 3,4×10−6T (2.42) 41 2.1.6 ~B devido a dois fios paralelos Um fio retilı´neo e longo conduz uma corrente de IE = 1,7A na direc¸a˜o +z e esta´ ao longo da linha x = −3cm, y = 0. Um segundo fio como este conduz uma corrente de ID = 1,7A na direc¸a˜o +z e esta´ ao longo da linha x = 3cm, y = 0. Determine o campo magne´tico no ponto P no eixo y em y = 6cm. • O campo magne´tico no ponto P e´ a soma vetorial do campo ~BE devido ao fio a` esquerda, e do campo ~BD devido ao fio a` direita. • Como os fios conduzem a mesma corrente e esta˜o a` mesma distaˆncia do ponto P, temos que as magnitudes dos campos sa˜o iguais BE = BD = B. • ~BE e´ perpendicular a` distaˆncia do fio da esquerda ate´ o ponto P, e ~BD e´ perpendicular a` distaˆncia do fio da direita ate´ o ponto P. Os campos sa˜o ~BE =−Bcosθ iˆ+Bsinθ jˆ~BD =−Bcosθ iˆ−Bsinθ jˆ (2.43) logo o campo resultante e´ ~Bres = ~BE +~BD =−2Bcosθ iˆ (2.44) 42 A magnitude do campo magne´tico de um fio infinitamente longo e´ B = µ0I 2piR (2.45) Podemos calcular a distaˆncia R atrave´s da relac¸a˜o R2 = (3cm)2+(6cm)2→ R = 6,7cm; ademais, calculamos cosθ = 6,7cm 6cm = 0,894 (2.46) Assim, temos que ~Bres =−2Bcosθ iˆ =−µ0IpiR cosθ iˆ =− ( 4pi×10−7T ·m/A)(1,7A) pi (0,067m) (0,894) iˆ (2.47) =− ( 9,1×10−6T ) iˆ (2.48) 1. Qual e´ o campo resultante na origem?~BE = B jˆ~BD =−B jˆ (2.49) logo o campo resultante e´ nulo ~Bres = ~BE +~BD = B jˆ−B jˆ = 0 (2.50) 2. Agora, se invertemos o sentido da corrente a` direita, i.e. ao inve´s de sair da pa´gina ela entra −z. Assim, os campos sa˜o~BE = B jˆ~BD = B jˆ (2.51) logo o campo resultante e´ nulo ~Bres = ~BE +~BD = 2B jˆ = µ0I piR jˆ = ( 4pi×10−7T ·m/A)(1,7A) pi (0,067m) jˆ = ( 2,3×10−5T ) jˆ (2.52) 43 2.1.7 Forc¸a magne´tica entre fios paralelos • Consideremos dois fios longos e paralelos conduzindo corrente no mesmo sentido; • Podemos usar B = µ0I2piR para o campo magne´tico devido a cada fio longo; • d~F = Id~`× ~B para a forc¸a exercida por um campo magne´tico em um segmento de fio conduzindo corrente para determinar a forc¸a magne´tica exercida por um fio condutor, longo e retilı´neo, sobre outro fio. • Consideremos a forc¸a em um segmento d~`2 conduzindo corrente I2. O campo mag- netico ~B1 neste segmento devido a` corrente I1 e´ perpendicular ao segmento d~`2. • Isto e´ verdadeir para todos os elementos de corrente ao longo do fio 2. • A forc¸a dada por d~F21 = I2d~`2×~B1 no elemento de corrente I2d~`2 aponta para o fio 1, como pode ser visto pela aplicac¸a˜o da regra da ma˜o direita. • De forma ana´loga, um segmento de corrente I1d~`1 estara´ sujeito a uma forc¸a magne´tica dirigida para a corrente I2 devida ao campo magne´tico ~B2, dada por d~F12 = I1d~`1× ~B2; • Assim, duas correntes paralelas se atraem; enquanto se o sentido de uma das cor- rentes for invertido, as forc¸as tambe´m sera˜o invertadas, e portanto, duas correntes antiparalela se repelem. 44 • A magnitude da forc¸a magne´tica no elemento de corrente I2d~`2 e´ dF21 = ∣∣∣I2d~`2×~B1∣∣∣→ dF21 = I2d`2B1 Agora, se a distaˆncia entre os fios e´ muito menor que seus comprimentos, o campo e´ devido a um fio condutor infinitamente longo; portanto, dF21 = I2d`2 µ0I1 2piR → dF21 d`2 = µ0 2pi I1I2 R Definic¸a˜o da unidade ampe`re 1. A unidade de carga ele´trica no SI e´ o coulomb, o que e´ definido em termos da unidade de corrente ele´trica, o ampe`re. 2. O coulomb e´ a quantidade de carga que flui atrave´s da sec¸a˜o transversal de um fio em um segundo quando a corrente no fio e´ um ampe`re (I = ∆Q/∆t). 3. O ampe`re e´ a corrente constante que, se mantida em dois condutores retilı´neos paralelos de comprimento infinito e sec¸a˜o transversal circular desprezı´vel (i.e. L� R), separados por uma distaˆncia de um metro e em va´cuo, produzira´ uma forc¸a entre os condutores igual a 2×10−7 newton por metrode comprimento. 45 Exemplo: Considere um fio 1 orientado ao longo do eixo y que carrega uma corrente I1. Uma espira retangular localizada a` direita do fio e no plano xy carrega uma corrente I2. Determine a forc¸a magne´tica exercida pelo fio 1 no segmento superior de comprimento b da espira. • Note que o resultado discutido anteriormente e´ va´lido somente para fios paralelos e na˜o podem ser usado aqui. • Mas o caminho e´ semelhante, primeiramente temos que a forc¸a e´ d~F21 = I2d~`2×~B1 (2.53) enquanto o deslocamento infinitesimal e´ d~`2 = dxiˆ e o campo magne´tico ~B1 = µ0I1 2pix (−kˆ) (2.54) sendo que a direc¸a˜o +z aponta para fora da pa´gina. Encontramos enta˜o d~F21 = I2 ( dxiˆ )×(µ0I1 2pix (−kˆ))= µ0I1I2 2pix dx (−iˆ× kˆ)= µ0I1I2 2pi dx x jˆ (2.55) 46 determinamos a forc¸a ao integrar essa u´ltima expressa˜o ~F21 = ∫ d~F21 = µ0I1I2 2pi (∫ a+b a dx x ) jˆ = µ0I1I2 2pi ln ( 1+ b a ) jˆ (2.56) 2.2 A lei de Gauss para o magnetismo • As linhas de campo magne´tico diferem das linhas de campo ele´trico por que as linhas de ~B formam curvas fechadas, enquanto as linhas ~E comec¸am e terminam em cargas ele´tricas; • O equivalente magne´tico de uma carga ele´trica e´ um po´lo magne´tico, tal como mparecem ser as extremidades de um ı´ma˜ em barra. • Linhas de campo magne´tico parecem sair da extremidade do po´lo norte de um ı´ma˜ em barra e parecem convergir para a extremidade do po´lo sul. • No interior do ı´ma˜, entretanto, as linhas de campo magne´tico nem saem de um ponto pro´ximo ao po´lo norte, nem convergem para um ponto pro´ximo ao po´lo sul. • Em vez disso, as linhas de campo magne´tico passam atrave´s do ı´ma˜ do po´lo sul ate´ o po´lo norte. • Se uma superfı´cie gaussiana circunda a extremidade de um ı´ma˜ em barra, o nu´mero de linhas de campo magne´tico que penetram na superfı´cie pelo lado de dentro e´ exa- tamento igual ao nu´mero de linhas de campo magne´tico que penetram a superfı´cie pelo lado de fora. • Isto e´, o fluxo resultante Φm do campo magne´tico ~B atrave´s de qualquer superfı´cie fechada S e´ sempre zero Φm = ∮ ~B.nˆdA = ∮ BndA = 0 (2.57) e este resultado e´ conhecido como a lei de Gauss para o magnetismo. • Este resultado e´ uma afirmativa matema´tica que na˜o existe ponto no espac¸o a partir do qual saem linhas de campo magne´tico ou para o qual conversem linhas de campo magne´tico. 47 • isto e´, na˜o existem po´los magne´ticos isolados. A unidade fundamental do magne- tismo e´ o dipolo magne´tico. 48 2.3 A lei de Ampe`re • Vimos anteriormente que, para distribuic¸o˜es de carga altamente sime´trica, podemos calcular o campo ele´trico devido a uma distribuic¸a˜o de cargas de maneira mais simples usando a lei de Gauss ao inve´s da lei de Coulomb. • Uma situac¸a˜o similar existe no magnetismo. Em que podemos usar a lei de Ampe`re ao inve´s da lei de Biot-Savart a fim de determinar o campo magne´tico gerado por distribuic¸o˜es de corrente. • A lei de Ampe`re relaciona a componente tangencial Bt do campo magne´tico inte- grada ao longo de uma curva fechada C a` corrente IC que passa atrave´s de quaquer superfı´cie limitada por C. • Esta lei pode ser usada para obter uma expressa˜o para o campo magne´tico em situac¸o˜es com alto grau de simetria. • Na forma matema´tica, a lei de Ampe`re e´ ∮ C ~B ·d~`= µ0IC (2.58) sendo IC e´ a corrente resultante que penetra em qualquer superfı´cie S limitada pela curva C. • O sentido tangencial positivo para a integral de caminho ao longo de C esta´ relaci- onado a` escolha para o sentido positivo da corrente IC. 49 • E´ importante enfatizar que a lei de Ampe`re e´ va´lida apenas enquanto as correntes forem constantes e contı´nuas, i.e. a corrente na˜o varia not empo e que na˜o ha´ acu´mulo de carga em nenhum lugar. (e.g. ela na˜o pode ser aplicada no ca´lculo do campo magne´tico de um anel, pois o campo na˜o e´ uniforme.) • A lei de Ampe`re e a lei de Gauss sa˜o ambas de considera´vel importaˆncia teo´rica, e ambas valem se houver ou na˜o simetria. Todavia, essas leis mostram maior utilidade em problemas com simetria. A aplicac¸a˜o mais simples da lei de Ampe`re e´ a determinac¸a˜o do campo magne´tico devido a` corrente I em um fio retilı´neo infinitamente longo. • Consideremos uma curva circular C em torno de um longo fio, com centro no fio. Ademais, consideramos que o campo ~B e´ tangente a este cı´rculo, na mesma direc¸a˜o e sentido que d~`, e tem magnitude constante B em qualquer ponto no cı´rculo, logo∮ C ~B ·d~`= µ0IC→ B ∮ C d`= µ0I ou ainda B (2pir)︸ ︷︷ ︸ circunfereˆncia do cı´rculo = µ0I→ B = µ0I2pir (2.59) 2.3.1 ~B no interior e exterior de um fio Um fio retilı´neo e longo tem raio R e conduz uma corrente I que esta´ uniformemente distribuı´da na sec¸a˜o transversal circular do fio. Determine o campo magne´tico em pontos no interior e exterior do fio. Do lado externo do fio, r > R, a corrente total passa atrave´s da superfı´cie limitada pela curva C, logo IC = I ∮ C ~B ·d~`= µ0IC→ Be = µ0I2pir (2.60) Todavia, no lado interno do fio, r < R temos que IC = I′, logo∮ C ~B ·d~`= µ0IC→ Bi = µ0I ′ 2pir (2.61) Ademais, podemos relacionar a frac¸a˜o de corrente I′ com a corrente total I ao notar que 50 uma vez que a corrente e´ distribuı´da uniformemente na sec¸a˜o transversal do fio (densidade de corrente J = I/A) I′ pir2 = I piR2 → I′ = r 2 R2 I (2.62) portanto, o campo magne´tico em pontos no interior do fio pode ser escrito como Bi = µ0I′ 2pir = µ0I 2piR2 r (2.63) Vemos assim que B = µ0I 2piR2 r, r ≤ R µ0I 2pir , r ≥ R (2.64) 2.3.2 ~B de um soleno´ide segundo a lei de Ampe`re • A primeira figura abaixo mostra uma sec¸a˜o transversal atrave´s de um trecho de um soleno´ide “esticado”. O campo magne´tico do soleno´ide e´ a soma vetorial dos campos criados por cada uma de suas espiras. • A segunda figura mostra o caso limite de um soleno´ide ideal, infinitamente longo e que consiste em espiras estreitamente espac¸adas. • O que mostra que o campo interno num soleno´ide ideal e´ razoavelmente forte, en- quanto o campo externo e´ relativamente fraco. 51 • A terceira figura mostra um soleno´ide ideal, em que o campo no interior do so- leno´ide e´ uniforme e paralelo ao eixo do soleno´ide. Aplicando a lei de Ampe`re a` curva retangular 1234,∮ C ~B ·d~`= µ0IC→ ∫ 1 ~B ·d~`+ ∫ 2 ~B ·d~`+ ∫ 3 ~B ·d~`+ ∫ 4 ~B ·d~`= µ0IC (2.65) A segunda e quarta integrais sa˜o nulas porque para cada elementos desses caminhos ~B e´ perpendicular a` trajeto´ria d~`, ∫ 2 ~B ·d~`= ∫ 4 ~B ·d~`= 0 (2.66) A terceira integral e´ zero porque B= 0 para todos os pontos externos. E por fim, a primeira integral nos da´ ∫ 1 ~B ·d~`= B` (2.67) A corrente IC englobada pela curva amperiana pode ser escrita em termos da corrente I que passa atrave´s de cada espira. Seja N o nu´mero de espiras, e n = N/` o nu´mero de espiras por unidade de comprimento, temos que B`= µ0IC = µ0NI = µ0In`→ B = µ0nI 52 que e´ o campo magne´tido de um soleno´ide ideal (infinitamente longo). 2.3.3 ~B de um toro´ide segundo a lei de Ampe`re Consideremos agora um toro´ide, que podemos descrever como um soleno´ide (ane´is de fio enrolado) encurvado na forma de um pneu. • Pela simetria do problema, as linhas de ~B formam cı´rculos conceˆntricos no interior do toro´ide. Dessa forma, escolhemos como curva amperiana um cı´rculo conceˆntrico de raio r para a < r < b. • Ha´ N voltas do fio, cada uma conduzindo uma corrente I. • Como ~B e´ tangente a este cı´rculo, temos que∮ C ~B ·d~`= µ0IC→ B ∮ C d`= µ0IC→ B(2pir) = µ0IC (2.68) e a corrente total atrave´s da superfı´cie S limitada pela curva amperiana e´ IC = NI, logo B(2pir) = µ0NI→B = µ0NI2pir , a < r < b (2.69) • Se r < a na˜o ha´ corrente na superfı´cie S. Agora, se r > b, a corrente lı´quida atrave´s de S e´ zero, pois para cada volta de fio a corrente penetra a superfı´cie duas vezes, uma entrando e outra saindo. 53 • Assim, o campo magne´tico e´ zero nessas duas regio˜es. 2.4 Magnetismo em materiais • A´tomos teˆm momentos de dipolo magne´tico devido ao movimento de seus ele´trons e devido ao momento de dipolo magne´tico intrı´nseco associado ao spin dos ele´trons. • Diferentemente do que acontece com dipolos ele´tricos, o alinhamento dos dipolos magne´ticos paralelamente a um campo magne´tico tende a aumentar o campo. • A grandes distaˆncias dos dipolos, as linhas de campo sa˜o ideˆnticas. • Entretanto, entre as cargas do dipolo ele´trico, as linhas de campo ele´trico teˆm sen- tidos opostos ao momento de dipolo. • Enquanto no interior do anel de correntes as linhas de campo magne´tico sa˜o para- lelas ao momento de dipolo. • Portanto, no interior de um material magneticamente polarizado, os dipolos magne´ticos criam um campo magne´tico paralelo aos vetores momentos de dipolo magne´tico. De acordo com o comportamento de seus momentos magne´ticos em um campo magne´tico externo, materiais podem ser classificados em treˆs categorias. 54 1. Paramagne´ticos: surge de um alinhamento parcial na direc¸a˜o do campo, dos spins dos ele´trons ou dos momentos magne´ticos atoˆmicos/moleculares pela ac¸a˜o de um campo magne´tico aplicado. Sem a presenc¸a de um campo externo, os dipolos na˜o interagem fortemente uns com os outros e esta˜o orientados aleatoriamente num material paramagne´tico. Ja´ na presenc¸a de um campo magne´tico apli- cado, os dipolos sa˜o parcialmente alinhados na direc¸a˜o do campo, aumentando a intensidade do campo (e.g. alumı´nio, magne´sio, sulfato de cobre). 2. Ferromagne´ticos: Em materiais ferromagne´ticos ha´ uma forte interac¸a˜o entre dipolos magne´ticos vizinhos o que implica um alto grau de alinhamento, mesmo em campos magne´ticos externos fracos, o que provoca um grande aumento no campo total. Mesmo na auseˆncia de campo externo, um material ferromagne´tico pode ter seus dipolos magne´ticos alinhados, como em ı´ma˜s permanentes (e.g. ferro, cobalto, nı´quel). 3. Diamagne´ticos: O diamagnetismo surge dos momentos de dipolo magne´tico or- bitais induzidos por um campo magne´tico aplicado. Estes momentos magne´ticos teˆm sentido oposto ao campo magne´tico aplicado, diminuindo o campo. Este efeito ocorre naturalmente em todos os materiais; todavia como os momentos magne´ticos induzidos sa˜o muito pequenos comparados com os momentos magne´ticos perma- nentes, o diamagnetismo e´ por muitas vezes mascarados pelos efeitos paramagne´ticos ou ferromagne´ticos. O diamagnetismo e´ portanto observado apenas em materiais cujos a´tomos na˜o teˆm momentos magne´ticos permanentes (e.g. bismuto, cobre, prata, chumbo). 2.4.1 Magnetizac¸a˜o e suscetibilidade magne´tica • Quando um material e´ colocado em um campo magne´tico intenso, tal como o de um soleno´ide, o campo magne´tico do soleno´ide tende a alinhar os momentos de dipolo magne´tico (sejam eles permanentes ou induzidos) no interior do material e o material estara´ magnetizado. • Descrevemos um material magnetizado atrave´s de sua magnetizac¸a˜o, que e´ defi- nida como o momento de dipolo magne´tico resultante por unidade de volume do 55 material ~M = d~µ dV (2.70) • Muito antes de compreendermos minimamente a estrutura atoˆmica ou molecular, Ampe`re propoˆs um modelo de magnetismo no qual a magnetizac¸a˜o de materiais e´ devida a ane´is microsco´picos de corrente no interior do material magnetizado. • Sabemos que estes ane´is de corrente sa˜o o modelo cla´ssico para o movimento orbital e spin dos ele´trons em a´tomos. • Consideremos um cilindro de material magnetizado; o qual podemos pensar que seus ane´is de corrente atoˆmicos no cilindro, esta˜o alinhados com seus momentos magne´ticos ao longo do eixo do cilindro. • Devido ao cancelamento das correntes nos ane´is vizinhos, a corrente resultante em qualquer ponto no interior do material e´ zero, sobrando uma corrente resultante na superfı´cie do material. • Esta corrente na superfı´cie, chamada de corrente amperiana, e´ semelhante a` cor- rente real nos enrolamentos do soleno´ı´de. • Consideremos um pequeno cilindro com sec¸a˜o transversal de a´rea A, comprimento d` e volume dV = Ad`. Seja di a corrente amperiana na superfı´cie curva do disco. 56 • A magnitude do momento de dipolo magne´tico do disco e´ a mesma que a de um anel de corrente que tem a´rea A e conduz corrente di dµ = Adi (2.71) enquanto podemos escrever a magnetizac¸a˜o do disco como M = dµ dV = Adi Ad` = di d` (2.72) Mostrando portanto que a magnitude do vetor magnetizac¸a˜o e´ a corrente amperiana por unidade de comprimento ao longo da superfı´cie do material magnetizado. • Considere agora um cilindro com magnetizac¸a˜o uniforme ~M paralela a seu eixo. • O efeito da magnetizac¸a˜o e´ o mesmo que se o cilindro conduzisse uma corrente de superfı´cie por unidade de comprimento de magnitude M. • Esta corrente e´ semelhante a` corrente conduzida por um soleno´ide firmemente en- rolado – em que a corrente por unidade de comprimento e´ nI. • Podemos usar essa identificac¸a˜o de forma determinar a magnitude do campo magne´tico no interior do cilindro (a partir da expressa˜o para um soleno´ide B = µ0nI, com a substituic¸a˜o nI→M), obtendo enta˜o Bm = µ0M (2.73) • Em seguida, consideremos a situac¸a˜o em que o cilindro de material magne´tico seja colocado no interior de um longo soleno´ide que tem n voltas por unidade de com- primento e conduz uma corrente I. • O campo aplicado do soleno´ide ~Bapl (Bapl = µ0nI) magnetiza o material e ele ad- quire uma magnetizac¸a˜o ~M. O campo magne´tico resultante em um ponto do interior do soleno´ide e distante de suas extremidades e´ ~B = ~Bapl +µ0~M (2.74) 57 • Para materiais paramagne´ticos e ferromagne´ticos, ~M esta´ no mesmo sentido de ~Bapl, enquanto que esta´ no sentido oposto no caso de materiais diamagne´ticos. • Para materiais paramagne´ticos e diamagne´ticos, observa-se que a magnetizac¸a˜o e´ proporcional ao campo magne´tico aplicado que produz o alinhamento dos dipolos magne´ticos no material. • Podemos escrever enta˜o ~M = χm~Bapl µ0 (2.75) sendo a constante de proporcionalidade χm e´ um nu´mero adimensional chmada de suscetibilidade magne´tica. • Desta definic¸a˜o, podemos reescrever ~B = ~Bapl +µ0~M = ~Bapl +χm~Bapl = (1+χm)~Bapl = Km~Bapl (2.76) sendo Km = 1+χm a chamada permeabilidade relativa do material. 1. Para materiais paramagne´ticos, χm e´ um nu´mero positivo e pequeno que depende da temperatura. 2. Para materiais diamagne´ticos, χm e´ uma constante pequena e negativa, independente da temperatura. 3. Para materiais ferromagne´ticos, a definic¸a˜o da magnetizac¸a˜o e´ muito mais complicada. A permeabilidade relativa Km definida como a raza˜o B/Bapl, na˜o e´ constante e tem valores ma´ximos no interno entre 5000−−100.000. No caso de ı´ma˜s permanentes, Km na˜o esta´ definida, pois tais materiais exibem magnetizac¸a˜o mesmo na auseˆncia de um campo aplicado. 58 3 Induc¸a˜o Magne´tica • Se colocarmos uma bobina condutora fechada num campo magne´tico externo e enviarmos uma corrente atrave´s dela, um torque atuara´ sobre a bobina, fazendo-a girar. Este resutlado pode ser resumido corrente⇒ torque (3.1) que consiste no princı´pio do motor ele´trico. • E a situac¸a˜o inversa acontece? i.e. se por meio de alguma forc¸a externa pudermos exercer torque sobre a bobina sera´ que uma corrente ele´trica aparecera´ na bobina? torque⇒ corrente (3.2) Isto de fato acontece, e constitui o princı´o do gerador ele´trico. E a lei que governa tal fenoˆmeno e´ conhecida porlei da induc¸a˜o de Faraday. Podemos ilustrar esses conceitos na forma de duas experieˆncias: 1. Considere uma bobina cuja terminais esta˜o ligados num galvanoˆmetro sensı´vel (que pode detetar uma corrente na bobina). (a) Normalmente, na˜o deverı´amos esperar nenhum desvio do ponteiro do instru- mento, pois na˜o ha´ bateria no circuito. (b) Todavia, se aproximarmos um ı´ma˜ da bobina, um fato curioso acontecera´. (c) Enquanto o ı´ma˜ estiver em movimento (e somente enquanto ele estiver de fato em movimento), o ponteiro do galvanoˆmetro sofrera´ uma deflexa˜o, indicando que ha´ uma corrente na bobina. (d) Quando pararmos o deslocamento do ı´ma˜, a deflexa˜o cessara´ e o ponteiro voltara´ ao zero. (e) Se afastarmos o ı´ma˜ da bobina, o ponteiro ira´ defletir mas em sentido contra´rio, o que indica que a corrente na bobina teve seu sentido trocado. (f) Experieˆncias posteriores mostraram que o importante e´ o movimento relativo entre o ı´ma˜ e a bobina. Na˜o faz nenhuma diferenc¸a se movermos a bobina na direc¸a˜o do ı´ma˜, ou o ı´ma˜ na direc¸a˜o da bobina. 59 (g) A corrente que aparece na bobina e´ chamada de corrente induzida, e o tra- balho realizado por unidade de carga durante o movimento dos portadores de carga e´ denominado de fem induzida. 2. Consideremos o dispositivo como mostrado na figura abaixo. (a) As bobinas sa˜o colocadas pro´ximas uma da outra, mantidas em repouso e sem nenhum contato ele´trico direto. (b) Quando fechamos a chave S, permitindo que a bateria produza uma corrente na bobina da direita, o ponteiro do galvanoˆmetro na bobina da esquerda sobre uma deflexa˜o momentaˆnea. (c) Quando se abre a chave, interrompendo a corrente, o ponteiro sofre novamente uma deflexa˜o momentaneˆa, pore´m em sentido oposto. (d) Somente quando a corrente na bobina da direita esta´ aumentando ou di- minuindo (variando) e´ que uma fem induzida aparecera na bobina da esquerda. (e) Enquanto, pore´m, a bobina da direita e´ percorrida por uma corrente constante, na˜o ha´ fem induzida, e na˜o importa qua˜o grande essa corrente seja. Podemos resumir os resultados desses dois experimentos como: • Uma fem e´ induzida somente e somente se quando ALGO esta´ variando. Numa situac¸a˜o esta´tica, onde nenhum objeto fı´sico esta´ em movimento e a corrente e´ constante, na˜o ha´ fem induzida. • A PALAVRA CHAVE E´ VARIAC¸A˜O. 60 Devemos notar todavia que quanto maior for o nu´mero de espiras de fio que se movem no campo magne´tico, maior sera´ a voltagem induzida. • Empurrar o ı´ma˜ para dentro de uma bobina com duas vezes mais espiras conduzira´ uma voltagem duas vezes maior; • Empurra´-lo para dentro de uma bobina com dez vezes mais espiras induzira´ uma voltagem dez vezes maior; e assim por diante. • Mas qual e´ a raza˜o fı´sica por tra´s desse fenoˆmeno? 61 3.1 Fluxo magne´tico • O fluxo de qualquer vetor atrave´s de uma superfı´cie e´ calculado da mesma maneira que o fluxo de um campo ele´trico atrave´s de uma superfı´cie. • Seja dA um elemento de a´rea na superfı´cie S e seja nˆ um vetor unita´rio normal ao elemento de superfı´cie de a´rea dA. • O sinal do fluxo depende da escolha do sentido de nˆ. Podemos definir o fluxo magne´tico atrave´s da superfı´cie S e´ Φm = ∫ S ~B · nˆdA = ∫ S BndA (3.3) A unidade de fluxo magne´tico e´ a de intensidade de campo magne´tico multiplicada pela a´rea, que e´ chamado de weber (Wb) 1Wb = 1T ·m2 • Como B e´ proporcional ao nu´mero de linhas de campo por unidade de a´rea, o fluxo magne´tico e´ proporcional ao nu´mero de linhas de campo atrave´s de um elemento de a´rea. • Se a superfı´cie e´ plana e tem uma a´rea A, e consiste de uma bobina com N voltas, e se ~B e´ uniforme em toda a superfı´cie, o fluxo atrave´s da superfı´cie e´ N multiplicado pelo fluxo atrave´s de cada volta Φm = NBAcosθ (3.4) 3.1.1 Fluxo atrave´s de um soleno´ide Determine o fluxo magne´tico atrave´s de um soleno´ide que tem 40cm de comprimento, 2,5cm de raio, 600 voltas e conduz uma corrente de 7,5A. O campo magne´tico no interior deste longo soleno´ide e´ uniforme e paralelo ao eixo 62 do soleno´ide, logo o fluxo magne´tico e´ dado por Φm = NBAcos0◦ = NBA o campo magne´tico dentro de um soleno´ide e´ dado por B= µ0nI, sendo n=N/` o nu´mero de voltas por unidade de comprimento, e A= pir2 e´ a a´rea de cada espira, logo escrevemos o fluxo como Φm = NBA = N (µ0nI) ( pir2 ) = µ0N2Ipir2 ` = ( 4pi×10−7T ·m/A)(600)2 (7,5A)pi (0,025m)2 0,40m = 1,66×10−2Wb (3.5) 3.2 FEM induzida e a lei de Faraday A partir de uma ana´lise cuidadosa dos experimientos acima, Faraday concluiu que • Uma fem e´ induzida na bobina da esquerda, se e somente se quando o nu´mero de linhas de campo magne´tico que a atravessam estiver variando. • Assim, o “algo” que deve variar para induzir fem numa bobina e´ o nu´mero de linhas de campo magne´tico que atravessam a bobina. • Ou seja, uma fem e´ igual em magnitude a` taxa de variac¸a˜o do fluxo magne´tico atrave´s da superfı´cie limitada pelo fio. 1. A fem induzida numa espira condutora e´ igual ao negativo da taxa em que o fluxo 63 magne´tico atrave´s da espira esta´ variando com o tempo. E =−dΦm dt → E =−N dΦm dt (3.6) Este resultado e´ conhecido como a lei de Faraday. O sinal de menos da lei de Faraday esta´ relacionado com o sentido da fem induzida (hora´rio ou anti-hora´rio), discutiremos este ponto mais tarde quando falarmos sobre a lei de Lenz. • A figura abaixo mostra um u´nico anel de fio em repouso em um campo magne´tico. • O fluxo atrave´s do anel esta´ varindo porque a intensidade do campo magne´tico na superfı´cie S esta´ aumentando e portanto uma fem e´ induzida no anel. • Como a fem e´ o trabalho realizado por unidade de carga, sabemos que deve haver forc¸as exercidas nas cargas em movimento que esta˜o realizadno trabalho nestas cargas. • Forc¸as magne´ticas na˜o podem realizar trabalho (dW = ~F ·d~`= ( Id~`×~B ) ·d~`); portanto, na˜o podemos atribuir a fem ao trabalho realizado por forc¸as magne´ticas. • Sa˜o as forc¸as ele´tricas associadas ao campo ele´trico na˜o-conservativo ~Enc que rea- lizam trabalho nas cargas em movimento. 64 • A integral de linha do campo ele´trico ao longo de um circuito completo/fechado e´ igual ao trabalho realizado por unidade de carga, o qual e´ igual a` fem induzida no circuito. • Os campos ele´tricos de cargas esta´ticas sa˜o conservativos, i.e. ∮C ~E ·d~` = 0. Entre- tanto, o campo ele´trico associado ao campo magne´tico varia´vel e´ na˜o-conservativo. • A integral de linha do campo ele´trico na˜o-conservativo correspondente ao longo da curva C e´ igual a` fem induzida no anel de fio E = ∮ C ~Enc ·d~`=−dΦmdt =− d dt ∫ S ~B · nˆdA (3.7) esta´ e´ a expressa˜o para uma fem induzida para um circuito em repouso em um campo magne´tico varia´vel. 1. Uma convenc¸a˜o de sinais nos permite usar o sinal de menos na lei de Faraday para determinar o sentido da fem induzida. 2. De acordo com esta convenc¸a˜o, a direc¸a˜o tangencial positiva ao longo do caminho de integrac¸a˜o C esta´ relacionada a` direc¸a˜o e ao sentido da normal unita´ria nˆ na superfı´cie S limitada por C pela regra da ma˜o direita. 3. Se dΦm/dt e´ positivo, enta˜o de cardo com a lei de Faraday, E esta´ no sentido tangencial negativo. 65 3.2.1 fem induzida numa bobina circular Uma bobina com 80espiras, raio igual a 5cm e uma resistaˆncia igual a 30Ω esta´ em uma regia˜o com um campo magne´tico uniforme normal ao plano da bobina. A que taxa deve variar a intensidade do campo magne´tico para produzir uma corrente de 4A na bo- bina? Primeiramente, escrevemos o fluxo em termos do campo Φm = NBA = NBpir2→ B = 1Npir2Φm (3.8) como queremos calcular a variac¸a˜o temporal do campo, tomamos a derivada de∣∣∣∣dBdt ∣∣∣∣= 1Npir2 ∣∣∣∣dΦmdt∣∣∣∣ (3.9) Todavia, podemos usar a lei de Faraday para relacionar a taxa de variac¸a˜o do fluxo a` fem E =−dΦm dt → |E|= ∣∣∣∣dΦmdt ∣∣∣∣= IR = (4A)(30Ω) = 120V (3.10) Por fim, temos que∣∣∣∣dBdt ∣∣∣∣= 1Npir2 ∣∣∣∣dΦmdt ∣∣∣∣= 1 (80espiras)pi (0,05m)2 (120V ) = 191T/s (3.11) 66 3.2.2 fem induzida numa bobina no interior de um soleno´ide Considere um soleno´ide longo com 220 espiras/cm e transporta uma corrente I=1,5A; seu diaˆmetro e´ 3,2cm. Em seu centro colocamos uma bobina compacta de 130espiras, com diaˆmetro de 2,1cm. A corrente no soleno´ide e´ reduzida a zero e em seguida au- mentada ate´ 1,5A no sentido oposto numa taxa constante, durante um perı´odo de 50ms. Qual e´ o mo´dulo da fem induzida que aparece na bobina central enquanto a corrente no soleno´ide esta´ sendo variada? A intensidade da fem induzida e´ |E|= Nb∆Φm∆t sendo Nb o nu´mero de espiras na bobina interna. O fluxo magne´tico atrave´s de cada espira dessa bobina e´ dado por Φm = BsA em que o campo magne´tico no centro do soleno´ı´de e´ consequeˆncia da corrente I no so- leno´ide Bs = µ0nsI = ( 4pi×10−7T ·m/A )( 220espiras/10−2m ) (1,5A) = 4,15×10−2T (3.12) Ademais, podemos calcular a a´rea de cada bobina como A = pir2 = pid2 4 = pi (0,021m)2 4 = 3,46×10−4m2 (3.13) Logo, o fluxo atrave´s de cada espira da bobina e´ Φm = BsA = ( 4,15×10−2T )( 3,46×10−4m2 ) = 14,4µWb (3.14) 67 O fluxo varia em sinal, mas na˜o em mo´dulo quando a corrente e´ invertida, de modo que o mo´dulo da variac¸a˜o no fluxo ∆Φm para cada espira da bobina e´ 2∗14,4µWb= 28,8µWb. Esta variac¸a˜o ocorre em 50ms, resultando numa fem induzida |E|= Nb∆Φm∆t = (130espiras) 28,8µWb 50ms = 75mV (3.15) 3.2.3 Campo ele´trico na˜o-conservativo induzido Um campo magne´tico ~B e´ perpendicular ao plano da pa´gina. ~B e´ uniforme atrave´s de uma regia˜o circular que tem raio R. Fora desta regia˜o, B = 0. A direc¸a˜o de ~B permanece fixa e a taxa de variac¸a˜o de B e´ dB/dt. Quais sa˜o a magnitude, a direc¸a˜o e o sentido do campo ele´trico induzido no plano da pa´gina, a) a uma distaˆncia r < R do centro da regia˜o circular e b) a uma distaˆncia r > R do centro, onde B = 0? a) Temos que a partir da lei de Faraday∮ C ~Enc ·d~`=−dΦmdt =− d dt ∫ S ~B · nˆdA (3.16) podemos calcular separadamente∮ C ~Enc ·d~`= Et ∮ C d`= Et (2pir) (3.17) sendo Et a componente tangencial do campo ao cı´rculo de raio r < R, e e´ uniforme em todos os pontos deste cı´rculo. Para r < R calculamos o fluxo magne´tico, sendo nˆ aponta para dentro da pa´gina, logo∫ S ~B · nˆdA = ∫ S BdA = B ∫ S dA = B ( pir2 ) (3.18) Desta forma, temos∮ C ~Enc ·d~`=−dΦmdt → Et (2pir) =− d dt ( Bpir2 ) → Et =− r2 dB dt (3.19) Ademais, com essa escolha de sentido de nˆ o sentido tangencial positivo e´ hora´rio. Assim, uma vez que Et e´ negativo, o sentido de ~E e´ anti-hora´rio. 68 b) Para um cı´rculo de raio r > R, a integral de linha e´ a mesma∮ C ~Enc ·d~`= Et ∮ C d`= Et (2pir) (3.20) ja´ o fluxo magne´tico e´ ∫ S ~B · nˆdA = ∫ S BdA = B ∫ S dA = B ( piR2 ) (3.21) uma vez que B = 0 para r > R. Obtemos por fim atrave´s da aplicac¸a˜o da lei de Faraday, ∮ C ~Enc ·d~`=−dΦmdt → Et (2pir) =− d dt ( BpiR2 ) → Et =−R 2 2r dB dt (3.22) Novamente, uma vez que Et e´ negativo, o sentido de ~E e´ anti-hora´rio. 3.3 Lei de Lenz • O sinal de menos na lei de Faraday esta´ relacionao ao sentido da fem induzida. • Isto pode ser obtido aplicando a convenc¸a˜o de sinal, ou aplicando um princı´pio geral da fı´sica conhecido como lei de Lenz 1. A fem induzida tem sentido tal que se opo˜e, ou tende a se opor, a` variac¸a˜o que a produz. Observe que a lei de Lenz na˜o especifica apenas que tipo de variac¸a˜o provoca a fem e a corrente induzidas. 69 • Considere a situac¸a˜o em que uma ı´ma˜ em barra se move em direc¸a˜o a um anel condutor. E o movimento do ı´ma˜ induz ma fem e uma corrente no anel. • A lei de Lenz nos diz que esta fem induzida e corrente deve ser no sentido de se opor ao movimento ı´ma˜. • i.e. a corrente induzida no anel produz um campo magne´tico pro´prio e este campo magne´tico deve exercer uma forc¸a para a esquerda sobre o ı´ma˜ que se aproxima. • Ademais, note que esta corrente induzida no anel gera um momento de dipolo magne´tico. O anel e´ como um pequeno ı´ma˜. • Como po´los iguais se repelem, o momento magne´tico induzido no anel repele o ı´ma˜; i.e. ele se opo˜e ao movimento em direc¸a˜o ao anel. • Este resultado significa que o sentido da corrente induzida no anel deve ser o mos- trado na figura. Uma definic¸a˜o alternativa para a lei de Lenz em termos do fluxo magne´tico e´ 1. Quando um fluxo magne´tico atrave´s de uma superfı´cie varia, o campo magne´tico devido a qualquer corrente induzida produz um fluxo pro´prio – atrave´s da mesma superfı´cie e de sinal oposto a` variac¸a˜o inicial do fluxo. Fazer Exemplo 28-5 70 • Consideremos agora a situac¸a˜o oposta, em que o ı´ma˜ esta´ em repouso e o anel se afasta do ı´ma˜. • A corrente induzida e o momento magne´tico sa˜o mostrados na figura. • Neste caso, o ı´ma˜ atrai o anel, opondo-se assim ao movimento do anel, como re- querido pela lei de Lenz. 71 Exemplo: Lei de Lenz e uma bobina em movimento Uma bobina retangular tem N = 80 voltas e cada volta tem largura de a= 20cm e comprimento b= 30cm. Metade da bobina esta´ localizada em uma regia˜o com um campo magne´tico de intentidade B= 0,8T dirigido para dentro da pa´gina. A resisteˆncia da bobina e´ de R = 30Ω. Determine a intensidade e o sentido da corrente induzida se a bobina se move a 2m/s a) para a direita, b) para cima na pa´gina, e c) para baixo na pa´gina. • A corrente induzida e´ igual a` fem induzida dividida pela resisteˆncia. • Podemos calcular a fem induzida no circuito enquanto a bobina se move calculando a taxa de variac¸a˜o do fluxo atrave´s da bobina. • O sentido da corrente induzida e´ determinado pela lei de Lenz. A corrente induzida e´ igual a` fem induzida dividida pela resisteˆncia I = E R A fem induzida e o fluxo magne´tico esta˜o relacionado pela lei de Faraday E =−dΦm dt 72 O fluxo atrave´s da superfı´cie limitada pela bobina e´ N multiplicado pelo fluxo atrave´s de cada volta da bobina. Escolhemos o sentido de nˆ para dentro da pa´gina Φm = N~B · nˆA = NBax (3.23) a) Quando a bobina esta´ se movendo para a direita (ou esquerda), x na˜o varia e o fluxo tambe´m na˜o. Assim, E =−dΦmdt ∼ dxdt = 0, logo I = 0. b) Agora, no caso em que a bobina esta´ subindo na pa´gina. Neste caso, x esta´ aumen- tando e dxdt > 0, logo E =−dΦm dt =−NBadx dt (3.24) Desta forma, o mo´dulo da corrente induzida e´ |I|= |E| R = NBa R ∣∣∣∣dxdt ∣∣∣∣= (80)(0,8T )(0,2m)(2m/s)(30Ω) = 0,853A (3.25) • Enquanto a bobina sobe o fluxo de ~B atrave´s de S aumenta. • A corrente induzida deve produzir um campo magne´tico cujo fluxo atrave´s de S diminui quando x aumenta. • Este seria um campo magne´tico com sentido oposto ao de nˆ. Tal campo esta´ orien- tado para fora da pa´gina. • Logo, para produzir um campo magne´tico nesta direc¸a˜o e sentido, a corrente induzida deve ter sentido anti-hora´rio. (Resultado que esta´ de acordo com a forc¸a (para baixo) que se opo˜e ao movimento ~F = I~L×~B) c) Agora, quando a bobina se move para baixo na pa´gina a situac¸a˜o e´ oposto ao do item b). • Enquanto a bobina desce o fluxo de ~B atrave´s de S diminui. • A corrente induzida deve produzir um campo magne´tico cujo fluxo atrave´s de S aumenta quando x diminui. • Este seria um campo magne´tico com o mesmo sentido ao de nˆ. Tal campo esta´ orientado para dentro da pa´gina. 73 • Logo, para produzir um campo magne´tico nesta direc¸a˜o e sentido, a
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