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Achatina fulica

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Pesquisa sobre molusco gigante africano (Achatina (Lissachatina) fulica Bowdich, 1822).
História 
	O caramujo gigante africano é considerado uma das cem piores espécies invasoras do planeta, visto que foi introduzida em diversos países e se destacou por sua grande capacidade de adaptação e de dispersão. Essas advindas da sua “alta resistência aos rigores ambientais, aliada ao elevado potencial reprodutivo, favoreceram a disseminação da espécie a partir dos locais de introdução.” (Teles et al., 1997; Raut e Barker, 2002). 
	Originário da África, Achatina fulica Bowdich, 1822, foi introduzida clandestinamente no Brasil a partir do ano de 1988 por produtores brasileiros durante uma feira agropecuária em Curitiba, importaram-no para substituir o escargot europeu. Entretanto, seu cultivo foi abandonado e descartado incorretamente e o molusco tornou-se uma espécie invasora, já registrada em 23 estados brasileiros. 
 “Nesta ocasião, os caramujos eram vendidos como matrizes para potenciais criadores com a promessa de retorno financeiro rápido e seguro. Aos interessados era ensinada a forma de manutenção em cativeiro. Posteriormente, a iniciativa se repetiu em diversos municípios brasileiros, nos quais eram vendidos kits contendo matrizes e caixas apropriadas para iniciar a criação. As características de A. fulica, como porte avantajado, plasticidade adaptativa, elevada prolificidade e resistência a variáveis bióticas e abióticas tornaram vantajosa a sua criação comercial em relação aos “escargots verdadeiros”, às espécies do gênero Helix. Entretanto, estes atributos foram os mesmos que potencializaram o seu perfil como uma agressiva espécie invasora.
	A falta de fiscalização e diretrizes legais para as criações informais, aliada à falta de mercado consumidor, contribuiu para que os moluscos escapassem ou fossem abandonados. Em pouco tempo, elevadas populações de A. fulica colonizaram o ambiente antrópico e posteriormente alcançaram áreas de vegetação nativa.” (Fisher ML, Costa LCM. O caramujo gigante africano Achatina fulica no Brasil. Curitiba: Champagnat; 2010.).
Importância
	O A. fulica é tornou-se praga de culturas como a de abóbora, acerola, alface, café, banana, hibiscus e jambu; ou foi constatada se alimentando de folhas, flores, frutos ou casca caulinar de muitas espécies de plantas, promovendo diversos prejuízos tanto aos grandes quanto aos pequenos produtores. Os pequenos agricultores já são geralmente não cooperados, e sistematicamente desprezados pelos governos municipais, estaduais e federais em suas necessidades logísticas, agrícolas, educacionais e sanitárias; agora assistem em várias regiões do país à invasão de suas culturas por mais esta praga, de populações e danos crescentes.
	O encontro de A. fulica em vida livre no Brasil também é importante por se tratar de espécie envolvida na transmissão do verme Angiostrongylus cantonensis (Parastrongylus cantonensis) causador da angiostrongilíase meningoencefálica humana (ou angiostrongilose meningoencefálica ou meningite eosinofílica) (Teles e Fontes, 1998). Achatina fulica pode hospedar ainda o verme Angiostrongylus costaricensis, agente da angiostrongilíase abdominal (ou angiostrongilose abdominal), doença grave com centenas de casos já reportados no Brasil. 
	Esta doença pode resultar em óbito por perfuração intestinal, peritonite e hemorragia abdominal. A infectologista Silvana Carvalho Thiengo (Fundação Oswaldo Cruz) constatou infestação de indivíduos de “escargot” Helix pomatia por Angiostrongylus costaricensis (com. pes., 20 jul. 2001). A identificação do verme em amostras de tecidos (de necropsias ou biópsias) é difícil, ovos do verme não aparecem nas fezes dos pacientes e a própria zoonose é desconhecida da maioria dos médicos sanitaristas e patologistas. Ou seja, não podem ser detectados por exames laboratoriais de rotina. Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças.
Formas de combate 
	Considerando tais fatores, é fácil compreender porque esse caramujo é considerado um problema de saúde pública, sendo muito importante a sua eliminação. Para tal, o método mais eficaz é a catação manual. Com auxílio de luvas, os indivíduos e seus ovos devem ser armazenados em dois sacos de lixo, sendo suas conchas quebradas. Após esse momento, é necessário que sejam enterrados em valas de aproximadamente 80 cm de profundidade, com aplicação de cal virgem sobre eles. Existem outros métodos como: controle biológico, que pode introduzir outra espécie que talvez possa trazer danos futuros e a utilização de sal, que pode levar a salinização e diminuição da produtividade do solo.
	"Embora a maioria dos veículos de comunicação refira-se ao caramujo A. fulica como praga, ele é apenas mais um exemplo do que pode acontecer com a introdução de espécies alienígenas em novos ambientes. É possível que a falta de acesso à informação adequada dificulte a compreensão em relação ao que se deve temer ou não desta espécie, o que faz com que os grupos humanos afetados deem grande ênfase aos aspectos negativos do animal, fazendo com que as pessoas tenham por ele sentimentos que vão do medo a repulsa. O molusco gigante virou uma praga após ter sido introduzido no Brasil com intuito de servir a interesses predominantemente comerciais. Entretanto, ações desse tipo devem ser melhor programadas. Um modelo de desenvolvimento que se baseie em resultados imediatistas e sem levar em consideração as consequências ao ambiente já não serve mais à realidade humana. Estratégias de conservação ambiental, incluindo o manejo de espécies exóticas, não devem prescindir da participação e valorização do conhecimento das populações humanas locais. Estas têm muito a colaborar na busca de soluções culturalmente apropriadas, inclusive através de processos educativos." (Souza RM, Alves AGC, Alves MS. Conhecimento sobre o molusco gigante africano Achatina fulica entre estudantes de uma escola pública na Região Metropolitana do Recife. Pernambuco: 2007.).
REFERÊNCIAS 
Fisher ML, Costa LCM. O caramujo gigante africano Achatina fulica no Brasil. Curitiba: Champagnat; 2010.
Souza RM, Alves AGC, Alves MS. Conhecimento sobre o molusco gigante africano Achatina fulica entre estudantes de uma escola pública na Região Metropolitana do Recife. Pernambuco: 2007. 
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO CARACOL AFRICANO (Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822) E AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO MUCO CUTÂNEO EM ÚLCERAS DE CÓRNEA EM COELHOS (Oryctolagus cuniculus). 
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/caramujo-africano-gigante.htm
http://sitebiologico.blogspot.com/2007/09/achatina-fulica-praga-agrcola-e-ameaa.html

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