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Embargos de Declaração em Recurso Especial

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Superior Tribunal de Justiça
EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.338.942 - SP (2012/0170967-4)
 
RELATOR : MINISTRO OG FERNANDES
EMBARGANTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO 
ESTADO DE SÃO PAULO - CRMV/SP 
ADVOGADO : FAUSTO PAGIOLI FALEIROS E OUTRO(S) - SP233878 
EMBARGADO : AGROPECUÁRIA PEREIRA'S LTDA - MICROEMPRESA E 
OUTROS
ADVOGADO : ANDRÉ GIL GARCIA HIEBRA E OUTRO(S) - SP215702 
EMENTA
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE ANULAÇÃO 
DO ACÓRDÃO RECORRIDO E DE "DESAFETAÇÃO" DA MATÉRIA. 
DESCABIMENTO. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO E OMISSÃO NO 
ARESTO EMBARGADO. PONTOS OBSCUROS. VÍCIOS SANADOS. 
REDAÇÃO ACLARADA DAS TESES FIRMADAS. ACOLHIMENTO 
PARCIAL DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, SEM ATRIBUIÇÃO 
DE EFEITOS INFRINGENTES.
1. O requerimento formulado pelo Ministério Público Federal de 
"anulação" do acórdão e de "desafetação" do recurso da sistemática 
dos repetitivos deve ser indeferido. O feito cumpriu todo o seu trâmite 
legal, tendo sido afetado por decisão assinada em 8/10/2012 e, 
somente depois de proferido o aresto, vem o Órgão Ministerial postular 
a "desafetação" da matéria, em claro confronto com a própria 
manifestação de mérito do Parquet formulada em 18/3/2013.
2. No trâmite deste feito, o dispositivo do art. 979 do CPC/2015 foi 
devidamente cumprido, porque tanto o banco eletrônico de dados 
quanto o registro eletrônico das teses jurídicas firmadas foram 
devidamente efetivados. Os argumentos das partes foram analisados, 
sendo que os demais aspectos - que neste momento pretende o 
embargante sejam examinados - somente agora foram ventilados, 
muito embora tenha tido tempo mais do que suficiente para trazer tais 
pontos aos autos para o debate franco.
3. A contradição alegada, no sentido de que o aresto embargado, 
ainda que tenha reconhecido a dissociação do registro e da anotação 
de responsabilidade técnica mas, ao mesmo tempo, exigiu sua 
vinculação quando desobriga a contratação de médicos veterinários 
como responsáveis técnicos, deve ser analisada como obscuridade 
efetivamente existente. 
4. Dessa forma, resta aclarado que do fato de as empresas estarem 
desobrigadas de registro perante o Conselho de Fiscalização 
Profissional não decorre, inevitavelmente, a desnecessidade de 
contratação de profissionais técnicos. Nesse sentido, a circunstância 
de que, à míngua da necessidade de registro perante o Conselho 
Regional de Medicina Veterinária, igualmente descaberia exigir a 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
contratação de profissionais técnicos, mas desde que a situação 
particular não se referir à intervenção do médico veterinário.
5. A Lei n. 12.689/2012, justamente por ter tido como finalidade a mera 
inclusão do denominado medicamento genérico para uso veterinário, 
para efeito de igual fiscalização como já ocorre quanto aos demais 
medicamentos veterinários, não teve o condão de alterar o Decreto-Lei 
n. 467/1969, no sentido da sua aplicação combinada com o disposto 
pela Lei n. 5.517/1968. Assim, não houve alteração do padrão 
legislativo - para os fins perseguidos nestes autos pelo embargante -, 
desde quando, para que assim ocorresse, a alteração deveria ter se 
processado no âmbito da Lei n. 5.517/1968, uma vez que os seus 
dispositivos sempre foram interpretados em harmonia com o contido 
no Decreto-Lei n. 467/1969.
6. O aresto embargado não tratou de nenhuma das atividades 
reguladas pelo Decreto-Lei n. 467/1969, mesmo com as alterações 
processadas pela Lei n. 12.689/2012, a saber: registro, fabricação, 
prescrição, dispensação ou aquisição pelo poder público de 
medicamentos de uso veterinário, genéricos ou não. O acórdão 
embargado se reportou, única e exclusivamente, à comercialização de 
animais e à venda de medicamentos veterinários e sobre tais 
aspectos, não incluiu registro, fabrico, prescrição ou dispensação do 
medicamento. 
7. O aresto recorrido foi claro quando afirmou que, "no pertinente à 
comercialização de medicamentos veterinários, o que não abrange, 
por óbvio, a administração de fármacos no âmbito de um procedimento 
clínico, também não há respaldo na Lei n. 5.517/68 para exigir-se a 
submissão dessa atividade ao controle do conselho de medicina 
veterinária, seja por meio do registro da pessoa jurídica, seja pela 
contratação de responsável técnico, ainda que essa fiscalização seja 
desejável".
8. Na categoria de animais vivos não se inclui os denominados 
"animais silvestres", eis que, para essas espécies, existe um 
regramento legal específico, inclusive, vedando ou restringindo a 
própria comercialização, conforme a legislação de regência. Dessa 
forma, a alegação contida na manifestação do Ministério Público 
Federal de que o aresto teria sido omisso, nesse particular, será 
recebida, neste momento, como mera obscuridade, para o fim de se 
deixar consignado, de forma expressa, que a expressão "animais 
vivos" não abrange as citadas espécies. No que se refere aos 
denominados "animais de produção" ou de "interesse econômico", não 
se olvida que, havendo a prática de ato que exija a intervenção de 
profissional médico veterinário, obviamente, que tal providência se 
imporá, mas não pelo só fato de o estabelecimento comercial ou a 
pessoa física ser detentor de algum animal nessa condição.
9. As alegações contidas nos embargos de declaração e na 
manifestação do Ministério Público Federal, com a pretensão de que 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 2 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
determinadas regras do Decreto n. 5.053/2004 sejam tomadas como 
delimitadoras do direito em discussão, não podem ser acolhidas. É 
que, no caso, trata-se de debate que diz respeito ao livre exercício 
profissional, sendo certo que qualquer restrição tem que advir de lei 
em sentido formal.
10. No que se refere ao vício quanto à interpretação da expressão 
"sempre que possível", contida na Lei n. 5.517/1968, há de se dizer 
que o exame cabível ao Poder Judiciário é da norma que se contém 
no texto legal, descabendo perfazer um confronto com o sentido do 
que deveria ser - ou poderia ter sido -, invocando contexto normativo e 
situação que teria havido na justificativa tida como idônea do projeto 
de lei. Assim, o exame se perfaz da lei como ela é, não como poderia 
ter sido, uma vez que não cabe a este Superior Tribunal de Justiça, 
como tarefa primária - conforme previsão constitucional -, examinar se 
a prognose legislativa feita por ocasião da sua edição se mantém 
válida, ou não, para as situações atualmente reguladas.
11. Essa tarefa compete ao Poder Legislativo, podendo a parte a ele 
se dirigir para pleitear a atualização do texto legal, mormente quando 
se trata de legislação que tem por escopo restringir a liberdade de 
exercício profissional, descabendo ao Poder Judiciário perfazer essa 
"atualização legislativa", por meio de uma interpretação restritiva de 
direitos fundamentais (liberdade do trabalho e da livre iniciativa).
12. Redação aclarada das teses firmadas: Não estão sujeitas a 
registro perante o respectivo Conselho Regional de Medicina 
Veterinária as pessoas jurídicas que explorem as atividades de 
venda de medicamentos veterinários e de comercialização de 
animais, excluídas desse conceito as espécies denominadas 
legalmente como silvestres. A contratação de profissionais 
inscritos como responsáveis técnicos somente será exigida, se 
houver necessidade de intervenção e tratamento médico de 
animal submetido à comercialização, com ou sem prescrição e 
dispensação de medicamento veterinário.
13. Acolhimento parcial dos embargos de declaração, sem atribuição 
de efeitos infringentes.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima 
indicadas,acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de 
Justiça, por unanimidade, acolher parcialmente os embargos de declaração, sem 
atribuição de efeitos infringentes, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os 
Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Gurgel de 
Faria, Francisco Falcão e Napoleão Nunes Maia Filho votaram com o Sr. Ministro 
Relator. 
Impedida a Sra. Ministra Regina Helena Costa. 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 3 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Herman Benjamin. 
Brasília, 25 de abril de 2018(Data do Julgamento)
Ministro Og Fernandes 
Relator
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 4 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.338.942 - SP (2012/0170967-4)
 
EMBARGANTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO 
ESTADO DE SÃO PAULO - CRMV/SP 
ADVOGADO : FAUSTO PAGIOLI FALEIROS E OUTRO(S) - SP233878 
EMBARGADO : AGROPECUÁRIA PEREIRA'S LTDA - MICROEMPRESA E 
OUTROS
ADVOGADO : ANDRÉ GIL GARCIA HIEBRA E OUTRO(S) - SP215702 
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO OG FERNANDES: Trata-se de embargos de 
declaração interpostos por Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado 
de São Paulo, em demanda na qual contende com Agropecuária Pereira's Ltda. - 
ME e outros, em oposição a acórdão proferido pela Primeira Seção, assim 
ementado (e-STJ, fl. 368):
ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA 
VETERINÁRIA. REGISTRO DE PESSOA JURÍDICA. VENDA DE 
MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS E COMERCIALIZAÇÃO DE 
ANIMAIS VIVOS. DESNECESSIDADE. LEI N. 5.517/68. ATIVIDADE 
BÁSICA NÃO COMPREENDIDA ENTRE AQUELAS 
PRIVATIVAMENTE ATRIBUÍDAS AO MÉDICO VETERINÁRIO. 
RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS.
1. O registro da pessoa jurídica no conselho de fiscalização 
profissional respectivo faz-se necessário quando sua atividade básica, 
ou o serviço prestado a terceiro, esteja compreendida entre os atos 
privativos da profissão regulamentada, guardando isonomia com as 
demais pessoas físicas que também explorem as mesmas atividades.
2. Para os efeitos inerentes ao rito dos recursos repetitivos, deve-se 
firmar a tese de que, à míngua de previsão contida da Lei n. 5.517/68, 
a venda de medicamentos veterinários – o que não abrange a 
administração de fármacos no âmbito de um procedimento clínico – 
bem como a comercialização de animais vivos são atividades que não 
se encontram reservadas à atuação exclusiva do médico veterinário. 
Assim, as pessoas jurídicas que atuam nessas áreas não estão 
sujeitas ao registro no respectivo Conselho Regional de Medicina 
Veterinária nem à obrigatoriedade de contratação de profissional 
habilitado. Precedentes.
3. No caso sob julgamento, o acórdão recorrido promoveu adequada 
exegese da legislação a respeito do registro de pessoas jurídicas no 
conselho profissional e da contratação de médico-veterinário, 
devendo, portanto, ser mantido.
4. Recurso especial a que se nega provimento. Acórdão submetido ao 
rito do art. 543-C do CPC/1973, correspondente ao art. 1.036 e 
seguintes do CPC/2015.
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 5 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Alega o embargante a existência de contradição no julgamento 
recorrido, pois, ao mesmo tempo em que realizou a distinção entre anotação de 
responsabilidade técnica e registro, consignou ser desnecessária a presença de 
responsável técnico nos locais que comercializam animais vivos.
Argumenta que o voto condutor do aresto impugnado admite a 
necessidade de que seja prestada assistência técnica e sanitária aos animais 
expostos à venda. No entanto, de maneira contraditória, afasta a obrigatoriedade 
da presença de responsável técnico, sob o argumento de que a atividade-fim da 
sociedade empresária, nesses casos, não é privativa de médicos-veterinários.
Aduz o embargante (e-STJ, fl. 396) que "não há como subsistir a 
contradição aqui presente, porque a conclusão a que chegou o acórdão, de não 
admitir a anotação de responsabilidade técnica (RT) apenas e tão somente por 
conta da impossibilidade de registro da empresa, vai DE ENCONTRO COM TODA 
A NARRATIVA DA DECISÃO que, corretamente, distinguiu o registro da anotação 
de RT, bem como a sua existência em situações em que apesar de não ser a 
profissão atividade-fim da empresa, ela é utilizada como atividade-meio, além de 
que afirmou categoricamente que a assistência técnica e sanitária são atividades 
demandadas por empresas que vendem animais vivos, como previsto na Lei n. 
5.517/68 (ou seja, todo animal exposto à venda deve ter assistência técnica 
veterinária)".
Aponta, ainda, a existência de contradição na assertiva de que não há 
respaldo legal para a exigência de contratação de responsável técnico pelas 
pessoas jurídicas que comercializam medicamentos veterinários sem, contudo, ter 
enfrentado o disposto no Decreto-Lei n. 467/1969, com a redação da Lei n. 
12.689/2012, a qual explicita a necessidade de fiscalização da indústria, do 
comércio e do emprego de produtos de uso veterinário em todo o território 
nacional.
Explicita que o art. 8º do mencionado Decreto-Lei obriga as empresas 
a ter médico-veterinário como responsável técnicos dos referidos produtos. Indica 
que o aresto embargado adotou uma análise restritiva da expressão "sempre que 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 6 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
possível", contida no art. 5º, alínea "e", da Lei n. 5.517/1968, pois a própria 
justificativa para a inclusão da referida escusa normativa envolve os aspectos 
históricos na qual o diploma legal foi editado, que revelava a escassez de médicos 
veterinários no país.
Requer o acolhimento dos embargos, com efeitos infringentes, para 
que seja dado provimento ao recurso especial.
A parte embargada oferece impugnação (e-STJ, fls. 452-454), 
alegando que o aresto combatido não padece de quaisquer dos vícios alegados, 
sendo que os aclaratórios revelam o inconformismo do recorrente com a conclusão 
do julgamento.
Requer o não provimento dos embargos de declaração.
O Ministério Público Federal solicita que seja "revista a fundamentação 
utilizada no julgamento do Recurso Especial 1.338.942/SP", a fim de que seja 
abrangida "a análise de toda a legislação pertinente ao comércio de medicamentos 
veterinários, assim como a legislação relativa aos três subtipos de animais vivos", 
em tudo sendo "reescrito" o enunciado. Em pedido alternativo, postula a anulação 
do aresto e a desafetação do processo da sistemática dos recursos repetitivos 
(e-STJ, fls. 459-512).
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo 
propõe a juntada de parecer (e-STJ, fls. 516-537).
O Ministério Público Federal pleiteia que sejam apreciadas as 
postulações dos autos, com a atribuição da devida prioridade no seu julgamento 
(e-STJ, fls. 542-545).
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo 
e o Conselho Federal de Medicina Veterinária requerem a prioridade no julgamento 
dos recursos apresentados (e-STJ, fls. 546-547).
É o relatório.
 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 7 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.338.942 - SP (2012/0170967-4)
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO OG FERNANDES (Relator): Passo ao 
exame dos aclaratórios opostos pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária 
do Estado de São Paulo, enfrentando os pontos suscitados pelo embargante em 
tal recurso, bem como peloMinistério Público Federal, na manifestação acostada 
aos autos, conforme abaixo.
Do pleito para "anulação" do aresto embargado e a consequente 
desafetação do tema, conforme requerimento do Ministério Público Federal:
Trata-se de requerimento formulado pelo Ministério Público Federal, o 
qual deve ser indeferido, porque a matéria foi afetada por decisão assinada em 
8/10/2012, tendo o feito cumprido todo o seu trâmite legal e, somente depois de 
proferido o aresto, vem o Órgão Ministerial postular a "desafetação" da matéria, em 
claro confronto com a manifestação de mérito do Parquet , em 18/3/2013 (e-STJ, 
fls. 299-306), quando propunha o provimento parcial do recurso.
Trata-se de pleito extemporâneo, que não guarda qualquer amparo da 
sistemática processual vigente.
Da alegação de necessidade de cumprimento do art. 979 do 
CPC/2015, no sentido de que "todos os recursos admitidos como repetitivos 
devem ser divulgados de forma ampla e aceitos todos os argumentos dos 
interessados, não se restringindo às razões do recurso em julgamento":
Tal argumento, longe de demonstrar um suposto vício do aresto, ora 
embargado, pretende que razões agora expostas nos autos sejam examinadas, em 
razão da amplitude da questão submetida à apreciação desta Corte Superior. O 
art. 979 do CPC/2015 assim dispõe:
Art. 979. A instauração e o julgamento do incidente serão sucedidos 
da mais ampla e específica divulgação e publicidade, por meio de 
registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça.
§ 1º Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados com 
informações específicas sobre questões de direito submetidas ao 
incidente, comunicando-o imediatamente ao Conselho Nacional de 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 8 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Justiça para inclusão no cadastro.
§ 2º Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela 
decisão do incidente, o registro eletrônico das teses jurídicas 
constantes do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos 
determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela 
relacionados.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos 
repetitivos e da repercussão geral em recurso extraordinário.
Em primeiro lugar, o dispositivo legal do art. 979 do CPC/2015 foi 
devidamente cumprido, no caso, porque tanto o banco eletrônico de dados quanto 
o registro eletrônico das teses jurídicas firmadas foram devidamente efetivados.
Em segundo lugar, tal dispositivo legal, longe da interpretação 
"alargada" e absolutamente desconforme com a atribuída pelo embargante, não 
abrange assertiva de que devem ser "aceitos todos os argumentos dos 
interessados, não se restringindo às razões do recurso em julgamento".
Com efeito, se o Poder Judiciário devesse "aceitar" todos os 
pressupostos trazidos aos autos, as demandas terminariam "empatadas", já que, 
como é sabido, os interessados controvertem sobre as teses jurídicas expostas no 
feito.
Demais disso, se o verbo "aceitar", invocado pelo embargante, em 
verdade, se refere a analisar os argumentos trazidos aos autos, no presente caso, 
tal assim ocorrera. Aliás, os demais aspectos - que agora pretende o embargante 
sejam examinados - somente foram ventilados neste momento, muito embora 
tenha tido tempo mais do que suficiente para aportar tais pontos aos autos para o 
debate franco.
Nada obstante, como se verá abaixo, os pontos suscitados nestes 
aclaratórios serão examinados.
Da alegada contradição existente no aresto embargado quanto ao 
reconhecimento da dissociação do registro e da anotação de 
responsabilidade técnica e, ao mesmo tempo, de sua vinculação quando 
desobriga a contratação de médicos-veterinários como responsáveis 
técnicos:
Nesse particular, a questão foi tratada, de acordo com os seguintes 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 9 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
trechos contidos no aresto impugnado:
É muito comum confundir-se a obrigatoriedade do registro no conselho 
de fiscalização das profissões pelo simples fato de a pessoa jurídica 
praticar quaisquer das atividades privativas da profissão tutelada. 
Segundo esse raciocínio, se a pessoa jurídica se valesse, em qualquer 
etapa de sua atividade ou processo produtivo, de profissional sujeito à 
inscrição no conselho, também deveria realizar o respectivo registro.
Esse entendimento, no entanto, é equivocado, pois a finalidade dos 
normativos em questão é justamente promover o controle direto da 
pessoa jurídica pelo respectivo conselho profissional quando sua 
atividade-fim ou o serviço prestado a terceiro estejam compreendidos 
entre os atos privativos da profissão regulamentada, guardando 
isonomia com as demais pessoas físicas que também explorem as 
mesmas atividades. A esse respeito, é esclarecedora a lição de Luísa 
Hickel Gamba, contida em produção doutrinária coordenada por 
Vladimir Passos de Freitas:
Em suma, a inscrição da pessoa jurídica em conselho 
profissional só é devida quando ela é constituída com a finalidade 
de explorar a profissão, seja praticando atividade fim privativa da 
profissão, seja prestando serviços profissionais a terceiros. E, 
nesses casos, a empresa deverá ter um profissional habilitado 
que responda pelo exercício da profissão em nome da pessoa 
jurídica. Hipótese diversa é a da empresa que na sua atividade 
produtiva, como atividade meio, utiliza-se de serviços técnicos ou 
científicos ligados a determinada profissão. Aqui, a empresa, 
como pessoa jurídica em si, não está sujeita à inscrição em 
conselho, mas está obrigada a manter, como empregado ou 
prestador de serviço, profissional habilitado e inscrito, 
responsável por aquela atividade meio (Conselhos de 
Fiscalização Profissional: doutrina e jurisprudência. 2. ed. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p. 161).
A contratação pela pessoa jurídica de profissional inscrito no 
respectivo conselho, por seu turno, faz-se por meio da anotação de 
responsabilidade técnica ou anotação de função técnica. Sobre esse 
tema, Luísa Hickel Gamba assim leciona:
Anotação de responsabilidade técnica ou anotação de função 
técnica é o registro no conselho de fiscalização competente do 
ato que atribui ao profissional responsabilidade técnica pelo 
exercício da profissão por pessoa jurídica; pelo exercício de 
atividade-meio própria da profissão em pessoa jurídica cuja 
atividade-fim esteja desvinculada da profissão; ou por obra, 
produto ou simples prestação de serviço profissional, nos casos 
em que é exigida da pessoa física ou jurídica. 
A anotação de responsabilidade técnica é ato específico, que, 
embora exija prévia inscrição do profissional ou da pessoa 
jurídica no conselho fiscalizador, com ela – inscrição – não se 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 0 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
confunde. A inscrição ou registro do profissional ou da pessoa 
jurídica no conselho autoriza o exercício da profissão, de forma 
genérica, enquanto a anotação de responsabilidade técnica 
atribui ao profissional responsabilidade técnica específica em 
relação a determinada obra, produto, empreendimento ou 
atividade, ou identifica, para a pessoa jurídica que pratica 
atividade da profissão, o profissional que para tanto tem 
habilitação e por ela responde. (Ob. Cit. p. 166)
O embargante ressalta que as premissas acima estão de acordo com 
o entendimento legal e doutrinário sobre a matéria. Contudo, reclama que o aresto 
em passagem seguinte se contradiz com os pressupostos acima trazidos, quando 
vincula a desnecessidade de responsáveis técnicos à impossibilidade de registro 
da empresa. 
Esse é o excerto, apartir do qual argumenta ter havido contradição, no 
que se refere às premissas acima estabelecidas:
Considerando-se que a comercialização de animais não se enquadra 
entre as atividades privativas do médico-veterinário, as pessoas 
jurídicas que exploram esse mercado estão desobrigadas de 
efetivarem o registro perante o conselho profissional respectivo e, 
como decorrência, de contratarem, como responsáveis técnicos, 
profissionais nele inscritos.
Efetivamente, embora não se trate o vício alegado de contradição, ele 
pode ser admitido como obscuridade, razão pela qual será examinado com esse 
aspecto.
Dessa forma, fica aclarado que do fato de as empresas estarem 
desobrigadas de registro perante o Conselho de Fiscalização Profissional não 
decorre, inevitavelmente, a desnecessidade de contratação de profissionais 
técnicos.
O excerto acima transcrito apenas quis se referir à circunstância de 
que, à míngua da necessidade de registro perante o Conselho Regional de 
Medicina Veterinária, igualmente descaberia exigir a contratação de profissionais 
técnicos, desde que a situação particular, do caso concreto, não se referir à 
intervenção do médico-veterinário.
Da alegada contradição, quando o aresto embargado afirma a 
ausência de previsão legislativa, sem a análise, contudo, do Decreto-Lei n. 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 1 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
467/1969, com a redação dada pela Lei n. 12.689/2012:
A contradição suscitada pelo embargante, nesse particular, explicita 
uma típica contradição externa, quando assim afirma, a título de requerimento final 
para sanar o suposto vício:
[...] sobre a contradição em relação ao texto legislativo que obriga a 
presença de médico veterinário em locais que vendem medicamentos 
veterinários (decreto-lei n.º 467/69).
Assim, essa suscitada contradição sequer poderia ser tomada como 
tal, porque, para efeito de embargos de declaração, não se pode arguir de 
contraditória uma decisão, porque, supostamente, a interpretação dada, segundo o 
embargante, seria contrária a determinado texto legal.
Trata-se de contradição externa, porque não se refere a um trecho 
interno do julgado embargado, mas, sim, a um confronto entre um trecho do 
julgado e uma disposição legal. Não é outro o entendimento sobre a matéria no 
âmbito deste STJ:
PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CPC/2015. 
NÃO OCORRÊNCIA. POSSÍVEL CONTRADIÇÃO EXTERNA AO 
JULGADO.
1. Não merece prosperar a tese de violação do art. 1.022 do 
CPC/2015, porquanto o acórdão recorrido fundamentou, claramente, o 
posicionamento por ele assumido, de modo a prestar a jurisdição que 
lhe foi postulada.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça caminha no sentido 
de que "a contradição remediável por embargos de declaração, é 
aquela interna ao julgado embargado, a exemplo da grave desarmonia 
entre a fundamentação e as conclusões da própria decisão, capaz de 
evidenciar uma ausência de logicidade no raciocínio desenvolvido pelo 
julgador, ou seja, o recurso integrativo não se presta a corrigir 
contradição externa, bem como não se revela instrumento processual 
vocacionado para sanar eventual error in judicando" (EDcl no HC 
290.120/SC, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Quinta Turma, 
julgado em 26/08/2014, DJe 29/08/2014.) 3. Recurso Especial não 
provido.
(REsp 1.654.832/TO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA 
TURMA, julgado em 6/4/2017, DJe 27/4/2017)
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE 
SUCESSIVOS ARESTOS PROFERIDOS NOS AUTOS. AUSÊNCIA 
DE EFETIVA CONTRADIÇÃO INTERNA NO JULGADO. EMBARGOS 
REJEITADOS.
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 2 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem asseverado 
que a contradição sanável por meio dos embargos de declaração é 
aquela interna ao julgado embargado. Precedente: EDcl nos EDcl no 
AgRg no REsp 1319666/MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, 
PRIMEIRA TURMA, DJe 26/2/2016.
2. No caso em exame, pretende a parte embargante sanar alegada 
contradição entre o acórdão embargado e anterior decisão colegiada 
proferida no âmbito de agravo regimental, cuja pretensão não se 
revela passível de acolhimento.
3. Consoante o magistério de BARBOSA MOREIRA, "Não há que 
cogitar de contradição entre o acórdão e outra decisão porventura 
anteriormente proferida no mesmo processo, pelo tribunal ou pelo 
órgão de grau inferior" (Comentários ao Código de Processo Civil. 4. 
ed., Rio de Janeiro: Forense, 1981, vol. V, p. 623). Da mesma forma, 
MANOEL CAETANO FERREIRA FILHO leciona que "ficam fora do 
âmbito deste recurso as contradições externas, assim entendidas 
aquelas existentes entre duas decisões constantes do mesmo 
processo" (Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: RT, 
2001, vol. 7, p. 303).
4. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.246.894/SP, Rel. Ministro SÉRGIO 
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/4/2016, DJe 11/5/2016)
Nada obstante de contradição não se trate, o que já revela o equívoco, 
nesse aspecto, dos presentes embargos de declaração, analisarei a alegação 
apenas por apreço ao fato de se cuidar de recurso especial submetido à 
sistemática dos repetitivos.
Em primeiro lugar, a Lei n. 12.689/2012 não contém a finalidade que o 
embargante pretende atribuir, no sentido de uma alteração do regramento aplicável 
à espécie. Com efeito, a própria ementa da referida lei já bem esclarece, nesse 
particular:
Altera o Decreto-Lei nº 467, de 13 de fevereiro de 1969, para 
estabelecer o medicamento genérico de uso veterinário; e dispõe 
sobre o registro, a aquisição pelo poder público, a prescrição, a 
fabricação, o regime econômico-fiscal, a distribuição e a dispensação 
de medicamentos genéricos de uso veterinário, bem como sobre a 
promoção de programas de desenvolvimento técnico-científico e de 
incentivo à cooperação técnica para aferição da qualidade e da 
eficácia de produtos farmacêuticos de uso veterinário.
O Decreto-Lei n. 467/1969, de sua parte, tem como ementa o 
seguinte: "Dispõe sobre a fiscalização de produtos de uso veterinário, dos 
estabelecimentos que os fabriquem e dá outras providências". Demais disso, no 
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Superior Tribunal de Justiça
art. 1º do referido Diploma Legal consta o seguinte:
Art. 1º É estabelecida a obrigatoriedade da fiscalização da indústria, do 
comércio e do emprêgo de produtos de uso veterinário, em todo o 
território nacional.
Por outro lado, a Lei n. 12.689/2012, justamente por ter tido como 
finalidade a inclusão da fiscalização do denominado medicamento genérico para 
uso veterinário, não teve o condão de alterar o Decreto-Lei n. 467/1969, no sentido 
da sua aplicação combinada com o disposto pela Lei n. 5.517/1968. É dizer: se 
houvesse alteração do padrão legislativo - para os fins perseguidos nestes autos 
pelo embargante -, a alteração deveria ter se processado no âmbito da Lei n. 
5.517/1968, uma vez que os seus dispositivos sempre foram interpretados em 
harmonia com o contido no Decreto-Lei n. 467/1969.
Como dito, a Lei n. 12.689/2012 não perfez qualquer alteração 
essencial no que já dispunha o Decreto-Lei n. 467/1969, mas, tão somente, incluiu 
na sua regulação o denominado medicamento genérico para uso veterinário. 
Nesse particular, o art. 8º do Decreto-Lei n. 467/1969 sempre foi aplicado em 
conjugação com o disposto pela Lei n. 5.517/1968, descabendo o argumento de 
que teria havido inovação legislativa apta para impor derrogação eventual seja de 
regra legal, seja de interpretaçãolevada a efeito em diversos julgados anteriores 
por este Superior Tribunal de Justiça sobre a matéria.
Demais disso, o aresto, ora embargado, não tratou de nenhuma das 
atividades reguladas pelo Decreto-Lei n. 467/1969, com as alterações processadas 
pela Lei n. 12.689/2012, a saber: registro, fabricação, prescrição, dispensação ou 
aquisição pelo poder público de medicamentos de uso veterinário, genéricos ou 
não.
O acórdão embargado se reportou, única e exclusivamente, à 
comercialização de animais e à venda de medicamentos veterinários. Sobre tais 
aspectos, não inclui registro e nem fabricação do medicamento. E nem, 
igualmente, a prescrição ou dispensação do medicamento, porque para isso, como 
evidente, haverá uma receita anterior passada pelo médico-veterinário. Aliás, 
nesse particular, o aresto recorrido deixou consignado de forma bem clara:
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No pertinente à comercialização de medicamentos veterinários, o que 
não abrange, por óbvio, a administração de fármacos no âmbito 
de um procedimento clínico, também não há respaldo na Lei n. 
5.517/68 para exigir-se a submissão dessa atividade ao controle do 
conselho de medicina veterinária, seja por meio do registro da pessoa 
jurídica, seja pela contratação de responsável técnico, ainda que essa 
fiscalização seja desejável (grifos acrescidos).
Assim, a própria decisão deixou assentado que, se a atividade exigir a 
administração de fármacos e, por decorrência lógica, a prescrição, a dispensação 
de um medicamento, por certo que caberá ao médico-veterinário essa atribuição. 
Com maior razão, se se tratar de registro e de fabricação do medicamento de uso 
veterinário, do tipo genérico ou não.
Esclareço, por oportuno, que, na categoria de animais, não se pode 
incluir os ditos os "animais silvestres", eis que, para essas espécies, existe um 
regramento legal específico, inclusive, vedando ou restringindo a própria 
comercialização. 
Os "animais silvestres" são regulados pela Lei n. 5.197/1967, Lei n. 
9.605/1998, pelo Decreto n. 3.179/1999 e demais atos infralegais expedidos pelo 
Ministério do Meio Ambiente, pelo CONAMA, IBAMA e outros órgãos afetos a 
essas atribuições.
Na tese firmada no âmbito deste recurso especial, julgado sob a 
sistemática dos repetitivos, não há qualquer referência a essas espécies, visto que 
a discussão sobre tais animais não integra e nem integrou o objeto desta lide, bem 
como porque existe regulamentação especial que incide sobre aquelas espécies 
animais.
Dessa forma, a alegação contida na manifestação do Ministério 
Público Federal (e-STJ, fls. 459-512), de que o aresto teria sido omisso, nesse 
particular, será recebida, neste momento, como mera obscuridade, para o fim de 
se deixar consignado, de forma clara, que a expressão "animais vivos" contida na 
tese firmada não abrange as espécies denominadas como "silvestres".
No que se refere aos denominados "animais de produção" ou de 
"interesse econômico", tem-se que, nesse conceito, são incluídos os mamíferos 
(bovinos e bubalinos, equídeos, suínos, ovinos, caprinos e coelhos) e aves de 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 5 de 21
 
 
Superior Tribunal de Justiça
produção, conforme disposto no Manual de Preenchimento para Emissão de Guia 
de Trânsito Animal elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (MAPA).
A sua regulação é determinada pelos seguintes instrumentos 
normativos: Lei n. 1.283/1950; Decreto n. 9.013/2017; Lei n. 11.794/2008; 
Instrução Normativa n. 3/2000, Instrução Normativa n. 56/2008, Instrução 
Normativa n. 13/2010, Instrução Normativa n. 12/2017, todas do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Frise-se que em nenhum desses instrumentos normativos consta 
exigência de registro das empresas perante o Conselho de Fiscalização 
Profissional, no caso, de Medicina Veterinária, e nem a contratação de 
profissionais inscritos como responsáveis técnicos, pelo só fato o interessado ser 
detentor de tais animais.
Não se olvida que, havendo a prática de ato que exija a intervenção de 
profissional médico veterinário, obviamente, que tal providência se imporá, mas 
não pelo só fato de o estabelecimento comercial ou a pessoa física ser possuidor 
de algum dito "animal de produção" ou de "interesse econômico".
Os instrumentos normativos acima citados se dirigem, sim, à 
possibilidade de fiscalização da defesa sanitária, uso científico dos animais, abate 
humanitário, exportação de ruminantes vivos para o abate, práticas de bem-estar 
desses animais, dentre outras providências que o legislador entendeu pertinente 
que fossem reguladas.
Não se encontra, entretanto, a necessidade de contratação de médico 
veterinário e nem o registro da empresa perante conselhos de fiscalização 
profissional, desde quando não esteja em pauta a prática de qualquer ato médico 
veterinário, para o qual já é exigida a contratação do profissional inscrito como 
responsável técnico.
Por fim, não podem ser acolhidas as alegações contidas nos 
embargos de declaração e na manifestação do Ministério Público Federal, com a 
pretensão de que determinadas regras do Decreto n. 5.053/2004 sejam tomadas 
como delimitadoras primárias do direito em discussão.
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 6 de 21
 
 
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É que, no caso, trata-se de debate que diz respeito ao livre exercício 
profissional, sendo certo que qualquer restrição tem que advir de lei em sentido 
formal, como assentado no aresto embargado. Assim, o Decreto n. 5.053/2004 não 
pode ser invocado como regra primária, para o efeito de atribuir restrição à 
atividade comercial reportada nos autos, já que tais restrições não tenham sido 
expressas no texto legal.
Da alegada contradição sobre o uso da expressão "sempre que 
possível" e a interpretação dada pelo aresto embargado:
A contradição suscitada pelo embargante, nesse particular, explicita 
uma típica contradição externa, quando assim afirma, a título de requerimento final 
para sanar o suposto vício:
[...] a contradição sobre a interpretação da expressão “sempre que 
possível”, totalmente dissociada das exposições de motivos da lei e 
também afrontosa ao art. 5º, inciso XIII da Constituição Federal, bem 
como afrontando o próprio processo legislativo.
Assim, a alegada contradição sequer poderia ser tomada como tal, 
porque, para efeito de embargos de declaração, não se pode arguir de 
contraditória uma decisão, porque, supostamente, a interpretação dada, segundo a 
embargante, seria contrária a determinado texto legal.
Trata-se de contradição externa, porque não se refere a um trecho 
interno do julgado embargado, mas, sim, a um confronto entre um trecho do 
julgado e uma disposição legal. Não é outro o entendimento sobre a matéria no 
âmbito deste STJ:
PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CPC/2015. 
NÃO OCORRÊNCIA. POSSÍVEL CONTRADIÇÃO EXTERNA AO 
JULGADO.
1. Não merece prosperar a tese de violação do art. 1.022 do 
CPC/2015, porquanto o acórdão recorrido fundamentou, claramente, o 
posicionamento por ele assumido, de modo a prestar a jurisdição que 
lhe foi postulada.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça caminha no sentido 
de que "a contradição remediável por embargos de declaração, é 
aquela interna ao julgado embargado, a exemplo da grave desarmonia 
entre a fundamentação e as conclusões da própria decisão, capaz de 
evidenciar uma ausência de logicidade no raciocínio desenvolvido pelo 
julgador, ou seja, o recurso integrativo nãose presta a corrigir 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 7 de 21
 
 
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contradição externa, bem como não se revela instrumento processual 
vocacionado para sanar eventual error in judicando" (EDcl no HC 
290.120/SC, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Quinta Turma, 
julgado em 26/08/2014, DJe 29/08/2014.) 3. Recurso Especial não 
provido.
(REsp 1.654.832/TO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA 
TURMA, julgado em 6/4/2017, DJe 27/4/2017)
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE 
SUCESSIVOS ARESTOS PROFERIDOS NOS AUTOS. AUSÊNCIA 
DE EFETIVA CONTRADIÇÃO INTERNA NO JULGADO. EMBARGOS 
REJEITADOS.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem asseverado 
que a contradição sanável por meio dos embargos de declaração é 
aquela interna ao julgado embargado. Precedente: EDcl nos EDcl no 
AgRg no REsp 1319666/MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, 
PRIMEIRA TURMA, DJe 26/2/2016.
2. No caso em exame, pretende a parte embargante sanar alegada 
contradição entre o acórdão embargado e anterior decisão colegiada 
proferida no âmbito de agravo regimental, cuja pretensão não se 
revela passível de acolhimento.
3. Consoante o magistério de BARBOSA MOREIRA, "Não há que 
cogitar de contradição entre o acórdão e outra decisão porventura 
anteriormente proferida no mesmo processo, pelo tribunal ou pelo 
órgão de grau inferior" (Comentários ao Código de Processo Civil. 4. 
ed., Rio de Janeiro: Forense, 1981, vol. V, p. 623). Da mesma forma, 
MANOEL CAETANO FERREIRA FILHO leciona que "ficam fora do 
âmbito deste recurso as contradições externas, assim entendidas 
aquelas existentes entre duas decisões constantes do mesmo 
processo" (Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: RT, 
2001, vol. 7, p. 303).
4. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.246.894/SP, Rel. Ministro SÉRGIO 
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/4/2016, DJe 11/5/2016)
Nada obstante de contradição não se trate, o que já revela o equívoco, 
igualmente nesse aspecto, dos presentes embargos de declaração, analisarei a 
alegação apenas por apreço ao fato de se tratar de recurso especial submetido à 
sistemática dos repetitivos.
A parte embargante, sobre esse ponto, assim argumenta:
[...] 47. Hoje há veterinários para esse trabalho, nos termos da Lei n.º 
5.517/68, e essa é a interpretação que não contraria o espírito da lei e 
muito menos as regras constitucionais.
48. Sendo assim, a afirmação do D. Relator sobre a alínea “e” do art. 
5º da Lei n.º 5.517/68 está em total contradição com a própria 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 8 de 21
 
 
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exposição de motivos da citada lei e a interpretação da expressão 
“sempre que possível” desse artigo nunca poderia ser extensiva, mas 
também não haveria de ser restritiva da atividade profissional.
49. A interpretação histórica, teleológica, em companhia dos 
dispositivos constitucionais seria o melhor caminho para compatibilizar 
o texto legal, a exposição de motivos da lei e a Constituição Federal e 
o livre exercício das profissões, que deve guardar relação com as 
limitações legais (art. 5º XIII).
Com efeito, o exame cabível ao Poder Judiciário é do texto que se 
contém na norma legal, descabendo perfazer um confronto com o sentido do que 
deveria ser - ou poderia ter sido -, invocando contexto normativo e situação que 
teria havido na justificativa tida como idônea do projeto de lei. 
Demais disso, o exame se perfaz da lei como ela é, não como poderia 
ter sido, visto que não cabe a este Superior Tribunal de Justiça, como tarefa 
primária - conforme previsão constitucional -, examinar se a prognose legislativa 
feita por ocasião da sua edição se mantém válida, ou não, para as situações 
atualmente reguladas.
Essa tarefa compete ao Poder Legislativo, podendo a parte a ele se 
dirigir para pleitear a atualização do texto legal, mormente quando se trata de 
legislação que tem por escopo restringir a liberdade de exercício profissional, 
descabendo ao Poder Judiciário perfazer essa "atualização legislativa", por meio 
de mera interpretação restritiva de direitos fundamentais (liberdade do trabalho e 
da livre iniciativa).
Da redação aclarada das teses jurídicas firmadas, após exame 
dos embargos de declaração, em face das questões jurídicas tratadas nos 
Temas 616 e 617:
Diante da fundamentação externada acima, restam firmadas as 
seguintes teses jurídicas, aclarando-se o conteúdo daquela estabelecida no aresto 
anterior:
Não estão sujeitas a registro perante o respectivo Conselho 
Regional de Medicina Veterinária as pessoas jurídicas que explorem as 
atividades de venda de medicamentos veterinários e de comercialização de 
animais, excluídas desse conceito as espécies denominadas legalmente 
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 1 9 de 21
 
 
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como silvestres.
A contratação de profissionais inscritos como responsáveis 
técnicos somente será exigida, se houver necessidade de intervenção e 
tratamento médico de animal submetido à comercialização, com ou sem 
prescrição e dispensação de medicamento veterinário.
No caso, nada obstante tenham sido aclarados os termos da tese 
firmada, o resultado do presente julgamento não é passível de alteração, diante da 
fundamentação acima elucidada.
Ante o exposto, dou provimento parcial aos embargos de declaração, 
para aclarar a tese firmada, sem alteração, contudo, do resultado do julgamento e 
sem atribuição de efeitos infringentes.
É como voto.
Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 2 0 de 21
 
 
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
 
EDcl no
Número Registro: 2012/0170967-4 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.338.942 / SP
Números Origem: 00198152120054036100 198152120054036100 200561000198157
PAUTA: 25/04/2018 JULGADO: 25/04/2018
Relator
Exmo. Sr. Ministro OG FERNANDES
Ministra Impedida
Exma. Sra. Ministra : REGINA HELENA COSTA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAES FILHO
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO ESTADO DE 
SÃO PAULO - CRMV/SP 
ADVOGADO : FAUSTO PAGIOLI FALEIROS E OUTRO(S) - SP233878 
RECORRIDO : AGROPECUÁRIA PEREIRA'S LTDA - MICROEMPRESA E OUTROS
ADVOGADO : ANDRÉ GIL GARCIA HIEBRA E OUTRO(S) - SP215702 
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - 
Organização Político-administrativa / Administração Pública - Conselhos Regionais de 
Fiscalização Profissional e Afins - Registro Profissional
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO ESTADO DE 
SÃO PAULO - CRMV/SP 
ADVOGADO : FAUSTO PAGIOLI FALEIROS E OUTRO(S) - SP233878 
EMBARGADO : AGROPECUÁRIA PEREIRA'S LTDA - MICROEMPRESA E OUTROS
ADVOGADO : ANDRÉ GIL GARCIA HIEBRA E OUTRO(S) - SP215702 
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Seção, por unanimidade, acolheu parcialmente os embargos de declaração, sem 
atribuição de efeitos infringentes, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."
Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Gurgel de 
Faria, Francisco Falcão e Napoleão Nunes Maia Filho votaram com o Sr. Ministro Relator. 
Impedida a Sra. Ministra Regina Helena Costa. 
Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Herman Benjamin.Documento: 1705890 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/05/2018 Página 2 1 de 21

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