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Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Aula 9 1 Roteiro 1. Gás Ideal Quântico a) Grã-função de partição b) Equação de estado: Férmions Bósons 2. Gás Ideal de Fermions a) Altas temperaturas b) Baixas temperaturas 3. Estrelas anãs brancas Referências: Huang, 8.6, 11.1 e 11.2 Pathria, 8.4 segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 2 Considerar um conjunto de N part´ıculas independentes (na˜o interagentes) confinadas em um volume V e descritas pelo operador hamiltoniano Hˆ = N� i=1 1 2m �ˆp2i = 1 2m [pˆ2x + pˆ 2 y + pˆ 2 z)], �ˆp 2 i = �ˆpi · �ˆpi onde �ˆp = (pˆx, pˆy, pˆz) e´ o operador momentum linear em linguagem vetorial. Na representac¸a˜o de coordenadas sa˜o pˆx = i�(∂/∂x) Supor part´ıculas sem spin e indistingu´ıveis do ponto de vista espacial. Na base autovetores do hamiltoniano a equac¸a˜o de Schro¨dinger (para a parte espacial da func¸a˜o de onda) pode ser escrita como Hˆ|φn� = � i 1 2m �ˆp2i |φn� = � i Eni|φn� = En|φn�, En = � i Eni, Eni = 1 2m p2i onde �pi o autovalor do operador momentum linear �ˆpi da i-e´sima part´ıcula. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 2 Considerar um conjunto de N part´ıculas independentes (na˜o interagentes) confinadas em um volume V e descritas pelo operador hamiltoniano Hˆ = N� i=1 1 2m �ˆp2i = 1 2m [pˆ2x + pˆ 2 y + pˆ 2 z)], �ˆp 2 i = �ˆpi · �ˆpi onde �ˆp = (pˆx, pˆy, pˆz) e´ o operador momentum linear em linguagem vetorial. Na representac¸a˜o de coordenadas sa˜o pˆx = i�(∂/∂x) Supor part´ıculas sem spin e indistingu´ıveis do ponto de vista espacial. Na base autovetores do hamiltoniano a equac¸a˜o de Schro¨dinger (para a parte espacial da func¸a˜o de onda) pode ser escrita como Hˆ|φn� = � i 1 2m �ˆp2i |φn� = � i Eni|φn� = En|φn�, En = � i Eni, Eni = 1 2m p2i onde �pi o autovalor do operador momentum linear �ˆpi da i-e´sima part´ıcula. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 2 Considerar um conjunto de N part´ıculas independentes (na˜o interagentes) confinadas em um volume V e descritas pelo operador hamiltoniano Hˆ = N� i=1 1 2m �ˆp2i = 1 2m [pˆ2x + pˆ 2 y + pˆ 2 z)], �ˆp 2 i = �ˆpi · �ˆpi onde �ˆp = (pˆx, pˆy, pˆz) e´ o operador momentum linear em linguagem vetorial. Na representac¸a˜o de coordenadas sa˜o pˆx = i�(∂/∂x) Supor part´ıculas sem spin e indistingu´ıveis do ponto de vista espacial. Na base autovetores do hamiltoniano a equac¸a˜o de Schro¨dinger (para a parte espacial da func¸a˜o de onda) pode ser escrita como Hˆ|φn� = � i 1 2m �ˆp2i |φn� = � i Eni|φn� = En|φn�, En = � i Eni, Eni = 1 2m p2i onde �pi o autovalor do operador momentum linear �ˆpi da i-e´sima part´ıcula. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 2 Considerar um conjunto de N part´ıculas independentes (na˜o interagentes) confinadas em um volume V e descritas pelo operador hamiltoniano Hˆ = N� i=1 1 2m �ˆp2i = 1 2m [pˆ2x + pˆ 2 y + pˆ 2 z)], �ˆp 2 i = �ˆpi · �ˆpi onde �ˆp = (pˆx, pˆy, pˆz) e´ o operador momentum linear em linguagem vetorial. Na representac¸a˜o de coordenadas sa˜o pˆx = i�(∂/∂x) Supor part´ıculas sem spin e indistingu´ıveis do ponto de vista espacial. Na base autovetores do hamiltoniano a equac¸a˜o de Schro¨dinger (para a parte espacial da func¸a˜o de onda) pode ser escrita como Hˆ|φn� = � i 1 2m �ˆp2i |φn� = � i Eni|φn� = En|φn�, En = � i Eni, Eni = 1 2m p2i onde �pi o autovalor do operador momentum linear �ˆpi da i-e´sima part´ıcula. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 3 Estando o ga´s esta´ confinado em um volume V = L3, as func¸o˜es de onda devem atender a`s condic¸o˜es de periodicidade nas fronteiras do volume, e.g. Ψ(x, y, z) = Ψ (x+ L, y, z), assim como para as outras direc¸o˜es. Logo, como as soluc¸o˜es sa˜o ondas planas devemos ter: �pi = 2π� L �ni, � ni = (nix, niy, niz), niα ∈ I ou seja os autovalores do operador momentum linear �ˆpi resultam quantizados. Os autovalores da energia, podem ser reescritos em termos de uma soma sobre os poss´ıveis valores discretos de �pi na forma En = � n Eni → E�p = � �p n�pε�p, com ε�p = p2 2m , e � �p n�p = N onde n�p e´ o nu´mero de part´ıculas com autovalor �p. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 3 Estando o ga´s esta´ confinado em um volume V = L3, as func¸o˜es de onda devem atender a`s condic¸o˜es de periodicidade nas fronteiras do volume, e.g. Ψ(x, y, z) = Ψ (x+ L, y, z), assim como para as outras direc¸o˜es. Logo, como as soluc¸o˜es sa˜o ondas planas devemos ter: �pi = 2π� L �ni, � ni = (nix, niy, niz), niα ∈ I ou seja os autovalores do operador momentum linear �ˆpi resultam quantizados. Os autovalores da energia, podem ser reescritos em termos de uma soma sobre os poss´ıveis valores discretos de �pi na forma En = � n Eni → E�p = � �p n�pε�p, com ε�p = p2 2m , e � �p n�p = N onde n�p e´ o nu´mero de part´ıculas com autovalor �p. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 3 Estando o ga´s esta´ confinado em um volume V = L3, as func¸o˜es de onda devem atender a`s condic¸o˜es de periodicidade nas fronteiras do volume, e.g. Ψ(x, y, z) = Ψ (x+ L, y, z), assim como para as outras direc¸o˜es. Logo, como as soluc¸o˜es sa˜o ondas planas devemos ter: �pi = 2π� L �ni, � ni = (nix, niy, niz), niα ∈ I ou seja os autovalores do operador momentum linear �ˆpi resultam quantizados. Os autovalores da energia, podem ser reescritos em termos de uma soma sobre os poss´ıveis valores discretos de �pi na forma En = � n Eni → E�p = � �p n�pε�p, com ε�p = p2 2m , e � �p n�p = N onde n�p e´ o nu´mero de part´ıculas com autovalor �p. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 4 Um microestado do ga´s ideal pode ser bem especificado pelo conjunto de nu´meros {n�p} ou seja o conjunto dos nu´meros de part´ıculas com momentum �p. microestado quaˆntico ↔ conjunto de nu´meros {n�p} Obs: • No limite V � 1 (ou L� 1) os autovalores |�pi| se tornam diminutos e podem ser tratados de forma cont´ınua, i.e. a somato´ria em �p pode ser reposta em termos de uma integral em varia´veis cont´ınuas, i.e.� �p → V h3 � d�p segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 4 Um microestado do ga´s ideal pode ser bem especificado pelo conjunto de nu´meros {n�p} ou seja o conjunto dos nu´meros de part´ıculas com momentum �p. microestado quaˆntico ↔ conjunto de nu´meros {n�p} Obs: • No limite V � 1 (ou L� 1) os autovalores |�pi| se tornam diminutos e podem ser tratados de forma cont´ınua,i.e. a somato´ria em �p pode ser reposta em termos de uma integral em varia´veis cont´ınuas, i.e.� �p → V h3 � d�p segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico 5 Considerar a func¸a˜o de partic¸a˜o do ensemble canoˆnico para um ga´s ideal Z(V, T,N) = � {n�p} g{n�p} e−βE{n�p} onde, g{n�p} e´ o nu´mero de microestados correspondentes a {n�p}, i.e g(n�p) = 1 Fe´rmions e Bo´sons (indistingu´ıveis), 1 N ! N !� �p n�p! Maxwell-Boltzmann (distingu´ıveis*) Maxwell-Boltzmann Z(V, T,N) = � �p 1� �p n�p! e −β�n�p n�pε�p = 1 N ! � �p e−βε�p N resultado decorrente da expansa˜o multinomial. Fazendo a passagem para o cont´ınuo, a somato´ria e´ transformada em uma integral, i.e.� �p e−βε�p → V h3 � d�pe−βp 2/2m = V �mkT 2π�2 �3/2 = V λ3 ∴ Z(V, T,N) = 1 N ! V N λ3N (*) mas com contagem correta de Boltzmann! segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico - grã-função de partição 6 Fe´rmions e Bo´sons E´ mais conveniente obter a gra˜-func¸a˜o de partic¸a˜o definida por Z(T, V, µ) = ∞� N=0 zNZ(V, T,N) = ∞� N=0 �� {n�p} zN e −β�n�p n�pε�p = ∞� N=0 �� {n�p} � �p � z e−βε�p �n�p onde g(n�p) = 1 e soma �� indica a restric¸a˜o que N =��p n�p. A dupla soma equivale (termo-a-termo) a uma somato´ria irrestrita em cada n�p. i.e. ∞� N=0 �� {n�p} → � n0 � n1 � n2 . . . Verifique a correspondeˆncias biun´ıvoca entre os termos de ambas as somas. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico - grã-função de partição 7 Z(T, V, µ) pode ser reescrita como Z(T, V, µ) = � n0 � n1 � n2 . . . (ze−βε0)n0(ze−βε1)n1(ze−βε2)n2 · · · = = �� n0 (ze−βε0)n0 ��� n1 (ze−βε1)n1 ��� n2 (ze−βε2)n2 � . . . ∴ Z(T, V, µ) = � �p �� n (ze−βε�p)n � Ga´s de Bo´sons: n = 0, 1, 2, . . .∞ Z(T, V, µ) = � �p � ∞� n=0 (ze−βε�p)n � → Z(T, V, µ) = � �p (1− ze−βε�p)−1 a soma dos termos e´ uma progressa˜o geome´trica de raza˜o menor que a unidade. Ga´s de Fe´rmions: n = 0, 1 Z(T, V, µ) = � �p (1 + ze−βε�p) segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico - equação de estado 8 Equac¸a˜o de estado No ensemble gra˜o-canoˆnico a eq. de estado e´ obtida lembrando que por ΩG = kBT lnZ(T, V, µ). Como Ω = U − TS − µN = PV , resulta PV kT = −��p ln(1− ze−βε�p) Bo´sons,� �p ln(1 + ze −βε�p) Fe´rmions. O nu´mero me´dio de part´ıculas �N� e´ �N� = z ∂ ∂z lnZ(T, V, µ) = � �p ze−βε�p (1− ze−βε�p) Bo´sons,� �p ze−βε�p (1 + ze−βε�p) Fe´rmions. Mas, como �N� = � �p �n�p� → �n�p� = ze −βε�p (1 +∓ze−βε�p) = � (−) Bo´sons, (+) Fe´rmions. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás Ideal Quântico - equação de estado - férmions 9 Ga´s de Fe´rmions livres No limite termodinaˆmico V →∞ as somato´rias sa˜o estendidas para integrais desde que os integrandos sejam limitados, o que e´ garantido pela condic¸a˜o z = e−βµ > 0. PV kT = V h3 � ∞ 0 (4π)p2 ln[1 + ze−βp 2/2m] dp = V λ3 f5/2(z) �N� V = V h3 � ∞ 0 (4π)p2 dp [1 + z−1eβp2/2m] = V λ3 f3/2(z) λ = � 2π�2 mKBT �1/2 Obs: As func¸o˜es fs(z) sa˜o ditas func¸o˜es de Fermi ou integrais de Fermi que por sua vez sa˜o casos particulares da func¸a˜o especial Polilogaritmo i.e fs(z) = Lis(−z) = −1 Γ(s) � ∞ 0 ts−1 etz−1 + 1 dt = ∞� l=1 (−1)l+1 z l ls . segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de altas temperaturas 10 2 4 6 8 10x 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 f3!2"x# Regime de altas temperaturas Em altas temperaturas o comprimento de onda te´rmico λ e´ muito menor que a distaˆncia interpart´ıcula me´dia. λ << distaˆncia me´dia interpart´ıcula = � V �N� �1/3 ∴ λ3 �N� V << 1, → λ 3 V/�N� = f3/2(z) << 1 Obs: λ corresponde ao comprimento de onda de Broglie para uma part´ıcula com energia da ordem de kT . A integral de Fermi f3/2(z) = 4√ π � ∞ 0 dxx2 (z−1ex2 + 1) � z − z 2 23/2+ + z3 33/2 − . . . • func¸a˜o monotonicamente crescente de z, i.e (∂f3/2/∂z) ≥ 0. • f3/2(0) = 0 ou seja o intervalo de valores de z tais que f3/2(z) << 1 corresponde a valores z pequenos. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de altas temperaturas 11 Reescrevendo com v = V/�N�, λ3 v = z − z 2 23/2 + z3 33/2 − . . . Invertendo a se´rie para obter z em termos da ordem de (λ3/v) teremos z = λ3 v + z2 23/2 − z 3 33/2 − . . . z1 = λ 3 v +O{(λ 3 v )2} z2 = λ3 v + 1 23/2 �λ3 v �2 +O{(λ 3 v )3} . . . . . . Substituindo a expansa˜o de z em poteˆncias de λ3/v na equac¸a˜o de estado, teremos ate´ segunda ordem: PV kT = V λ3 f5/2(z) = V λ3 � z − z 2 25/2 + z3 35/2 + . . . � = = V λ3 �� λ3 v + 1 23/2 �λ3 v �2� − 1 25/2 � λ3 v + 1 23/2 �λ3 v �2�2 + . . . � PV kT � V λ3 λ3 v � 1 + 1 23/2 λ3 v − 1 25/2 λ3 v + . . . � = �N� � 1 + 1 25/2 λ3 v + . . . � ∴ P kT � �N� V � 1 + 1 25/2 λ3 v + . . . � → P kT � n � 1 + λ3 25/2 n+ . . . � segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de altas temperaturas 12 Comenta´rios: • O resultado e´ expansa˜o semelhante a` expansa˜o virial, i.e em poteˆncias da densidade me´dia v−1. • Diferenc¸a fundamental: os termos da expansa˜o sa˜o produzidos por efeitos quaˆnticos sobre o ga´s ideal sem interac¸o˜es interpart´ıcula. • O termo de ordem zero, i.e com z = (λ3/v) reproduz a equac¸a˜o de estado do ga´s ideal cla´ssico! • Todas as demais grandezas termodinaˆmicas tera˜o correc¸o˜es de origem quaˆntica em uma se´rie de poteˆncias em (λ3/v). Por exemplo, capacidade calor´ıfica a volume constante sera´ CV � 3 2 Nk � 1− 0.884λ 3 v + 0.0066 �λ3 v �2 + . . . � segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de baixas temperaturas 13 Regime de baixas temperaturas Os efeitos quaˆnticos sa˜o relevantes quando o comprimento de onda te´rmico ≥ a distaˆncia me´dia interpart´ıcula, i.e quando as temperaturas sa˜o suficientemente baixas para que λ3 v � 1 Nesse caso, devemos examinar o comportamento de f3/2(z) em grandes valores e z. Fermi !Dirac n!Ε"# #e Β!Ε!Μ" & 1 $!1kT # 1 kT # 10 Μ " 1 0 1 2 3 Ε Μ 0 0.5 1 n!Ε"Considerar a distribuic¸a˜o de Fermi no regime de baix´ıssimas temperaturas: �n�p� = 1 z−1eβε�p + 1 ∴ lim−→ T→0 �n�p� = 1 eβ(ε�p−εF ) + 1 Observe que todas as curvas passam no mesmo ponto n(µ) = 1/2, i.e quando ε = µ em qualquer temper- atura. Distribuic¸a˜ode Fermi para valores de βµ= 1 (azul) e 10 (preto). segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de baixas temperaturas 14 εF 1 〈n!p〉 Distribuic¸a˜o de Fermi em T = 0. No regime extremo em que T = 0 temos lim−→ T=0 �n�p� = 1 se ε�p < εF 0 se ε�p > εF 1/2 se ε�p = εF Observac¸o˜es: • Todos os estados com energia menor do que εF esta˜o ocupados com 1 part´ıcula, e todos os estados com energia acima esta˜o desocupados. • εF e´ ma´xima energia de um estado ocu- pado. • Como z = eβµ, em T = 0 o poteˆncial qu´ımico µ = εF . segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de baixas temperaturas 15 Densidade de estados Estado Fundamental(T = 0) O distribuic¸a˜o de Fermi obedece a` condic¸a˜o � �p �n�p� = N , que em T = 0 resulta� �p 1 = N, ou V h3 � ε�p≤εF d�p= N Passando para a varia´vel de energia, i.e �p2/(2m)→ ε , escrevemos formalmente� εF ε0 D(ε) dε = N onde D(ε) = densidade de estados = � nu´mero de estados com, energia entre ε e ε+ dε. Obs: Para determinar explicitamente D(ε) e´ preciso especificar a dependeˆncia de ε com �p, conhecida como relac¸a˜o de dispersa˜o. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de baixas temperaturas 16 Ε D�Ε� Para o ga´s ideal em T = 0 temos ε = ε�p = �p2 2m ∴ dp = m p dε = m√ 2mε dε → V h3 � pF 0 (4π)p2dp = 4π V h3 � εF 0 (2mε) m√ 2mε dε = � εF 0 �2πV h3 (2m) 3 2 ε 1 2 � � �� � d(ε) dε ∴ D(ε) = 2πV h3 (2m)3/2ε1/2 → n(ε) ∼ ε1/2 Momentum de Fermi, 4π V h3 � pF 0 p2dp = N, → V h3 4π 3 p3F = N ∴ pF = � 3N 4πV � 1 3 h (momentum de Fermi) segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de baixas temperaturas 17 Energia (me´dia) do estado fundamental E0 = � �p �n�p� ε�p = Vh3 � pF 0 p2 2m (4π)p2dp, → E0 = 2π V 5mh3 p5F ou E0 = � εF 0 D(ε)dε, → E0 = 3 5 NεF (energia interna) Temperatura de Fermi TF Definic¸a˜o: TF = εF k → T = 0 Estado Fundamental, T << TF Regime de baixas temperaturas ou ga´s com alta densidade T >> TF Regime de altas temperaturas ou ga´s com baixa densidade.. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions - regime de baixas temperaturas 18 Quando T �= 0 a densidade de estados pode ser obtida por N = � �p �n�p�, ou N = V h3 ∞� 0 [eβ(ε−µ) + 1]−1d�p= = � ∞ 0 f(ε)D(ε)dε onde f(ε) = 1 eβ(ε−µ) + 1 → e−β(ε−µ) (ε� µ) D(ε) = 2πV h3 (2m) 3 2 ε 1 2 T � 0 T �� TF T �� TF Ε�Μ f�Ε�� D�Ε� Gra´fico de [f(ε) D(ε)]× ε/µ para T = 0, T << TF e T � TF . segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Gás ideal de férmions com spin 19 No caso de fe´rmions com spin �s existira´ uma degeneresceˆncia de (2s+ 1) microestados para cada estado me momentum �p. Portanto, N = (2s+ 1) V h3 � ε�p≤εF d�p= (2s+ 1) V h3 4π 3 p3F ∴ V h3 4π 3 p3F = N � = N (2s+ 1) • Corresponde a considerar um sistema de fe´rmions reduzido para N � = N/(2s+ 1) fe´rmions sem spin. • Esta correspondeˆncia pode ser entendida porque fe´rmions com diferentes estados de spin na˜o sofrem as restric¸o˜es de simetria pela operac¸a˜o de permutac¸a˜o entre as posic¸o˜es, i.e na˜o sofrem as restric¸o˜es impostas pelo princ´ıpio de Pauli. • Cada subconjunto de fe´rmions com mesmo estado de spin age como se fosse um ga´s independente. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 20 segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 21 Em astronomia, anã branca é o objeto celeste resultante do processo evolutivo de estrelas de até 10 M Sol, o que significa dizer que cerca de 98% de todas as estrelas evoluirão até a fase de anã branca, entretanto, somente 6% dos objetos nas vizinhanças do Sol são anãs brancas. Após terem se tornado gigantes vermelhas durante a fase de queima nuclear de Hélio/ Hidrogênio, elas ejetarão sua camada externa, formando uma nebulosa planetária e deixando para trás um núcleo composto praticamente de carbono e oxigênio. Embora este núcleo seja mil vezes mais luminoso que o Sol e com uma temperatura efetiva que pode chegar a 150 000 K, ele não tem uma fonte de energia adicional e irá gradualmente irradiar sua energia e esfriar. O núcleo, sem o suporte contra o colapso gravitacional oferecido pelas reações de fusão termonucleares, torna-se extremamente denso, com uma massa típica de 0,6 MSol contida em um volume comparável ao da Terra. O colapso gravitacional da anã branca é barrado apenas pela pressão de degenerescência eletrônica. A maior massa de uma anã branca, além da qual a pressão da matéria degenerada não pode mais suporta-la, é em torno de 1,4 MSol. Uma anã branca com massa maior do que este limite (conhecido como limite de Chandrasekhar ) pode explodir em uma supernova. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 22 Modelo simples para uma estrela ana˜ branca • Ga´s esfe´rico constitu´ıdo de he´lio, • massa total M ∼ 1030 kg e • densidade de ρ = 1010 kg m−3 • temperatura no centro T = 107 K Estimativa da energia de Fermi e do momentum de Fermi Cada a´tomo de He contribui com 2 ele´trons e 2 nu´cleos para a massa total. A energia cine´tica me´dia kBT ∼ 1 keV e´ muito pequena comparada a` massa de repouso dos nu´cleos, da ordem de mHec2 ≈ 4 GeV. Logo devem ser tratados no limite na˜o-relativ´ıstico. Para os eletrons a massa de repouso e´ mec2 ≈ 511 keV, de maneira que a con- tribuic¸a˜o da energia cine´tica para a massa sera´ tambe´m desprez´ıvel. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 23 A massa do ga´s sera´ aproximadamente M ≈ N(me + 2mn) ≈ 2Nmn Densidade de ele´trons n = N V ≈ M/2mn Mρ ≈ ρ 2mn ≈ 3 · 1036 ele´trons m3 O momentum de Fermi para um ga´s de ele´trons e´ dado por pF = � 3n 2× 4π �1/3 h ≈ 5 · 10−22 kg m seg ≈ 0, 9 Mev c onde o fator 2 decorre da degeneresceˆncia de spin do ele´tron. A energia de Fermi pode ser obtida da relac¸a˜o energia-momentum relativ´ıstica. Excluindo a energia de repouso, temos εF = mc 2 �� 1 + � pF mc �2 − 1 � � 0.5Mev Portanto, a energia te´rmica kBT ≈ 1keV <<ε F . Ou seja, o ga´s de ele´trons esta´ a uma temperatura T << TF , i.e. em um estado degenerado (frio). segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 24 Para o ga´s de nu´cleos He, temos: 1. O comprimento de onda te´rmico λHe= � �2 2πmHe kbT �1/2 ≈ 247× 10−15fm = 247 fm 2. Comparando com a densidade de part´ıculas de He que e´ metade da de ele´trons temos nHe λ 3 He ≈ 2.27 · 10−2 << 1 ou seja, o ga´s de He esta´ no regime de altas temperaturas e pode ser tratado como um ga´s de Maxwell-Boltzmann. 3. O ga´s de He contribui para a pressa˜o com PHe = nHe kBT ≈ 1.5 · 10−12 MeV fm3 4. A pressa˜o do ga´s de ele´trons em T = 0 (pressa˜o do ponto zero) pode ser calculada e resulta [vide Pathria eq. 12 §8.4, pag. 221] P0 = πm4e c 5 3h3 A(x), A(x) = x(x2+1)1/2(2x2−3)+3 sinh−1 x, x = pF mec = �3n 8π �1/3 h mec m segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 25 que pode ser estimada em Pe ≈ 10−9MeV fm3 que e´ 103 vezes maior que PHe. Portanto, apenas os ele´trons sa˜o relevantes para a dinaˆmica do ga´s. 5. O confinamento do ga´s e´ resultado da forc¸a gravitacional entre as part´ıculas que o compo˜e. Se o ga´s se expande por um volume dV enquanto o raio aumenta de dR havera´ um ganho de energia dEP = −P dV = −P (R) 4πR2dR lembrando que a pressa˜o e´ func¸a˜o do momento de Fermi que por sua vez depende do volume (ou raio) para um dado nu´mero de part´ıculas. 6. Por outro lado quando o ga´s aumenta de raio a energia potencial gravitacional aumenta de dEg = dEg dR dR = α GM2 R2 dR, Eg(R) = −αGM 2 R 7. No equil´ıbrio termodinaˆmico a energia livre deve ter um m´ınimo ou seja dF = 0. Neste caso, em T = 0 temos F = U − TS = U , logo dF = dU = dEg+dEP = 0 → [−P (R) 4πR2+αGM 2 R2 ]dR = 0 ∴ P (R) = α 2π GM2 R4 segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 26 8. P (R) = α 4π GM2 R4 Esta equac¸a˜o fornece entre a massa e o raio da estrela da estrela em equil´ıbrio. Substituindo P (R) pela pressa˜o P0 do ponto zero dos ele´trons e o momento de Fermi dos ele´trons, resulta πm4ec 5 3h3 A( pF mec ) = α 4π GM2 R4 → A( pF mec ) = 6πα � �c m4ec 2 1 R �3 1 mec2 GM2 R ∴ A ��9πM 8mn �1/3 �c mec2 1 R � = 6πα � �c m4ec 2 1 R �3 1 mec2 GM2 R 9. Comenta´rios: – Esta equac¸a˜o fornece a correspondeˆncia entre a massa M da estrela (em unidade de massa do nucleo) e o raio R (em unidades de comprimento de onda Compton dos ele´trons �c/mec2. – A energia gravitacional aparece no lado direito em unidades de energia de repouso os ele´trons. – A equac¸a˜o relaciona mecaˆnica quaˆntica, relatividade especial e teoria da gravitac¸a˜o. segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 27 9. Comenta´rios: – Infelizmente na˜o pode ser resolvida exatamente para R(M) ou M(R). Mas, pode ser resolvida em 2 caso assinto´ticos: Temos: M ∼ 1030 kg, mn ∼ 1.6 · 10−27 kg, �c = 197 MeV e mec2 ≈ 0.5 MeV. Logo o argumento da func¸a˜o A(x) sera´ 1 se R = 5 · 106 m. Podemos considerar as situac¸o˜es assinto´ticas quando: a) pF /mec << 1 para R� 106 Neste caso, A(x) � (8/5)x5, ∴ R ≈ 3(9π) 2/3 40α � �c Gm2n �� �c mec2 ��mn M �1/3 b) pF /mec >> 1 para R << 106 Neste caso, A(x) � 2x4 − 2x2, ∴ R ≈ (9π) 1/3 2 � �c mec2 �� M mn �1/3� 1− �M M0 �2/3�1/2 , M0 = 9 64 � 3π α3 �1/2� �c Gm2n �3/2 mn segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 Estrelas anãs brancas 28 9. Comenta´rios: � �c mec2 �� M mn �1/3� 1− �M M0 �2/3�1/2 , M0 = 9 64 � 3π α3 �1/2� �c Gm2n �3/2 mn Se M > M0 na˜o ha´ soluc¸a˜o real. O raio aproxima-se de 0 quando M →M0. Logo, M0 e´ o limite superior para a massa, chamado de limite de Chandrasekhar. Significa, nessa aproximac¸a˜o, que a pressa˜o do ponto zero dos ele´trons na˜o conseguiria compensar a pressa˜o gravitacional e a estrela colapsaria. O valor de M0 � 1030kg. Estudos posteriores de Chandrasekhar chegaram a M0 � 1.44Msol segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 Curso de Mecânica Estatística - Verão 2012 - Programa de Pós-graduação em Física da UFPE\ Aula 9 \ Estrelas anãs brancas 29 segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
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