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ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 159 12 GERADORES SÍNCRONOS OU ALTERNADORES A geração de energia elétrica em grandes blocos processa-se pela ação de máquinas rotativas que acionadas mecanicamente por uma máquina primária (turbina hidráulica, a vapor, a gás, ou máquina de combustão interna, ou turbina eólica) produzem através de campos de indução eletromagnéticos, uma onda senoidal de tensão com freqüência fixa e amplitude definida pela classe de tensão do gerador. Os geradores síncronos trifásicos representam a máquina mais comum de geração em um sistema de potência. A palavra síncrona significa que o campo girante no entreferro tem a mesma velocidade angular que a do rotor. A freqüência f da tensão induzida é diretamente proporcional ao número de pólos e a velocidade de rotação do rotor. A freqüência é determinada por: em que ‘p’ é o número de pólos da máquina e ‘n’ o número de rotações por minuto ou velocidade (síncrona) do rotor em rpm. O circuito equivalente por fase de um gerador síncrono, figura 106, sob condição de estado permanente é mostrado na figura abaixo. Figura 1063 – Circuito equivalente por fase do gerador síncrono Armadura Campo ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 160 As partes principais de uma máquina girante são rotor e estator. Em uma máquina síncrona os enrolamentos de campo estão situados no rotor e os enrolamentos de armadura no estator. A corrente nos enrolamentos de campo é CC e produz um fluxo magnético constante por pólo. A rotação do rotor com relação ao estator causa a indução de tensão nos enrolamentos de armadura. Os enrolamentos de armadura de um gerador trifásico podem ser associados em estrela ou triângulo. A ligação ‘estrela’ é utilizada na maioria dos geradores dos sistemas de energia elétrica. Geralmente, o neutro é aterrado neste tipo de ligação sendo este aterramento feito através de uma resistência ou reatância cuja finalidade é a de reduzir a corrente de curto circuito. Os geradores síncronos são construídos com dois tipos de rotores: rotores de pólos salientes e rotores de pólos lisos ou simplesmente, rotores cilíndricos. Os rotores de pólos salientes são em geral acionados por turbinas hidráulicas de baixa velocidade (entre 50 e 300 rpm) a fim de extrair a máxima potência de uma queda d’água, e os rotores cilíndricos são acionados por turbinas a vapor de alta velocidade (até 3600 rpm). Nas máquinas de pólos salientes porque o rotor está diretamente ligado ao eixo da turbina e o valor de freqüência nominal é de 60Hz, é necessário um grande número de pólos. Os rotores de baixa velocidade possuem um grande diâmetro para prover o espaço necessário aos pólos. Os geradores síncronos de alta rotação são mais eficientes que seus equivalentes de baixa rotação. Para gerar a freqüência desejada o número de pólos não poderá ser inferior a dois e assim a velocidade máxima fica determinada. Para 60Hz a velocidade máxima é de 3600 rpm. A alta velocidade de rotação produz uma alta força centrífuga, a qual impõe um limite superior ao diâmetro do rotor. No caso de um rotor girando a 3600 rpm, o limite elástico do aço impõe um diâmetro máximo de 1,2m. Por outro lado, para construir um gerador de 1000MVA a 1500MVA o volume do rotor tem de ser grande. Para isso os rotores de alta potência, alta velocidade são bastante longos. Um controle automático de geração – CAG, figura 107, regula a velocidade e potência de saída do gerador para garantir uma freqüência do sistema constante sob condições normais de operação. Figura 107 - Sistema de controle da geração ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 161 O regulador de velocidade (GOV) controla a velocidade do gerador para que seja mantida constante atuando sobre o registro para controle do fluxo de entrada. De acordo com a Figura que mostra o circuito equivalente por fase do gerador, a equação do gerador síncrono operando em estado permanente é dada para qualquer corrente de carga por: Dependendo da impedância da carga, a corrente Ia em cada fase de um gerador síncrono pode ser atrasada, em fase, ou adiantada da tensão terminal Vt. Considerando um gerador ligado a um barramento infinito em que Vt é mantida constante, a magnitude da tensão gerada Eg é controlada regulando a excitação do campo CC. À medida que a magnitude do campo de excitação CC aumenta, a tensão gerada Eg e a potência reativa de saída aumentam. Um limite na capacidade de potência reativa de saída é alcançado quando a corrente de campo CC atinge seu valor máximo permissível. Quando o gerador está suprindo potência reativa ao sistema, o gerador está operando a um fator de potência atrasado – o gerador vê o sistema como se fosse uma carga indutiva. Se a magnitude da f.e.m. gerada excede a tensão terminal, o gerador é dito estar operando no modo superexcitado. Ainda, pode ocorrer um sobreaquecimento do rotor quando operando a um fator de potência atrasado. À medida que o campo de excitação CC diminui, a magnitude da f.e.m gerada diminui até igualar- se à tensão terminal. Sob estas circunstâncias, o gerador é dito estar operando a uma excitação normal e aproximadamente a um fator de potência unitário. Se a excitação de campo CC é diminuída ainda mais, o gerador iniciará a absorver potência reativa do sistema. O gerador estará operando com um fator de potência adiantado. Nestas circunstâncias, a magnitude da f.e.m gerada é inferior à da tensão terminal, e o gerador estará operando no modo subexcitado. A capacidade do gerador em manter sincronismo sob estas condições é enfraquecida dada que a corrente de excitação é pequena. Portanto, a capacidade de produzir ou absorver reativos é controlado pelo nível de excitação. Aumentando-se a excitação, aumentam os reativos produzidos. Reduzindo-se a excitação, diminuem os reativos produzidos e o gerador passará a absorver reativo do sistema. Por convenção, os reativos supridos pelo gerador recebem sinal positivo, ao passo que os reativos absorvidos recebem sinal negativo. As condições acima expostas podem ser representadas graficamente na figura abaixo. ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 162 Tem-se, portanto, a seguinte regra de grande importância: Uma máquina síncrona superexcitada (funcionando como motor ou como gerador) produz potência reativa e age como se o sistema fosse uma carga indutiva (absorvedor); sob o ponto de vista da rede, o gerador é como um capacitor em paralelo. Uma máquina subexcitada, ao contrário, consome potência reativa da rede e, conseqüentemente, age como se o sistema fosse um capacitor; sob o ponto de vista da rede, o gerador é como uma bobina em paralelo. Todos os equipamentos apresentam um limite de capacidade de transporte de energia. Na determinação das limitações de potência de um equipamento é necessário levar em conta tanto a produção de potência em MW quanto a potência reativa em Mvar. Os geradores possuem curvas de capabilidade, figura 109 a) que delimitam sua região de operação. A operação do gerador fora da área sombreada pode provocar problemas de superaquecimento como mostra a abaixo. Figura 108 – Gerador síncrono conectado a barramento infinito operando sobreexcitado, normal e subexcitado ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 163A parte superior do eixo vertical na Figura (b) indica os Mvar supridos ao sistema, enquanto a parte inferior indica os Mvar absorvidos pelo gerador. A curva da Figura (b) mostra três zonas de aquecimento que afetam a capabilidade de geração do equipamento. Entre os pontos: A-B Curva de limite de campo - indica a capacidade do gerador quando a corrente de campo está a um valor máximo permissível devido às limitações térmicas dos enrolamentos de campo. B-C Curva de limite de armadura – indica a máxima corrente de armadura permitida devido às limitações térmicas dos condutores de armadura; a geração é limitada pelo aquecimento nos enrolamentos do estator. C-D Curva de limite de estabilidade - indica a máxima capacidade de absorção de potência reativa do gerador quando operando a fator de potência adiantado. A determinação da curva de capabilidade mostrada na Figura (a) e (b) é obtida para a condição simultânea de: (a) A-B operação sob tensão terminal constante e corrente de campo (portanto Ef) em seu limite térmico máximo; (b) B-C operação sob tensão terminal constante e corrente de armadura no máximo valor permitido pela limitação térmica. A segunda condição (b) corresponde a um valor constante de potência aparente de saída dada por: Figura 109 – Curva de capabilidade ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 164 Uma potência aparente constante corresponde a um círculo centrado na origem de um plano PxQ, como o da Figura.a (gerador síncrono conectado a barramento infinito), cujo raio é Va.Ia. Como Va é mantido constante e Ia é considerado em seu valor limite térmico, tem-se que a curva B-C define o limite de operação da máquina, além do qual resultaria em sobre-aquecimento do estator. Consideração semelhante pode ser feita para a primeira condição (a) de operação. Tem-se que: Sob a consideração de R=0 tem-se que: Das equações acima resulta: A Equação acima corresponde a um círculo centrado em P=0 e Q=-Va2/XS com raio igual a (VaEg)2/Xs2, e determina o limite de aquecimento do enrolamento de campo na operação da máquina. É comum especificar o valor nominal (potência aparente e fator de potência) da máquina como sendo o ponto de interseção das curvas limites de aquecimento de armadura e campo. Se uma unidade opera além de sua capacidade especificada, o excesso de calor no estator e no rotor fará com que o isolamento dos enrolamentos se deteriore com rapidez. Isolamento exposto ao calor intenso torna-se quebradiço, apresenta fissuras e pode eventualmente transformar-se em material condutor. Um Regulador Automático de Tensão monitora a tensão terminal do gerador e controla sua excitação para manter a tensão nos terminais dentro de uma faixa especificada de tensão. O gerador é protegido de gerar e absorver potência reativa além de sua capabilidade através da proteção de super e sub excitação. ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 165 12.1 Vantagens da operação em paralelos de alternadores Um sistema eficiente consiste de varias estações centrais geradoras, operando em paralelo e em cada estação pode haver vários alternadores em paralelo. São várias as vantagens em se trabalhar com alternadores em paralelo, as principais são: • Se uma unidade deixar de funcionar, as demais estarão disponíveis para fornecer o serviço necessário. • É antieconômico operar uma grande unidade com cargas pequenas, isto diminui o rendimento. Várias unidades menores, operadas em paralelo, podem ser removidas ou adicionadas, de forma a atender as flutuações da demanda. • Havendo necessidade de reparo ou manutenção geral, as unidades menores facilitam as operações com relação às pecas de reposição ou reserva, bem como os serviços a executar. • Caso seja necessário aumento de carga, pode-se instalar unidades adicionais para acompanhar o acréscimo da demanda, sendo necessário menor investimento. • Existem limites físicos e econômicos para a capacidade possível de uma só unidade. 12.2 Condições necessárias para ligação de alternadores em paralelo • Os valor eficaz (CA) da tensão que se conecta a máquina a ser ligada em paralelo deve ser igual ao da rede e das máquinas em funcionamento, • As tensões de todos os alternadores devem ter a mesma forma de onda, • As tensões devem estar em oposição de fase (um alternador em relação ao outro ou em relação ao barramento), • A freqüência do alternador que vai ser conectado em paralelo deve ser igual a da rede e das máquinas em funcionamento, • As características combinadas de tensão total de alternadores e da velocidade da máquina primária devem ser descendentes com aplicação da carga, • Apenas as máquinas polifásicas a seqüência de fases das tensões polifásicas da máquina que entra no sistema deve ser a mesma do barramento. ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 166 Exercícios 1)O que são os enrolamentos amortecedores nos motores síncronos e qual a sua finalidade? Este enrolamento, também chamado “enrolamento amortecedor Leblanc”, é usado em motores síncronos cujo arranque é feito como motor assíncrono. O motor síncrono não tem binário de arranque, não podendo arrancar só por si. Pode arrancar com um motor auxiliar de corrente contínua ou um motor assíncrono ou por arranque direto como motor assíncrono. Neste último caso, existe no rotor, além do enrolamento de excitação de corrente contínua, um enrolamento em gaiola parcial. Quando o rotor fica sujeito ao campo girante produzido pelo estator formam-se, no enrolamento de gaiola, correntes induzidas que originam forças que colocam o rotor em movimento no sentido do campo girante, como acontece no motor assíncrono, até que, alimentando a excitação, o rotor atinge a velocidade de sincronismo do campo girante. Quando é atingido o sincronismo, deixa de haver variação do fluxo que atravessa o enrolamento em gaiola, deixando de haver neste, correntes induzidas e as forças que originaram o arranque. Quando há variações bruscas de carga, corre-se o risco de o motor perder o sincronismo, situação em que pára. No entanto, existindo o enrolamento de gaiola, quando há variações de velocidade, surgem variações no fluxo que atravessa o enrolamento, originando correntes induzidas que produzem binários que amortecem as variações, tendendo a manter o equilíbrio, razão por que o enrolamento se designa de amortecedor. 2)Por que na partida, se curto-circuita o enrolamento de campo do motor síncrono? No arranque descrito anteriormente o enrolamento de excitação está em vazio e sujeito a fortes variações de fluxo, por ser atravessado pelo campo girante à velocidade de sincronismo e partir de uma situação de velocidade nula. Estas variações de fluxo produzem, no enrolamento de excitação, f.e.m. induzidas elevadas que podem ser perigosas. Por essa razão, este enrolamento é curto-circuitado no arranque por um resistor que é retirado quando se alimenta a excitação. 3)Qual a diferença entre gerador síncrono e motor síncrono, e cite algumas aplicações para cada um destes. A diferença está na própria designação, pois um é gerador e o outro é motor. A máquina é a mesma, designando-se por máquina síncrona. O gerador síncrono, também chamado alternador, é a máquina geradora de energia elétrica por excelência. Utiliza-se em todos os tipos de centrais elétricas, hidrelétricas, térmicas (clássicas ou nucleares) ou outras e também nos grupos motor- gerador. O motor síncrono é usado em aplicações em que se pretenda velocidade constante, queé uma das caraterísticas importantes deste motor. Outra aplicação importante é como compensador síncrono, pois permite compensar o fator de potência da rede onde está ligado, através da variação da excitação. 4) Como verificar se uma máquina síncrona é de armadura estacionária ou girante? 5) Comente sobre as vantagens da utilização de máquinas síncronas de armadura estacionária. ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC Professora: Margareth N. Silva Disciplina: Máquinas Elétricas 167 6) Quais as condições necessárias para que um gerador síncrono seja colocado em paralelo com o barramento infinito? Como ajustar a máquina no caso de uma das condições não ser atendida? 7) Quais os métodos de partida de motores síncronos? 8) Em que aplicações são utilizados os rotores de pólos salientes? Explique? 9) Considere que um gerador síncrono foi adequadamente ajustado para operar temporariamente como compensador síncrono. Nessa situação, o gerador: a) funciona como se fosse um capacitor. b) opera sempre com tensão nominal. c) opera com fator de potência unitário. d) pode funcionar sincronizado ao sistema, permanentemente, com freqüência inferior a 58 Hz, caso o sistema tenha freqüência nominal igual a 60 Hz. e) quase que gera ou absorve somente potência reativa.
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