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CIVIL II Material de Apoio 2s2014

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INSTITUTO DOCTUM DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA 
FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE TEÓFILO OTONI 
CURSO: DIREITO PERÍODO: 3º SEM/ANO: 2º/2014 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II PROFESSORA: HELEN KARINA AMADOR 
CAMPOS 
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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Helen Karina Amador Campos 
helen.karina@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEÓFILO OTONI 
2014 
INSTITUTO DOCTUM DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA 
FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE TEÓFILO OTONI 
CURSO: DIREITO PERÍODO: 3º SEM/ANO: 2º/2014 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II PROFESSORA: HELEN KARINA AMADOR 
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UNIDADE I – TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES 
 
1. Introdução ao Direito das Obrigações 
 
No Código Civil de 2002, o estudo das Obrigações inaugura a Parte 
Especial, integrando o seu Livro I. 
 
Válido consignar que esta mudança não é apenas topográfica; o 
legislador, ao trazer as Obrigações para inaugurar a parte especial do 
novo Código buscou ressaltar a importância deste instituto, elemento 
comum e fundamental de todas as categorias e estruturas jurídicas, pois 
se espalha pelas mais diferentes situações patrimoniais, como bem 
destacam Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald1: 
 
Desde os deveres assumidos por locador e locatário em um 
contrato de inquilinato até o poder estatal de cobrança de 
tributos, passando pelo dever de reparar danos causados por um 
acidente automobilístico, nas mais diferentes situações jurídicas 
estão presentes os conceitos elementares obrigacionais. 
 
Em razão de tudo isso é que o Direito das Obrigações ganha 
destaque no cenário jurídico, merecendo aprofundamento e discussão, 
como se buscará fazer neste semestre. 
 
1.1. Conceito de obrigação 
 
É uma relação jurídica transitória, estabelecendo vínculos jurídicos 
entre duas diferentes partes (denominadas credor e devedor, 
respectivamente), cujo objeto é uma prestação pessoal, positiva ou 
negativa, garantindo o cumprimento, sob pena de coerção judicial2. 
 
Importante destacar neste conceito o fato que a prestação exigível 
há de ter cunho pecuniário, isto é, caráter patrimonial. 
 
 relação jurídica 
 caráter transitório (efêmera) 
Obrigação pessoalidade vínculo 
 prestação 
 cunho pecuniário 
 
1.2. Características essenciais 
 
Destacam-se no estudo das obrigações três aspectos fundamentais: 
 
a) Determinabilidade dos sujeitos; 
b) Caráter patrimonial da prestação (objeto); 
c) Transitoriedade do vínculo. 
 
 
1
 FARIAS, Cristiano Chaves e ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil – obrigações. 6.ed. 
Salvador: Juspodivm, 2012, p. 52. 
2 Ob. cit., pp. 34-35. 
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1.3. Breve historicidade 
 
Há algumas características relevantes a destacar na abordagem à 
historicidade das obrigações, quais sejam: 
a) Amplitude conceitual; 
b) Caráter universal; 
c) Lenta evolução no tempo. 
 
1.3.1. Evolução do Direito das Obrigações 
 
Direito Grego: 
 
 Não firmou bem a conceituação de obrigação, não 
vislumbrando nitidamente seus elementos componentes. 
 Relações obrigatórias voluntárias e involuntárias – Aristóteles. 
 
Direito Romano: 
 
 Nexum 
 Vínculo obrigacional pessoal 
 Não admitia a transmissibilidade das obrigações 
 
Direito Moderno: 
 
 Vínculo obrigacional psicológico – conteúdo econômico 
 Valoriza a dignidade humana 
 Admite a transmissibilidade das obrigações 
 
1.3.2. Direito das Obrigações no Código Civil de 1916 e no Código Civil 
de 2002 
 
Código Civil de 1916 
 
 Elaborado no final do século XIX (1899) 
 Refletia uma sociedade estável, agrária e conservadora, recém 
saída de um regime de escravidão 
 As Obrigações eram tratadas no Livro III da Parte Especial 
 Não contemplava aspectos fundamentais da economia 
neocapitalista. 
 
Código Civil de 2002 
 
 Projeto definitivo: Projeto de Lei nº. 634, de 1975 
 Socialidade do direito 
 A consciência ética da realidade socioeconômica norteia a 
revisão das regras gerais sobre a formação dos contratos e a 
garantia de sua execução equitativa 
 As Obrigações estão no Livro I da Parte Especial 
 Conservação da sistemática tradicional das modalidades de 
obrigações, deixando-se de referir o problema das fontes das 
obrigações, cuja função atribuiu à doutrina 
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 Embora sem mudanças substanciais na teoria geral das 
obrigações, alguns institutos ganharam assento em título 
específico, a exemplo da cessão de crédito e assunção de 
dívida. 
 Aceitação da revalorização da moeda nas dívidas de valor: o 
CC reconheceu a correção monetária como efeito da 
desvalorização da moeda. 
 
1.4. Elementos constitutivos das obrigações 
 
a) Elemento subjetivo: sujeitos (ativo e passivo) 
b) Elemento objetivo: objeto (direto ou imediato e indireto ou 
mediato) 
c) Elemento imaterial (vínculo jurídico) 
 
1.5. Modalidades das obrigações 
 
1.5.1. Obrigações de dar (arts. 233-246) 
 
É a obrigação na qual o devedor se compromete a entregar uma 
coisa móvel ou imóvel ao credor, quer para constituir novo direito, quer 
para restituir a mesma coisa a seu titular. Importante: o vínculo 
obrigacional, por si só, não tem o condão de fazer adquirir a 
propriedade, isto é, a obrigação de dar gera apenas um direito à coisa, 
um crédito, e não um direito real. 
 
1.5.1.1. Obrigações de dar coisa certa (arts. 233-237) 
 
Certa é a coisa determinada, perfeitamente caracterizada e 
individualizada, diferente de todas as demais da mesma espécie. 
 
Regra: somente o que foi objeto da obrigação, a coisa certa, é que 
servirá para o adimplemento (cumprimento) da obrigação ► art. 313 ► 
Princípio da Força Obrigatória dos Contratos (Pacta sunt servanda) – hoje 
mitigado. Exceção: dação em pagamento (arts. 356-359). 
 
Acessórios: é preciso esclarecer, antes, que os acessórios de que 
trata o art. 233 são aqueles já existentes ao tempo da negociação entre 
as partes, ou seja, da celebração do negócio. Esta observação é 
importante, porque a regra do art. 233 não conflitacom a do art. 237, 
que trata dos melhoramentos e acrescidos; esses últimos, embora 
também considerados acessórios, surgem em momento superveniente 
àquele, posto que realizados no interregno entre a contratação e o 
adimplemento da obrigação. 
 
Visto isto, é preciso deixar claro quanto ao art. 233 que a regra geral 
dispõe que os acessórios seguem a sorte do principal (objeto da 
obrigação); contudo, em se tratando de relação obrigacional, será 
necessário observar se existe disposição expressa entre as partes 
versando sobre os acessórios, pois, se houver, esta regra prevalecerá; na 
sua falta, porém, será preciso analisar as circunstâncias do caso e, 
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apenas em última análise, inexistindo qualquer dos parâmetros anteriores, 
poder-se-á aplicar a regra geral mencionada inicialmente. 
 
Responsabilidade pela PERDA da coisa certa: 
 
Antes da tradição ou pendente condição 
suspensiva (art. 125/CC) 
 
 
Depois da tradição 
Aplica-se o Princípio res perit domino (a coisa 
perece para o dono) – art. 237, 1ª parte c/c art. 
492. 
O risco é suportado pelo credor porque a 
tradição faz cessar a responsabilidade do 
devedor – res perit domino. 
 
Sem culpa do devedor Com culpa do 
devedor 
 
Exceção: fraude ou negligência do devedor: 
mesmo após a entrega o devedor será 
responsabilizado. 
 
Observações: 
Mora do credor: art. 492, §2º. 
Mora do devedor: art. 399. 
Vícios redibitórios: art. 441 
Evicção: art. 447 
 
Art. 234, parte inicial: 
resolve-se a obrigação 
para ambas as partes 
com a devolução de 
valores eventualmente 
antecipados. Não há 
perdas e danos, salvo 
se o devedor houver se 
responsabilizado no 
contrato - 393/CC. 
 
Art. 234, parte final → 
o devedor responde 
pelo equivalente (valor 
da coisa) + perdas e 
danos (danos 
emergentes e/ou lucros 
cessantes). 
 
Responsabilidade pela DETERIORAÇÃO da coisa certa: 
 
Sem culpa do devedor Com culpa do devedor 
 
Deterioração motivada por fortuito ou fato de 
terceiro – art. 235 (consequência do art. 313). 
Resolve-se a obrigação e o credor recebe a 
restituição do preço, se já tiver efetuado o 
pagamento, OU o credor aceita a coisa no 
estado em que ficou, abatendo do preço o 
valor da depreciação. 
 
 
Art. 236: 
 
Credor recusa a coisa e exige o equivalente + 
perdas e danos OU aceita a coisa no estado em 
que se acha + perdas e danos. 
 
Conclusão: a existência ou não de culpa do devedor na perda ou 
deterioração da coisa será apreciada no exame da sua diligência 
(cuidado) com relação a ela. Ao mesmo tempo, é preciso frisar que 
eventual mora do devedor pressupõe culpa, dada à perpetuação da 
obrigação; neste caso, o devedor somente conseguirá se isentar de 
responsabilidade demonstrando que mesmo se a entrega fosse 
tempestiva o evento lesivo ainda assim ocorreria, ou, também, que não 
teve culpa na mora, como será abordado adiante. 
 
MELHORAMENTOS e ACRESCIDOS na obrigação de dar coisa certa: art. 
237 (Princípio da Equivalência Material) → pertencem ao devedor, por 
ser ele o dono da coisa até a tradição, assim, se a coisa vem a 
apresentar melhoramentos sem qualquer despesa ou dispêndio da sua 
parte3, ele pode: 
 
3 Este entendimento é CONTROVERSO. Nelson Rosenvald preceitua que a expressão 
“melhoramentos” tem um significado análogo ao de benfeitorias, e “acrescidos”, por sua 
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a) Exigir aumento no preço; OU 
b) Resolver da obrigação, se o credor não concordar em pagar o 
valor apurado em razão da valorização alcançada pelo bem. 
 
OBS.: Estas soluções visam evitar o enriquecimento ilícito (sem 
causa) do credor, uma vez que a coisa passou a apresentar, 
por causa dos melhoramentos, um valor superior àquele 
verificado quando firmado o contrato (obrigação). O legislador 
optou por estabelecer uma regra equânime, uma vez que, por 
um lado, permite que o devedor exija o aumento do preço, por 
outro, contudo, não obriga o credor a pagá-lo, exatamente 
pelo fato de ser superior ao combinado (regra de boa-fé 
objetiva), assim, se não aceitar o acréscimo, a obrigação ficará 
extinta. 
 
FRUTOS na obrigação de dar coisa certa 
 
Regras – art. 237, parágrafo único: 
 
a) Devedor: tem direito aos frutos percebidos (colhidos) até a 
tradição. Justificativa: a condição de proprietário dá ao devedor 
esse direito de fruição; 
 
b) Credor: tem direito aos frutos pendentes (ainda não destacados 
da coisa principal) ao tempo da tradição. Justificativa: os frutos 
são acessórios, assim, acompanham o destino da coisa, como 
regra geral, aplicando-se o princípio da acessoriedade. 
 
1.5.1.2. Obrigações pecuniárias ou de dar dinheiro (arts. 315-318) 
 
Objeto = prestação de dinheiro. Importante: na dívida pecuniária, a 
prestação não é de coisas, diz respeito ao valor nominal da moeda, que 
é o valor impresso na cédula, consequentemente, o risco de sua perda 
não se transmite ao credor. 
 
Regra: art. 315 → Princípio do nominalismo. Síntese: é obrigatório o 
pagamento em moeda corrente nacional, que tem curso forçado para 
as obrigações exequíveis no Brasil. Exceções: relações contratuais de 
natureza internacional (importação/exportação). 
 
1.5.1.3. Obrigações de restituir (arts. 238-242) 
 
Objeto = devolução pelo devedor de coisa certa que, por qualquer 
título, se encontra em seu poder. Exs.: comodato (empréstimo gratuito de 
coisas infungíveis – art. 579 e ss), locação, depósito (art. 627 e ss). 
Importante: o credor dessa obrigação já era proprietário, ou titular de 
outro direito real (art. 1.225) sobre a coisa em época anterior à criação 
da obrigação. 
 
vez, equivaleria às acessões artificiais. Além disso, citando Caio Mário da Silva Pereira (in 
Instituições de direito civil, V. II – Teoria geral das obrigações, p. 54), ressalva que a 
indenização, nestes casos, requer que as benfeitorias sejam necessárias ou úteis e 
realizadas de boa-fé. Conclui, enfim, que não havendo labor ou despesa do devedor, 
não fará jus a acréscimo de valor. (ob. cit., p. 198). 
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Responsabilidade pela PERDA da coisa restituível: 
 
Antes datradição ou pendente condição 
suspensiva (art. 125/CC) 
Depois da tradição 
Aplica-se o Princípio res perit domino (a coisa 
perece para o dono), que, no caso da obrigação de 
restituir, é (e sempre foi) o CREDOR. 
Também a mesma regra da obrigação de 
dar → o risco é suportado pelo credor 
porque a tradição faz cessar a 
responsabilidade do devedor. 
Sem culpa Com culpa 
Exceção: fraude ou negligência do 
devedor: mesmo após a entrega o devedor 
será responsabilizado. 
 
Observações: 
Mora do credor: art. 492, §2º. 
Mora do devedor: art. 399. 
 
Art. 238: 
Resolve-se a obrigação para 
ambas as partes, com a 
ressalva de que o credor 
terá seus direitos, se 
houver, garantidos até o dia 
da perda (p.ex. aluguel do 
período); 
Não há perdas e danos. 
 
 
Art. 239 → o 
devedor responde 
pelo equivalente + 
perdas e danos. 
 
Responsabilidade pela DETERIORAÇÃO4 da coisa restituível: 
 
Sem culpa Com culpa 
 
Art. 240, 1ª parte. 
O credor receberá a coisa no estado em que 
estiver; 
Não são devidas perdas e danos. 
 
Art. 240, 2ª parte. 
O devedor responderá pelo equivalente + 
perdas e danos. 
Obs.: nada impede que o credor aceite a 
coisa, apesar de deteriorada, e exija perdas 
e danos do devedor culpado. 
 
MELHORAMENTOS e ACRESCIDOS na coisa restituível: 
 
Sem concurso de vontade ou despesa para o devedor 
 
Art. 241 → lucrará o credor, desobrigado de indenização. 
 
Com concurso de vontade ou despesa para o devedor 
 
Aplicam-se as regras relativas aos efeitos da posse (art. 1.219 e ss). Para tanto, cumpre 
averiguar se o devedor procedeu de boa ou má-fé
5
 
 
Benfeitorias Devedor de boa-fé Devedor de má-fé 
Necessárias Direito à indenização + direito de 
retenção 
Direito à indenização (ressarcimento) 
SEM retenção 
Úteis Direito à indenização + direito de 
retenção 
Não será ressarcido 
Voluptuárias Direito ao valor OU levantamento 
sem detrimento da coisa 
Vedado o levantamento 
 
 
4
 Enunciado n.º 15 do CJF – Art. 240: As disposições do art. 236 do novo Código Civil 
também são aplicáveis à hipótese do art. 240, in fine. 
5 O devedor estará de boa-fé enquanto vigente o contrato feito com o credor, portanto, 
no prazo contratual; se a obrigação não tiver prazo estabelecido para a devolução da 
coisa, haverá boa-fé do devedor enquanto o credor não exigir a sua restituição. A partir 
do momento que o prazo para a restituição encerra ou o bem é solicitado pelo credor, 
caracteriza-se a mora (automática – ex re –, no primeiro caso, e a depender de 
notificação, citação ou intimação – ex persona –, no segundo) do devedor e, por 
conseguinte, má-fé. 
 
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FRUTOS na obrigação de restituir: as regras também são as previstas para 
os efeitos da posse, arts. 1214 a 1216. 
 
Frutos Devedor de boa-fé Devedor de má-fé 
 
Percebidos 
 
Tem direito 
Tem que devolver ao credor os frutos 
ou o equivalente + perdas e danos. 
Tem direito às despesas de produção 
e custeio. 
 
Pendentes 
Não tem direito aos frutos, mas 
pode exigir o ressarcimento das 
despesas de produção e custeio. 
Tem que devolver ao credor os frutos 
ou o equivalente + perdas e danos. 
Tem direito às despesas de produção 
e custeio. 
 
 
Colhidos com 
antecipação 
Não tem direito aos frutos e pode 
responder por eventuais prejuízos 
causados ao credor. Pode, no 
entanto, exigir o ressarcimento das 
despesas de produção e custeio. 
 
 
Tem que devolver ao credor os frutos 
ou o equivalente + perdas e danos. 
Tem direito às despesas de produção 
e custeio. 
 
 
Percipiendos 
Se a boa-fé cessar o devedor deverá 
ressarcir o credor quanto aos frutos 
que não foram colhidos a partir da 
configuração da má-fé. De qualquer 
forma, neste caso terá direito às 
despesas de produção e custeio. 
 
 
Responde por eles desde que se 
constituiu de má-fé. 
Tem direito às despesas de produção 
e custeio. 
 
1.5.1.4. Obrigações de dar coisa incerta (arts. 243-246) 
 
Objeto = entrega de uma quantidade de certo gênero (espécie). 
Também chamadas obrigações genéricas → art. 243. Importante: o 
estado de indeterminação há de ser transitório, sob pena de faltar objeto 
à prestação → trata-se de prestação determinável – portanto, é uma 
obrigação válida –, cuja determinação ocorrerá no momento 
antecedente ao adimplemento, denominado “concretização6” do 
débito ou da prestação devida. 
 
Regra: art. 244, 1ª parte → a concretização do débito (determinação 
da coisa) efetuar-se-á de acordo com o que dispuser o contrato; 
somente no caso de omissão contratual a escolha será feita pelo 
devedor. Regra legal supletiva. Exceção: a escolha só competirá ao 
credor se o contrato – ou qualquer outro título que represente a 
obrigação –, assim dispuser. 
 
Escolha ou concretização: 
 
 A liberdade de escolha não é absoluta → art. 244, parte final → 
critério da qualidade média ou intermediária. 
 Feita a escolha e cientificada a parte contrária → a obrigação de 
dar coisa incerta se torna obrigação de dar coisa certa art. 245. 
 
6
 MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado, p. 140. Segundo o autor, a expressão 
“concentração” é mais apropriada para as obrigações alternativas, posto que nas obrigações de dar 
coisa incerta a escolha é interna, isto é, dentro do gênero, portanto, quem assim o faz não 
“concentra”, mas, sim, “concretiza”. 
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 PERDA ou DETERIORAÇÃO da coisa antes da escolha 
(concretização): art. 246 → gênero nunca perece (genus 
nunquam perit). 
 
Observações: 
 Gênero ilimitado: não há quaisquer restrições em relação à 
regra de que o gênero nunca perece. 
 Gênero limitado: a inviabilidade do atendimento da obrigação 
acarretará a extinção da obrigação; 
 Gênero reduzido a número muito restrito de unidades: 
obrigação deixará de ser genérica para se tornar alternativa 
 
1.5.2. Obrigações de fazer (arts. 247-249) 
 
Prestação = atos ou serviços (fatos), a serem executados pelo 
devedor, ou seja, qualquer forma de atividade humana, lícita, possível e 
vantajosa ao credor. São obrigações positivas. 
 
Espécies: 
 
a) Obrigação de fazer infungível, imaterial ou personalíssima (intuitu 
personae): art. 247 → natureza da obrigação, contrato ou 
circunstâncias de cada caso; 
 
b) Obrigação de fazer fungível, material ou pessoal: art. 249. 
 
OBS.: A REGRA É A FUNGIBILIDADE DA PRESTAÇÃO, somente 
afastada pelas circunstâncias ou pela convenção (contrato). 
 
 Descumprimento das obrigações de fazer 
 
Quando se trata de descumprimento de obrigações de fazer, é 
preciso ter em menteque, apesar de a regra contratual impor o pacta 
sunt servanda, embora hoje de forma mitigada, prevalece o princípio 
“nemo potest precise cogi ad factum” (“ninguém pode ser diretamente 
coagido a praticar o ato a que se obrigara”), inclusive, para dar respaldo 
à proteção constitucional da dignidade da pessoa humana. 
 
Desta forma, o legislador optou por distinguir a obrigação de fazer de 
natureza infungível e a de natureza fungível, impondo ao devedor 
inadimplente e culpado, no primeiro caso, o pagamento de perdas e 
danos; e, no segundo, a tutela específica, da forma melhor explicitada 
adiante: 
 
Descumprimento de obrigação de fazer INFUNGÍVEL 
 
Sem culpa do devedor Com culpa do devedor 
 
Art. 248, 1ª parte 
 
RESOLVE-SE A OBRIGAÇÃO 
 
Art. 247 e 248, 2ª parte 
PERDAS E DANOS (inadimplemento absoluto) 
Obs.: se o credor renunciar à pessoalidade da 
obrigação pode lançar mão das regras do art. 
249. 
 
 
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Descumprimento de obrigação de fazer FUNGÍVEL 
 
Sem culpa do devedor Com culpa do devedor 
 
Art. 248, 1ª parte 
 
RESOLVE-SE A OBRIGAÇÃO 
 
Art. 248, 2ª parte e art. 249 
PERDAS E DANOS (inadimplemento absoluto) 
ou 
PERDAS E DANOS + TUTELA ESPECÍFICA 
(inadimplemento relativo) 
 
 
RECUSA OU MORA DO DEVEDOR 
 
 
Com URGÊNCIA Sem URGÊNCIA 
 
 
 AUTOTUTELA Prévia autorização 
judicial 
 
1.5.3. Obrigações de não fazer (arts. 250 e 251) 
 
Prestação = abstenção, permissão ou tolerância quanto a uma 
atividade determinada. É sempre INFUNGÍVEL, PERSONALÍSSIMA e 
INSUBSTITUÍVEL. São obrigações negativas. 
 
Descumprimento das obrigações de não fazer 
 
 
 Sem culpa do devedor Com culpa do devedor 
 
 
 Hipóteses: Obrigações instantâneas Obrigações contínuas 
 Vencimento do prazo 
 Perda do objeto 
 Morte ou desaparecimento de uma das INADIMPLEMENTO INADIMPLEMENTO 
 Partes ABSOLUTO SEMPRE RELATIVO 
 Perecimento ou alienação do bem sobre (art. 390/CC) 
 o qual incidia a obrigação 
 
 
 Consequência: Perdas e danos Admite purgação da mora 
 se a abstenção ainda for útil 
 para o credor após o 
descumprimento; sem prejuízo 
da responsabilidade por 
eventuais perdas e danos. 
 
 EXTINGUE-SE A OBRIGAÇÃO 
 
 Possível execução específica (251/CC) 
 
 
Com URGÊNCIA Sem URGÊNCIA 
 
 AUTOTUTELA Prévia autorização 
judicial 
 
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1.5.4. Obrigações cumulativas 
 
Há multiplicidade de prestações e o devedor está obrigado a solver 
todas, simultânea ou sucessivamente, posto que decorrentes de um 
único título e fato jurídico. O devedor só se libera se cumprir todas as 
prestações. 
É caracterizada pelo uso da conjunção e. 
 
1.5.5. Obrigações alternativas (arts. 252 a 256) 
 
Estas obrigações possuem pluralidade (duas ou mais) de prestações 
possíveis, independentes, distintas (podem, inclusive, ter naturezas 
diversas) e excludentes, já que uma vez realizada a escolha 
(concentração) de uma delas pela parte indicada no contrato ou, na 
sua falta, pelo devedor, e realizada a respectiva entrega ao credor, a 
obrigação se extingue. É caracterizada pelo uso da conjunção disjuntiva 
ou. 
 
Concentração do débito: art. 252 
 
Impossibilidade das prestações na obrigação alternativa (arts. 
253/256) 
 
1) Impossibilidade originária ou ilicitude do objeto = nulidade parcial 
do negócio (art. 166, II, CC) 
 
2) Impossibilidade superveniente + antes concentração = 
inadimplemento. Hipóteses7: 
 
 Ambas as prestações + sem culpa das partes = extingue-se a 
obrigação (256/CC), salvo se comprovada a mora do devedor; 
 
 Uma das prestações + sem culpa do devedor = o débito se 
concentrará automaticamente na prestação remanescente. 
Obs.: sendo a alternatividade da essência da obrigação, o 
desaparecimento de uma das alternativas poderá conduzir à 
resolução do negócio jurídico. 
 
 Uma das prestações + culpa do devedor + concentração pelo 
credor = o credor terá o direito potestativo de optar entre a 
prestação subsistente ou o valor correspondente àquela que 
pereceu + perdas e danos (255, 1ª parte, CC); 
 
 Uma das prestações + culpa do devedor + concentração pelo 
devedor = remanesce o débito sobre a prestação subsistente, 
sem qualquer acréscimo pecuniário (253/CC); 
 Ambas as prestações sucessivamente + culpa do devedor + 
concentração pelo devedor = devedor pagará ao credor o 
valor da que por último se impossibilitou + perdas e danos; 
 
7 FARIAS, Cristiano Chaves e outro. Ob. cit. pp. 274-278. 
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 Ambas as prestações simultaneamente + culpa do devedor + 
concentração pelo devedor = devedor pagará ao credor o 
valor de qualquer uma das prestações + perdas e danos; 
 
 Uma das prestações + culpa do credor + concentração pelo 
credor = será ele responsabilizado por perdas e danos, exceto 
se escolher a prestação que não se impossibilitou; 
 
 Uma das prestações + culpa do credor + concentração pelo 
devedor = o devedor pagará a obrigação com a prestação 
subsistente e exigirá perdas e danos (no caso de a prestação 
subsistente ser mais onerosa do que aquela que se 
impossibilitou); 
 
 Ambas as prestações + culpa do devedor + culpa do credor = 
averiguar a precedência de culpas: se do devedor, estará 
liberado do vínculo, pois o credor fez perecer a prestação na 
qual ocorreu a concentração na segunda prestação; se do 
credor, o devedor responderá pelo valor da coisa que fez 
perecer, mas conservará o direito de exigir do credor o valor da 
primeira; 
 
 Ambas as prestações + culpa do devedor + caso fortuito + 
escolha do credor = o credor poderá reclamar o valor de 
qualquer das duas, tenha sido o perecimento simultâneo ou 
sucessivo + perdas e danos; 
 
 Ambas as prestações + caso fortuito + culpa do devedor + 
escolha do credor = o fortuito tornou a obrigação simples e o 
inadimplemento corresponderá à efetiva extensão do dano; 
 
 Uma ou ambas as prestações + culpa do credor, do devedor ou 
do terceiro + concentração pelo terceiro: se a impossibilidade 
for imputável ao devedor, o terceiro pode optar por uma das 
prestações possíveis ou por uma indenização dos danos 
resultantes do não cumprimento da prestação que se tornou 
impossível. Se a impossibilidade da prestação foi determinada 
pelo credor, considera-se cumprida a obrigação, ressalvada a 
faculdade de o terceiro optar pela prestação possível, também 
com indenização dos danos que o devedor tenha sofrido. 
Sendo a culpa do terceiro arcará ele com todos os prejuízos. 
 
Impossibilidade superveniente + depois concentração = regras das 
obrigações de dar coisa certa. 
 
1.5.6. Obrigações divisíveis e indivisíveis 
 
A classificação das obrigações que considera divisibilidade ou 
indivisibilidade do objeto ganha verdadeiramente relevo quando 
considerada sob o prisma da pluralidade de sujeitos. 
 
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Tal se justifica porque existindo na obrigação um só credor e apenas 
um devedor é irrelevante a natureza divisível ou indivisível do seu objeto, 
posto que, salvo disposição contratual em contrário, a o cumprimento só 
se efetiva se for integral, ainda que este objeto admita divisão. 
 
Na pluralidade de sujeitos, por outro lado, sobretudo nas obrigações 
indivisíveis, há algumas peculiaridades interessantes, tanto mais quando 
comparadas às obrigações solidárias, como se verá oportunamente. 
 
1.5.6.1. Obrigações divisíveis 
 
Obrigações divisíveis são aquelas que se fracionam em tantas partes 
quantos sejam os credores e devedores, sem alteração das qualidades 
essenciais do todo e sem desvalorização, formando um todo perfeito8. 
 
Dada a sua natureza, este tipo de obrigação admite pagamento 
parcial, sem prejuízo da sua substância e do seu valor. 
 
1.5.6.2. Obrigações indivisíveis 
 
As obrigações indivisíveis, por sua vez, só podem ser cumpridas por 
inteiro, não comportando cisão, seja por sua natureza (indivisibilidade 
física ou material), por motivo de ordem econômica (indivisibilidade legal 
ou jurídica), dada a razão determinante do negócio (indivisibilidade 
convencional ou contratual) ou, ainda, por determinação judicial 
(indivisibilidade judicial). 
 
Se houver pluralidade de devedores na obrigação indivisível, cada 
um deles será obrigado pela dívida toda, assim como o credor poderá 
exigir o pagamento por inteiro de qualquer um. Essa situação, contudo, 
cessa se a coisa se perder, posto que há uma conversão automática da 
obrigação antes indivisível em obrigação pecuniária, e dinheiro é divisível 
por natureza. 
 
Sendo a pluralidade de credores, por sua vez, qualquer um deles está 
habilitado a proceder a cobrança da dívida por inteiro do devedor, este, 
contudo, somente se desobrigará pagando a todos conjuntamente ou 
àquele que apresente caução de ratificação dos demais habilitando-o 
ao recebimento. 
 
O credor que receber sozinho o objeto indivisível compromete-se a 
repassar aos outros, em dinheiro, a parte que lhes caiba. 
 
A obrigação indivisível com pluralidade de sujeitos, aparentemente, 
guarda similitude com a obrigação solidária, todavia, são obrigações 
bem distintas. Na primeira a possibilidade de exigir e pagar a dívida por 
inteiro de qualquer um dos coobrigados existe porque estes estão presos 
à indivisibilidade do bem; na segunda, lado outro, o que prende as 
partes é o vínculo de solidariedade, ou seja, a responsabilidade que 
 
8 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro – teoria geral das obrigações. 26.ed. 
São Paulo: Saraiva, 2011, p. 170. 
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cada um assume de pagar (devedores) ou receber (credores) a dívida 
por inteiro, pouco importando a natureza do objeto, se divisível ou não. 
 
1.5.7. Obrigações solidárias (arts. 264-285) 
Características: 
 
 Pluralidade de sujeitos ativos e/ou passivos 
 Corresponsabilidade dos interessados 
 Unidade da prestação 
 Multiplicidade de vínculos – art. 266 
 
Origem: lei ou vontade das partes – art. 265 
 
Espécies: 
 
(a) ativa 
(b) passiva 
(c) mista ou recíproca 
 
1.5.7.1. Solidariedade ativa (arts. 267-274) 
 
Origem: vontade das partes e a lei, como a previsão constante da 
Lei 209/48, que trata do pagamento relativo a débitos civis e comerciais 
de pecuaristas; e o art. 2º da L. 8245/91: “havendo mais de um locador 
ou mais de um locatário, entende-se que são solidários, se o contrário 
não se estipulou”. 
 
Obs.: solidariedade em contratos bancários – cada um dos 
correntistas, isoladamente, pode sacar todo o numerário 
depositado, efetuar movimentos livremente e exigir do 
estabelecimento bancário o cumprimento de todas as 
obrigações, sem que o depositário possa se opor. Contudo, 
conforme o entendimento do STJ, o cheque subscrito por um 
dos correntistas não obriga o outro perante terceiros, pois “a 
responsabilidade pela emissão de cheque sem provisão de 
fundos é exclusiva daquele que opôs sua assinatura na cártula; 
dessa forma, o cotitular de conta-corrente que não emitiu o 
cheque sem provisão de fundos é estranho ao título, por isso 
não pode ser penalizado com a negativação, como 
inadimplente, de seu nome no cadastro de proteção ao 
crédito”. (Informativo 428, STJ – 02/04/2010, 4ª Turma, REsp nº. 
981.081/RS, Rel. Min. NancyAndrighi). 
 
Requisitos: pluralidade de credores + único devedor. 
 
Falecimento de um dos credores = permanência da solidariedade 
entre os sobrevivos; não há solidariedade entre os herdeiros → nasce 
direito à obrigação proporcional às quotas; ressalva quanto à 
indivisibilidade da prestação → art. 270. 
 
Conversão da prestação em perdas e danos = subsistência da 
solidariedade → art. 271. 
 
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Direito de regresso: art. 272. 
 
Exceções (defesas) pessoais: art. 273. 
 
Art. 274: 
 
 Regras: 
 
1) O JULGAMENTO CONTRÁRIO A UM DOS CREDORES SOLIDÁRIOS – 
isto é, o julgamento improcedente do pedido feito pelo credor 
de condenação do devedor comum ao pagamento da dívida 
–, não atinge os demais, assim: 
 
 Defesa do devedor de natureza PESSOAL acolhida pelo juiz 
determina a prolação de uma sentença que só repercutirá 
para o credor demandante, não prejudicando os demais e, 
consequentemente, não alterando o vínculo do devedor 
para com eles. 
 
 Defesa do devedor de natureza COMUM acolhida pelo juiz: 
também não atinge os demais credores que não integraram 
o processo; tal só ocorreria se fosse para lhes conceder 
benefícios (art. 472, CPC). 
 
2) JULGAMENTO FAVORÁVEL AO CREDOR – ou seja, hipótese em 
que o julgamento do pedido feito pelo credor de condenação 
do devedor comum ao pagamento da dívida foi procedente: 
 
 Defesa do devedor de natureza COMUM desacolhida pelo 
juiz beneficiará a todos os demais credores solidários, ainda 
que não integrantes do pólo ativo da ação. 
 
 Defesa do devedor de natureza PESSOAL desacolhida pelo 
juiz não atingirá os demais credores solidários que não 
participaram do processo. 
 
1.5.7.2. Solidariedade passiva: arts. 275-285 
 
Origem: lei (exs.: arts. 932/942) ou vontade das partes. 
 
Requisitos: pluralidade de devedores + único credor. 
 
Importante: externamente o conjunto de devedores se apresenta 
como se fosse um devedor único porque o credor pode escolher 
qualquer um para exigir a totalidade do débito. Internamente, porém, 
cada devedor tem a sua parte definida na dívida, inclusive, nada 
impede que a divisão de valores entre os devedores seja desigual. 
 
Pagamento parcial: embora soe estranho em uma obrigação de 
natureza solidária, pois ela traz no seu conceito a ideia de pagamento 
integral, a lei autoriza o pagamento parcial e, ainda, preleciona que 
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neste caso haveria a subsistência da solidariedade para os “demais” 
devedores. O assunto é POLÊMICO → art. 275, 2ª parte. 
 
Renúncia da solidariedade (art. 275, parágrafo único, e art. 282): um 
aspecto muito importante merece ser destacado sobre a renúncia: a 
iniciativa SÓ pode ser do credor, o que significa que é liberalidade do 
credor querer manter um, alguns ou todos os devedores ligados 
solidariamente ao pagamento da dívida. Assim, se ele pode optar por 
renunciar à solidariedade, o(s) devedor(es) beneficiado(s) estará 
liberado do pagamento integral da dívida, contudo, continuará 
obrigado ao pagamento da parcela da obrigação que já lhe incumbia, 
isto é, a sua parte. 
 
Remissão da dívida: a remissão é o perdão. Diferentemente do que 
ocorre na renúncia, o devedor remitido estará não apenas 
completamente desvencilhado da solidariedade, mas, também, isento 
do pagamento da dívida. A remissão pode ser total ou parcial, o que 
quer dizer que pode se referir a toda a dívida ou apenas a uma parte 
dela, assim como pode beneficiar apenas um dos devedores, alguns ou 
todos. 
 
Art. 276: a morte de um dos devedores solidários não extingue a 
solidariedade. Sistematização do art. 276: 
 
(a) Dívida indivisível: qualquer herdeiro, individualmente, ou qualquer 
codevedor solidário, pode ser compelido a pagar tudo. Ex.: touro 
reprodutor; 
 
(b) Dívida divisível: varia se o herdeiro for acionado individualmente 
ou com os demais: 
 
 Acionamento individual: qualquer herdeiro pagará só a sua 
quota-parte na herança, não pode ser compelido a 
pagamento que supere sua parte na herança, mesmo que 
tenha patrimônio pessoal superior. 
 
 Acionamento coletivo: podem ser compelidos a pagar toda a 
dívida porque ocupam a posição do devedor falecido, mas, 
de qualquer forma, não poderá ultrapassar as forças da 
herança. Os herdeiros do devedor falecido, se reunidos, 
ocupam exatamente a sua posição na obrigação, razão pela 
qual este conjunto de herdeiros pode ser tido como solidário. 
 
Obs.: 
1ª) Enquanto não houver partilha → o crédito pode ser exigido 
do monte-mor. 
2ª) Após a partilha → o credor só poderá pedir a quota de 
cada herdeiro na dívida, não podendo os coerdeiros serem 
compelidos a saldar a dívida toda. 
 
 
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Síntese: o falecimento de um dos devedores determina a 
permanência da solidariedade entre os sobrevivos, nesta 
hipótese não há solidariedade entre os herdeiros, o que nasce é 
a responsabilidade deles pelo pagamento da obrigação, e 
sempre proporcional às suas quotas; ressalvas quanto à 
indivisibilidade da prestação e reunião dos herdeiros para 
pagamento. 
 
Adendo contratual: art. 278 
 
Perda da prestação com culpa de um dos devedores: art. 279 
 
Juros da mora: art. 280 
 
Exceções pessoais e comuns: art. 281 
 
Direito de regresso: art. 283. Atenção para a contribuição dos exonerados da 
solidariedade no caso de insolvência9 (art. 283, 2ª parte, e art. 284) e a previsão 
do regresso restrito (art. 285). 
 
OBS.: solidariedade passiva e o chamamento ao processo – a repercussão mais 
importante da solidariedade se dá no chamamento ao processo (art. 77/CPC). 
 
O chamamento ao processo é uma das formas de ingresso de terceiro em 
processo de conhecimento alheio com a finalidade de que o chamado, por 
meio de manifestação de vontade do réu, originariamente demandado, se 
coloque ao seu lado como litisconsorte, ficando, assim, no processo, também na 
condição jurídica de réu do mesmo autor comum. Trata-se de poder outorgado 
ao réu. Nada obsta que o codevedor não demandado possa intervir no 
processo como assistente litisconsorcial, mas não poderá invocar o benefício da 
divisão, visto que cada um deles é devedor da dívida toda. 
 
É reservado ao processo de conhecimento, sendo vedado na execução, pois 
pressupõe a existência de ação condenatória em andamento. 
 
No caso da solidariedade passiva, o chamamentoocorre quando o devedor 
solidário for acionado sozinho para responder pela totalidade do débito, pois, 
nesse momento, terá a faculdade de eleger qualquer um dos demais devedores 
solidários para o pagamento mediante ação condenatória secundária. 
 
Assim, a sentença será formalmente una e materialmente dúplice, gerando título 
executivo judicial em prol do réu – nos mesmos autos –, possibilitando o regresso, 
em face dos demais devedores solidários que ingressaram na lide secundária 
(80/CPC), pela cota-parte de cada um. 
 
Nelson Nery CRITICA o chamamento ao processo na solidariedade. Ele sustenta 
que não se pode, por intermédio do processo, aniquilar o instituto da 
solidariedade, criado não em benefício do devedor solidário para resolver as 
suas pretensões com os demais codevedores solidários, mas em benefício 
exclusivamente do credor. 
 
 
9 Enunciado 350 do CJF: “A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o 
devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao 
rateio da quota do eventual codevedor insolvente, nos termos do art. 284”. 
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Questões: 
1) Caso o credor tenha renunciado à solidariedade em prol de um dos 
devedores, caberá o chamamento ao processo? Resposta: Não. Se o devedor 
beneficiado pela renúncia já não mais se qualifica como solidário, e sim como 
devedor fracionário, é lógico que não mais seja legitimado passivo ao ingresso 
no processo de conhecimento alheio. Enunciado 351, CJF: “a renúncia à 
solidariedade em favor de determinado devedor afasta a hipótese de seu 
chamamento ao processo”. 
 
2) Será possível ao devedor-réu chamar ao processo apenas alguns dos 
codevedores solidários ou esta modalidade de intervenção de terceiros só se 
viabiliza se todos os coobrigados ingressarem na lide? Resposta: Alexandre 
Freitas Câmara aduz que o chamamento de apenas um ou alguns dos 
codevedores reduziria sensivelmente o pesado ônus que o chamamento impõe 
ao credor. Por outro lado, o chamamento é faculdade do devedor-réu, não 
sendo obrigado a ter como litisconsorte alguém que, além de não ter sido 
originariamente demandado, não quer ao seu lado na relação processual. 
Enfim, chamar um, alguns ou todos é opção do réu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE II – TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Na transmissão da obrigação o negócio jurídico originário é 
conservado, ocorrendo apenas a alteração em seus sujeitos. 
 
A transmissão possibilita a circulação econômica do crédito. O 
interregno em que se observa este fenômeno é entre o nascimento da 
obrigação e antes do momento da sua exigibilidade. 
 
O que se transmite são os créditos, as dívidas ou a posição jurídica de 
qualquer um dos contratantes, determinando o surgimento dos institutos 
da cessão de crédito, assunção de dívida e cessão de contrato, 
respectivamente, que serão abordados adiante. 
 
2.1. Cessão de crédito (arts. 286 – 298) 
 
Definição: negócio jurídico bilateral pelo qual o credor transfere a 
terceiro a sua posição patrimonial na relação obrigacional, sem que com 
isso se crie uma nova relação jurídica10. 
 
Figuras jurídicas: a cessão de crédito envolve três personagens e dois 
consentimentos. 
 Cedente: é o credor originário ou primitivo; aquele que transmite, 
onerosa ou gratuitamente, o direito ao crédito. 
 Cessionário: é o terceiro, novo credor; o que adquire o direito ao 
crédito. 
 Cedido: devedor (originário) – parte imutável da relação obrigacional. 
 
Particularidade: o consentimento do devedor é prescindível 
(dispensável). 
 
Justificativa: representa promessa de pagamento futuro, embora possa 
se referir a dívida já vencida ou vincenda. 
 
Natureza jurídica: CONTRATUAL → NEGÓCIO JURÍDICO BILATERAL (credor 
+ terceiro ou devedor + terceiro). 
 
Requisitos: art. 104 do CC (incs. I – III) + possibilidade jurídica para 
transmissão do crédito (não contraria a natureza da obrigação, a lei ou a 
vontade das partes). 
 
Objeto 
 Regra: livre transferência dos créditos. 
 Exceções: art. 286, 1ª parte. 
 
Fundamentação legal: arts. 286-298 
 Art. 286 
 Objeto da cessão: regra/exceções → 1ª parte 
 Cláusula proibitiva da cessão → 2ª parte: 
 
10 Chaves, Cristiano e outro. Ob. cit. p. 378. 
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20 
 
a) Segundo a lei: deve constar do instrumento da cessão para que 
possa ser oposta ao cessionário de boa-fé; 
 
b) Segundo a doutrina → situações especiais: 
1) Cláusula proibitiva expressa + não ciência do cessionário = 
cessão válida e ineficaz a cláusula proibitiva; 
2) Cláusula proibitiva expressa + ciência do cessionário = cessão 
inválida e eficaz a cláusula proibitiva. 
 
Posição do devedor: 
 
 Desnecessário o consentimento prévio. 
 Não é parte no negócio da cessão. 
 Cessão opera efeitos desde logo entre o cedente e o cessionário, 
independente da sua anuência. 
 Eficácia da cessão para o devedor (cedido) só ocorre após a 
notificação ou após a sua eventual declaração de ciência, como 
faculta o art. 290, 2ª parte. 
 Validade do pagamento ao cedente: 
 
a) Antes da notificação da cessão ou comprovada ciência ao 
devedor: pagamento válido – princípio da boa-fé do devedor 
(cedido); 
 
b) Depois da notificação ou ciência declarada do devedor: 
pagamento inválido (indevido) – devedor (cedido) pagará duas 
vezes; caracteriza-se também má-fé do cedente. 
 
Notificação → características: 
a) Idoneidade; 
b) Pode ser promovida tanto pelo cedente quanto pelo cessionário, 
ressaltando-se que este último é o maior interessado em cientificar o 
devedor; 
c) É conveniente que seja por escrito, caso contrário não valerá com 
relação a terceiros (arts. 288 e 290). 
 
Art. 287 – alcance da cessão: 
 
 REGRA: verificar a disposição constante do contrato, uma vez que a 
convenção das partes pode afastar os acessórios do negócio. Ex.: 
garantias, juros etc. 
 EXCEÇÃO: aplica-se o princípio da acessoriedade. 
 
Considerações finais: 
 
 Arts. 291 e 292: pluralidade de cessões: a quem pagar? 
a) Primeiro critério: o devedor pagará àquele que detiver o título 
(documentooriginal que representa o débito, independentemente 
de averiguação sobre a cronologia das cessões). 
b) Inexistindo título: devedor pagará a quem primeiro efetivar a 
notificação. 
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21 
 
c) Notificações simultâneas: segundo parte da doutrina, rateia-se o 
valor entre os cessionários. 
d) Dúvida sobre qual cessão deve prevalecer: consignação em 
pagamento. 
e) Crédito constante de escritura pública: prevalecerá a prioridade da 
notificação. Quando a cessão envolve crédito hipotecário do 
cedente em face do devedor deverá o cessionário averbar a 
cessão da escritura pública no registro imobiliário (art. 108/CC), 
somente assim se sub-roga nos efeitos da hipoteca em face de 
terceiro, protegido pela necessária publicidade do registro de 
imóveis. 
 
 Art. 294: “exceções” (defesas) pelo devedor. 
a) Pessoais: 
a.1) Devedor notificado da cessão: deve opor nesse momento 
todas as exceções pessoais que tiver contra o cedente, sob 
pena de perder o direito de argui-las. 
a.2) Devedor não notificado da cessão: poderá opor ao cessionário 
todas as exceções que tiver contra o cedente antes da 
transferência do crédito. 
 
b) Referentes ao crédito: as defesas relativas ao crédito podem ser 
invocadas a qualquer tempo, tanto contra o cedente como contra 
o cessionário. 
 
 Art. 295: responsabilidade do cedente quanto à existência do crédito. 
a) Cessão onerosa: cedente sempre será responsável pela existência 
do crédito ao tempo da cessão. 
b) Cessão gratuita: cedente só responderá pela existência do crédito 
se proceder de má-fé. 
 
 Art. 296 e 297: responsabilidade do cedente quanto à solvência (= 
possibilidade de pagar) do devedor – só existirá se houver disposição 
no contrato, caso contrário, não há que se falar nessa espécie de 
responsabilidade. Síntese: na cessão a título oneroso o cedente 
sempre será responsável pela existência do crédito; pela solvência do 
devedor, só o será, se assim se obrigar contratualmente. Na cessão a 
título gratuito, por sua vez, o cedente só responderá pela existência do 
crédito, mas, frise-se, apenas se proceder de má-fé. 
 
Cessão onerosa 
 Responsabilidade do cedente: 
 Pela existência do crédito: SEMPRE 
 Pela solvência do devedor: só se 
houver disposição no contrato 
Cessão gratuita 
 Responsabilidade do cedente: 
 Pela existência do crédito: só se 
houver má-fé 
 Pela solvência do devedor: NUNCA 
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 Art. 298: crédito penhorado – O CC prevê a hipótese de credor 
originário de determinada obrigação – por assim dizer, um 
“cedente em potencial” – ser devedor em outra obrigação e, por 
isso, não realizando o pagamento na forma combinada ao seu 
“credor”, fica proibido de transmitir o seu direito ao crédito, posto 
que este passa a ser garantia de pagamento da sua dívida. 
 
Assim, se este credor (cedente em potencial): 
 
a) For intimado da penhora do crédito: fica impossibilitado de 
transferi-lo porque, devido à penhora, torna-se inalienável e 
intransmissível. 
 
b) Não estiver ciente da penhora: poderá receber o crédito do seu 
devedor, vez que a falta de conhecimento sobre a penhora 
presume a sua boa-fé; ressaltando que para que se caracterize 
essa boa-fé é preciso que o credor não conheça da penhora e 
seja solvente para o pagamento da sua dívida. 
 
Também importa analisar a posição do devedor nesta situação, 
desta forma: 
a) Se a penhora não for notificada ao devedor: caracteriza-se a 
sua boa-fé e o pagamento realizado ao seu credor (potencial 
cedente) terá efeito liberatório. Este credor que recebeu 
responderá perante o terceiro. 
d) Se a penhora for notificada ao devedor: se pagar ao seu credor 
ou, até, eventualmente a um cessionário (se o crédito tiver sido 
cedido) poderá ser constrangido a pagar de novo. 
 
2.2. Cessão de débito (Assunção de dívida) – arts. 299 – 303 
 
Definição: trata-se de um negócio jurídico convencional pelo qual o 
devedor, com a aceitação do credor, transfere a um terceiro os 
encargos obrigacionais. 
 
Natureza jurídica: é negócio jurídico bilateral. 
 
Características: 
a) Negócio bilateral; 
b) O terceiro que se obriga perante o credor a efetuar a prestação 
devida por outro pode ser pessoa física ou jurídica; 
c) É necessário o consentimento expresso do credor – exceção art. 303; 
d) Forma: se o negócio exigir forma especial, assim deverá ser feito, caso 
contrário, a forma é livre; 
e) O montante da dívida continua inalterado. 
f) Pode ter por objeto dívidas presentes e futuras, salvo as que devem ser 
pessoalmente cumpridas pelo devedor; 
g) Admite condição; 
h) Os vícios possíveis são os dos negócios jurídicos em geral; 
i) As partes devem ter capacidade e legitimação; 
j) É ato de aquisição e disposição concomitantemente. 
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Espécies: 
 
a) Quanto ao pólo passivo ou a responsabilidade do devedor: 
 
 Privativa ou liberatória: terceiro substitui o devedor primitivo 
liberando-o da dívida. Este sistema foi adotado pelo novo CC, no 
art. 299; 
 
 Cumulativa ou de reforço: terceiro assume a dívida sem excluir o 
devedor, ocupando posição ao lado deste. Este sistema pode ser 
adotado pelos interessados através do contrato. Neste caso, só 
haverá solidariedade entre o devedor e o terceiro se assim dispuser 
o contrato. Lembrar: a solidariedade não se presume, resulta da lei 
(que, neste caso, não diz nada) ou do contrato. 
 
b) Quanto à participação do credor ou à iniciativa: 
 
 Expromissão: contrato entre o credor e o terceiro (novo devedor), 
com ou sem a participação ou anuência do devedor. A iniciativa 
pode ser do credor ou do terceiro. Pode ser liberatória ou 
cumulativa. Esta modalidade, embora admitida, é incompatível 
com a regra do art. 299, que exige o “consentimento do credor” 
para o aperfeiçoamento da assunção. 
 
 Delegação: contrato entre o devedor e o terceiro, com a 
concordância do credor. A doutrina ressalta que esta modalidade 
de assunção implica negócio jurídico trilateral, eis que inicialmente 
há um acordo transmissivo entre o antigo e o novo devedor, onde 
aquele delega a este o débito, e ainda é necessário o expresso 
consentimento do credor a este acordo, sem o que não se 
aperfeiçoa a assunção11. Também podeser liberatória (art. 299) ou 
cumulativa. 
 
Efeitos 
 
 Principal: substituição do devedor na mesma relação obrigacional. A 
liberação do devedor originário, como dito, pode ou não ocorrer. 
 
 Arts. 300 e 301: a previsão do art. 300 versa sobre as garantias 
especiais, estas podem ser entendidas como as reais (hipoteca, 
penhor) ou pessoais (fiador, avalista) dadas pelo devedor ou por 
terceiros em prol do credor. Importa frisar que as garantias porventura 
prestadas por terceiros apenas prosseguirão com a assunção da 
dívida, se eles com isso concordarem12. 
Na hipótese do artigo 301, portanto, caso a assunção seja invalidada, 
o débito retorna à situação primitiva, assumindo o antigo devedor a 
 
11 FARIAS, Cristiano Chaves e outro. Ob. cit. p. 401. 
12 Enunciado 352 do Conselho de Justiça Federal (CJF): “Salvo expressa concordância dos 
terceiros, as garantias especiais por eles prestadas se extinguem com a assunção de 
dívida; já as garantias prestadas pelo devedor primitivo somente são mantidas no caso 
em que este concorde com a assunção”. 
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relação obrigacional como ela era, liberando-se apenas os terceiros 
prestadores de garantia que eventualmente desconhecessem o 
motivo da invalidação. 
 
 Art. 302: o novo devedor não pode opor ao credor as exceções 
pessoais que competiam ao primitivo. Pode, contudo, arguir as suas 
próprias exceções pessoais e os vícios relativos ao vínculo obrigacional, 
como pagamento, prescrição etc. 
 Art. 303: regra especial para a assunção de débito garantido por 
hipoteca. Exceção ao parágrafo único do art. 299: reconhece efeitos 
positivos ao silêncio do credor. Hipótese de delegação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE III – ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
3.1. Pagamento (Disposições gerais) 
 
Definição: o pagamento ou adimplemento compreende o cumprimento 
da obrigação pelo devedor, tal qual foi estabelecido no contrato; a 
consequência direta e imediata do pagamento é a extinção (normal) da 
obrigação correlata, liberando o devedor. 
 
Natureza jurídica: controversa → ato jurídico / fato jurídico / negócio 
jurídico (unilateral ou bilateral). 
 
Elementos fundamentais 
a) Vínculo obrigacional válido; 
b) Intenção de extinguir a obrigação, animus solvendi; 
c) A pessoa que efetua o pagamento, o solvens; 
d) A pessoa que recebe o pagamento, o accipiens. 
 
Atenção: em matéria de pagamento há uma inversão de elementos, 
comparativamente com os da obrigação: 
 
Obrigação: sujeito passivo (devedor) + sujeito ativo (credor) 
 A → Objeto → B 
 
Pagamento: sujeito ativo (devedor – pagador) + sujeito passivo (credor - 
recebedor) 
 
Justificativa: o direito e o dever são correlatos, ou seja, quando o 
devedor (sujeito passivo da obrigação) dá início à execução 
obrigacional, demonstra querer pagar, ele passa de sujeito passivo dessa 
obrigação a ativo do pagamento, iniciando o exercício de um direito, o 
de pagar. Diferente acontece quando ainda existe somente a obrigação 
sem o poder de exigibilidade. 
 
Condições subjetivas do pagamento 
 
De quem deve pagar – o solvens: art. 304 → Regra: qualquer interessado 
na extinção da dívida: 
 
a) Devedor ou representante do devedor; 
 
b) Terceiro interessado (art. 304): tem interesse jurídico, ou seja, este 
terceiro, embora não seja parte na obrigação, pode vir a ser 
acionado pelo credor para o pagamento da dívida porque, de 
alguma forma, assumiu a posição de coobrigado, p.ex., o fiador, o 
avalista, o codevedor etc. 
c) Terceiro não interessado (art. 304, parágrafo único e art. 305): tem um 
interesse que não se caracteriza como jurídico. Aquele que paga por 
“amor ou por ódio”. Ex.: parente, amigo etc. Pode pagar em nome 
próprio ou em nome do devedor e cada uma das opções gerará 
consequências jurídicas próprias, na forma da tabela abaixo. 
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Efeitos do pagamento quanto ao credor: 
 
Quem paga Credor aceita Credor recusa 
1º) Devedor (por si ou por 
representante) 
Adimplemento Consignação em pagamento 
2º) Terceiro interessado Sub-rogação (art. 304, caput, e 
art. 346, III) 
Consignação em pagamento 
3º) Terceiro desinteressado em 
nome do devedor – art. 304, 
parágrafo único 
Adimplemento – sem 
reembolso 
 
Consignação em pagamento 
4º) Terceiro desinteressado em 
nome próprio (art. 305) 
Reembolso (não se sub-roga 
nos direitos do credor) 
Não pode consignar o 
pagamento 
 
Observações: 
 
 Regra: o credor não tem motivo para recusar o pagamento que lhe 
oferecerem se observadas todas as disposições do contrato 
(obrigação) firmado com o devedor. Exceção: obrigação de fazer 
personalíssima. 
 
 Art. 306: regra relativa à hipótese de pagamento pelo terceiro não 
interessado em nome próprio, e tal se deduz porque somente nesta 
situação fala-se em reembolso. É preciso firmar, ainda, que são duas 
as hipóteses em que, apesar do pagamento pelo terceiro, não terá 
direito ao reembolso: 
 
1ª) O devedor desconhece a iniciativa do terceiro de proceder ao 
pagamento e possui (o devedor) meios para impedir (ilidir/afastar) 
a ação (a cobrança) do credor (p.ex.: já ter efetuado o 
pagamento, ter sido perdoado pelo credor, a prescrição da dívida 
etc); 
 
2ª) O devedor se opõe à iniciativa do terceiro de proceder ao 
pagamento e possui (o devedor) meios para impedir (ilidir/afastar) 
a ação (a cobrança) do credor. 
 
 Art. 307: trata de hipótese de pagamento de obrigação de dar coisa 
certa. Neste caso, exige-se que a pessoa que procede ao pagamento 
(devedor/representante/terceiro interessado/terceiro não interessado), 
isto é, à entrega da coisa ao credor, seja verdadeiramente a dona 
(proprietária) dela, sob pena de este pagamento não surtir efeitos; por 
outro lado, se o objeto da obrigação for coisa fungível, o pagamento 
poderá ter eficácia, ainda que não tenha sido entregue pelo dono, 
desde de que a coisa seja recebida pelo credor de boa-fé (ou seja, 
sem saber que aquele que entrega não é o verdadeiro dono) e 
consumida. O consumo de boa-fé pelo credor extingue a 
propriedade de terceiro efaz do consumidor (credor), proprietário 
irrevogável. Neste caso, caberá ao verdadeiro dono reclamar 
indenização do devedor ou de quem pagou por ele. 
 
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 A quem se deve pagar – ao accipiens: art. 308 → Regra: credor ou 
quem o represente. Exceção: terceiro (art. 311 c/c art. 310) – nas 
hipóteses em que a lei autoriza. 
 
Quando o pagamento a terceiro desqualificado será válido: 
(a) Art. 308: ratificação/benefício credor 
(b) Art. 309: pagamento ao credor putativo 
(c) Se o terceiro vem a suceder ao credor, isto é, assume sua 
posição a título singular (transmissão de crédito – cessão) ou 
universal (herança) 
 
 Credor aparente ou putativo (art. 309): é aquele que aos olhos de 
todos se faz passar pelo verdadeiro credor. Exs.: herdeiro ou legatário 
aparente. 
Requisitos para validade do pagamento ao credor aparente: 
a) Boa-fé do solvens; 
b) Escusabilidade de seu erro. 
 
 Art. 310: o pagamento ciente feito a um credor incapaz de quitar não 
surte efeitos, gerando hipótese de repetição (“quem paga mal, paga 
duas vezes”); contudo, se se provar ter revertido em benefício do 
credor, o pagamento será tido como regular. 
 
Condições objetivas do pagamento: 
 
a) Objeto do pagamento e sua prova (arts. 313 a 326) 
 
 Art. 313: invalidade do pagamento realizado com prestação diversa 
da acordada. 
 Art. 314: prestação divisível 
 Art. 315: dívidas em dinheiro 
 Art. 316 – possibilidade de as partes estipularem cláusula de escala 
móvel (indexação) para evitar o enriquecimento sem causa 
daquele que paga. 
 Art. 317: POSSIBILIDADE DE REVISÃO DO CONTRATO. A interpretação 
da expressão “motivos imprevisíveis” deve abarcar tanto causas de 
desproporção não previsíveis como também causas previsíveis, mas 
de resultados imprevisíveis. 
 Art. 318: nulidade das convenções de pagamento em ouro ou 
moeda estrangeira. 
 Arts. 319 e 320: o recibo da quitação é um meio que comprova o 
pagamento da obrigação. Melhor seria que diante da recusa do 
credor em dar quitação, o devedor não apenas retivesse o 
pagamento, mas garantisse a satisfação da dívida pela 
consignação. 
 Art. 321: perda do título. 
 Arts. 322 e 324: presunção juris tantum. 
 Art. 323: quitação presumida dos juros. 
 Art. 325: despesas do pagamento e da quitação. 
 Art. 326: pagamento por medida ou peso. 
 
 
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b) Lugar do pagamento (arts. 327 a 330) 
 
 Regra: art. 327, 2ª parte – disposição contratual, lei, natureza da 
obrigação ou circunstâncias. Domicílio do credor = dívida portable 
(portável). 
 Exceção: art. 327, 1ª parte → domicílio do devedor = dívida 
quérable (quesível) – regra aplicável se não ocorrer nenhuma das 
hipóteses da 2ª parte do art. 327. 
 Art. 327, parágrafo único: dois ou mais lugares de pagamento – 
escolha do credor. 
 Art. 328: pagamento relacionado a imóvel. 
 Art. 329: mudança do lugar do pagamento por motivo grave. 
 Art. 330: presunção de renúncia do credor. 
 
c) Tempo do pagamento (arts. 331 – 333) 
 
 Regra: vencimento, se houver, na forma preceituada no contrato; 
ou disposição legal. 
 Exceção: na falta de especificação do vencimento no contrato ou 
na lei, o pagamento deve ser feito imediatamente (arts. 331, 2ª 
parte, c/c 134), segundo a lei; esta expressão, contudo, é melhor 
compreendida se se entender que, neste contexto, o devedor 
deverá ser notificado para pagar, assim, findo o prazo da 
notificação, poderia ser considerado inadimplente. 
 Art. 332 – condição suspensiva (art. 876) 
 Art. 333, caput e incisos: situações (rol taxativo) em que é facultado 
ao credor cobrar a dívida antes de vencido o prazo. Parágrafo 
único: solidariedade passiva. 
 
 
3.2. Formas especiais de pagamento 
 
3.2.1. Pagamento em Consignação 
 
Referência legislativa: CC, arts. 334/345; CPC, arts, 890/900 
 
Definição: pode ser conceituado como o depósito feito pelo devedor, da 
coisa devida, para liberar-se de uma obrigação assumida em face de 
um credor determinado, todas as vezes que encontrar dificuldades para 
proceder ao pagamento direto, como prevê o art. 334/CC (rol 
exemplificativo). Para tanto, poderá o devedor se valer da esfera judicial 
ou extrajudicial (art. 890/CPC), a depender do caso. 
 
Natureza jurídica: mista ou híbrida, pois é instituto de direito e processo 
civil. 
 
Objeto: em princípio, qualquer coisa que seja objeto da obrigação pode 
ser consignada, móvel ou imóvel. Exceções: obrigações ilíquidas e 
obrigações puramente de fazer ou não fazer. 
 
 
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Hipóteses de ocorrência – art. 335 (rol exemplificativo): 
 
a) Inc. I: Mora do credor (mora accipiendi) verificada pela sua recusa em 
receber a prestação, sem justa causa –– dívida portable. Ônus da 
prova: do devedor; terá que provar que efetuou a oferta efetiva e 
que, diante desta, houve recusa injustificada do credor. 
 
b) Inc. II: dívida quérable. Ônus da prova: credor; deverá provar que ao 
tentar receber o débito, o devedor se recusou a pagá-lo. 
 
c) Inc. III: 
 Incapaz: incapacidade civil + falta de representante legal; 
 Ausente: deixou procurador sem poderes para dar quitação; 
 Lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil. 
 
d) Inc. IV: dúvida quanto a quem seja o credor legítimo. 
 
e) Inc. V c/c art. 344: litígio sobre o objeto do pagamento entre credor e 
terceiro. 
 
Atenção: o art. 345/CC traz uma hipótese excepcional de iniciativa da 
consignação pelo credor. Trata-se, em verdade, de pedido do credor ao 
juiz, para que este expeça ordem ao devedor, determinando-lhe que 
consigne em juízo a coisa objeto da obrigação. Neste caso, o pedido do 
credor se justifica, pois o devedor não procedeu espontaneamente à 
consignação; busca-se, portanto, evitar a frustração do credor que sair 
vencedor do litígio. 
 
Segundo o art. 336/CC – a consignação deve ser: 
 
a) Livre: o devedor decide espontaneamente por consignar o 
pagamento, salvo o disposto no art. 345; 
 
b) Completa: a consignação deve versar sobre o objeto da obrigação, 
isto é, o combinado, salvo as exceções consideradas para fins de 
ações revisionais de contratos. 
 
c) Real: o depósito deve se concretizar, ser efetivo. 
 
Requisitos de validade: 
 
1) Subjetivos: 
 
a) A consignação deverá ser feita pelo devedor, por quem o 
represente, ou pelos terceiros (interessado e não interessado, este 
último

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