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PROVA PLANO REAL

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Primeira Avaliação de Economia Brasileira Contemporânea – Matutino. Data: 19/03/2018 Valor: 50 pontos
Discente: Bruno Martins Ervolino	Matrícula: 21005214	 
Questão (1 – 25 pontos) Folha de São Paulo, 15 de agosto de 1999. “A política cambial do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso foi um desastre gratuito e total. Foi resultado de pouca reflexão analítica dos seus condutores. Suas consequências foram devastadoras em muitas áreas da economia, [...]. Essas críticas, talvez das mais severas feitas por um economista que participou do primeiro governo FHC (e participa do segundo), estão se tornando públicas nesta semana. José Serra, ministro do Planejamento na época em que se traçou o rumo da política cambial e ministro da Saúde desde março do ano passado, tem sido excepcionalmente discreto nos seus comentários sobre a política econômica dos primeiros anos FHC. Essa reserva foi deixada de lado, porém, na longa entrevista que Serra concedeu (...)”. Você concorda com a ideia crítica de José Serra?
Sim ( x ) (em partes) – então, o que vocês fariam diferente do que o Plano Real fez? Fundamentem, me expliquem o que estão dizendo.
Não ( ) – fundamentem a sua escolha, expliquem-me a razão de concordarem com o Plano Real.
Atenção: para qualquer escolha de resposta, não quero ´achismo´, quero argumento: quanto mais deles, melhor. Não se esqueçam de que, em economia, as escolhas têm, por um lado, prioridade (exemplo, industrializar o país, financiar o desenvolvimento, mudar a pauta exportadora, etc...) e, por outro lado, têm efeitos colaterais no tempo. Mostrem-me que vocês sabem e dominam isso.
Serra tem razão ao afirmar que as consequências da política cambial do 1° governo FHC foram devastadoras em muitas áreas da economia, na medida em que o arranjo da mesma (câmbio sobreapreciado e ampla mobilidade de capitais) contribuiu para: 1) impactar negativamente a saúde financeira das empresas e das contas públicas, 2) convivência com um piso de juros reais bastante elevado, 3) prolongada exposição a crises endógenas e exógenas, 4) fortes desequilíbrios nas transações correntes do BP, 5) desincentivar o investimento, o consumo e às exportações, decorrente tanto da política contracionista, quanto da apreciação e tendência volátil do câmbio, 6) reprimarização da pauta de exportação e aceleração da desindustrialização e; etc.. Para minimizar esses efeitos colaterais do câmbio sobreapreciado (1995-1998), era preciso: 1) adotar medidas extracambiais de estímulo às exportações, como por exemplo, maior promoção de acordos regionais e bilaterais de comércio e adoção de trâmites simplificados para exportação; 3) promover uma maior desvalorização do real ao longo dos anos de 96 e 97, de modo gradual e progressive, aproveitando as janelas de oportunidade; 4) adoção de controle capitais, para inibir os movimentos especulativos e as grandes flutuações nos juros; 5) uso da política fiscal como um alicerce, ajudando a diminuir o rigor da política monetária e; 6) redução maior da taxa de juros depois da consolidação da estabilização (baseado na teoria da paridade da taxa de juros). Com essas medidas o risco cambial diminuiria, as reservas seriam maiores e teríamos uma âncora cambial mais crível. Por fim, cabe destacar que a política cambial de FHC não foi um desastre total, uma vez que houve queda da inflação a níveis inferiores ao ritmo das minidesvalorizações cambiais por um período prolongado e nem gratuito, pois, havia o medo de que se deixasse o câmbio desvalorizar mais repetiria a experiência do México, em que houve forte impacto inflacionário. Em suma, a prioridade da política cambial foi alcançada, porém, o gov. FHC pecou por utilizar em excesso o câmbio fixo.
Questão (2 – 25 pontos). Brasil – 1993/1994: vocês concordam com a leitura do Plano Real sobre o processo inflacionário brasileiro e com a lógica operacional dele de combate à inflação?
( ) Sim: por quê? ( ) Não: por quê?
(x ) Em partes: por quê?
Atenção, vou repetir, para virar ideia fixa na resposta: para qualquer escolha de resposta, não quero ´achismo´, quero argumento: quanto mais deles, melhor. Mostrem-me que vocês sabem
A concepção e a lógica do plano foram extraordinárias, porém, a execução foi pautada por muitos problemas. Ao contrário dos outros planos em que se atribuía principal importância ao componente inercial, o Plano Real defendia que o excessivo gasto público era o principal responsável pela inflação, tornando necessário um ajuste prévio. Na prática, esse diagnóstico como precondição para estabilização não foi comprovado, na medida em que a estabilização veio a despeito da piora das contas públicas. Partia-se do princípio de que para acabar com a inflação era preciso: forte ajuste fiscal; reforma monetária que anulasse a memória inflacionária, através da simulação de uma hiperinflação, sem viver suas consequências e adotar um sistema de âncora cambial e monetária. A estratégia da reforma monetária (URV) se provou ser muito superior à de desindexação via congelamento de preços. Enquanto a última provocava distorção dos níveis relativos de renda real entre os agentes econômicos, em virtude da não sincronização de reajuste, a URV previa um período para o alinhamento destes preços. De modo geral, o Plano Real enfrentou todos os problemas que levavam ao processo inflacionário, ao contrário dos seus predecessores, buscando soluções para a coordenação decisória, a desindexação, o superaquecimento da economia, o equilíbrio contratual, a remonetização e o controle da liquidez. No entanto, é necessário ponderar que os trade-offs foram muitos: para conter as taxas de inflação, o governo embarcou em uma política de persistentes juros elevados (para atrair capital externo) e de câmbio sobreapreciado (para aumentar a competição no mercado interno), que gerou muitos efeitos negativos (já destacados na questão 1), como por exemplo, a diminuição da autonomia da política monetária e o encarecimento dos serviços das dívidas interna e externa, exigindo, consequentemente, a construção de superávits primários, que inibiam os dispêndios públicos instigadores de demanda agregada (consumo e inv. Público). A estratégia do Plano real, também, levou a déficits gêmeos (externo e fiscal), que ampliavam o risco cambial e o risco-país, tornando o país muito vulnerável a crises exógenas.

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