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Teoria Macroeconômica Aula 4- Contabilidade Nacional Viviane Vecchi Mendes Controvérsias em Macroeconomia • Em geral, macroeconomistas não possuem uma explicação consensual para os principais fenômenos macroeconômicos. • As principais divergências remontam ao trabalho de John Maynard Keynes, um dos maiores economistas do século XX e de Friedrich Hayek e Milton Friedman, defensores do liberalismo econômico. • Keynes participou ativamente da recuperação econômica pós- crise de 1929 e pós-guerra. • O fato que motivou a crítica de Keynes à Teoria Econômica vigente na década de 1930 foi a Crise de 1929. • A Teoria vigente até aquela ocasião é denominada “Teoria Clássica”. Teoria Clássica • A Teoria Clássica assume que o mercado sempre se equilibra por meio dos sistema de preços. • Qualquer excesso de demanda ou oferta é eliminado via sistema de preços. • Para os clássicos isso vale inclusive para o mercado de trabalho. Teoria Clássica • No cenário Clássico, sem imperfeições, a Economia tende ao “pleno emprego”, i.e. não haveria desemprego involuntário (só voluntário ou friccional). • A oferta agregada se baseia na função de produção que é função somente de variáveis reais. • Políticas de expansão dos Gastos do Governo ou a da demanda por bens de capital das empresas não terão efeitos de aumento da produção. Teoria Clássica • No mundo “Clássico” vale a “Lei de Say”, segundo a qual a oferta determina a demanda. Toda a renda criada no processo produtivo é gasto na aquisição dos bens produzidos. • Somente variáveis que afetam a função de produção podem aumentar a renda de equilíbrio. Só existe desemprego voluntário ou friccional. • Diante de todos esses pressupostos, os clássicos se mostravam contra toda e qualquer tipo de intervenção do governo na economia. A Crítica de Keynes • Como justificar a Grande Depressão partindo do pressuposto de que o mercado de trabalho sempre determina o salário de equilíbrio? • Se este fosse o caso, por que existiam milhares de pessoas desempregadas? • Se as firmas eram capazes de vender tudo o que produziam, por que existiam tantos estoques indesejados? A Crítica de Keynes • O desemprego existente não podia ser explicado pelo maior valor que as famílias davam ao lazer (não era desemprego voluntário). • O mercado de trabalho não estava se equilibrando. • Para Keynes, para explicar a existência de desemprego involuntário, a demanda é que deveria determinar a oferta e não o contrário (Clássicos). • Investimento, gasto público e consumo é que condicionavam as decisões das firmas produzirem. A Crítica de Keynes • No modelo clássico, a quantidade produzida determinava a demanda (ou despesa). • Para os Clássicos, recessões eram distúrbios passageiros na produção. • Keynes argumentava que em épocas de crise o governo deveria estimular a Demanda Agregada gastando mais. Determinação da Renda na ótica Keynesiana – O modelo multiplicador • A despesa (ou a demanda agregada) de uma economia fechada pode ser decomposta em: D=C+I+G (1) • C é o consumo privado. • I é o investimento. • G é o gasto público Determinação da Renda na ótica Keynesiana – O modelo multiplicador • Hipótese do modelo: o consumo privado depende da renda disponível das famílias. • Podemos escrever: • C(Y)=Ca+cY (2) • O consumo é, portanto, composto de um componente autônomo (Ca , nível de subsistência, independe da renda) e outro que depende da renda (cY, em que “c” é a propensão marginal a consumir, tal que 0<c<1). Determinação da Renda na ótica Keynesiana – O modelo multiplicador • Substituindo (2) em (1), temos: 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝑐𝑌 + 𝐼 + 𝐺 𝑌 − 𝑐𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 1 − 𝑐 Determinação da Renda na ótica Keynesiana – O modelo multiplicador • Multiplicador de uma economia fechada: 1 1 − 𝑐 • Algumas conclusões do Modelo: • Quanto maior a propensão marginal a consumir “c”, maior o multiplicador e maior será a renda de equilíbrio; • Quanto mais consumistas forem as pessoas, maior será a renda de um país Exemplo 1 • Considere o modelo keynesiano anterior, em que os Gastos do Governo são iguais a 500 reais. Se o Governo resolver aumentar seus gastos em 10%, qual será o impacto desses gastos adicionais na renda? (considere uma propensão marginal a consumir igual a 0,9 e a soma do consumo autônomo mais o investimento igual a 1000). Exemplo 1 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 1 − 𝑐 𝑌 = 1000 + 500 1 − 0,9 = 1500 0,1 = 15000 Suponha um aumento de 10% nos gastos do governo (aumento de 50 reais): 𝑌 = 1000+1,1(500) 1−0,9 = 1550 0,1 = 15500 Resulta em um aumento de 500 reais na renda de equilíbrio da economia. Resultados do modelo- Efeito do Multiplicador • Economistas keynesianos concluem então que em crises, o Governo deveria aumentar seus gastos para aquecer a economia. • Esse resultado se deve as hipóteses de que: • a Demanda determina a produção, e de que • o Consumo depende da renda. Resultados do modelo- Efeito do Multiplicador • Usando o exemplo do exercício anterior temos que, inicialmente, um aumento em G de 50 reais provocará aumento inicial na renda de 50 reais (pela identidade Y=C+I+G). • Como o consumo depende da renda, e esta aumentou em 50 reais, e a propensão marginal a consumir é igual a 0,9, haverá aumento no consumo igual a 45 reais. Como o consumo determina a renda, esta também aumentará 45 reais. A renda afetará novamente o consumo, que afetará a renda e assim por diante... Resultados do modelo- Efeito do Multiplicador Interpretação Econômica do multiplicador • Outras conclusões do modelo: • Para Keynes as firmas reduzem a quantidade produzida devido à falta de demanda efetiva. • Assim, se o Governo aumentasse os gastos, criaria demanda, as firmas produziriam para atender essa demanda, e para isso, contratariam mais trabalhadores, pagando salários e gerando mais renda. • A repetição desse ciclo virtuoso é a responsável pelo efeito multiplicador dos gastos na economia. Poupança, Investimento e Determinação da Renda no Modelo Keynesiano • Pode-se também determinar a renda sob a ótica da poupança e do investimento. • A poupança no mundo keynesiano será dada por S(Y) = Y− C(Y)− G • Substituindo C(Y)=Ca+cY, temos: S(Y)= Y-Ca-cY –G = (1-c)Y-(Ca +G) = sY- (Ca +G) • s=1 −c é a propensão marginal a poupar. • s+c= 1 . Poupança, Investimento e Determinação da Renda no Modelo Keynesiano • Na renda de equilíbrio devemos ter: S=I. • O Investimento (autônomo) gera a poupança necessária para sua realização, diferente do resultado encontrado no modelo Clássico. Modelo Keynesiano com setor externo 𝐷𝐴 = 𝐶 𝑌 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 − 𝑀 𝑀 = 𝑚𝑌 𝐶 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝑐𝑌 No equilíbrio, DA=Y Substituindo, temos: 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝑐𝑌 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 − 𝑚𝑌 𝑌 − 𝑐𝑌 + 𝑚𝑌 = 𝐶𝑎 + +𝐼 + 𝐺 + 𝑋 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 1 − 𝑐 + 𝑚 Modelo Keynesiano com setor externo • O multiplicador m de importações atua reduzindo o multiplicador de gastos, pois as importações constituem um “vazamento” da renda. • Por definição, temos: s+c+m=1, • O multiplicador do gasto com economia aberta é: 1 1 − 𝑐 + 𝑚 • O multiplicadorde gastos após a abertura da economia tende a diminuir, temos: 1 1 − 𝑐 > 1 1 − 𝑐 + 𝑚 Modelo Keynesiano com setor externo e com impostos 𝐷𝐴 = 𝐶 𝑌𝑑 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 − 𝑀 𝑀 = 𝑚𝑌 𝐶 𝑌𝑑 = 𝐶𝑎 + 𝑐𝑌𝑑 𝑌𝑑 = 𝑌 − 𝑡𝑌 Seja t uma alíquota de imposto de renda. No equilíbrio, DA=Y Substituindo, temos: 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝑐(𝑌𝑑) + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 − 𝑚𝑌 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝑐(𝑌 − 𝑡𝑌) + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 − 𝑚𝑌 𝑌 − 𝑐 𝑌 − 𝑡𝑌 + 𝑚𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 1 − 𝑐(1 − 𝑡) + 𝑚 Modelo Keynesiano com setor externo e com impostos • Multiplicador do gasto em uma economia com setor externo e com cobrança de impostos: 1 1 − 𝑐(1 − 𝑡) + 𝑚 • Note que quanto maior a alíquota de imposto t sobre a renda, menor o multiplicador da despesa. • Os tributos, assim como as importações, são uma forma de vazamento da economia. Exemplo 2 • Considere o modelo keynesiano com setor externo. Considere uma propensão marginal a consumir “c” igual a 0,8, uma propensão marginal “m” a importar igual a 0,1. Considere um consumo autônomo igual a 100, Gastos do Governo iguais a 500, exportações iguais a 200 e Investimento igual a 200. • Qual é a renda de equilíbrio? • Qual o tamanho do multiplicador? • Qual o impacto de um aumento de 100 no Investimento sobre a renda? Exemplo 2 • Qual é a renda de equilíbrio? 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 1 − 𝑐 + 𝑚 𝑌 = 100 + 200 + 500 + 200 1 − 0,8 + 0,1 𝑌 = 1000 0,3 𝑌 = 3.333,33 • Qual o tamanho do multiplicador? O multiplicador é de 1/0,3= 3,33 Exemplo 2 • Qual o impacto de um aumento de 100 no Investimento sobre a renda? 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 1 − 𝑐 + 𝑚 𝑌′ = 100 + (200 + 100) + 500 + 200 1 − 0,8 + 0,1 𝑌′ = 1100 0,3 𝑌′ = 3666,66 𝑌′ − 𝑌 = 333,33 Exemplo 3 • Considere o modelo keynesiano anterior com setor externo e arrecadação tributária. Considere uma propensão marginal a consumir “c” igual a 0,8, uma propensão marginal “m” a importar igual a 0,1, e uma alíquota t=0,5. Considere um consumo autônomo igual a 100, Gastos do Governo iguais a 500, exportações iguais a 200 e Investimento igual a 200. • Qual é a renda de equilíbrio? • Qual o tamanho do multiplicador? • Qual o impacto de um aumento de 100 no Investimento sobre a renda? Exemplo 3 • Qual é a renda de equilíbrio? 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 1 − 𝑐(1 − 𝑡) + 𝑚 𝑌= 100 + 200 + 500 + 200 1 − 0,8(1 − 0,5) + 0,1 𝑌 = 1000 0,7 = 1428,57 • Qual o tamanho do multiplicador? O multiplicador é de 1/0,7= 1,42 • Qual o impacto de um aumento de 100 no Investimento sobre a renda? Exemplo 3 • Qual o impacto de um aumento de 100 no Investimento sobre a renda? 𝑌 = 𝐶𝑎 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 1 − 𝑐(1 − 𝑡) + 𝑚 𝑌′= 100 + (200 + 100) + 500 + 200 1 − 0,8(1 − 0,5) + 0,1 𝑌′ = 1100 0,7 = 1571,42 𝑌′ − 𝑌 = 142,85
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