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Crítica sobre o livro Vigiar e Punir, de Michel Foucault.

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Texto: Crítica sobre o livro Vigiar e Punir, de Michel Foucault
Autor: Barbara Pereira Da Cruz	
Disciplina: Sociologia Jurídica 
Crítica sobre o livro Vigiar e Punir, de Michel Foucault.
 Foucault trabalha a genealogia do poder de punir, analisando o desenvolvimento do mesmo, ao longo da história. Ele trás uma análise sobre o ato de punir, abordando uma reflexão sobre a eficácia dessa ação sob os indivíduos que cometem atos ilícitos. O capitulo inicial do livro começa narrando a história de um condenado a pedir perdão publicamente diante da porta principal da igreja de Paris, que foi exposto à vergonha e humilhação em publico, e sucessivamente a uma morte com dores inexprimíveis, com práticas totalmente desumanas para total sofrimento do réu, conhecidas com: suplícios (verdadeiros espetáculos de públicos cheios de violência). Ao longo do tempo os suplícios começaram a desparecer, com a tomada de consciência por punições mais humanas, e um pouco menos dolorosas, pois geralmente os suplícios envolviam esquartejamento, queimar o corpo do réu com enxofre, aplicação de chumbo derretido, entre outros. A mudança do suplicio para a prisão, foi caracterizada pela mudança do objetivo do ato de punir, o qual antes era voltado especialmente à extrema dor e sofrimento do corpo do réu, trazendo uma imagem de violência e medo para aqueles que pensassem em agir da mesma forma. A punição começou a ter como objetivo o enfoque na alma, não no aspecto religioso, mas na questão da consciência, no agir na mente e no intelecto sobre as atitudes cometidas pelo réu. 
 Michel Foucault aborda um tema muito complexo, do qual faz uma profunda crítica sobre o sistema de punição. Por muito tempo, as punições eram vistas como uma maneira de torturar e mostrar violência e medo à população, para que tais atos ilícitos não fossem mais cometidos. Contudo, o autor trás uma análise que defende mais questões humanas, mostrando que punições violentas e altamente severas não é a resposta para a solução de problemas sociais. O problema do sistema de punição de um estado, não se resolve com o aumento de penas mais altas, ou com a criação de novas leis, mas com a manutenção dessa ferramenta de punir. Infelizmente, o sistema carcerário brasileiro encontra-se em crise, aumentando o número de crimes, porque um individuo quando pensa em cometer um crime, ele avalia todas as possibilidades daquele ato ilícito ser detido pela polícia e futuramente aplicado a uma sanção, porém até o individuo ser pego pelo sistema, ser julgado, vai um bom tempo, e se é condenado e julgado, pensa que em pouco tempo estará de volta às ruas.
 Com a leitura dessa obra, pude compreender a realidade, trazendo a visão de Foucault para os dias atuais, pois o livro é muito atual, mesmo sendo de 1999, possui uma análise profunda e didática, como a linha de pensamento em que as vantagens do crime se anulem na desvantagem da pena, e o grande problema é a situação inversa que é preponderante. Os crimes em geral são o reflexo da sociedade, a grande questão é que se diante de um sistema forte de punição, com penas altas de 15, 20,30 anos como o nosso, ainda sim os indivíduos escolhem o mundo do crime, os problemas estão nas penas ou no sistema de punição do estado? Os problemas estão na maneira que o estado legitima a sua punição. A punição carcerária deveria ser um dos últimos recursos, porque a sanção aplicada deveria que atuar como um mecanismo de prevenção e alerta, para que a realidade do crime não ocorresse novamente. Na maioria das vezes quando um individuo é preso, seu estilo de vida muda completamente, durante sua detenção e posterior a ela, pois as chances de um novo estilo de vida longe do crime é quase impossível, porque a própria sociedade não dá chances para que isso aconteça, devido a muitos preconceitos existentes, fazendo do crime uma ferramenta de sobrevivência.
 Questionar o sistema de punição é fazer uma análise em torno de pontos principais, que comprometem todo o sistema judiciário, carcerário e penal. O livro é uma obra fantástica defendendo outro olhar sobre punição, sobre a visão do estado em punir seus malfeitores e ao mesmo tempo disciplinar a sociedade. A punição dentro de uma sociedade, não deve ser um ato de violência ou limitação de direitos, mas sim um ato que faça o criminoso pensar e avaliar suas atitudes, ao ponto de chegar à conclusão que as desvantagens para praticar um crime são maiores do que as vantagens para cometê-lo, transformando o pensamento da população.
 Encarceramento em cela não é a solução para o ato de punir se tornar eficaz e bom para sociedade, como Foucault aborda em sua obra, que após a utilização de prisões o crime só passou a aumentar, chegado à conclusão que prender todos que cometeram atos ilícitos, não tornará a sociedade mais segura. A realidade do sistema carcerário transforma os indivíduos para pior, e não trás uma mudança de fato para que, aquele cidadão se arrependa do que fez. O comportamento humano, será diferente a partir do momento que o estado, conscientizar a população que o crime não compensa, que o sistema judiciário tornar-se mais eficaz e ágil, que o sistema carcerário seja mais que um isolamento de liberdade, e sim um ferramenta de transformação de punições em novas histórias de sucesso e arrependimento, atrás de um sistema mais humano.

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