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Introdução à contabilidade 8

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Resumo 8 de Introdução à Contabilidade – João Victor Bispo Página 1 
Material original por César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues 
Introdução à contabilidade 1/2014 
 
CAPÍTULO 13 – Introdução a Contabilidade Gerencial 
 
 Objetivos: 
(1) Apresentar a classificação dos custos e os principais conceitos 
(2) Mostrar como é possível analisar o comportamento do custo no tempo 
(3) Apresentar o resultado dos custos na forma gerencial 
(4) Aplicar a análise Custo-Volume-Lucro no processo decisório 
(5) Mostrar qual o custo relevante para o processo decisório 
 
1. Classificação de Custos 
 Objetivo (1) => Apresentar a classificação dos custos e os principais conceitos 
 
Custo(geral): diz respeito a uma quantidade de recursos usada para algum propósito específico. 
 
Introdução: Os custos poderão ser classificados de várias formas de acordo com a informação de que se 
deseja obter, assim um mesmo custo pode aparecer em várias categorias. 
 
Categorias de classificação do custo: 
1) Função Administrativa: custo de fabricação ou despesa operacional; 
2) Relação ao objeto: custo direto ou custo indireto; 
3) Confrontação com a receita: custo do período ou custo do produto; 
4) Controlabilidade: controlável ou não controlável; e 
5) Relação com a mudança na atividade: custo variável, fixo ou misto. 
 
1) Função Administrativa 
 
Custos de fabricação: são aqueles relacionados com as atividades de fabricação de um produto em 
uma indústria. Estes custos fazem parte, na demonstração do resultado, do custo do produto vendido. 
São aqueles que ocorrem enquanto o produto está no processo produtivo. 
 
Despesas operacionais: estão relacionadas com as despesas de vendas, gerais e administrativas. 
Com o fim da produção, os esforços necessários para vender o produto e as despesas de gestão são 
denominados de despesas operacionais. 
 
Na DRE: os custos de fabricação aparecem logo após as receitas de vendas, sendo necessários para 
apurar o lucro bruto da empresa. Já as despesas operacionais irão compor o lucro operacional. 
 
Os custos de fabricação estão divididos em: 
I. material direto; 
II. mão de obra direta e; 
III. custos indiretos de fabricação (CIF). 
 
I. Material direto: refere-se a todo insumo que faz parte do produto final. 
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II. Mão de obra direta: refere-se aos gastos com os funcionários envolvidos no processo de 
produção. 
III. Custo Indireto de Fabricação: são todos os custos necessários para a produção, exceto o 
material direto e a mão de obra direta. Isto inclui a depreciação da fábrica, os aluguéis do 
imóvel, materiais indiretos, entre outros itens. 
 
Custos primários: denominação para material direto e mão de obra direta. 
Custos de conversão: referem-se à soma da mão de obra direta e os custos indiretos e 
representam a parcela que foi adicionada pela empresa durante o processo produtivo. 
 
 
 
2) RELAÇÃO COM O OBJETO 
 
Objeto: é qualquer saída possível de um sistema de informação gerencial. Assim, o objeto pode ser os 
produtos, a área geográfica, os setores de atividades de uma empresa, entre outros. A determinação do que 
seria o objeto de custo é que irá fazer com que o custo seja classificado como direto ou indireto. 
Custo(na relação com o objeto): definido o objeto de custo, um custo pode ser considerado direto ou 
indireto. 
 
Custo direto: é aquele que possui uma relação imediata, um vínculo direto, com o objeto de custo. 
Se uma empresa mensura seu custo considerando como objeto o produto fabricado, o custo do 
insumo usado no processo de produção é um custo direto ao produto. Se o objeto de custo é cada loja 
da empresa, a remuneração do funcionário que trabalha num determinado local seria custo direto 
desta unidade. 
 
Custo indireto: é aquele que existe uma dificuldade de associar com determinado objeto. Se o objeto 
é o produto fabricado, os custos que não estão associados diretamente ao produto, como a 
depreciação e o salário dos seguranças da fábrica são considerados indiretos. Se o objeto é a filial, o 
custo do sistema que faz o controle de estoque em cada local é indireto já que teremos dificuldade de 
associar o seu valor a cada uma das unidades. 
 
 
 
 
 
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3) CONFRONTAÇÃO DA DESPESA 
 
Custo(na confrontação da despesa): pode ser considerado como do período ou do produto. Neste caso, a 
classificação dos custos está associada ao processo de confrontação da despesa. 
Custo do produto: está identificado com o estoque: eles “acompanham” o produto. Quando a 
empresa está produzindo, o custo está na conta de estoque em elaboração; quando já terminou a 
fabricação, mas ainda não realizou a venda, o custo encontra-se no estoque de produto acabado; e 
quando ocorre a venda, torna-se “custo do produto vendido”. Os dois primeiros casos são contas 
patrimoniais; no último, conta de resultado. 
 
Custo do período: não é confrontado com as receitas, como é o caso das despesas de propaganda, os 
custos do produto transitam pelo ativo antes de serem considerados no resultado da empresa. 
 
4) CONTROLABILIDADE 
 
Controlabilidade: está associada à possibilidade que um funcionário tem de influenciar no montante de 
custo. 
 
Custo controlável: Se um determinado funcionário da empresa consegue aumentar ou reduzir um custo com 
suas decisões, este será um custo controlável. É o caso da energia elétrica da sala de um gerente da empresa. 
Este gerente possui o "controle" sobre este custo, já que o montante depende da sua decisão de ligar o ar 
condicionado ou não. 
 
Custo não controlável: O custo é considerado como não controlável quando o funcionário não possui 
influência sobre o mesmo. O gerente pode controlar o consumo de energia da sua sala, mas não consegue 
controlar o uso deste insumo por parte do seu chefe. 
 
Obs: Observe que a classificação de um custo como controlável ou não controlável irá depender da posição 
hierárquica do funcionário. Quanto mais baixa a posição do funcionário na hierarquia da empresa, maior a 
proporção de custo não controlável. Níveis mais elevados possuem uma maior proporção de custo 
controlável. 
 
5) RELAÇÃO COM A ATIVIDADE 
 
Relação com a atividade: esta é a classificação mais importante para a análise gerencial dos custos de uma 
empresa. 
 
Custos(na relação com a atividade): podem ser classificados de acordo com o seu comportamento diante 
de uma variação nas atividades de uma empresa em variáveis ou fixos. 
Custos variáveis: são aqueles que se modificam na proporção direta da alteração da atividade da 
empresa. Nos custos variáveis, quando existe um aumento na atividade da empresa estes custos 
aumentam também. Um exemplo de custo variável é a quantidade de insumo utilizada no processo de 
produção. Quanto mais a empresa produz, maior será esta quantidade. 
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Custos fixos: conforme o nome já indica, não se alteram com uma mudança na atividade. Um 
exemplo é o aluguel de um imóvel. O aumento ou redução da atividade não irá alterar o valor desta 
despesa. 
 
Obs: Em situações práticas, dificilmente o custo será totalmente fixo ou variável, apesar de 
adotarmos, para certas análises, esta simplificação. Suponha o caso do custo de energia elétrica.Neste custo existe um consumo mínimo e uma parcela que aumenta com a quantidade de quilowatt 
consumida. Assim, parte da energia elétrica é fixa e parte é variável. Neste caso, o custo da energia 
elétrica seria semivariável, semifixa ou custo misto. 
 
2)Comportamento do Custo 
 Objetivo (2) => Mostrar como é possível analisar o comportamento do custo no tempo 
 
Formas de fazer a classificação dos custos: 
1) o método intuitivo 
2) o método da regressão. 
 
1)Método indutivo: é um método simples e prático para fazer a classificação dos custos em fixo ou 
variável. Neste método, o responsável pelo sistema de custos usa sua observação prática e sua 
experiência para fazer a classificação. 
 
Exemplo: Suponha uma empresa de transporte. É possível afirmar, por intuição, que os custos da 
gasolina e dos pneus são custos variáveis. Afinal, parece razoável supor que quanto maior a atividade 
de transporte, maiores serão estes custos. Já o valor do IPVA não se altera com a quilometragem 
rodada pelos veículos; assim, o IPVA será um custo fixo, pois não depende da atividade. 
 
Problemas do método indutivo: 
1) é o fato do mesmo ser subjetivo. A resposta pode variar conforme o analista. 
2) é que em alguns casos pode ser difícil fazer a classificação somente por este método. O 
método da regressão procura suprir as deficiências deste método. 
 
2)Método da regressão: a regressão pode ser usada desde que a empresa tenha dados confiáveis 
sobre suas atividades no passado. Por exemplo, se o objetivo é fazer a classificação do custo da 
energia elétrica, são necessários dados sobre este valor nos últimos meses, além de informações 
sobre a atividade da empresa. 
A partir destes dados, podemos descobrir uma relação linear entre o custo e o volume de atividades. 
Esta relação pode ser expressa pela equação: 
 
 
C: corresponde ao custo que desejamos classificar como variável ou fixo. 
a: é o intercepto da equação, que representa o custo fixo. 
Q: representa a atividade da empresa (número de unidades produzidas numa indústria, quantidade de alunos de um 
curso, quantidade de quilômetros rodados num automóvel, etc.). 
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b: representa o valor que irá aumentar para cada quantidade de atividade. Em outras palavras, é o custo variável 
unitário. 
 
Regressão linear: é uma técnica que permite determinar os valores de "a" e "b" da expressão a partir dos 
dados históricos. Como para utilizar a regressão necessitamos de informações, o seu resultado irá depender 
da qualidade destes valores. Dados históricos questionáveis podem inviabilizar o uso deste método para 
determinar o valor do custo fixo e do custo variável. 
 
Determinação do Custo Fixo e Variável Utilizando a Regressão: Para mostrar como o método da 
regressão é usado na prática considere o exemplo de uma empresa de reprografia. O objetivo é determinar 
qual a parcela do custo da energia elétrica é variável. Utilizando o valor das contas de energia elétrica dos 
últimos 16 meses, levantou-se a quantidade de cópias que foram executadas durante cada mês. Os resultados 
encontram-se a seguir, na ilustração: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com estes valores é possível calcular a regressão. Para isto pode-se utilizar uma planilha 
eletrônica (como o Excel) ou um programa estatístico. O cálculo irá permitir expressar o custo da 
seguinte forma: 
Custo = a + b Q 
 Onde a variável "a" corresponde ao custo fixo e "b" ao custo variável unitário. A variável 
Q, denominada de "dependente", refere-se ao volume de atividade, que no nosso exemplo 
corresponde à quantidade de cópias. 
 Assim, ao obter o valor de "a" e "b" através da regressão estaremos determinando o custo 
fixo e o custo variável, nesta ordem, da energia elétrica da empresa. 
Incluímos os valores da ilustração numa planilha Excel e utilizando através dos comandos 
específicos apropriados determinamos o resultado da regressão linear. No caso da planilha Excel, 
usamos o suplemento “Análise de Dados” e selecionamos “Regressão”. É necessário informar o 
intervalo da variável dependente (o custo, neste caso) e independente (quantidade de energia 
elétrica). No software isto corresponde ao intervalor Y e intervalo X, respectivamente. 
 Aqui o importante é obter o valor da constante (o custo fixo ou variável "a" da equação) e 
da variável "b" ou custo variável unitário. Isto encontra-se na coluna “coeficiente” da última tabela. 
O resultado obtido foi o seguinte: 
Custo = 37,096 + 0,01262 X 
Isto indicaria um custo fixo de R$37, aproximadamente, e um custo variável de R$0,0126. Assim, 
cada cópia adicional na empresa de reprografia aumenta o custo da energia elétrica em R$0,0126. 
 
Obs:Consulte um livro de estatística para aprender um pouco mais sobre este instrumento. 
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3) Apresentação do Resultado 
 Objetivo (3) => Apresentar o resultado dos custos na forma gerencial 
 
Quando se faz a segregação dos custos em fixos e variáveis, o formato da apresentação se altera. Novamente 
começamos com as receitas e retiramos os custos variáveis. A diferença entre estes dois valores é 
denominada de margem de contribuição. Depois, retira-se os custos, para se ter o mesmo lucro operacional 
da demonstração do resultado para o usuário externo. A ilustração apresenta um exemplo numérico onde é 
possível notar a diferença entre a apresentação das informações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A informação mais relevante apresentada na ilustração é o valor da margem de contribuição. Para que uma 
empresa seja viável esta margem deve ser positiva. Caso contrário, o aumento no volume de atividades tende 
a aumentar o seu prejuízo. 
 
 
 
 
 
 
4) Análise de Custo, Volume e Lucro (CVL) 
 Objetivo (4) => Aplicar a análise Custo-Volume-Lucro no processo decisório 
 
CVL: análise de custo, volume e lucro. 
 
A partir da análise CVL, poderemos responder a questões como: qual a quantidade de vendas necessária 
para que a empresa não tenha prejuízo; qual o volume de vendas para que um pedido possa ser aceito; 
qual o efeito sobre o lucro de um determinado aumento ou diminuição nas vendas; quais os reflexos da 
mudança no preço do produto sobre o resultado; como a mudança na combinação de produtos vendida 
pode influenciar no resultado, entre outras questões. 
 
 
 
 
Obs: No exemplo numérico apresentado na ilustração é possível notar que os valores finais são idênticos. 
Entretanto é necessário destacar que nem sempre isto ocorre nas situações práticas. Por exemplo, quando um 
produto é fabricado, mas não foi efetuada sua venda, o valor irá aparecer no formato gerencial, mas não no 
formato tradicional. 
 
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Lucro = (Receita) – (Custos Variáveis) – (Custos Fixos) 
 
Considerando que: 
I. O valor da receita é decorrente da venda dos produtos e serviços e que a empresa possua somente 
um produto ou serviço, podemos dizer que esta receita será resultado do preço praticado pela 
quantidade vendida. 
 
II. Os custos variáveis são os quais os valores se alteram com o volume de atividades e que o volume de 
atividade diz respeito a um produto ou serviço, então podemos dizer que estes custos são 
resultados dos custos unitários multiplicadospela quantidade vendida. 
Assim: 
 
 
 
 p: preço praticado 
 q: quantidade ventida 
 v: custos unitários 
 F: custos fixos 
 
Ponto de equilíbrio: é o nível no qual a receita é igual aos custos. Assim, no ponto de equilíbrio a 
empresa não consegue obter nem lucro nem prejuízo. O ponto de equilíbrio indica qual a receita mínima 
necessária para se obter lucro. 
 
 
 
 
 
Margem de contribuição unitária: corresponde à diferença entre o preço e o custo variável unitário. 
 
 
Lucro = p q - v q – F 
Ponto de Equilíbrio = (Custos Fixos) / (preço - custo variável unitário) 
Ponto de Equilíbrio = F / (p - v)

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