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XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 1 ANÁLISE DE PUBLICAÇÕES SOBRE O ENSINO DE FÍSICA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL Sabrina Gomes Cozendey1, Márlon Caetano Ramos Pessanha2, Maria da Piedade Resende da Costa3 1 UFSCar/PPGEEs, sgcfisica@yahoo.com.br 2 USP/ PPGIEC, pessanha@usp.br 3 UFSCar/Departamento de Psicologia, piedade@ufscar.br Resumo Esta pesquisa consiste em um estudo documental onde se procurou conhecer os artigos em ensino de Física indexados no Google Acadêmico e no ScieLo que propõem práticas viáveis ao processo de inclusão de alunos com deficiência visual. Com um referencial teórico variado a pesquisa procurou mostrar os diferentes lados envolvidos no processo de inclusão do aluno com deficiência visual nas turmas regulares de ensino de Física. Por ser um estudo documental, a metodologia utilizada no trabalho pode ser definida como uma pesquisa bibliográfica, que teve como objetivo analisar as pesquisas selecionadas buscando encontrar práticas facilitadoras do processo de inclusão. Os resultados obtidos mostram que existem pesquisas em ensino de Física direcionadas a alunos com deficiência visual, contudo o número de trabalhos destinados a temática é pequeno. Na pesquisa foram encontrados 33 trabalhos, sendo estas investigações concentradas em oito áreas da Física: astronomia, eletricidade, Física de forma geral, mecânica, ondulatória, óptica e termologia. A área Física de forma geral representa os artigos que relatam experiências de inclusão de alunos com deficiência visual em turmas de ensino de Física, onde os problemas e as possibilidades de adaptar a Física, como um todo, são discutidos. A análise dos trabalhos desenvolvidos em Física destinados ao trabalho com o aluno deficiente visual mostra a necessidade de pesquisas direcionadas a construção de práticas diferenciadas que facilitem a inclusão dos alunos com deficiência visual nas turmas de Física. Contudo, apesar de reduzidos, os trabalhos existentes na área pesquisada apresentam ideias viáveis para as salas regulares de Física, podendo ajudar os professores de Física no preparo de suas aulas e assim contribuir no processo de inclusão mais eficaz. Palavras-chave: Revisão Bibliográfica, Educação Inclusiva, Deficiência Visual Introdução Disciplinas da área de ciências exatas, como é o caso da Física, são reconhecidamente consideradas pelos alunos como difíceis e com um grau elevado de complexidade. Em decorrência disto, é notória a resistência e desestímulo para a aprendizagem. Logo, o professor de Física tem como difícil tarefa a de facilitar o processo de aprendizagem dos alunos, e tornar este mais motivador. Há alguns anos pesquisadores tem se dedicado a identificar elementos causadores de tal problema e, ainda, buscar soluções que facilitem a aprendizagem de Física. Um número significativo de pesquisas em ensino de Física foi desenvolvido nos últimos anos. Tal produção é significante, e se considerada e consultada pelo professorado de Física, pode contribuir para a prática pedagógica. ____________________________________________________________________________________________________ 30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2011 XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 2 A inércia em se manter um ensino tradicional, imutável, e desprovido de motivação, é talvez, um dos elementos que provocam tal situação no ensino de Física. O professorado, os gestores escolares, enfim, todos os integrantes do sistema educacional devem perceber que assim como o mundo está em constante mudança, os processos de ensino e aprendizagem devem, também, se modificar. Um dos caminhos para estas mudanças é colocar em prática, de forma cautelosa e estruturada, as ideias e recursos resultantes da produção acadêmica. Com a nova política de inclusão escolar, onde estudantes com alguma deficiência estão sendo inseridos nas escolas regulares, uma nova tarefa é atribuída ao professorado de Física, desta vez, a de facilitar a aprendizagem e motivar o aluno com necessidades especiais. Quando se trata do ensino aos indivíduos com alguma deficiência, os resultados da produção acadêmica na área de ensino de Física relacionados aos alunos em questão, também podem, e devem ser considerados. Porém, na área de pesquisa em ensino de Física, uma grande parcela da produção científica não leva em consideração a existência de alunos com necessidades educacionais especiais em sala de aula. No processo de inclusão, alunos com diferentes deficiências estão chegando às escolas, principalmente às públicas, e o professor de Física muitas vezes não conhece procedimentos de ensino diferenciados que possam facilitar o aprendizado do aluno com alguma deficiência. O professor de Física encontra-se sem recursos que possam potencializar a aprendizagem dos conceitos, e assim, o desafio de ensinar a Física pode tornar-se mais complexo. Entre os alunos que precisam de procedimentos diferenciados encontram-se os com deficiência visual, a qual pode ser definida como a perda parcial ou total da capacidade visual em ambos os olhos, avaliada após a melhor correção ótica ou cirúrgica, levando o indivíduo a uma limitação em seu desempenho habitual (MELO, 1986). A visão é considerada o primeiro meio de obtenção de informações, uma vez que é por meio dela que a pessoa apreende as diversas informações que estão no meio, e assim, a carência da visão pode limitar as experiências da pessoa, quando este sentido não está disponível. Desta forma, a pessoa privada da visão terá necessidade de vivenciar experiências sensoriais que utilizem outras vias sensoriais, como os sentidos remanescentes (MASINI, 1993). Pensando na realidade das classes de ensino regular, é compreensível que estudantes com deficiência visual apresentem dificuldades diante dos procedimentos metodológicos do ensino de Física, visto que os mesmos, em boa parte fundamentam-se em referenciais funcionais visuais (CAMARGO e SILVA, 2003). Conforme ressalta Camargo (2001), apesar dos outros sentidos serem importantes para os indivíduos, o sentido visão parece ser pré-requisito para toda e qualquer atividade que se realize no ambiente escolar. Desta forma, ao analisar o cenário da educação atual, em que a inclusão dos alunos com deficiência no universo escolar aos poucos deixa de ser uma ideologia e começa a se tornar uma realidade, se faz necessário conhecer recursos desenvolvidos na área que podem auxiliar este processo de inclusão. Neste trabalho será realizada uma investigação documental com o intuito de encontrar pesquisas realizadas em ensino de física direcionadas ao grupo dos deficientes visuais. Embora, haja muita discórdia entre os pesquisados em relação à inclusão dos deficientes na classe comum; é importante que os estudos que possam facilitar ____________________________________________________________________________________________________ 30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2011 XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 3 este processo sejam divulgados, para que a inclusão possa ter as melhores chances de ser uma realidade positiva, afinal, realidade ela já é. O trabalho aqui apresentado buscou responder aos seguintes questionamentos: “Será que existem pesquisas sobre materiais instrucionais para o ensino da Física para alunos com deficiência visual?”, “Se existem; estas pesquisas propõem práticas viáveis a turmas inclusivas?” Para responder estas questões foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica em duas bases de dados nacionais buscando conhecer as pesquisas desenvolvidas na área do ensino de Física destinadas aos alunos com deficiência visual. Desenvolvimento da pesquisa Este trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica, a qual segundo Gil(1994) é desenvolvida a partir de um material anteriormente elaborado, constituído de livros e artigos científicos. Na presente pesquisa desenvolveu-se uma análise de artigos sobre Ensino de Física direcionados aos alunos com deficiência visual, indexados no período de 1999 a 2009 em periódicos nacionais. Nesta pesquisa foi consultada a base de dados SciELO e Google Acadêmico. Devido a sua abrangência, os resultados da pesquisa são classificados pela relevância e também pelo número de acessos. Com o objetivo de encontrar os artigos relacionados à Física direcionados a categoria da deficiência visual, optou-se pela busca do termo “Ensino de Física para Deficientes Visuais”, que deveria estar contida no título ou no resumo do trabalho. O refinamento dos dados foi necessário para identificar quais artigos apresentavam relevância com a temática analisada. Alguns estudos foram excluídos por não abrangerem os critérios da presente pesquisa. Resultados Após o refinamento da pesquisa foram encontrados 33 artigos de ensino de Física que apresentaram experiências de trabalho com alunos deficientes visuais. Foram 2 trabalhos na área de Astronomia, 7 em eletricidade, 8 em Física de forma geral, 7 de Mecânica, 1 de ondulatória, 5 de Óptica e 3 de Termologia. As estratégias, experiências, relatos e informações pertinentes foram destacadas e são apresentadas de forma sintética nas discussões, a seguir: Astronomia Conceitos relacionados a astronomia foram trabalhados em duas pesquisas. Em Bernardes e Souza (2009), pode se encontrar o relato de uma experiência utilizando arquivos de áudio de curta duração para explicar e descrever fenômenos, conceitos e equipamentos comuns na astronomia, tais como; foguetes, ônibus espaciais, planetas do sistema solar, cometas, lua, Sol. Já em Oliveira, Sarraf e Del Guerra (2008), é descrito o desenvolvimento de um Kit de astronomia contendo: 8 mapas celestes, sendo quatro do hemisfério norte e quatro do hemisfério sul; três mapas de mudanças do céu ao longo da noite; dois mapas celestes em relevo, mostrando a poluição luminosa em são Paulo; um Catálogo em tamanho A4 com 14 constelações separadas em relevo, sendo as 12 ____________________________________________________________________________________________________ 30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2011 XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 4 zodiacais "clássicas" (excetuando Ofiúco), mais Órion e o Cruzeiro do Sul; duas constelações tridimensionais: órion e o cruzeiro do sul; uma esfera celeste de 21cm de diâmetro com as estrelas em relevo e os desenhos das constelações; e um livro voltado aos educadores com os principais conceitos astronômicos, descrição do kit, sugestões de aplicação e depoimentos. Eletricidade Os conceitos de eletricidade foram encontrados em sete pesquisas. Apesar de ser uma quantidade pequena, de certa forma, tais pesquisas abordaram alguns dos conceitos mais importantes para o ensino de eletricidade em nível médio. Uma vez que todas as estratégias estão devidamente descritas nos artigos, os professores podem, sem dificuldade, reproduzi-las em sala de aula. Assim, é possível que estes conceitos possam ser trabalhados adequadamente em turmas inclusivas. Em Souza, Costa e Studart (2008), é apresentado o processo de desenvolvimento de três experiências que procuram simular a atração e repulsão entre cargas, ilustrar o conceito de corrente elétrica, potencial elétrico e resistência, além de ilustrar associação de resistores em série e em paralelo. Em Medeiros et al (2009) é apresentado a descrição de um experimento que analisa conceitos relacionados a circuitos elétricos em série e paralelo. Em outra pesquisa, Camargo et al (2009) apresentam uma análise sobre a construção de maquetes para ensinar eletricidade visando a participação de alunos com deficiência visual em aulas de física. As maquetes propostas abordam os conceitos de cargas elétricas e linhas de campo, interações entre cargas elétricas, circuito elétrico, rede cristalina cúbica, condutor elétrico, corrente elétrica, diferença de potencial, resistência elétrica e resistividade elétrica. Um quarto trabalho verificado foi desenvolvido por Morrone, Araújo e Amaral (2009), o qual propõe uma metodologia para analisar conhecimentos físicos relacionados a conceitos iniciais em Eletrodinâmica, tendo por base a realização de atividades experimentais que enfocam a analogia entre os fenômenos abordados e os sentidos e as sensações humanas. Em Borges, Silva e Santos (2009) é encontrada a descrição do desenvolvimento de um Galvanômetro que gera informações sonoras e táteis. O artigo pode auxiliar os professores na construção do equipamento, que pode ser produzido em conjunto com os estudantes e, assim, favorecer a compreensão do conceito de corrente elétrica e como pode ser efetuada sua medição. No trabalho de Camargo, Nardo e Veraszto (2008) são abordadas as dificuldades de se comunicar fenômenos e conceitos elétricos e magnéticos a alunos com deficiência visual. Os autores apresentam quatro atividades fundamentadas no ponto de vista semântico-sensorial por meio do uso um circuito elétrico que apresentava transformações de energia elétrica em energia luminosa, térmica, sonora e mecânica. A experiência realizada pelos autores pode ser reconstruída em sala de aula. Cabe ressaltar que a prática pode ser considerada como uma estratégia diferenciada para aulas de Física, podendo assim facilitar a aprendizagem de todos os alunos, não somente dos alunos com deficiência visual. ____________________________________________________________________________________________________ 30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2011 XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 5 Em outro trabalho, Camargo e Nardi (2007a) relatam os resultados parciais de um estudo que analisou o desempenho de futuros professores durante o desenvolvimento, planejamento, elaboração e utilização de tópicos de ensino de eletromagnetismo em uma turma de estudantes, dentre os quais se incluíam alunos com deficiência visual. Esta última pesquisa pode auxiliar os professores de Física a superarem as dificuldades encontradas ao se adequar o conceito físico a realidade cognitiva do aluno deficiente visual. Física de modo geral Oito dos artigos encontrados na pesquisa bibliográfica tratava da Física de forma geral, isto é, descrevia as dificuldades encontradas ao ensinar física em turmas regulares que tenham alunos com deficiência visual. As pesquisas apresentam experiências de contato com professores e alunos que relatam suas dificuldades no processo de ensino e aprendizado de conceitos Físicos. Amaral, Ferreira e Dickman (2009), Camargo (2001), Camargo e Nardi (2007b), Costa, Neves e Barone (2006), Ferreira e Dickman (2008), Ferreira e Dickman (2007), Neves, Costa e Campos (2000) e Souza e Teixeira (2008), identificam fatores que dificultam o aprendizado do aluno no cotidiano da sala de aula, procuram mostrar que a visão não é o único meio de se aprender, e que se os aspectos táteis e auditivos forem valorizados o aluno cego poderá aprender. Além disto, os autores discutem as descrições e alternativas aos desafios políticos, pedagógicos e didáticos tangíveis à prática de ensino de Física no contexto da inclusão de alunos com deficiências visuais no ambiente da escola formal. Mecânica Os conceitos associados à mecânica foram encontrados em sete artigos. As pesquisas procuram relatar as experiências de forma que outros professores possam reproduzi-las em sala de aula. Os conceitos de repouso e movimento foram tema de discussão em Camargo, Scalvi e Braga (2000), e Camargo et al (2006); onde os autores procuraram mostrar alternativas para o trabalho compessoas cegas. O conceito de Queda de corpos foi analisado em dois trabalhos, Camargo e Silva (2009) e Camargo (2007), que apresentam atividades que podem facilitar a compreensão do conceito por alunos com deficiência visual. A aceleração da Gravidade foi o conceito analisado em duas atividades apresentadas no trabalho de Camargo, Silva e Barros Filho (2009). Os autores descrevem as atividades que podem ser utilizadas não somente com alunos deficientes visuais, mas que apresentam potencialidades de auxiliarem a aprendizagem de alunos não deficientes. Já o conceito de aceleração e outros relacionados foram analisados em Camargo (2007), que apresenta três atividades. O artigo explica como realizar os experimentos que ajudam a trabalhar os conceitos de atrito e desaceleração; queda dos corpos e, problemas envolvendo o conceito de centro de massa. Instrumentos de medidas adaptados aos alunos com deficiência visual foi o tema do estudo realizado por Martelli, Barros e Santos (2003), onde os autores ____________________________________________________________________________________________________ 30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2011 XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 6 relatam a experiência de construção de tais instrumentos. É apresentada a construção de mesa de força, dinamômetro, dilatômetro, termômetro de expansão do ar, plano cartesiano para traçado e interpretação gráfica. Por fim, Tato e Lima (2009) apresentam a elaboração de um material capaz de expressar a escrita matemática (equacionamento físico-matemático), com caracteres em Braille e em tinta, que aumenta as chances de equiparação entre deficientes visuais e videntes, na realização de atividades que exijam equacionamento de dados. O trabalho apresenta um exemplo de uso do material construído em atividades de cinemática. Óptica Foram encontrados cinco trabalhos relacionados a conceitos de Óptica. Nos artigos verificados encontram-se explicações de experimentos e montagens que podem favorecer a compreensão dos conceitos. Em quatro trabalhos são apresentadas experiências com alunos com deficiência visual onde experimentos, maquetes, atividades lúdicas e montagens são utilizadas junto às turmas. As conexões de experimentos, que procuram facilitar a compreensão de conceitos relacionados à ótica geométrica e mecânica, e a análise de modelos teóricos, foi discutida no trabalho de Ferreira e Dickman (2007) O uso de maquetes representando os raios de luz foi analisado por Camargo e Nardi (2008), os quais mostram que as maquetes podem ser eficientes no ensino de conceitos de física referentes a óptica com alunos deficientes visuais. As maquetes desenvolvidas na pesquisa descrevem tátil e visualmente comportamentos ópticos como desvio sofrido pela luz no fenômeno da refração; comportamento dos raios incidentes e refletidos nos fenômenos da reflexão regular e difusa; comportamento dos raios incidentes e refletidos em espelhos planos, esféricos e em lentes. O artigo explica o desenvolvimento das maquetes, as quais podem ser utilizadas em turmas inclusivas ou junto à alunos sem deficiência. Uma montagem experimental para a verificação do fenômeno de difração da luz, adaptada para portadores de deficiência visual, especialmente voltada para estudantes do ensino médio, foi proposta por Paranhos e Garcia (2009). Esta montagem pode ser facilmente reproduzida em sala de aula, e pode ser considerada com uma estratégia viável a todos os tipos de turmas. Silva e Silveira (2009) apresentam um trabalho bem ilustrativo com atividades lúdicas como oficinas e apresentação de teatro de fantoches podem favorecer a compreensão do conceito de Luz e sua relação com as cores e a visão. O quinto trabalho encontrado na pesquisa bibliográfica foi desenvolvido por Camargo e Nardi (2007c), e pode ser considerado como um apoio aos professores no sentido de mostrar que existem caminhos e alternativas que auxiliam a difícil tarefa de adequar as aulas de Física aos alunos deficientes visuais. Ondulatória Somente uma pesquisa investigou conceitos referentes a ondulatória (Camargo e Silva, 2006). Nesta foi analisada uma situação problema que envolve a colisão de um trem e um carro, situação esta que foi elaborada e aplicada a alunos com deficiência visual. ____________________________________________________________________________________________________ 30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2011 XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 7 Termologia Foram encontrados três artigos referentes à área de termologia. Em Tagliati et al (2009) são apresentadas algumas experiências desenvolvidas individualmente com um aluno com deficiência. As práticas apresentadas na pesquisa procuram demonstrar a existência do ar, a expansão térmica do ar, o comportamento deste, e a pressão atmosférica. Santos, Silva e Lima (2009) analisam a concepção dos alunos deficientes visuais sobre o conceito de calor. A pesquisa descreve como poderiam ser desenvolvidos experimentos de baixo custo que explicam a diferença entre o conceito de calor e temperatura. Já Camargo e Nardi (2006) apresentam as principais dificuldades encontradas por professores, referente à abordagem do conhecer fenômenos físicos relacionados à termologia e às estratégias utilizadas para criar uma aula adequada à realidade do deficiente visual. Considerações Finais Ao analisar os 33 trabalhos ficam claras as respostas aos questionamentos feitos no presente estudo. Existem sim pesquisas que apresentam materiais didáticos, práticas e estratégias diferenciadas para o ensino de Física direcionado aos alunos com deficiência visual. Em um segundo questionamento, onde se pergunta se entre as pesquisas existentes há aquelas que propõem práticas viáveis a turmas inclusivas, a resposta também é ”sim”. Todos os trabalhos propõem práticas viáveis às turmas inclusivas, sendo que alguns dos experimentos propostos são mais fáceis de serem desenvolvidos do que outros. Na busca por responder aos questionamentos que nortearam a pesquisa, é possível perceber uma riqueza entre os dados coletados; foram identificados 33 trabalhos interessantes, os quais apresentam mais de 100 experimentos de graus variados de dificuldades, de organização e apresentação, e, além disto, também foram apresentadas entrevistas onde alunos e professores mostram como superar as dificuldades advindas do processo de inclusão. Estes artigos podem ajudar aos professores de Física na estruturação de suas aulas, uma vez que todos os experimentos podem ser desenvolvidos em sala de aula e que algumas das principais dificuldades encontradas pelos professores são analisadas e algumas alternativas de solução são apresentadas nestes trabalhos. O que se pode concluir é que há um longo caminho a ser percorrido ainda, muito a se pesquisar sobre práticas de inclusão em turmas de Física. No entanto, os resultados que as pesquisas nesta área apresentam já são o suficiente para afirmar que, se práticas diferenciadas forem adotadas, os alunos com deficiência visual podem sim ser incluídos nas aulas de Física e participarem ativamente do processo de ensino e aprendizado. Referências AMARAL, G.; FERREIRA, A.; DICKMAN, A. Educação de estudantes cegos na escola inclusiva: o ensino de Física. In: XVIII Simpósio Nacional de Ensino de Física, Vitória-ES, 2009. Anais do XVIII SNEF. Disponível em: ____________________________________________________________________________________________________ 30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2011 XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 8 <http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/sys/resumos/T0071-1.pdf>. Acesso em 6 set. de 2009. BERNARDES,A.; SOUZA, M. Arquivosportáteis de áudio para o ensino de Astronomia em turmas inclusivas no ensino fundamental e médio. 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