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Anestesia local Odontológica - Considerações Gerais

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ROTEIRO - CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ANESTESIA 
LOCAL EM ODONTOLOGIA 
Para as anestesias locais foi estabelecida uma classificação didática. As 
anestesias locais podem ser terminais ou por bloqueio, sendo as terminais 
subdividas em superficiais e infiltrativas, enquanto aquelas por bloqueio podem 
ser regionais ou tronculares. 
ANESTESIAS TERMINAIS – são aquelas em que o agente anestésico atua nas 
terminações nervosas, podendo ser: 
 - TERMINAIS SUPERFICIAIS: quando a ação do anestésico ocorre 
através do contato superficial com a pele ou mucosa; 
 - TERMINAIS INFILTRATIVAS: quando a ação do anestésico ocorre 
através de sua infiltração nos tecidos através de injeções. 
 
ANESTESIAS POR BLOQUEIO – são aquelas em que o agente anestésico age 
no ramo ou tronco nervoso bloqueando os estímulos nervosos de determinada 
área, podendo ser: 
 - POR BLOQUEIO REGIONAL: quando um ramo nervoso é 
insensibilizado, promovendo anestesia da região por ele inervada. 
 - POR BLOQUEIO TRONCULAR: agente anestésico é depositado no 
tronco nervoso, insensibilizando várias áreas por ele inervadas. 
 
ANESTESIAS TERMINAIS 
TERMINAL SUPERFICIAL 
Também denominada de anestesia tópica, com o objetivo de insensibilizar a 
mucosa ou tecido cutâneo, geralmente para evitara sensação dolorosa da 
penetração da agulha (ou drenagem de abscesso). 
- POR COMPRESSÃO: compressão de filetes nervosos periféricos com o 
objetivo de produzir anestesia passageira, tornando a introdução da agulha mais 
tolerável. 
- POR REFRIGERAÇÃO: aplicação de substâncias químicas que venham a 
produzir diminuição da temperatura local com consequente insensibilização da 
região. Geralmente era empregada para drenagem de abscessos, não 
recomendado o uso em mucosa oral. (não mais utilizada) 
- POR PULVERIZAÇÃO: utilização de agentes anestésico “pulverizados” na 
região a ser anestesiada, podendo ser usado intra-oralmente. 
- POR FRICÇÃO OU CONTATO (TÓPICA): fricção de determinadas substâncias 
químicas (pomada anestésica, anestésico tópico) no local que se pretende 
insensibilizar superficialmente. 
TERMINAL INFILTRATIVA 
Podem ser: por infiltração nos tecidos moles quando a solução é depositada no 
tecido mole que cobre a zona a se intervir, e por difusão através da região, 
sensibilizando terminações nervosas. 
Por infiltração no tecido ósseo, quando se penetra na cortical óssea, com a 
solução anestésica injetada no retículo ósseo (trabeculado ósseo), onde por 
difusão são anestesiadas as terminações nervosas na área a ser intervinda. 
Também pode ser denominada de: 
- Infiltração Local: pequenas terminações nervosas na área do tratamento 
odontológico são infiltradas com a solução de anestésico local, O tratamento é 
realizado na mesma área na qual o anestésico foi injetado. 
- Bloqueio de Campo: o anestésico local é infiltrado próximo aos ramos terminais 
maiores, de modo que a área anestesiada será circunscrita, impedindo a 
passagem de impulsos do dente para o SNC. O tratamento é realizado na área 
distante do local da injeção do anestésico (injeções administradas acima –
maxila; ou abaixo - mandíbula do ápice do dente a ser tratado). 
 - ANESTESIA SUPRAPERIÓSTICA: a solução é injetada acima do 
periósteo. A agulha deve penetrar o fundo de sulco vestibular, depositando a 
solução anestésica acima ou abaixo do dos ápices dentais (de acordo com a 
aplicação, dentes maxilares e dentes mandibulares). 
Bastante utilizada para anestesia pulpar dos dentes superiores. Indicada sempre 
que os procedimentos odontológicos são confinados a uma área relativamente 
circunscrita. 
Indicações: anestesia pulpar de dentes superiores, quando tratamento é limitada 
à um dente; anestesia de tecidos moles. 
Contraindicações: infecção ou inflamação aguda na área da injeção; osso denso 
recobrindo os ápices dentários; tratamento de mais dentes em única sessão. 
 - ANESTESIA SUBPERIÓSTICA: anestésico é injetado sob/abaixo do 
periósteo. Desta forma a absorção é bastante facilitada, tornando-se necessária 
menor quantidade de solução anestésica. Contudo, a dor sentida pelo paciente 
é maior (periósteo é distendido conforme deposita solução). Utilizada quando há 
a necessidade de deslocar o periósteo (sempre como complementar da 
suparperóstica). 
 - ANESTESIA SUBMUCOSA: deposição da solução anestésica abaixo da 
mucosa, ocorrendo, frequentemente, o surgimento de bolha. É utilizada apenas 
nos locais em que não há estruturas ósseas. 
 - ANESTESIA INTRASSEPTAL: realizada no septo entre dois dentes 
contíguos. A solução aí injetada é rapidamente absorvida pela estrutura 
esponjosa óssea, anestesiando filamentos terminais que inervam o alvéolo. 
Denominada também de anestesia gengival ou papilar. 
Recomendada basicamente para técnicas cirúrgicas periodontais. 
 - ANESTESIA INTRAÓSSEA: praticadas em tecido ósseo esponjoso, 
entre duas camadas corticais. A difusão da solução anestésica torna-se mais 
rápida. Deve ser aplicada acima ou abaixo do dente a ser anestesiado. Penetra-
se inicialmente no tecido ósseo com uma broca e, em seguida, coloca-se a 
agulha no local, depositando a solução anestésica. 
Recomendada para o tratamento de dentes isolados (molares inferiores), 
quando outras técnicas forem malsucedidas. 
 - ANESTESIA PERIDENTAL: a solução anestésica é injetada na 
membrana peridental, abaixo da margem livre da gengiva. Também denominada 
de Intraligamentar. 
Recomendada como adjuvante à outras técnicas ou para um número limitado de 
protocolo de tratamento. 
 - ANESTESIA CIRCULAR: realizada ao redor da área desejada, através 
de várias punções circularmente. 
 - ANESTESIA INTRAPULPAR: deposição de solução anestésica 
diretamente na câmara pulpar, com fortes dores para o paciente. 
 
ANESTESIAS POR BLOQUEIO 
 
POR BLOQUEIO REGIONAL: quando forem necessárias cirurgias ou outros 
procedimentos na mandíbula ou em mais dentes na maxila. 
MAXILA: - bloqueio do NASP 
 - bloqueio do NASM e NASA (IO) 
 - bloqueio do Nervo Nasopalatino 
 - bloqueio do Nervo Palatino Maior 
MANDÍBULA: - bloqueio do NAI, Bucal e Lingual 
 - bloqueio do Nervo Mentual e Incisivo 
 
POR BLOQUEIO TRONCULAR: bloqueio troncular dos nervos maxilar e 
mandibular. 
 
As anestesias terminais infiltrativas são aplicadas para todo tipo de cirurgia ou 
outro procedimento odontológico na maxila; contudo, na mandíbula dá-se 
preferência às anestesias por bloqueio regional. 
Para a seleção de determinada técnica anestésica, existem vários fatores a 
serem considerados como: a área a ser anestesiada, a profundidade requerida, 
a duração da anestesia, a presença de infecção, a idade do paciente, as 
condições do paciente e a hemostasia, quando necessária. 
Quando um dente ou uma pequena área de anestesia é desejada, seria 
desnecessário recorrer à anestesia profunda por bloqueio regional, quando uma 
técnica infiltrativa seria suficiente. Quando a duração é desejada, a anestesia por 
bloqueio pode ser o método de escolha ou ainda quando na presença de uma 
infecção periapical. 
A injeção de anestésicos locais não só pode produzir medo e dor como também 
é um fator que provoca situações de emergências médicas. Os anestésicos 
locais podem e devem ser administrados de maneira não dolorosa ou 
atraumática. Várias habilidades e atitudes são exigidas do operador, sendo a 
mais importante delas provavelmente a empatia. Uma injeção atraumática 
possui dois aspectos: um aspecto técnico e um aspecto comunicativo. 
ETAPAS TÉCNICAS DA INJEÇÃO 
1.desinfeção local (bochechos com colutórios bucais- Periogard) 
2.Agulha pontiaguda e esterilizada (pontiagudas na primeira inserção, com 
penetraçãosucessiva, seupoder de corte diminui – trocar as agulhas a cada 3 
ou 4 penetrações). O calibre da agulha também influencia na dor durante a 
penetração (recomendadas agulhas de calibre 25, 27 ou 30 G) 
3.Verficar o fluxo da solução anestésica (assegurar um fluxo livre) 
4.Determinar a necessidade de aquecer o tubete anestésico (sempre manter em 
temperatura ambiente. Variações desta temperatura – desconforto para o 
paciente durante a aplicação.) 
5.Posicionar o paciente (evitar queda de pressão e falta de vascularização 
cerebral – paciente em posição de decúbito dorsal, facilitando o retorno venoso 
e a visualização do campo operatório pelo profissional) 
6.Secar o tecido (remoção dos detritos macroscóicos e facilitar a retração do 
lábio) 
7.Aplicar anestésico tópico (aplicado somente no local de penetração da agulha 
– anestesia de 2 a 3 mm de mucosa; permanecer em contato com o tecido por 
2 minutos, mínimo de 1 minuto) 
8.Comunicar-se com o paciente 
9.Estabeler um apoio firma para as mãos (manter o controle completo o tempo 
todo: mão firme, facilitando a penetração dos tecidos moles com a agulha, de 
modo preciso.) 
 -recomendados: palma da mão voltada para cima; apoio no tórax do 
paciente; apoio no mento do paciente; apoio no tórax do operador; apoio sobre 
o lábio do paciente; apoio na mão contralateral do operador 
 - não recomendado: apoio no braço do paciente, e sem apoio durante a 
administração. 
10.Tensionar/esticar o tecido mole (a distensão dos tecidos permite que a agulha 
pontiaguda atravesse a membrana mucosa com mínimo de resistência. Tecidos 
frouxo são empurrados e rompidos pela agulha quando inserida, produzindo 
maior desconforto à injeção e maior irritabilidade pós-operatória) 
11.Manter a seringa fora da linha de visão do paciente 
12.Introduzir a agulha na mucosa 
13.Injetar algumas gotas do anestésico no local (opcional) 
14.Avançar a agulha lentamente em direção ao alvo 
15.Depositar algumas gotas antes de atingir periósteo (técnicas por bloqueio-
agulha encosta em periósteo – diminuir sensação dolorosa) 
16.Aspirar (reduz drasticamente a possibilidade de uma injeção intravascular) 
17.Depositar lentamente a solução anestésica (impede que a solução lacere o 
tecido em que é depositada; injeção rápida-desconforto. 1ml de solução/1 
minuto) 
18.Retirara a seringa lentamente (evitar acidentes perfuro-cortantes, reencapara 
a agulha após uso) 
19.Observar o paciente 
20.Registrar a injeção na ficha do paciente 
 
 
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 
MALAMED, S. F. Manual de anestesia local. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier.2013. 
Capítulos 11, 13 e 14 (início) 
 
MARZOLA, C. Anestesiologia. 5.ed.Quintessence Editora LTDA. São Paulo, 2017. 
Capítulo 4 
 
 
 
Profª Drª Lamis Meorin Nogueira

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