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Juridiquês: um problema na comunicação

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JURIDIQUÊS: UM PROBLEMA NA LINGUAGEM
“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele na sua própria linguagem, você atinge seu coração.”
(Nelson Mandela)
A comunicação sempre esteve presente entres os seres vivos. O bebê não sabe falar, mas se tem fome, chora comunicando o desejo de ser alimentado. Comunicar-se faz parte da vida de todos os seres vivos. As plantas comunicam a vida através das estações: nascem, crescem, florescem e um dia morrem. Cada fase da vida é um estímulo à comunicação contínua. Os animais não falam – são privados da comunicação verbal/falada. Mas sabem bem utilizar outro tipo de comunicação: sonora e corporal. Até através da natureza podemos perceber a comunicação. Se o céu escurece, sabemos que vai chover. Se o sol se anima logo de manhã, é sinal de um dia caloroso. A direção do vento também indica o rumo da chuva. O vento é um ilustre orientador. 
Assim de acordo com o contexto e necessidade, a comunicação se apresenta de diferentes formas: ora expressam múltiplas situações pessoais, interpessoais, grupais e sociais de conhecer, sentir e viver, que são dinâmicas, que vão evoluindo, modificando-se, modificando-nos e modificando os outros.
E a linguagem é o meio através do qual o homem se comunica, importante para a vida em sociedade. Porém nem sempre essa comunicação é clara o suficiente para atender a todas as situações do nosso cotidiano, principalmente falando do Judiciário. A linguagem utilizada é rebuscada, recheada de termos técnicos e jargões, praticamente uma língua própria, o Juridiquês. A proposta é tornar esta linguagem, principalmente jurídica acessível a toda população, cumprindo assim com um dos princípios constitucionais brasileiro, a igualdade.
É preciso perder o hábito de usar o Juridiquês, pois na maioria das vezes prejudica a área jurídica, podendo, assim, ser desagradável até para o profissional que usa. A linguagem jurídica deve ser formal, no entanto não tem a necessidade do excesso de formalismo, ou seja, de difícil compreensão, pois deve ser clara e objetiva, assim ajuda a diminuir o volume físico dos processos, para que o magistrado possa analisar de forma mais rápida e eficiente o que se pede, e para que todos tenham acesso e possam entender 
o que está escrito, afinal uma decisão não atinge apenas os operadores do direito, mas também as pessoas leigas.
Nem sempre uma petição longa pode lograr êxito, acaba sendo cansativa, o que faz com que a pessoa que estar analisando nem leia ou não consiga compreender o que se pede. Hoje, vários profissionais da ciência do direito lutam para acabar com este vício e tornar a linguagem jurídica mais acessível à sociedade. Por outro lado há quem defenda esta linguagem justificando a tradição da linguagem jurídica.
O Brasil é um país populoso onde a alfabetização ainda se faz precária, poucos têm acesso à mesma, fato este que não devemos esquecer e de suma importância para nossa reflexão. A justiça é um direito de todos, porém como na educação nem todos tem acesso a ela, talvez por ignorância pessoal em relação ao conhecimento, talvez pela falta de estrutura do judiciário em atender a sociedade.
Eis que vem o questionamento “O Juridiquês seria mais um problema no judiciário brasileiro?” Entendemos que sim. O termo Juridiquês é um neologismo (fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova), muito discutido nos dias atuais, mas com forte conotação pejorativa. O que a expressão Juridiquês realmente significa é um abuso dos termos jurídicos e técnicos ou das expressões em desuso no vocabulário forense, para demonstração de uma cultura sem a base maior de sua sustentação: compreensão pelo leitor, dos termos empregados.
Há doutrinadores que consideram que as expressões técnicas não poderão deixar de ser empregadas nos julgamentos e no processo legislativo, sob pena de vulgarizar a praxe forense. Porém, defendem muitos operadores do direito, amantes do Juridiquês, que o público-alvo, ou seja, os leitores de suas peças são outros juristas, desembargadores, ministros dos tribunais superiores, e, para eles, é preciso impressionar com a demonstração de alto saber jurídico.
Agora cabe a estes conservadores identificar esta necessidade jurídica para que a sociedade realmente compreenda de maneira simples o que realmente é o Direito. Em suma, a linguagem Juridiquês tem que ser compreendida pela sua essência e importância para o profissional direito, mas nunca como algo que assusta e impõe bloqueio e crítica, justamente porque se vale de expressão rebuscada e pedante.
Cabe ainda salientar que no vocabulário jurídico é utilizado muito termos em latim prejudicando ainda mais o entendimento até mesmo para alguns advogados, que não estão familiarizados com o uso dessas palavras em latim. Dessa forma fica evidenciada a importância de conscientizar os advogados e juristas a utilizar uma comunicação clara e eficiente, sem delongas para um melhor entendimento de todas as partes envolvidas no processo judicial.

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