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HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS E SEU CONTROLE PELO HIPOTÁLAMO

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Maria Carolina Teixeira Machado – 108
2M - 2017.2 
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HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS E SEU CONTROLE PELO HIPOTÁLAMO
Hipófise:
Hipófise anterior/adeno-hipófise: origem epitelial (bolsa de Rathke, invaginação do epitélio faríngeo) – presença de células epiteliais
Parte intermediária: pouco desenvolvida em humanos
Hipófise posterior/neuro-hipófise: origem neural (deriva do crescimento de tecido neural do hipotálamo) – composta principalmente por células semelhantes às gliais, os pituícitos.
Hormônios da hipófise anterior:
Hormônio do crescimento (hGH): afeta a síntese proteica, a multiplicação e a diferenciação celular, promovendo o crescimento de todo o organismo. Tipo celular: somatotropos (30%-40% das células da hipófise anterior).
Adrenocorticotropina (corticotropina – ACTH): controla a secreção de alguns hormônios adrenocorticais que afetam o metabolismo de glicose, proteínas e gorduras. Tipo celular: corticotropos (20% das células da hipófise anterior).
Hormônio estimulante da tireoide (tireotropina - TSH): atua na tireoide, controlando a secreção da tiroxina e da tri-iodotironina, além de manter o tamanho das células foliculares. Tipo celular: tireotropos.
Prolactina (PRL): desenvolvimento da glândula mamária e produção de leite. Tipo celular: lactotropos.
Folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH): controlam o crescimento dos ovários e dos testículos, bem como suas atividades hormonais e reprodutivas. Tipo celular: gonadotropos.
Controle da secreção hipofisária pelo hipotálamo:
O hipotálamo é um centro coletor de informações acerca do bem-estar interno do organismo, utilizando grande parte delas no controle das secreções de hormônios hipofisários.
Neuro-hipófise: controle por meio de sinais neurais
Adeno-hipófise: controle por meio de hormônios liberadores ou hormônios/fatores hipotalâmicos inibidores, secretados do hipotálamo para a hipófise. Esses hormônios são levados por pequenos vasos sanguíneos, os vasos porta hipotalâmico-hipofisários.
A hipófise anterior é muito vascularizada, com muitos capilares sinusoides entre as células glandulares → O sangue percorrerá um leito capilar na porção inferior do hipotálamo, fluirá pelos vasos sanguíneos porta hipotalâmico-hipofisários e chegará aos sinusoides da adeno-hipófise. 
Hormônios liberadores na hipófise anterior:
Hormônio liberador de tireotropina (TRH): secreção de hormônio estimulante da tireioide (TSH)
Hormônio liberador de corticotropina (CRH): secreção de adrenocorticotropina (ACTH).
Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH): secreção de hormônio do crescimento
Hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH) ou somatostatina.
Hormônio liberador da gonadotropina (GnRH): secreção de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH).
Hormônio inibidor da prolactina (PIH) (o liberador exerce controle muito menor)
* Todos ou a maioria dos hormônios hipotalâmicos são secretados pelas terminações nervosas da eminência mediana, antes de serem transportados para a hipófise anterior.
Hormônio do crescimento – funções fisiológicas:
Ao contrário dos outros hormônios, não age por meio de glândula-alvo, mas exerce seus efeitos diretamente, sobre todos ou quase todos os tecidos do organismo.
Aumento do tamanho e do número de células;
Diferenciação específica de alguns tipos celulares, como as células de crescimento ósseo e células musculares iniciais.
Aumento da síntese de proteínas na maioria das células do corpo.
Aumento da mobilização dos ácidos graxos do tecido adiposo, aumento do nível dos ácidos graxos no sangue e aumento da utilização deles como fonte de energia (aumento da conversão de ácidos graxos em acetil-coA).
Redução da utilização da glicose pelo organismo, com a diminuição da captação de glicose pelos tecidos, aumento da produção de glicose no fígado e aumento da secreção de insulina.
Aumento do transporte de aminoácidos, através de membranas celulares, para o interior das células → colabora com o aumento da síntese proteica.
Aumento da tradução do RNA para que ocorra a síntese de proteínas pelos ribossomos e aumento da transcrição nuclear do DNA para formar RNA.
Redução do catabolismo das proteínas e dos aminoácidos. → o uso de ácidos graxos ajuda a poupar as proteínas.
Aumento da massa corporal magra a partir da utilização de gorduras e do anabolismo proteico.
Aumento da deposição de proteínas pelas células osteogênicas e condrocíticas, que causam o crescimento ósseo, bem como aumento da reprodução dessas células. Também converte condrócitos em células osteogênicas, causando deposição de osso novo. 
Estímulo dos osteoblastos: aumento da espessura óssea.
 * Quando o hormônio está em excesso, a mobilização de gorduras do tecido adiposo pode se tornar tão acentuada que ocorrerá formação de grande quantidade de acetoacetato no fígado. Esse ácido acetoacético será liberado nos líquidos orgânicos, originando um quadro de cetose. A mobilização excessiva de gorduras também pode causar a deposição delas no fígado.
Efeitos diabetogênicos:
O hormônio do crescimento resulta na resistência à insulina, que leva ao aumento da concentração de glicose no sangue e aumento compensatório da secreção de insulina. O excesso desse hormônio pode produzir efeitos semelhantes aos encontrados em portadores de diabetes tipo 2.
* O hormônio do crescimento só pode agir se houver disponibilidade adequada de carboidratos e insulina: fornecimento de energia necessária ao metabolismo do crescimento e aumento do transporte de alguns aminoácidos para as células.
Hormônio do crescimento – substâncias intermediárias:
O hormônio do crescimento leva o fígado a formar somatomedinas, pequenas proteínas, cuja função é aumentar todos os aspectos do crescimento ósseo. Muitos desses efeitos das somatomedinas são semelhantes aos efeitos da insulina sobre o crescimento, sendo essas substâncias também chamadas de fatores de crescimento semelhantes à insulina: IGFs.
A mais importante é a somatomedina C ou IGF-1, cuja concentração no plasma acompanha a secreção do hormônio do crecimento. Postula-se que dela e das outras somatomedinas resultam a maioria, senão todos, os efeitos do GH, sendo insuficiente a ação direta do hormônio sozinho sobre os ossos e tecidos (questionável).
Enquanto o hormônio do crescimento tem ligação fraca com as proteínas plasmáticas, sendo rapidamente liberado do sangue para os tecidos; a somatomedina C tem ligação forte com uma proteína transportadora no sangue, que também é produzida em resposta ao GH. Assim, a somatomedina C é liberada lentamente do sangue para os tecidos, prolongando os efeitos promotores do crescimento dos surtos de secreção do hormônio.
Hormônio do crescimento – regulação:
Após a adolescência, a secreção do hormônio vai diminuindo lentamente, até atingir, nas pessoas idosas, 25% do nível encontrado em adolescentes.
O padrão de secreção desse hormônio é pulsátil, aumentando e diminuindo, sendo estimulado por jejum (principalmente pela deficiência proteica), hipoglicemia ou beaixa concentração de ácidos graxos no sangue, exercício, excitação, trauma e grelina (hormônio secretado pelo estômago antes das refeições).
O hormônio do crescimento tem sua secreção aumentada nas duas primeiras horas de sono profundo.
Sob condições agudas: hipoglicemia é o estimulante mais potente;
Em condições crônicas: o grau de depleção de proteínas é o fator preponderante (ex: jejum, kwashiorkor).
Sinais hipotalâmicos representativos de emoções, estresses e traumas afetam esse controle, pois as catecolaminas, dopamina e serotonina são capazes de aumentar a secreção.
A secreção está sujeita à controle por feedeback negativo típico.
Dois fatores liberados pelo hipotálamo participam dessa regulação:
Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH): maior parte do controle. Estimula a secreção ao se ligar a receptores de membrana específicos na hipófise, que ativam o sistema da adenilil ciclase, aumentando a produção de AMPc. A curto prazo, é aumentadaa entrada de íons cálcio na célula, levando à fusão de vesículas secretoras do hormônio do crescimento com a membrana celular, o que resulta na liberação de hormônio para o sangue. 
A longo prazo, ocorre o aumento da transcrição dos genes responsáveis pela estimação da síntese do hormônio do crescimento.
Hormônio inibidor do hormônio do crescimento ou somatostatina.
Correlações clínicas:
Gigantismo → causa: células acidofílicas produtoras de hormônio do crescimento da hipófise excessivamente ativas ou tumores acidofílicos na hipófise; consequência: crescimento excessivo de ossos e demais tecidos. Leva, em geral, à hiperglicemia.
Acromegalia → causa: tumor acidofílico depois da adolescência (após a fusão das epífises dos ossos longos); consequência: ossos tornam-se mais espessos e as partes moles continuam a crescer, especialmente mãos, pés e ossos membranosos (crânio, nariz, teste, maxila inferior e porções das vértebras).
Nanismo → causa: deficiência generalizada da secreção da hipófise anterior (pan-hipopituitarismo) na infância ou deficiência apenas do hormônio do crescimento (1/3) ou, até mesmo, incapacidade de produzir somatomedina C.
Hipófise posterior e sua relação com o hipotálamo
As células que secretam os hormônios da hipófise posterior não estão localizadas nela, situando-se nos neurônios magnocelulares, que ficam nos núcleos supraóticos e paraventriculares do hipotálamo. Os hormônios são transportados por neurofisinas (proteínas transportadoras), através das fibras nervosas do hipotálamo, chegando à neuro-hipófise pelo pedúnculo hipofisário. As terminações nervosas dessas fibras são botões bulbosos localizados na superfície dos capilares, onde secretam os hormônios hipofisários posteriores, a partir de diversos grânulos secretores.
Os hormônios são secretados ligados à neurofisina, mas, como essa ligação é fraca, a separação é quase imediata. 
Hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina: 
Formando, primariamente, nos núcleos supraópticos, liberado nos grânulos secretores por exocitose e captado pelos capilares adjacentes.
Em pequena quantidade, já diminui a excreção de água pelos rins: aumenta a permeabilidade dos ductos e túbulos coletores, permitindo que a maior parte da água seja reabsorvida.
Como aumenta a conservação de água no corpo, torna a urina mais concentrada.
Na sua ausência, os túbulos e ductos coletores ficam quase impermeáveis, impedindo a reabsorção significativa de água e causando a diluição extrema da urina.
Facilitação da difusão por meio de aquaporinas: O ADH se associa a receptores de membrana que ativam adenililciclase, levando à formação de AMPc, o que levará à fosforilação de elementos nas aquaporinas, vesículas especiais. As aquaporinas, então, poderão se inserir na membrana, fornecendo muitas áreas de alta permeabilidade à água.
Sua secreção é estimulada pelo aumento da osmolaridade do líquido extracelular. Osmorreceptores (próximos ou no próprio hipotálamo) detectam a concentração de eletrólitos no líquido extracelular. 
O baixo volume sanguíneo e a baixa pressão sanguínea estimulam a secreção do ADH: a baixa volemia impulsiona a secreção de ADH.
Os átrios contêm receptores de distensão, que excitáveis pelo enchimento excessivo, enviam sinais para inibição do ADH; quando não excitados, esses receptores provocam o aumento acentuado do ADH.
A diminuição da distensibilidade dos barorreptores, das regiões das caróticas, aótica e pulmonar também estimula a secreção.
Quando em grande quantidade, apresenta potente efeito de vasoconstrição sobre as arteríolas, aumentando a pressão arterial. 
Ocitocina:
Formado nos núcleos paraventriculares, passando pelo trato hipotalâmico-hipofisário para chegar à hipófise posterior.
Estimula poderosamente a contração do útero grávido, especialmente no final da gestação. 
Sua quantidade no plasma aumenta durante o trabalho de parto. O estímulo do colo uterino na gestante desencadeia sinais neurais que se dirigem ao hipotálamo e causam o aumento da secreção da ocitocina.
Desempenha papel importante na lactação, fazendo com que o leite possa ser expulso pelos alvéolos para os ductos da mama. 
A sucção sobre o mamilo provoca a transmissão de sinais para neurônios ocitonérgicos, levando à liberação do hormônio. A ocitocina, então, é carregada pelo sangue para as mamas, onde provoca a contração das células mioepiteliais, permitindo a ejeção do leite.

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