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Disciplina de Graduação – Máquinas elétricas Unidade 02 Professor: Luiz Henrique 2.1 - Torques (conjugados) e forças em sistemas de campo magnético Lei da força de Lorentz F = q (E + v x B) (2-1) F → foca numa partícula de carga q na presença de campos elétricos e magnéticos. Unidade: SI Para um sistema de campo elétrico puro, a força atua na direção do campo e é independente da cinética da carga (partícula). F = q . E (2-2) Para campos magnéticos: F = q (v x B) (2-3) A força é determinada pela magnitude da carga na partícula, magnitude da densidade de campo magnético e velocidade da partícula. Sentido da força: sempre perpendicular à “v” e “B”, matematicamente determinada pelo produto vetorial v x B (Equação 2-3), ou através da regra da mão direita. Magnitude: I F I = q . I vI . I B I . sen α Para todos os casos onde um grande número de partículas estão em movimento, é conveniente reescrever (2-3) em termos de J: F = J x B (N/m3) (2-4) Portanto, para correntes elétricas circulando em meios condutores, a Equação 2-4 determina a densidade de força atuando nesse condutor. Exemplo – Rotor de uma espira não magnética, sob um campo uniforme B. FIGURA 2-1 – Rotor de espira única, não-magnética. Força por unidade de comprimento do condutor: F = I x B (N.m) (2-5) Fio 1: F = B . I . l . sen α Fio 2: F = B . I . l . sen α Sendo l = comprimento do rotor. O torque atuando no rotor á dado pela soma dos momentos produzidos por cada fio: T = 2 . B . I . l . sen α (2-6) Entretanto, as Equações 2-4 a 2-6 aplicam-se somente a casos de simples geometria, e onde a força F atua apenas no condutor, ou seja, rotor não magnético. Essa condição não ocorre em dispositivos eletromecânicos usuais. 2. 2 - Método pelo Princípio da Conservação de Energia FIGURA 2-2 – Esquemático do Princípio da Conservação de Energia Fio 1 Fio 2 Campo Magnético Uniforme, B ENERGIA MAGNÉTICA + + - - i f Terminal Elétrico Terminal Mecânico Utilizado para calcular a força útil em dispositivos eletromecânicos (incluindo máquinas rotativas) ? Consiste de: ? Sistema de armazenamento de energia magnética sem perdas, ? Terminal elétrico (tensão e corrente), ? Terminal mecânico (força e posição). Essa representação é valida quando os mecanismos de perdas podem ser separados do mecanismo de armazenamento de energia. No nosso caso: As perdas elétricas (perdas ôhmicas, etc.) são representadas como elementos externos ao terminal elétrico. As perdas mecânicas (atrito, etc.) são representadas como elementos externos ao terminal mecânico. Exemplo para entendimento do método – Atuador com êmbolo magnético móvel. FIGURA 2-3 A interação entre os terminais elétricos e mecânico ocorre via meio de armazenamento de energia magnética, sem perdas. Sendo assim: dW = e.i.dt - fdx (2-7) E sendo: e = dλ / dt; dW = i . dλ - fdx (2-8) As equações 2-7 e 2-8 formam a base para o método da energia. resistência enrolamento Núcleo magnético enrolamento sem perdas êmbolo magnético móvel mag 2.3- Balanço de Energia Princípio da conservação da energia: nenhuma energia é criada ou destruída, e sim, transformada. Sistemas isolados com contornos (limites) claramente definidos permitem o rastreamento ou monitoramento da energia, pois o fluxo resultante da energia ao longo do sistema é igual a taxa de variação no tempo da energia armazenada no sistema. Num sistema eletromecânico: A equação 2-9 está aplicada à ação de motor. Para o sistema de armazenamento de energia magnética da Figura 2-2, e aplicando a Equação 2-9, tem-se: dW elétrica = dW mec + dW mag (2-10) Onde: dW elétrica = diferencial da energia elétrica = entrada dW mec = diferencial da energia mecânica = saída dW mag = diferencial do acréscimo de energia magnética – armazenamento. No tempo “dt”: dW elétrica = e.i.dt (2-11) e = tensão induzida nos terminais elétricos pela varaiação da energia magnética armazenada. De 2-10 e 2-11: e.i.dt = dW mec + dW mag (2-12) Portanto, o processo básico de conversão de energia envolve o campo magnético de acoplamento e sua ação e reação nos terminais elétrico (“e”) e mecânico (“f”). 2.4- Sistemas magnéticos de Excitação Simples Os dispositivos eletromecânicos de energia possuem gaps de ar (entreferros) entre as partes móvel e estacionária. Nesses gaps uma considerável energia é armazenada na forma de campo magnético. Energia Elétrica Entrada Energia Mecânica Saída Aumento Energia armazenada no campo magnético Energia convertida em calor = + + (2-9) Ou seja, o campo magnético é o meio de conversão de energia eletromecânica e constitui uma espécie de reservatório entre os sistemas elétrico e mecânico. Caso exemplo: Relé eletromecânico – FIGURA 2-4 Na figura 2-4: ? r = resistência ôhmica da bobina de excitação, mostrada como elemento externo. ? f = força produzida pelo campo magnético. ? x = deslocamento da armadura. Sendo, “f” e “x”, variáveis do sistema eletromecânico. ? perdas mecânicas = elementos externos conectados aos terminais mecânicos. ? i, e = variáveis do terminal elétrico. Assim da equação 2-8 e 2-11: dW elétrica = i.dλ Como visto na Unidade 1, o circuito magnético da Figura 2.4 pode ser descrito por uma indutância L(x), que como indicado, depende do deslocamento x. Considerando a permeabilidade magnética do núcleo, µc = ∞, o armazenamento de energia ocorre totalmente no gap de ar. Sendo assim, temos também uma relação proporcional linear entre a fmm e λ, e ainda, entre λ e i. Portanto, λ = L (x).i (2-14) A energia de saída é determinada como: dW mec = fmag . dx (2-15) Como resultado: dW mag = idλ - fmag . dx (2-16) Força Mecânica Armadura Magnética Núcleo Magnético Fonte Elétrica Bobina sem perdas Considerando o sistema conservativo, ou sem perdas, dW mag é determinado apenas pelos valores de λ e x, e é constante independentemente da variação de λ e x até o valor final (λ0 e x0). Veja o gráfico representativo. Para resolver a equação 2-16, pode-se tomar dois caminhos. O caminho 1, caso genérico, requer a descrição das grandezas i e fmag em função das variáveis λ e x, respectivamente. Normalmente, apresenta certo grau de dificuldade. O caminho 2 permite o mesmo resultado de maneira mais fácil. Nesse caso: ∫∫ == += blal dWmagdWmagxWmag 220,0 )(λ (2-17A) Sendo “l”, um sub-caminho. Para l = 2a: dλ = 0; fmag=0, pois λ = B = H = 0 dW mag = 0. Para l = 2b: λλλ λ dxixWmag ),()( 0 0 00,0 ∫= (2-17B) Lembrando que o sistema é linear (equação 2-14): )(2 1 )( )( 0 2 0 0 0 0,0 0 xL d xL xWmag λλλλ λ∫ == (2-18) Exemplo: Relé eletromecânico, Figura 2-6, µc = ∞, êmbolo móvel também com µ = ∞, altura do êmbolo muito maior que o cumpri meto do gap. Calcular W mag como uma função da posição do êmbolo ( 0 < x < d) para N = 1.000 espiras, g = 0,002 m, d = 0,15 m, l = 0,1m e i = 10A. RESOLUÇÃO êmbolo magnético núcleo magnético bobina sem perdas com N espiras FIGURA 2-6 Assim e 2.5- Energia no Campo Magnético Supondo o sistema acima em equilíbrio: dW mec = 0 ⇒ dW mag = dW elétrica Para µ = ∞, e = dλ/dt ⇒ dW elétrica = e.i.dt ⇒ dW mag = idλ (2-18) Relação λ versus i para o circuito magnético: ∫= λ λ0 idWmag (2-19) Sendo Ni = Hclc + Hglg;λ = N∅ = N.B.A ∫ += λ0 ..... dBANN lHlH Wmag ggcc (2-20) No gap: Hg = B / µ0. FIGURA 2-7 FIGURA 2-8 dBAlBlHWmag gcc .... 0 ∫ += µ ( ) ∫∫ += dBAlBdBAlHWmag gcc ...... 0µ ( ) ∫∫ += gcc VolumedBBVolumedBHWmag .... 0µ (2-21) gcc Volume BVolumeWmagWmag . 2 . 0 2 µ+= (2-22) Normalmente, W mag no núcleo é muito menor que no gap, sendo a primeira considerada de valor desprezível. Ainda, para um sistema linear (µ = constante): c c c c c c Volume B dB B Wmag . .2 2 µµ == ∫ (2-23) 2.6- Energia e Co-energia A característica λ - i num circuito magnético depende do comprimento do gap de ar e das características do material ferromagnético ( curva B x H). Veja figura 2-9: Sendo: λ i λ i W’ mag W mag FIGURA 2-9 Densidade de energia no núcleo Densidade de energia no gap W mag = armazenada em forma de campo magnético; W’ mag = coenergia ∫= i dimagW 0 .' λ (2-24) Nota: a co-energia não possui significado físico, mas é usada para desenvolver expressões de torque ou força em sistemas eletromecânicos. Ainda, W mag+ W’ mag = λ . i (2-25) 2.7 - Força Mecânica Considere o sistema da Figura 2-7, e ainda: x = x1 (maior gap) x = x2 (menor gap) Dessa forma, veja respectiva a característica λ - i: Para i = constante: )(.. 2 1 abcdÁreaiddtiedWe === ∫ ∫λλ λ oadobcdWmag −= )( oadobcabcddWmag −−= ""oabdWmec = Considerando que o movimento da parte móvel ocorre sob i = constante, o trabalho mecânico é representado pela área hachurada, o que, na verdade é o aumento da co- energia. dW mec = dW’ mag λ i a b c d λ 1 λ 2 i x = x2 x = x1 FIGURA 2-10 Se fmag produz o deslocamento dx, fmag . dx = dW mec = dW’ mag teconsix ximagWfmag tan ),(' =∂ ∂= Ou, sendo x e i, variáveis de estado independentes, e: dW’ mag = λdi + fmag . dx (2-25), para di = 0; dW’ mag = fmag . dx ⇒ teconsix ximagWfmag tan ),(' =∂ ∂= (2-26) Agora, através da equação da variação da energia, dW mag: dW mag(, x) =idλ - fmag . dx, sendo dλ = 0: teconsx xWmagfmagxfmagWmag tan ),(. =∂ ∂−=⇒∂−=∂ λ λ (2-27) As equações 2-26 e 2-27 constituem as ferramentas de cálculos de força e torque em sistemas eletromecânicos. As duas equações, por co-energia (2-26) e por energia (2-27), permitem resultados satisfatórios. Portanto é importante observar: 1) Fisicamente, a força fmag depende de “x” e do campo magnético. Por sua vez, o campo magnético pode ser expresso em termos de fluxo concatenado λ, ou corrente i ou grandezas correlatas. 2) Os sinais algébricos (+ dW’ mag ) e (- dW mag) indicam a força agindo no sentido de atenuar a energia armazenada em forma d campo magnético ou de aumentar a co-energia com corrente constante. No caso do dispositivo de excitação simples, a força age no sentido de aumentar a indutância “L” ou reduzir a relutância do circuito magnético. Exemplo: Num sistema eletromagnético, existe a seguinte relação λ - i: << << = cmg Aioparai g 103 4 09,0 2λ Para i = 3A e g = 5 cm, calcule a fmag na parte móvel usando os conceitos de energia e co- energia. RESPOSTA: Fmag = - 124,7N NOTAS: 1) A força calculada em função da ENERGIA e CO-ENERGIA apresentou o mesmo valor, como esperado. 2) O sinal (-) da força indica que essa age no sentido de reduzir o comprimento do gap de ar, ou seja, a relutância do circuito magnético. 2.8 - Sistemas Magnéticos de Excitação Múltipla Vários dispositivos de conversão eletromecânica possuem múltiplos conjuntos de terminais elétricos. Exemplos: Transdutores de potência, máquinas multi-excitadas, etc. Veja o modelo a seguir: Existindo três terminais, o sistema deve ser descrito com três variáveis in dependentes, sendo: - deslocamento angular mecânico, θ, - fluxos concatenados λ1 e λ2 ou correntes i1 e i2 ou λ1(i1) ou i2 (λ2). Usando os fluxos λ1 e λ2: dW mag (λ1, λ2 ,) = i1dλ1 + i2dλ2 - T magdθ (2-28) Por analogia ao sistema de excitação simples: λ1 λ2 i2 i1 + + - - T mag + - θ Sistema de Energia Magnética sem Perdas Terminal Mecânico Terminais Elétricos FIGURA 2-10 1 21 1 ),,( λ θλλ ∂ ∂= Wmagi (2-29) 2 21 2 ),,( λ θλλ ∂ ∂= Wmagi (2-30) θ θλλ ∂ ∂−= ),,( 21WmagTmag (2-31) A partir da Equação 2-28, pode-se calcular W mag. A ilustração a seguir mostra a integração mais conveniente, ou seja, através de θ, λ2 e λ1 sucessivamente. Assim: 102020 112020 1202010 ),,(),,0(),,( 1020 λθλλλλθλλθλλ λλ didiWmag =+== ∫∫ (2-32) Num sistema linear: λ1 = L11.i1 + L12.i2 (2-33) λ2 = L21.i1 + L22.i2 (2-34) L12 = L21 Nota: Comumente, as indutâncias variam em função de θ. Trabalhando as equações acima: D LLi 2121221 .. λλ −= (2-35) D LLi 2111212 .. λλ −−= (2-36) 211222112 .. LLLLD −= (2-37) Calculando W mag a partir de Equação 2-32: 201012 2 1022 2 201102010 ... 1.. 2 1.. 2 1),,( λλλλθλλ L D L D L D Wmag −+= (2-38A) De maneira similar, quando se utiliza as correntes i1 e i2 para descrever o sistema eletromecânico, obtemos o diferencial da co-energia: θλλθ dTmagdidiiidW ...),,(' 221121 ++= (2-38B) 1 21 1 ),,(' i iimagW ∂ ∂= θλ (2-39) 2 21 2 ),,(' i iimagW ∂ ∂= θλ (2-40) θ θ ∂ ∂= ),,(' 21 iimagWTmag (2-41) Fazendo a analogia com as Equações 2-32 a 2-38: 102020 112020 1202010 ),,(),,0(),,(' 1020 diiiidiiiiimagW ii θλθλθ =+== ∫∫ (2-42) E para um sistema linear: 2112 2 222 2 11121 ....2 1.. 2 1),,(' iiLiLiLiimagW ++=θ (2-43) Finalizando, sistemas com dois ou mais terminais elétricos podem ser resolvidos pela mesma metodologia, Ou seja, a partir da escolha de uma variável independente para cada terminal. //
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